25.10.25

Arte checa

 


O que torna a iluminação de cristal checa tão extraordinária? Feita à mão, cada peça é uma obra de arte.

Daqui.

Mariana Mortágua: fez bem

 


«A atual coordenadora do Bloco enviou esta manhã uma carta aos militantes onde anuncia que não será recandidata. "A direção por mim encabeçada foi incapaz de inverter a excessiva centralização da estrutura do Bloco e gerar um novo impulso político e eleitoral".»


Casas em Lisboa

 


«O relatório, divulgado pela equipa liderada pelo ex-primeiro-ministro português, António Costa, recolheu informações a partir do Deutsche Bank e revelou que os cidadãos em Lisboa destinam 116% do salário para habitação.»


Pablo Picasso, 25.10.1881

 


Há quem queira três Salazares. Três Picassos é que era!

Autárquicas, social-democracia e populismo moderado

 


«As últimas eleições autárquicas podem resumir-se, de um modo algo simplista, da seguinte forma: o PSD ganhou, o PS perdeu, mas demonstrou que continua a ser claramente o segundo partido português com uma implantação no território incomparavelmente superior à do Chega, o Chega cresce, ainda que mais devagar do que nas eleições legislativas, o Livre, o BE e o PCP ficaram numa situação difícil, embora com diferenças entre si.

Isto significa que, no cômputo geral, as eleições autárquicas confirmaram o ciclo de crescimento da direita e da extrema-direita. Refira-se que esta última ganha força não apenas pelas (meras) três Câmaras Municipais que vence e pelo aumento do número de vereadores, mas também (e talvez sobretudo) porque muitos candidatos da direita dita tradicional (e não só) assumiram a agenda e os temas da extrema-direita. É por isso que a imigração, a segurança, a “subsidiodependência” e outros temas caros ao populismo estiveram tão presentes nas várias campanhas, muitas vezes substituindo os assuntos com ¬maior relevância local, como a habitação, a mobilidade, o urbanismo, os espaços verdes, a qualidade de vida.

Atualmente, a direita considera-se sempre moderada e o centro-esquerda é sempre apelidado de radical. Neste contexto, que se repete em quase toda a Europa, há uma tentação inevitável dentro dos partidos socialistas para assumir posições populistas, numa espécie de “populismo moderado” que é incompatível com a social-democracia. Mas esta opção revelar-se-á, a prazo, contraproducente.

Primeiro, no plano axiológico, porque os partidos de centro-esquerda devem manter-se fiéis aos princípios e valores que constituem a sua matriz para evitar um retrocesso social que põe em causa a democracia e os valores que constituem o nosso “chão comum” — igualdade, incluindo entre homens e mulheres, não discriminação, liberdade, solidariedade e respeito pelos direitos civis, políticos e sociais de todos.

Segundo, do ponto de vista estratégico, porque a sobrevivência destes partidos depende da fidelidade a essa mesma matriz, uma vez que só assim marcam a diferença e ocupam o seu espaço na sociedade. A indistinção face aos partidos populistas acabará, inelutavelmente, por beneficiar estes últimos (“entre o original e a cópia…”).

Quer isso dizer que os partidos sociais-democratas não se devem tentar adaptar a este novo ciclo e aos temas que interessam às pessoas (seja esse interesse espontâneo, seja induzido)? Claro que não. Mas fazê-lo implica não ceder à agenda imposta — como ainda agora o PSD cedeu no caso das burcas — e assumir a dianteira nos assuntos que preocupam as pessoas: rendimentos, direitos laborais, direitos sociais, qualidade e universalidade dos serviços públicos (a extrema-direita cresce onde os serviços públicos são piores).

Os partidos sociais-democratas têm de se opor à estigmatização dos sectores da população que estão ressentidos e desenvolver políticas públicas que encontrem soluções para os problemas das pessoas, tanto a nível local como nacional.»


24.10.25

Taças

 


Taça de prata Arte Nova, com motivos florais em esmalte “plique-à-jour”. Um raro exemplo da maestria na técnica de esmalte translúcido. Cerca de 1900.
Eugène Feuillâtre.

Daqui.

Gouveia e Melo em diálogo

 




Criminalidade em tempos de Passos Coelho

 


Rosa Parks morreu num 24 de Outubro

 


Rosa Parks morreu em 24 de Outubro de 2005, com 92 anos. Era costureira, vivia em Montgomery e apanhava todos os dias o mesmo autocarro. A história é conhecida: no dia 1 de Dezembro de 1955, a parte da frente do mesmo, reservada a passageiros brancos, já não tinha nenhum lugar vago e o condutor ordenou que Rosa se levantasse e cedesse o seu. Recusou e foi presa, facto que desencadeou uma reacção em cadeia, nomeadamente o boicote dos autocarros de Montgomery durante um ano.

Mas não se tratou de um impulso isolado: há muito que Rosa se recusava a entrar nos autocarros pela porta traseira e que era activista em outras causas, nomeadamente na luta pelo direito ao voto. Ficou ligada, para sempre, juntamente com Luther King e tantos outros, à luta pela emancipação dos negros, sendo muitas vezes qualificada como «the first lady of civil rights» ou «the mother of the freedom movement».

A conquista de direitos humanos fundamentais nunca está garantida, é necessário lutar para que não seja aniquilada.



.

O almirante no alto-mar da esquerda

 


«Estas presidenciais exigem grande jogo de cintura. O voto está solto, a oferta é pouco entusiasmante e o almirante das vacinas veio baralhar as contas. A crise do PS, associada à sua incapacidade crónica de gerir este dossiê, ajuda à festa. Desta vez, os socialistas lá picaram o ponto no apoio burocrático a António José Seguro. Pela falta de entusiasmo, suspeito que pressintam que, marcado pelo ressentimento com um partido que o enxotou, ele não lhes venha a ser especialmente favorável se vencer. A forma como recebeu o apoio também foi morna. Parece mais confortável na companhia de passistas. Não perceberá que esta absurda aliança é um presente envenenado: recorda à esquerda a sua “abstenção violenta” quando o país vivia a mais violenta ofensiva austeritária. Se os discípulos de Passos lhe estão agradecidos, mais valia ficarem quietos.

Perante o deserto à esquerda, Seguro prefere atirar-se para um espaço sobrelotado, onde tem de concorrer com Ventura, Cotrim, Marques Mendes e Gouveia e Melo, do que se concentrar, para ir à segunda volta, nos eleitores de esquerda. São entre um terço e 40% dos eleitores (pegando nas duas últimas eleições, que correspondem às suas marcas mais baixas) e estão desalentados com a oferta. Para além de Seguro, só haverá três candidaturas tribunícias a disputar a liga dos últimos. Tanto terreno por desbravar que Seguro parece desprezar. Tal como Marques Mendes, está muito longe de conquistar a totalidade dos votos já minguados do seu próprio partido. Mas, enquanto o primeiro tenta segurar os eleitores da AD — prometendo oferecer o Governo, o Parlamento, as duas Regiões Autónomas, as cinco maiores Câmaras Municipais e a Presidência ao mesmo partido —, Seguro desiste da sua base natural de apoio (o PS), que está muitíssimo longe de conquistar.

Henrique Gouveia e Melo percebeu que o eleitorado de esquerda está a ser negligenciado. Sabe que tem parte do voto da direita menos ideológica, mas com gosto pela farda, pela autoridade e pela autoridade da voz de comando. Que tem boa opinião sobre o seu papel na vacinação e acredita na sua independência. Tendo essa segurança e percebendo que, por ali, já não tem por onde crescer depois da chegada de André Ventura, partiu para alto-mar, onde há muitos náufragos de esquerda. Muito voto solto, que não tem quem fale para si. Se conseguir somar parte da esquerda que cochila com Seguro ao centro absoluto, que quer alguém desligado dos partidos, e à direita pouco ideológica, que liga menos ao que ele diz que veta e aprova mais o conforto da farda, terá votos mais do que suficientes para ir à segunda volta. Chegado aí, será o mínimo denominador comum contra o candidato que tiver pela frente. Sobra a resistência de alguns civilistas, que não adoram a ideia de ver um militar em Belém. Somos poucos. E os que acham que experiência política não é cadastro, é currículo para quem deseja ser árbitro de um jogo que é suposto conhecer. Somos ainda menos.

Em pouco mais de uma semana, o grumete da política prometeu moderar a vertigem xenófoba do país e travar uma contrarreforma laboral radical, desaconselhou revisões constitucionais profundas, identificou-se com Mário Soares e deixou claro que não dará para o peditório das dissoluções sucessivas. Enquanto Seguro se perdia, achando que fala para todos ao mesmo tempo, Gouveia e Melo conseguiu ganhar a atenção de muitos órfãos destas presidenciais. Nunca me espantou que um militar inexperiente conseguisse apanhar a maré deste tempo, respondendo à necessidade de autoridade com uma farda centrista. Nem me espantou o prestígio que conquistou durante a pandemia. A direita nunca percebeu a importância de figuras protetoras em tempos de medo, de que ele, Graça Freitas e Marta Temido foram exemplos. Também não me espanta que, mal tenha começado a falar e a cometer erros, tenha começado a cair nas sondagens. O que me espanta é o instinto político agora demonstrado por quem nunca esteve na política. Estranho é que Seguro, que anda por aí desde a ‘jota’, ainda não o tenha.

Nota: quando ser primeiro-ministro não foi o mais importante que se fez na vida, quer dizer que se construiu qualquer coisa extraordinária. Mas Balsemão não foi apenas um magnata da imprensa, foi cultor do pluralismo. Fez nascer este jornal quando a “situação” era a ditadura e resistiu à incomunicabilidade em que a nossa democracia vive. Foi, como escrevi no Expresso Online, um cavalheiro da liberdade. Só com a sua falta descobriremos tudo o que lhe devemos.»


23.10.25

Isto foi único em Portugaj

 


Um empresário, aplaudido assim, por centenas de quem era patrão.

Passos Coelho: Mr. Hyde e Dr. Jekyll

 


Sentir a cabeça debaixo de água

 


«A Amnistia Internacional em França ouviu mil jovens entre os 13 e os 25 anos, para avaliar a sua relação com o Tik Tok. Os resultados do estudo, publicados esta terça-feira, são particularmente ricos porque combinam respostas quantitativas com testemunhos diretos, além de testes de navegação realizados pela própria ONG. Mais de metade dos jovens (58%) dizem-se afetados pelos conteúdos, deprimidos e com baixa autoestima. Nos testes realizados com perfis em que assumiu identidades fictícias de adolescentes de 13 a 15 anos, a Amnistia foi bombardeada com conteúdos que incitavam à automutilação e suicídio, mesmo sem qualquer interação com os vídeos que pudesse conduzir o algoritmo nesse sentido.

Maëlle, uma jovem de 18 anos, partilhou com os autores do relatório um período da sua vida em que quase não ia às aulas e se arrastava, "sem força para fazer nada", passando horas no Tik Tok. Para descrever esses tempos, afirma que se sentia com "a cabeça debaixo de água". O impacto na saúde mental dos mais novos é precisamente o ângulo central do relatório, que desafia as autoridades a intervir.»

Continuar a ler AQUI.

23.10.1956 - A «Revolução Húngara»



 

A chamada «Revolução Húngara» começou numa terça-feira, 23 de Outubro de 1956, no centro de Budapeste, com uma manifestação de milhares de estudantes que tentaram ocupar a rádio para transmitirem as suas exigências: fim da ocupação soviética e a implantação de um «verdadeiro socialismo». Foram detidos e quem do lado de fora exigia a sua libertação foi alvejado pela polícia a partir do interior do prédio.

Espalhada a notícia, a revolta alastrou primeiro a toda a cidade de Budapeste e depois ao resto do país, provocou a queda do governo e a sua substituição. Mas em 4 de Novembro deu-se a invasão pelas tropas do Pacto de Varsóvia e a resistência não durou mais de seis dias.

Pouco mais de duas semanas, portanto, que se saldaram por duas dezenas de milhares de mortos e por um verdadeiro êxodo de cerca de 200.000 húngaros, sobretudo jovens, que fugiram do país e pediram asilo um pouco por toda a Europa e também na América, do Norte ao Sul. Conheci uns tantos na Universidade de Lovaina, uns anos mais tarde.

Hoje a Hungria tem um dos governos mais sinistros da União Europeia. Os estudantes de 56 são agora velhos ou já morreram. Gostava bem de saber o que pensam disto tudo os meus amigos Eva, Nicholas e Elisabete, mas perdi-lhes o rasto. 

.

Última hora! Parece que há extremismo num partido extremista

 


«Após cinco anos de militância no Chega, o prof. Gabriel Mithá Ribeiro, eminente intelectual, descobriu que André Ventura é um narcisista autoritário. Esta extraordinária perspicácia só está ao alcance de eminentes intelectuais como o prof. Gabriel Mithá Ribeiro. As pessoas normais mantêm a convicção de que André Ventura é um democrata humilde, mas o prof. Mithá dedicou-se a estudar o assunto e tirou outra conclusão. A divulgação da descoberta era tão urgente que levou o prof. Mithá a quebrar os seus princípios. Em 2024, ele escreveu um livro em que dava aos leitores o seguinte conselho, entre outros: “Defenda-se da guerra psicológica da comunicação social contra si tratando-a como é, o tumor maligno da democracia.”

Esta semana, coitado, viu-se forçado a aceitar os convites de vários tumores malignos, não para os submeter a vigorosa quimioterapia, mas para comunicar ao país a sua assombrosa revelação. Deu várias entrevistas na sequência de um artigo, publicado no “Observador”, em que escreveu o seguinte: o Chega é “um partido cada vez mais disfuncional no sentido patológico do termo”. E é nítido, segundo o prof. Mithá, o “inchaço do ego patológico do líder”. O problema é que, em Março do ano passado, a propósito do livro “Na Cabeça de Ventura”, do jornalista Vítor Matos, o prof. Mithá escreveu, no mesmo “Observador”, que a obra era uma manifestação da “avassaladora patologia sociomental esquerdista”, acrescentando que “o que resulta do livro é a promoção social de hábitos patologicamente selectivos na relação com o meio envolvente”, até por se tratar de uma obra que promovia um “tipo ameaçador de patologia mental”.

O seu autor, Vítor Matos, pertencia a uma casta “socialmente patológica”, e o próprio livro enfermava de uma “lógica patológica”: “A patologia de Vítor Matos é tal que atribui à sua sagrada pessoa o direito de determinar autocraticamente o que é ‘A cabeça de Ventura’.” O jornalista era “um violador patológico da busca da verdade e do respeito pela dignidade alheia”, e o prof. Mithá terminava o artigo lamentando o facto de vivermos numa “sociedade que tolera as patologias dos Vítores Matos & Associados”. Em Setembro de 2021, num artigo intitulado “Selvajaria contra o Chega”, o prof. Mithá já tinha alertado: “Vivemos na era dos sujeitos mentalmente patológicos tutelarem os demais.” E, em Maio de 2020, no texto “André Ventura: votaria nele?”, o prof. Mithá apontava os nomes de “José Saramago, Eduardo Lourenço ou José Gil”, e até pessoas “do calibre de Ricardo Araújo Pereira” como “cabeças instigadoras da pior patologia mental socialmente transmissível”. Este afã com que durante anos denunciou as mais patológicas patologias parece indicar que o prof. Mithá levou a sério a missão de constantemente recordar a todos que, aprisionada na palavra patologia, está a palavra tolo.

Uma novela muito engraçada de Machado de Assis conta a história do dr. Simão Bacamarte, um médico que tem, exactamente como o prof. Mithá, a mania de detectar patologias em todo o lado. Desata a identificar traços de loucura nas outras pessoas e a encarcerá-las num manicómio chamado Casa Verde. O hospício vai ficando cada vez mais cheio, porque o dr. Bacamarte vai progressivamente verificando que toda a gente que o rodeia é louca, circunstância que o leva a desconfiar de que talvez o único louco seja ele — e, por isso, no fim resolve fechar-se sozinho na Casa Verde. No preciso momento em que o prof. Mithá percebeu que os militantes do Chega sofriam de um distúrbio, vários dos seus antigos companheiros de partido descobriram que ele também não é bom da cabeça. O deputado Luís Paulo Fernandes foi à CNN dizer que o prof. Mithá “deve ter um problema grave de saúde mental”. Pela minha parte, lamento que o prof. Mithá e o Chega se tenham separado. Acho que, como se costuma dizer, só se estragava uma casa. E era, sem dúvida nenhuma, uma casa verde.»


22.10.25

Um pouco de humor negro

 


560

Redes sociais 2025

 


A agressividade é galopante. Fruta da época.

E quanto a enfermeiros

 


22.10.1921 – Georges Brassens

 


Georges-Charles Brassens nasceu há 103 anos, em Saint-Gély-du-Fesc, um porto de pesca francês banhado pelo Mediterrâneo. Aos 18 foi para Paris, regressou às origens quando a capital francesa foi bombardeada em 1940, mas para lá voltou poucos meses depois para mergulhar na leitura de grandes clássicos: Baudelaire, Verlaine, Victor Hugo...

Ainda durante a guerra, foi forçado a trabalhar numa fábrica na Alemanha, mas acabou por fugir e manteve-se escondido em Paris até ao fim do conflito. No início dos anos 50 fez umas incursões sem grande sucesso em cafés parisienses, mas foi avançando e, em 1972, viu editados 11 álbuns, acompanhados de um livro com todos os seus textos e poemas.

Com várias doenças pelo meio, acabou por morrer de cancro poucos dias depois de fazer 60 anos.

Entretanto, vai resistindo através de muitas gerações de fãs incondicionais e nunca é dispensável recordá-lo.






.

Mudar a perceção sobre a importância dos migrantes

 


«É tempo de mudar a perceção sobre a importância dos migrantes em Portugal. Não são eles os maus da fita, mas uma extrema-direita agressiva que consegue falsear a realidade com os seus tik-toks de ódio e a hostilidade social que tem criado, e um Governo de direita que se deixa arrastar por essa retórica inflamada, o que tem feito mal à economia, ao país e à sua imagem externa, incluindo na relação com os países da CPLP.

Como demonstra a história económica, nenhum migrante se desloca para onde não há trabalho. Eles vão para onde existem necessidades de mão de obra, porque, em muitos casos, têm as famílias nos países de origem à espera das suas remessas para sobreviverem. A história da emigração portuguesa é a melhor expressão deste fenómeno, muito particularmente nas décadas de 60 a 80 para a Europa e nos séculos XIX e XX para o Brasil.

Portugal conseguiu atrair muitos migrantes nos últimos dez anos, a seguir à crise económica e financeira, porque a economia estava em expansão e o desemprego sempre a diminuir, estando hoje no nível mais baixo dos últimos anos. Daí que várias organizações continuem a insistir na necessidade de migrantes para prover de mão de obra vários setores de atividade económica.

A ideia de que os migrantes vão para um país à cata de subsídios para viver à conta do sistema é falsa, sobretudo para um país como Portugal, que só desde há muito pouco tempo se tornou também um país de imigração. É por si só uma evidência o facto de os migrantes contribuírem para a Segurança Social muito mais do que recebem dela, numa relação de 3600 milhões de euros em contribuições, contra menos de 700 mil euros de que beneficiam em prestações sociais.

Por isso, se o país hostilizar os migrantes criando dificuldades administrativas e rejeição social, ficará sem a sua força de trabalho, vital para inúmeros setores de atividade, e sem os seus impostos, que constituem já cerca de 12,5% das receitas da segurança social e com as quais é feito o pagamento das pensões dos nossos idosos.

Os migrantes suprem necessidades de mão de obra que os locais rejeitam e são uma força de trabalho essencial para as regiões do interior, a braços com um despovoamento dramático e um envelhecimento demográfico, que é o quarto mais grave do mundo. São também consumidores e investidores, ajudando à expansão da economia. Por isso, as dificuldades que a administração e a política lhes colocam são também entraves ao desenvolvimento do país e à melhoria do bem-estar coletivo.

E é também por isso que todas as dificuldades que tem havido na forma como são tratados e percecionados os migrantes nos permite hoje dizer que o Governo tem falhado em toda a linha na gestão da imigração, revelando falta de coragem e de visão para encarar este fenómeno complexo com verdadeiro sentido de Estado, racionalidade económica e humanismo. O Governo prefere culpar os governos anteriores do PS para ocultar a sua própria incapacidade para resolver os problemas de milhares de migrantes que têm a sua vida em suspenso, obrigado a filas e esperas intermináveis para obterem uma autorização de residência ou a sua renovação, confrontados com uma desorganização e lentidão que são em si mesmo o rosto pela falta de respeito pelas pessoas que são essenciais para o desenvolvimento do país.

As dificuldades colocadas ao reagrupamento familiar e no acesso a direitos sociais no âmbito das alterações à Lei da Imigração, bem como a pressão social, política e mediática permanente que tem havido sobre os migrantes acaba por prejudicar a sua plena integração em termos laborais, sociais e educativos, destruindo a capacidade do país para atrair e recrutar mão de obra.

Todo este contexto tende a criar mal-estar, insegurança e medo nos migrantes, limitando o contributo que podem dar ao país que os acolheu, onde trabalham, pagam impostos e investem. Aquilo que o Governo tem vindo a fazer, empurrado pela extrema-direita, é contribuir para a estigmatização das comunidades migrantes e, isso sim, é motivo de preocupação pelo ressentimento e animosidade que pode gerar.»


21.10.25

O que se vê por dentro do Chega?

 





Bernie Sanders

 


«Este momento não é apenas sobre a ganância de um homem, a corrupção de um homem ou o desprezo de um homem pela nossa Constituição. É sobre as pessoas mais ricas da terra que, na sua insaciável ganância, sequestraram a nossa economia e política para se enriquecerem às custas das famílias trabalhadoras.»

Bernie Sanders no Facebook.

Como apoiar a candidatura de Catarina Martins

 


Está tudo explicado AQUI.

François Truffaut morreu num 21 de Outubro




François Truffaut nasceu em Paris em 1932. Morreu muito cedo, em 21 de Outubro de 1984, mas deixou-nos 26 filmes que o mantêm connosco. Com uma infância atribulada, que acaba por retratar parcialmente em Les quatre cents coups, Truffaut fundou um cineclube aos 15 anos e foi rapidamente descoberto por André Bazin que viria a ter uma influência decisiva na sua carreira, introduzindo-o junto dos grandes nomes da época e nos celebérrimos «Cahiers du Cinéma». Tornou-se um dos principais representantes da «Nouvelle Vague» francesa e, nesses tempos áureos do cinema francês, era sempre com ansiedade que se aguardava a estreia de um novo título.


Foi um dos meus cineastas de referência. Quando Paris era a nossa praia de liberdade, vi Baisers Volés três vezes seguidas, sem sair da sala.

Entre muitos inesquecíveis: Baisers Volés (1968) e Les quatre cents coups (1959):





Last but not the least, esta canção inesquecível de Jules et Jim:


.

A estética da moderação

 


«Estas presidenciais têm um paradoxo que define o tempo político. Nenhum dos três candidatos favoritos quer ser demasiado identificado com os partidos do centro, mas todos competem dentro das ideias do centro. A corrida tornou-se um exercício de mímica: cada um tenta libertar-se da máquina da governação, mas continua a falar a sua língua, a usar os seus gestos, a invocar o mesmo dicionário.

O tom foi dado por Henrique Gouveia e Melo. Quando decidiu avançar, marcou o passo de todos os outros. Apresentou-se como figura acima da política, herdeiro de uma autoridade serena, depositário de um desejo coletivo de sossego. Encarnou uma espécie de centro emocional: a vontade de estabilidade sem sobressaltos, de alguém tome conta disto sem levantar pó, sem fazer grandes perguntas, sem aborrecer demasiado. Rejeita os partidos tradicionais, mas posiciona-se exactamente entre “o socialismo e a social-democracia” (se é confuso é porque está a pensar bem). Não admira que conquiste a maior parte dos votos precisamente entre eleitores socialistas e sociais-democratas.

Os restantes candidatos seguiram-lhe o compasso. António José Seguro, que percorreu o arco inteiro do poder partidário, reapareceu como homem vindo de fora da política tradicional no seu discurso de lançamento da candidatura e pede avaliação pelo tom moderado e pelos anos de silêncio. Marques Mendes, apoiado pelo Governo, procura agora o selo de independência e encontra em Rui Moreira a chancela simbólica. Convergem num mesmo território, num centro higienizado, que tenta livrar-se de demasiado cheiro partidário, feito de prudência e frases com arestas polidas.

A entrada de André Ventura completou o quadro. A sua presença oferece tanto um contraste como uma função. Gouveia e Melo ganha com o líder do Chega um antagonista perfeito, um espelho invertido que lhe devolve gravidade. Ventura reclama a rutura, o Almirante encena a serenidade. Um eleva o pulso, o outro baixa-o. São respostas distintas ao mesmo cansaço. Um grita contra o sistema, o outro promete administrá-lo em voz baixa.

Falta, porém, o custo político deste teatro de moderação a três com um só antagonista. Um Presidente que seja escolhido pela estética da independência e pela promessa de descanso entrará em Belém com um mandato essencialmente emocional. A autoridade que nasce do alívio governa mal a fricção. Quando regressarem os conflitos reais, orçamentos verdadeiramente em risco, decretos polémicos, crises no Serviço Nacional de Saúde ou na segurança, será a serenidade suficiente para arbitrar? Que critério prevalece diante de um veto a uma lei laboral, de uma dissolução ponderada com um Parlamento fragmentado, de um governo minoritário a negociar ao fio da navalha? A liturgia presidencial pede calma, mas o acto pede escolhas.

Há ainda a economia eleitoral deste paradoxo. Ventura polariza, e a polarização valoriza o que promete contenção. O Almirante cresce cada vez que Ventura sobe o volume. Marques Mendes e Seguro disputam o mesmo lago, pescando em águas social-democratas com iscos semelhantes, e a sobreposição acaba a validar o terreno do Almirante. Três candidatos a reivindicar o centro enquanto tentam desprender-se de um carimbo partidário produzem um efeito curioso. O bipartidarismo não desaparece, reaparece na sombra de um independente que lhe toma emprestadas as ideias e lhes devolve o verniz.

Os partidos aceitam este arranjo porque resolve urgências simétricas. O Governo projeta continuidade através de Marques Mendes e, se não resultar, pode encontra na autoridade tranquila do Almirante uma almofada. O partido Socialista lá aceitou Seguro (demasiado contrariado, diga-se) e, se houver segunda volta com o Almirante e outro candidato, redistribui-se por uma saída pacificada. O eleitorado, entretanto, compra paz. A democracia, que precisa de escolhas claras, corre o risco de se habituar a uma presidência terapêutica.»


20.10.25

Jardineiras

 


Jardineira em cobre com decoração dourada, prateada e patinada a preto. Cerca de 1880.
Emile Reiber.

Daqui.

Trump: todos os limites ultrapasados

 


Mandou fazer este vídeo, no qual, vestido de rei, lança excrementos sobre uma multidão que protesta contra ele.

A Lei dos Estrangeiros e o país que queremos ser

 


«Portugal está a redefinir os limites da sua hospitalidade. A nova Lei dos Estrangeiros, promulgada após meses de tensão política e um veto do Tribunal Constitucional, promete mais controlo, menos automatismo e uma gestão mais seletiva da imigração. Mas a pergunta que se impõe é simples e profunda: estamos a corrigir excessos ou a comprometer valores?

A versão aprovada pela Assembleia da República, com o apoio da maioria à direita, introduz alterações estruturais no regime jurídico de entrada, permanência e afastamento de estrangeiros. O visto para procura de trabalho, que antes permitia a entrada de milhares de cidadãos sem contrato prévio, foi restringido. O reagrupamento familiar passou a exigir mais comprovação e tempo. E os benefícios concedidos aos cidadãos da CPLP foram revistos, com impacto direto em comunidades que há décadas fazem parte do tecido social português.

Os defensores da nova lei apontam para a necessidade de ordem. A Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) herdou mais de 400 mil processos pendentes, muitos deles sem resposta há anos. O sistema estava saturado, vulnerável a abusos e incapaz de garantir integração eficaz. A nova lei, dizem, é um instrumento de racionalização. Permite à AIMA priorizar casos, exigir mais documentação e evitar que Portugal se torne um destino de entrada fácil para fluxos migratórios descontrolados.

Mas há um custo. E não é apenas administrativo. A nova lei afasta Portugal de uma tradição de abertura que sempre nos distinguiu na Europa. O país que acolheu refugiados sírios, que integrou comunidades brasileiras, cabo-verdianas e ucranianas com relativa harmonia, parece agora hesitar. A limitação do visto de procura de trabalho pode travar talentos que ainda não têm uma oferta formal, mas que poderiam contribuir para setores em carência. O reagrupamento familiar mais rígido pode gerar sofrimento em famílias separadas por fronteiras. E a revisão dos benefícios à CPLP levanta dúvidas sobre o compromisso histórico com o espaço lusófono.»

Continuar a ler AQUI.

Mudança da hora? Também sou contra

 


«O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, irá propor esta segunda-feira, no Conselho Europeu, o fim da mudança sazonal da hora, argumentando que “já não faz sentido”, que praticamente não contribui para poupar energia e que, além disso, tem “um impacto negativo” na saúde e na vida das pessoas.»


A hipocrisia da lei das burqas

 


«Há muitas boas razões para proibir a burqa no espaço público, mas o Chega e outros partidos que aprovaram a lei que proíbe a utilização de roupas que tapem o rosto não o fizeram por nenhuma boa razão e isso importa.

Há boas razões, como há muitas questões complexas que a proibição levanta. Pela positiva, vale a pena defender a ideia de uma sociedade baseada no princípio de reconhecimento do outro, da interacção social, em que o “cara a cara” é algo intrínseco à forma como nos devemos relacionar. Proibir as burqas é igualmente rejeitar um mundo em que a mulher é sujeita de menos direitos, algo que está presente tanto na religião muçulmana como na católica.

Do lado das questões complexas está a afronta de que esta é uma proibição às opções individuais, às escolhas culturais de cada um e à sua liberdade religiosa. Para isso mesmo chamaram a atenção o Conselho Superior do Ministério Público e a Ordem dos Advogados, que deram pareceres negativos à lei.

Em Portugal, a lei apareceu de rompante, mas a medida é aplicada em França, está a ser proposta pela direita em Itália e em Espanha e há decisões dos tribunais europeus que concorrem para afirmar como sendo legítima a decisão, já em vigor em mais de 20 países. Em Inglaterra, a defesa da proibição por alguns deputados do partido de Nigel Farage provocou a demissão de Zia Yusuf, o financeiro muçulmano que presidia ao partido. O homem, que chegou a doar um quarto de milhão de euros ao Reform UK, classificou a iniciativa dos deputados de “estúpida”.

Poderá não ser estúpido, mas é muito provavelmente desproporcional criar uma lei que só se aplicará, no que à burqa diz respeito, a um punhado de mulheres em Portugal, que não representam nenhuma ameaça à segurança, como se argumenta. E é certamente hipócrita dizer que se defendem os “direitos das mulheres” quando o que se lhes deseja é “boa viagem” porque o que está em causa é “a defesa dos nossos valores”, como afirmou André Ventura, ou, no vernáculo parlamentar da deputada Madalena Cordeiro, “isto não é o Bangladesh, em que fazem tudo como vos apetece”.»

Não é só a lei que importa, mas o motivo por que é feita, e esta é só mais uma lei criada para ostracizar uma comunidade, parte de uma estratégia de demonização do outro que, pelos vistos, rende votos. Acreditar que, com esta medida, o Chega e os seus parceiros de votação – PSD, IL e CDS-PP – pretendem defender os direitos das mulheres muçulmanas e a sua integração é uma ilusão para néscios.»


Contra Trump

 


Manifestações NO KINGS em cidades norte-americanas: sete milões de pessoas.

19.10.25

Agora aos pares

 


Par de vasos franceses Arte Nova, feitos de cristal Baccarat com destaques dourados.

Daqui.

A UE igual a si própria

 


«Bruxelas já pediu a Portugal para tomar medidas para assegurar a sustentabilidade a médio prazo das pensões. Globalmente, quer as empresas a oferecer complementos de reforma, e trabalhadores a poupar mais para quando deixarem de trabalhar


Treze anos sem ele

 


E se a Democracia morrer às mãos de líderes eleitos?

 


«No livro “como morrem as democracias”, de Steven Levisky e Daniel Ziblatt, explica-se que há uma forma menos dramática do que a usual, mas igualmente destrutiva, de destruir as democracias: às mãos dos líderes políticos eleitos. As democracias vão sendo erodidas aos poucos, em passos pouco visíveis.

Vem isto a propósito do que já se instalou em Portugal e que se refletiu nas eleições autárquicas. Desde a vitória de Luís Montenegro, com o país traumatizado pelo ignóbil parágrafo que levou Marcelo a destruir uma maioria absoluta, passou a vingar esta tese: a eleição legitima a ação e até sana eventuais ilicitudes. A este desvio democrático juntou-se a opção claríssima da direita democrática de se travestir noutra coisa, numa cedência aos ares nacionais e internacionais favoráveis à extrema-direita. A cedência é em si mesma uma erosão da democracia. A palavra “ideologia” foi demonizada e a estratégia de deitar no lixo a social-democracia e a democracia-cristã, somada à força endinheirada e de efeito “desastre na estrada” para a comunicação social, mudou a racionalidade coletiva.

Contra todos os dados oficiais, contra o seu programa eleitoral, surgiu um Governo monotemático, falsamente alarmado com a imigração, anunciando na AR operações humilhantes contra imigrantes específicos, trazendo para debate sumário e simultâneo imigração e nacionalidade, contribuindo para a insegurança, para o ódio, para a angústia dos que menos têm. O CDS assume que não reconhece o país, assume o critério cromático como presunção de nacionalidade. O Chega aplaude a fraqueza da AD e as televisões passam milhares de horas a debater crime, imigração, nacionalidade, casas de banho e agora burcas: isto é, moinhos, quando um em cada cinco idosos vive em pobreza, quando a habitação é um drama coletivo, quando há problemas dramáticos no SNS. Os tais dos moinhos engolidos pela direita democrática dão lucro, pelo que Ventura, derrotado nas autárquicas, volta a ser o primeiro no ecrã em modo “grande entrevista” e os inventados causadores dos problemas nacionais perdem a voz e veem-se retratados como “invasores”, “parasitas” e até, em horário nobre, por uma deputada, como “ratos”.

Nada disto, nada do que aqui vai descrito, isto é, a cedência da direita toda a este horror, é tido por “radical”. O Chega e os seus cúmplices mudaram os significantes das palavras, pelo que Passos Coelho pode aparecer a fazer um discurso em tom 1936, Montenegro pode defender nacionalidades de primeira e de segunda, Moedas pode inventar violações e dizer que Alexandra Leitão mudaria o “nosso modo de vida”, o PSD e o CDS podem defender, como no Porto, que perceção vale mais do que realidade, mas a palavra “frentismo” aplica-se à esquerda que se alia e “radicais” são sobretudo mulheres, como a social-democrata Alexandra Leitão, com programa e CV de fazer corar meio mundo e a direita unida chama-se “aliança” (não há frentismo de direita). Há uns anos, não muitos, toda a deriva populista e mentirosa e antiliberal aqui descrita seria apelidada de radical, inaceitável e faria correr gente às ruas.

Acontece que o tempo histórico é favorável ao incumprimento das regras elementares do jogo democrático: (1) mentir: não prestar contas, assumir que o voto é legitimador de tudo; (2) descredibilizar os adversários políticos: fake news, misogenia, difamações; (3) quebrar o tecido nacional: incitamento ao ódio e apego a propostas legislativas restritivas do vínculo de pertença à comunidade.

Nas autárquicas, o Chega queria 30 câmaras nucicipais e ganhou três. Mas desengane-se quem pensa que não teve uma grande implantação. Teve e já foi explicada. A pior delas todas foi a vitória do PSD travestido, o tal PSD que ganha em Lisboa mentindo e inventando números sobre o crime de violação. Repito: Alexandra Leitão, a social-democrata com um programa que desafia qualquer epíteto ilógico é a “radical”, a sua aliança alargada que no tempo de Sampaio fazia dele um “Senhor” é “frentismo de esquerda”. No contexto nacional e mundial que vivemos, a Alexandra Leitão foi o exemplo da não transigência. Foi fiel a um projeto essencialmente social-democrata e neste contexto teve um resultado forte que a fará escrever as páginas futuras que entender.

O PS teve vitórias marcantes, como Bragança e Viseu sem cedências a agendas reacionárias.

A vitória assustadora desta direita cola-nos o desafio de não ceder. De perceber que vitórias inspiradas na receita do Chega não são escola. Temos de pensar e de agir, porque estamos a perder eleitorado. As contas estão feitas. Temos de pensar e agir com olhos no longo prazo. Não podemos cair nos discursos fáceis e póstumos. As coligações à esquerda são más? Quem disse? Fomos coligados em oito municípios em 308. Talvez pensar mais e fazer menos favores à direita que se entretém a dar cabo da habitação e do mundo laboral, enquanto enche as tardes parlamentares com os temas do Chega.

Temos de nos reorganizar sem deixarmos por um dia de ser quem somos. Mesmo que por um dia fiquemos mais fracos. A nossa diluição será a nossa morte.

Uma coisa tenho por certa. Não é caminho a seguir o que aqui e ali obteve vitória. Porque a vitória do Leviatã, isto é, a vitória da “eterna luta de todos contra todos” tem um fim, e esse fim não é certamente a democracia como a conhecemos.

A nossa hora decisiva já começou.»


Defender as mulheres