Os meses de luta interna em que António José Seguro colocou o PS começam a ser, já são, dias e noites de facas longas. A procissão ainda vai no adro e nem é fácil imaginar o que ainda estará para vir.
Ontem, Alfredo Barroso, fundador do PS e signatário de um texto de apoio à candidatura de António Costa, publicou no Facebook um texto demolidor que fica aqui na íntegra.
A meu ver, aborda o problema essencial a que o presidente da CML não pode continuar a fugir: a questão das alianças. Dizer que «o PS é "um partido que se dirige a todos os portugueses"» não colhe, não significa nada. Até o POUS de Carmelinda Pereira dirá o mesmo e com toda a razão.
DISCUTIR O ESSENCIAL
Aquilo a que António Costa chama, com desprezo, a «teoria do pisca-pisca», para se furtar à discussão, dentro do PS, de uma política de alianças, é, no mínimo, uma deselegância em relação àqueles que, como eu, acham que esse é um debate incontornável, face ao estado a que o partido chegou.
Mas a «fanfarronice» de António Costa (que mais parece um «sound bite» no pior estilo de Paulo Portas) é, sobretudo, uma simplificação grosseira daquilo que está em causa.
Porque não se trata propriamente de saber com que partido ou partidos o PS se coligará, caso não obtenha maioria absoluta nas próximas eleições legislativas.
Trata-se, isso sim, de saber em que condições estará o PS disposto a negociar, com os partidos à sua esquerda, uma plataforma mínima de entendimento – que não passa necessariamente por uma coligação de governo – e que deve ter em vista, fundamentalmente, a viabilização e sustentabilidade de um futuro governo do PS ancorado à esquerda.
Esta inusitada atitude de António Costa não augura, em meu entender, nada de bom.
É mesmo caso para perguntar que novas «teorias» António Costa irá inventar, para se furtar ao debate da questão do Tratado Orçamental, da questão da renegociação e/ou reestruturação da dívida, da questão das privatizações e da questão da promiscuidade entre o PS e os negócios? Será a «teoria do gato asseado», que tapa com areia as suas necessidades? Ou a «teoria da vassoura», que empurra para baixo do tapete tudo o que é desagradável?
Isto, para já nem falar de outras questões importantes que os militantes do PS têm todo o direito de ver debatidas e esclarecidas pelos candidatos às eleições primárias (completamente anti-estatutárias, diga-se de passagem!) marcadas para o próximo dia 28 de Setembro (raio de data!).
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Se o que está em causa é apenas o «combate dos chefes», independentemente das ideias e das políticas que cada um propõe, e se o objectivo é tão-só criar condições para o PS voltar ao poder, custe o que custar, e distribuir cargos e privilégios pelos «barões» - então já cá não está quem, como eu, andou, afinal, a falar para o boneco.
Se nada de essencial é para discutir porque não é oportuno, afasto-me já em bicos de pés para não perturbar o sono das hostes…
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