Foi publicado, em Dezembro de 2007, este livro da autoria de Elísio Estanque e Rui Bebiano onde é feita uma análise
«...dos impactos e possíveis ligações entre as experiências do movimento estudantil de períodos passados – em especial “os longos anos 60” – e as novas modalidades de acção associativa da juventude universitária emergentes nos últimos anos» (*).
Apenas um brevíssimo apontamento.
Li este estudo com o maior interesse. A primeira parte trata do período que abrange a década de 60 e se prolonga até ao 25 de Abril, enquanto que a segunda se centra na geração actual, tendo como base principal um inquérito realizado em 2005-2006. Conclui-se que, apesar de todas as diferenças e rupturas, parecem existir linhas de continuidade entre os estudantes actuais e os «épicos» combatentes da década de 1960-1970 – cuja memória histórica continua presente, até porque muitos deles ocupam, ainda, cargos importantes na universidade e na cidade.
Jugo que nada de semelhante foi alguma vez feito para Lisboa ou para o Porto. E, se o fosse, as conclusões seriam certamente muito diferentes, pelas características únicas de Coimbra. Para quem, como é o meu caso, só conhece a realidade universitária em Lisboa, trata-se de uma total novidade que estudantes «normais» (ou seja, fora de uma pequena elite de estudiosos), deste início do século XXI, saibam que houve lutas estudantis nos anos 60 e, sobretudo, que lhes confiram uma qualquer influência na actualidade (**). Estarei, talvez, a ser demasiado pessimista...
Ainda sobre uma problemática afim: chegará muito em breve às livrarias uma outra obra, esta da autoria de
Miguel Cardina,
A Tradição da Contestação, sobre a politização do movimento estudantil, em Coimbra, durante o marcelismo.
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(*) Elísio Estanque e Rui Bebiano,
Do Activismo à Indiferença. Movimentos estudantis em Coimbra, ICS, Lisboa 2007, 196 p.
(**) Não tivesse Jorge Sampaio sido Presidente da República (o que fez com que, regularmente, se referisse o seu papel no Dia do Estudante de 1962 e se mostrassem algumas imagens as televisões) e a ignorância seria ainda maior.