15.11.14

Debate Podemos / PSOE



22' 30" para ouvir AQUI o primeiro debate Podemos / PSOE, entre Pablo Iglesias e Juan Fernando López Aguilar, presidente da Delegação Socialista no Parlamento Europeu. 
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BES e o «apuramento da verdade»


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Excertos de um texto de Pedro Santos Guerreiro – A missão parlamentar de inquérito – publicado no 1º caderno do Expresso de 15/11/2014.
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Lido por aí (162)

Mutatis mutandis



«La Transición fue en parte una gran impostura. Hubo multitud de personas que se inventaron su propia biografía; al terminar el franquismo resultó que todo el mundo había sido antifranquista. Una gran mentira: antifranquistas reales hubo poquísimos, y por eso Franco duró lo que duró. Esta es la verdad. Pero, como es tan desagradable, nos inventamos otra.»

Javier Cercas

E nós por cá? 
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14.11.14

«Análise Social» – agora sem censura



Pronto para distribuição, o célebre número da «Análise Social», objecto de tantas discussões. Sem cortes.  


«O ensaio visual do sociólogo Ricardo Campos vai afinal fazer parte da revista, segundo deliberou o Conselho Científico do ICS, contra o seu director. » 
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Lido por aí (161)


@João Abel Manta

* Preparar a reestruturação da dívida é preciso (IAC)

* Jean-Claude Juncker (Ricardo Cabral)

* Preocupado (Luís Bernardo)
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Long, long time ago – 14/11/2012



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Cavaco, a caminho do fim



Vasco Pulido Valente, no Público de hoje: 

«O dr. Cavaco está velho e está no fim da sua carreira política. Gostava, por isso, de sair suavemente, com a benevolência do país, com muitas palmas, mas sobretudo sem sarilhos. A ambição dele é voltar para o Algarve e receber discretamente alguns notáveis que não o incomodassem muito.

Se marcasse eleições para a Primavera, este plano idílico ia por água abaixo. O PSD e o CDS protestariam. Provavelmente, não haveria uma nova maioria e, apesar das promessas, ele teria de aceitar um governo minoritário que poria a oposição, qualquer que ela fosse, em constante tumulto. Pior ainda: numa situação dessas ele com certeza não escapava às críticas da esquerda e da direita e dos tresloucados que por aí andam, convencidos que vão ser importantes. Em vez de paz, deixaria um motim. (...)

Em Setembro ele já não poderá dissolver o Parlamento, mesmo que o resultado seja catastrófico e Portugal se torne numa aldeia de macacos; esfregando as mãos ele dirá, e com razão, que nada é já da sua conta e deixará uma herança confusa ou catastrófica, mas nunca da sua imediata responsabilidade. Quem cá ficar que se arranje, enquanto ele, da sua merecida reforma, contemplará com equanimidade e deleite as desordens da Pátria.»
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13.11.14

Sempre



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Poesia no futebol?



Ricardo Araújo Pereira na Visão de hoje:

«Há um método infalível para determinar de o discurso de um comentador desportivo ultrapassou o nível aceitável de ridículo: trata-se de verificar se o modo como se expressa permeou o discurso do café. Hoje, por esses snack-bares fora, roda a gente fala em conceitos anteriormente desconhecidos, como transições, exploração do espaço entre linhas, duplo pivot. Mas nenhum frequentador de tascas diz para outro: " Ó Vítor, este Marcelinho é um ferro de engomar com termóstato ajustável, em forma de jogador de futebol."»

Na íntegra AQUI.
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A atracção do ouro


É histórico, é milenar: poucos resistem ao ouro.


Foi também detido o presidente do Instituto de Registos e Notariado.

Ce n'est qu'un début? Isso é que era bom! 
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Lido por aí (160)

12.11.14

Fernando Mascarenhas



Morreu hoje Fernando Mascarenhas que conheci quando eu dava aulas de Filosofia na Faculdade de Letras. Não chegou a ser meu aluno, mas tínhamos tantos amigos em comum que rapidamente estabelecemos contacto.

Hoje, todos falam da sua proverbial simpatia e contributo para a cultura deste país. Com a maior das justiças.

Prefiro recuar a uma tarde tórrida de 1969, em que os jardins do Palácio de Fronteira acolheram mais de duas centenas de antifascistas que se posicionavam para as eleições legislativas que vieram a ter lugar uns meses mais tarde – as primeiras da era de Marcelo Caetano. Negada pelo Governo Civil a autorização para um plenário em 6 de Julho, foi marcado um outro, mesmo sem licença, para dia 13.

Não me detenho nas querelas que ocuparam grande parte da tarde – as discussões sobre uma eventual cisão entre CDE e CEUD, que veio a concretizar-se –, mas no desfecho da sessão e na atitude do Fernando. A páginas tantas, a polícia de choque, comandada pelo famigerado capitão Maltez, cercou o palácio e proibiu a reunião. Confrontado com os factos, FM disse ao pequeno grupo que lhe tinha pedido o local que a decisão era deles: «Eu cedi-vos a casa, a casa é vossa», foi a resposta. O Fernando era assim, o que não era trivial. (Mas foi decidido pôr fim à sessão para evitar males maiores.)

Eu fiquei por lá, com um pequeno grupo de amigos. Já não em conspirações, mas à volta de uns ovos mexidos com fiambre, que era o que havia naquele magnífico palácio com mais de 40 divisões. O Fernando também era assim. 
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7' 23" que merecem a paragem



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Evitar a raiva – a propósito de mais uma rusga num bairro da Amadora




Crónica de Diana Andringa, ontem, na Antena 1:



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11.11.14

Antes que o dia acabe


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Gargalhada



«A única crítica é a gargalhada! Nós bem o sabemos: a gargalhada nem é um raciocínio, nem um sentimento; não cria nada, destrói tudo, não responde por coisa alguma. E no entanto é o único comentário do mundo político em Portugal. Um Governo decreta? gargalhada. Reprime? gargalhada. Cai? gargalhada. E sempre esta política, liberal ou opressiva, terá em redor dela, sobre ela, envolvendo-a como a palpitação de asas de uma ave monstruosa, sempre, perpetuamente, vibrante, e cruel – a gargalhada! Política querida, sê o que quiseres, toma todas as atitudes, pensa, ensina, discute, oprime – nós riremos. A tua atmosfera é de chalaça

Eça de Queirós, Uma Campanha Alegre

Lido por aí (159)


@João Abel Manta

* Mr. Europe? The Ghosts of Juncker's Past Come Back to Haunt Him (Nikolaus Blome, Christoph Pauly, Gregor Peter Schmitz e Christoph Schult) 

* Las desventuras de los españoles (Arturo González) 

* Os Ayatollahs do mercado (Ricardo Cabral)
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Orçamento de pobreza


Texto de Sandra Monteiro, em Le Monde Diplomatique (ed. Portuguesa) deste mês:

«A principal aposta tem de ser nas empresas e na iniciativa privada, porque o Estado tem escassez de recursos e uma dívida muito elevada para pagar, o que obriga a continuar a reduzir o défice e a conseguir excedentes primários que permitam reduzir a dívida», afirmou a ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque na sessão de encerramento, a 1 de Novembro, da V Convenção Social-Democrata do Distrito de Setúbal. É um resumo muito elucidativo do quadro de escolhas que o Orçamento de Estado para 2015 reflecte, em absoluta continuidade com os vários orçamentos de austeridade a que o país tem sido sujeito. A dívida, muito elevada, cada vez mais elevada – é esse o negócio do crédito e dos juros –, é «para pagar». Canalizar os recursos para esse pagamento serve de «justificação» à retirada do Estado das suas missões sociais e do investimento público e de «legitimação» da prioridade dada à iniciativa e interesses privados. As metas orçamentais definidas, mesmo que todos saibam que são irrealistas, não servem para afrontar os tratados que as impõem nem para escolher a democracia e o bem-estar social contra a ditadura do défice, mas antes para justificar o enésimo reforço da austeridade.

De facto, o que o governo de Pedro Passos Coelho propõe para 2015 é mais um orçamento de pobreza. Austeridade sobre austeridade, empobrecimento sobre empobrecimento, desespero sobre desespero. A soma dos anos não é puramente quantitativa; é qualitativa e mostra uma comunidade em colapso. Palavras agora usadas pelo primeiro-ministro como «rigor», «responsabilidade», «recuperação» ou «sustentabilidade» são areia lançada para os nossos olhos. Pretendem impedir-nos de ver, mas causam sobretudo dor, tal é o choque com a realidade do desemprego, da precariedade, dos baixos salários, da emigração forçada, da carência e da pobreza.

As políticas de austeridade condensadas na proposta de Orçamento de Estado para 2015, escolhendo o partido dos credores financeiros e dos que lucram com a arquitectura monetária e dos tratados europeus, acentuam os problemas da economia e a trajectória de empobrecimento do país. Causam nova pobreza e desistem de retirar dela os que foram para lá atirados. Portugal, além de ser dos países mais desiguais, tem níveis cada vez mais assustadores de pobreza. Os dados mais recentes do Eurostat indicam que, em 2013, estavam em risco de pobreza ou exclusão social 2,88 milhões de portugueses, ou seja, 27,4% da população. O risco de pobreza traduz situações de «privação material severa» ou de inserção num «agregado familiar com baixa intensidade de trabalho», afectando de forma muito particular, porque há muitos anos superior ao do resto da população, o segmento dos que têm menos de 18 anos de idade. Com efeito, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2013 o risco de pobreza afectava 31,6% das pessoas dessa faixa etária. Mas, segundo o INE, este risco não se distribui de forma homogénea: penaliza sobretudo as crianças com pais menos escolarizados, chegando aos 37,5%, em 2012, nas famílias em que os pais só completaram, no máximo, o ensino básico – além de se agravar no caso de famílias numerosas ou monoparentais.»

(Continuar a ler AQUI).
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10.11.14

Mário Viegas, 66



Mário Viegas nasceu em 10 de Novembro de 1948. Morreu novo, muito novo, antes de chegar aos 48.

Fundou três companhias de teatro, actuou em vários países, participou em mais de quinze filmes e só quem for muito jovem não se recordará das séries televisivas Palavras Ditas (1984) e Palavras Vivas (1991).

Celebérrima ficou a sua leitura do Manifesto Anti-Dantas de Almada Negreiros:



Mas existiu também um Manifesto Anti-Cavaco, lançado por Mário Viegas durante a campanha eleitoral para as legislativas de 1995, em que foi candidato independente na lista da UDP (candidatou-se também à Presidência da República).




Só mais duas interpretações inesquecíveis:




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Lido por aí (158)


@João Abel Manta

* Una farsa con dos millones de farsantes? (Antonio Avendaño)

* Sabia que na Bolívia…? (Serge Halimi)

* La armadura jurídica del TTIP (Juan Hernánez Zubizarreta)
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Um comediante que tenta ser ministro?



«Dentro de António Pires de Lima, acredita-se, há um político sério que se procura libertar. Entretanto, temos um comediante que tenta ser ministro. Nada que admire neste Portugal que oscila entre ser um "reality show" deprimente e uma "stand-up comedy" patrocinada pelo Governo. (...)

Sabe-se que um político do século XXI não precisa de dizer coisas importantes. Pode até alterar a história a seu favor, confundindo Michael Phelps com Catherine Deneuve. Mas é isso que torna ainda mais brilhante a prestação de Pires de Lima no Parlamento. Ele conseguiu criar a verdadeira sociedade do espectáculo, que os Situacionistas tentaram em vão impor na França de 1968. Transformou a economia numa "stand-up comedy". Depois disso a análise política séria sobre a economia tornou-se uma piada de café. Em que alguém conta piadas para se rir sozinho.

Pires de Lima abriu as portas de par em par para que gerir a economia em Portugal se torne uma galhofa. No fundo, ele, depois da sua prestação no Parlamento, mostrou que deseja ser aliviado das suas responsabilidades governamentais. Para se dedicar à comédia, a sua vocação há muito reprimida.»

Fernando Sobral

9.11.14

Berlim, ainda



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Mr.Barroso



Primeira parte do artigo de Clara Ferreira Alves, na «Revista» do Expresso de ontem:

«Vi o Barroso na televisão. Nunca me lembro de o ver porque passamos o tempo a ver o Barroso na televisão, “Mr. Baroso” em inglês, “Mr. Baroso” this, “Mr. Baroso” that, um estrangeiro. Se quisermos ser cultivados, um estrangeirado. “Mr. Baroso”, para os portugueses, está de passagem. Costumo ver a CNN e já o apanhei por lá. Lá estava o Barroso a ser entrevistado por Richard Quest, em Nova Iorque. “Quest Means Business”. O Quest tem um programa sobre os grandes homens e as grandes decisões deste mundo, área economia e finanças. Não existe, neste mundo, outra prioridade. Falando num inglês jovial, aperfeiçoado pelos anos e a prática, “Mr. Baroso” parecia o filho mais velho e bem-sucedido de uma alegre e feliz família oriunda do que “Mr. Baroso” chamou uma vez “o oásis”. O oásis era tão verde, tão fresco no meio do deserto, que logo a seguir ele mudou-se para a aridez da Europa. Recebeu a medalha presidencial por ter desertado.

Ouvi-o, inchado de orgulho, reluzindo, todo cheio de som e fúria como uma sinfonia de Beethoven na apoteose e não como uma personagem de tragédia shakespeariana, (...) life is a tale told by an idiot, full of sound and fury, signifying nothing, a vida é uma lenda contada por um idiota cheia de som e fúria e significando nada (Macbeth). Reparei que ele parece não ter reparado em nada do que nos aconteceu enquanto cavalgava o deserto europeu. Reparei que quando um homem passa de anónimo a mediano e depois a importante, e de importante a muito, muitíssimo importante, VIP, tratamento especial e tudo isso, esquece com facilidade. A amnésia do poder, para a qual os cortesãos contribuem diariamente com a dose de manteiga. Na boca dele foram dez anos maravilhosos e difíceis ao leme da nave Europa em que nem tudo correu sempre bem mas a maioria das coisas correu bem. E, triunfo dos triunfos, impediu-se que a Europa, a União Europeia, a zona euro, se partisse aos bocados. Ficou inteira, os países ficaram inteiros e democráticos, incrivelmente democráticos, e toda a gente está feliz. “Mr. Baroso” nunca usou a palavra Portugal, intuindo, com um resquício de consciência, que nem toda a gente é feliz no oásis. A austeridade não foi uma experiência falhada. Como todas as experiências de laboratório, implicou a morte e mutilação de cobaias, mas como fazer avançar a ciência e o método científico sem o sacrifício dos ratinhos? A humanidade é que ganha, e a humanidade são muitos enquanto os ratinhos são poucos. Cobaias involuntárias. Isto da Europa e de a conduzir é assunto muito difícil, se as pessoas soubessem, são muitos países, muitos problemas, etc., um homem empenha-se e sofre.»
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Lido por aí (157)

Berlim, 25 anos – a festa, mas não para todos



Um quarto de século, que passou depressa, com grandes sobressaltos e muitas esperanças por cumprir. Mas comemore-se e festeje-se hoje, obviamente, a destruição de um barreira que, durante 28 anos, cortou uma cidade e separou pessoas e famílias, provocou mortes. Como se os problemas entre seres racionais pudessem ser resolvidos com amontoados de pedras.

Há textos, relatos, fotografias, vídeos um pouco por toda a parte. Mas talvez escape a muitos este texto publicado no Avante!A chamada «queda do muro de Berlim» – e creio que deve ser conhecido.

Se o PCP não fosse o que é, celebraria a data e, do seu ponto de vista, aproveitaria para sublinhar que o capitalismo não foi capaz de satisfazer as esperanças que nasceram com a queda do muro e com o que esta representou. Em vez disso, pariu uma catilinária, nostálgica e lamentável, num texto que até podia ser considerado humorístico, como um amigo o classificou no Facebook, se o humor negro fosse o estilo da Soeiro Pereira Gomes e se não estivéssemos a falar de coisas tão sérias.
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