ADENDA (**)As semanas que se seguiram ao 11 de Março de 1975 foram, naturalmente, ricas em acontecimentos e convulsões. Três dias depois, no dia 14, para além de ser criado o Conselho da Revolução, deu-se a
nacionalização da Banca e dos Seguros.
Para o bem e para o mal, foi um marco importante da nossa História (muito) recente. Os mais novos não terão mais do que uma ideia muito difusa do que se passou, os mais velhos poderão ter amalgamado recordações com tudo o que se seguiu.
Da imprensa da época:
«As nacionalizações são saudadas à esquerda e não são contrariadas à direita. O PPD apoio-as, aliás, embora previna que “substituir um capitalismo liberal por um capitalismo de Estado não resolve as contradições com que se debate hoje a sociedade portuguesa”.
Mário Soares mostra-se mais expansivo. Eufórico mesmo, considerando aquele “um dia histórico, em que o capitalismo se afundou”. Dirá, a propósito o líder socialista, num comício: “A nacionalização da banca, que por sua vez detém (...) a maior parte das acções das empresas portuguesas e, ao mesmo tempo, a fuga e prisão dos chefes das nove grandes famílias que dominavam Portugal, indicam de uma maneira muito clara que se está a caminho de se criar uma sociedade nova em Portugal”.» (*)Gosto de pensar o presente com vivências, tão fortes como estas, em pano de fundo. Ajuda-me a perceber muita coisa – para o bem e para o mal.
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(*) Adelino Gomes e José Pedro Castanheira,
Os dias loucos do PREC, edições Expresso / Público, 2006, p. 28. O realce é meu.
(**) Não deixem de ler o texto que Raimundo Narciso deixou na Caixa de Comentários e, já agora, a minha resposta.