22.10.16

Marques Mendes



«Marques Mendes sobre o novo imposto do património:
"Numa casa de 600 mil euros, se calhar, uma família com 6 filhos já fica apertada."
Sim. Já nem há espaço para uma gaveta com preservativos.»
(João Quadros, no Negócios) 
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Dica (419)



Europe After Merkel. (Ashoka Mody) 
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95 é número redondo e Brassens teria hoje essa idade



Georges-Charles Brassens nasceu em 22 de Outubro de 1921, num porto de pesca francês banhado pelo Mediterrâneo. Aos 18 anos foi para Paris, regressou às origens quando a capital francesa foi bombardeada em 1940, mas para lá regressou poucos meses depois para mergulhar na leitura de grandes clássicos: Baudelaire, Verlaine, Victor Hugo,…

Ainda durante a guerra, foi forçado a trabalhar numa fábrica na Alemanha, mas acabou por fugir e se manter escondido em Paris até ao fim do conflito. No início dos anos 50 fez umas incursões sem grande sucesso em cafés parisienses, mas foi avançando e, em 1972, viu editados 11 álbuns, acompanhados de um livro com todos os seus textos e poemas.

Com várias doenças pelo meio, acaba por morrer de cancro poucos dias depois de fazer 60 anos.

Entretanto, vai resistindo através de muitas gerações de fãs incondicionais e nunca é dispensável recordá-lo.








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Com ou sem anestesia geral?


Passos Coelho no Público de hoje.
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As máquinas que paguem as nossas reformas?



O reitor da Universidade de Coimbra considera que as máquinas devem passar a contribuir para a Segurança Social. Disse ele que «Existe uma motivação económica enorme para a substituição de uma pessoa por uma máquina. Devia, pelo menos, haver neutralidade fiscal. Pelo menos nos casos em que objetivamente a máquina substitui a pessoa», «Não sei porque é que a máquina que substituiu as pessoas na portagem da autoestrada não paga taxa social única».

A sugestão não foi bem acolhida pelo ministro da Segurança Social e com toda a razão. Cada um é livre de dar asas à imaginação, mas olho para o meu telemóvel e imagino-me a pagar TSU porque deixou de haver telefonistas a quem se pediam chamadas. Ou para a máquina de lavar roupa que dispensou as lavandeiras de Caneças. Claro que estou a exagerar, percebo que não era exactamente nisso que o magnífico reitor estaria a pensar, mas chutar para canto não ajuda a resolver as consequências dos progressos tecnológicos e da globalização.

Por exemplo, tenha-se a ousadia de onerar, em termos de contribuição para a Segurança Social, empresas muito lucrativas mas que criam um número reduzido de postos de trabalho, sem que isso tenha a ver com o facto de usarem mais ou menos máquinas. Mas deixe-se estas em paz e a cumprirem a sua missão.
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21.10.16

Revista «Crítica»



O nº9 está disponível AQUI, para leitura ou download em pdf. 
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Dica (418)



A tragédia dos êxodos. (Baptista Bastos) 
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CETA, c'est fini?

François Truffaut morreu num 21 de Outubro



François Truffaut nasceu em Paris em 6 de Fevereiro de 1932. Morreu muito cedo, em 21 de Outubro de 1984, mas deixou-nos 26 filmes que o mantêm connosco. Com uma infância atribulada, que acaba por retratar parcialmente em «Les quatre cents coups», Truffaut fundou um cineclube aos 15 anos e foi rapidamente descoberto por André Bazin que viria a ter uma influência decisiva na sua carreira, introduzindo-o junto dos grandes nomes da época e nos celebérrimos «Cahiers du Cinéma». Tornou-se um dos principais representantes da «Nouvelle Vague» francesa e, nesses tempos áureos do cinema francês, era sempre com ansiedade que se aguardava a estreia de um novo título.

Foi um dos meus cineastas de referência. Quando Paris era a nossa praia de liberdade, vi Baisers Volés três vezes seguidas, sem sair da sala.

Entre muitos inesquecíveis: «Baisers Volés» (1968) e «Les quatre cents coups» (1959):






Last but not the least, esta canção inesquecível de «Jules et Jim»:


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Espanha, olé!

A abstenção é a alma do povo



«Quase não demos por isso, porque os nossos media estão ocupados com as eleições dos EUA, mas houve umas eleições nos Açores. Na verdade, a maioria dos portugueses mal sabe da existência da assembleia legislativa açoriana.

É o mal dos açorianos não terem um deputado como o José Manuel Coelho, que, com o seu trabalho parlamentar, nomeadamente ao nível da colecção de bandeiras nazis, fez com que todos já tenhamos visto imagens da assembleia madeirense.

Quem também quase não deu pelas eleições nos Açores foi a maioria dos açorianos. Houve 59,1% de abstenção. Qual é a desculpa?! Não me venham com o desinteresse na política. Estamos num domingo, nos Açores, será que há alguma coisa para fazer para além de ir votar?! As eleições regionais nos Açores não deviam ser recebidas pelos ilhéus como, por exemplo, um concerto da Beyoncé?! Ou, vá lá, dos Dama.

Mais de metade das pessoas da Ilha do Pico não foi votar porquê?! Porque nesse dia também havia Open do Pico, para o Master de ténis, e coincidia com a reunião dos G7 e Pico, e acabou muito tarde? Que desculpa é que um habitante do Pico tem para não ir votar, quando basta levantar-se da cama e dar vinte passos em qualquer direcção e dá um encontrão numa urna de voto?

Este desprezo dos açorianos pelos actos eleitorais vem ao encontro da minha teoria de que já chega daquela coisa de, quando há eleições nacionais, ter de ficar à espera dos Açores para saber as primeiras projecções de voto. Entre as sete e as oito da noite, ficam dez milhões de portugueses à espera de dois pastores do Corvo e de uma senhora de idade das Flores, que lhe dói o joelho, e ainda não sabe se vai votar. Porque é que não começam a votar uma hora mais cedo e fecham uma hora antes? Às dezoito horas, de domingo, nos Açores, já não há ninguém na rua, a não ser que haja um tremor de terra. (…)

Faz um bocado de confusão ver os corvinos elegerem um deputado do PPM. Não é por morarem numa fajã lávica que vos posso desculpar tudo. Vocês ainda são, para aí, uns trezentos a votar. Em oitenta e tal que votaram PPM, de certeza que havia alguém sóbrio que podia ter tentado acalmar os outros mais bebidos.»

João Quadros

Dica (417)





«Sempre houve, como neste diploma, tentativas de imposição de modelos de sociedade. No passado, como agora e no futuro, haverá sempre quem pensa saber o que é melhor para os outros que os próprios, “padronizar comportamentos”. Ora, Num Estado de direito, o que é proibido, precisamente, é isso: padronizar comportamentos. Temos o direito ao livre desenvolvimento da personalidade (artigo 26º da Constituição – CRP) e as restrições aos nossos comportamentos são excecionais, têm de se basear num prejuízo demonstrado a terceiros (e não a nós próprios) e obedecem ao princípio da proporcionalidade (artigo 2º da CRP).
Esta conceção da liberdade inscrita na nossa Constituição deriva de uma história construída por muita gente que enche as estantes das bibliotecas dos Estados modernos, gente que nos deu a bússola da liberdade, essa que diz, para citar, por exemplo, Berlin, que “libertar o homem de si próprio é menorizar o homem, é aceitar que precisa de ser protegido de si próprio, é aceitar que o outro sabe melhor do que ele o que é bom para ele. E quando se dá esse primeiro passo, tudo o resto é possível”.» .
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20.10.16

Geringonça 2.0



«A direita não perde uma oportunidade para afirmar que continuamos em austeridade. "À la esquerda", como gosta de dizer Assunção Cristas. Não se entende o argumento. Estamos a falar dos mesmos partidos, PSD e CDS, que aplicaram a austeridade quando foram Governo e a queriam prolongar caso vencessem as eleições. Para a direita, a austeridade é coisa boa. O empobrecimento é uma solução para o país. A crítica não faz por isso sentido. A menos que se refira ao "tipo" de austeridade. Ou seja, à la esquerda tira-se alguma coisa aos ricos para dar aos pobres, à la direita tira-se aos pobres para dar aos ricos. Deve ser isso. (…)

Mais decisiva para a situação atual é a opção europeia de atacar os défices públicos de forma a salvar os prejuízos privados. Ainda recentemente, numa entrevista, o Presidente Obama afirmou que as políticas de austeridade estão na origem do fraco crescimento na Europa. Nos Estados Unidos, aplicou-se com sucesso a receita oposta, isto é, investimento público.

A incongruência da posição europeia está à vista nas consequências imediatas, não há aliás nenhum país europeu que esteja bem, nem a Alemanha, ainda mais numa perspetiva futura. A extraordinária evolução tecnológica das últimas décadas abre todos os dias novos e promissores campos por explorar. Com uma Europa estagnada, o grosso dos investimentos na inovação estão a ser feitos nos Estados Unidos e na Ásia. A Europa perdeu a corrida da internet, da robótica, da impressão 3D, dos carros elétricos, da inteligência artificial. O Velho Continente não lidera nenhuma revolução tecnológica. E, no entanto, temos excelentes cientistas, gente extremamente criativa, uma juventude com elevada formação. Faltam investidores. (…)

Num cenário tão hostil, pressionado por uma Europa política e economicamente retrógrada e, por outro lado, por um país empobrecido a solicitar mais e mais despesa, o Governo de António Costa tem conseguido um surpreendente equilíbrio. Impossível sem a posição solidária dos partidos à sua esquerda que têm dado uma notável lição social e política face a uma direita cada vez mais radical e destrutiva.

Acertadas as contas falta agora cumprir o futuro. Veremos se em 2017 a geringonça consegue ir além da reposição de rendimentos. Até porque sem um "upgrade" o acordo à esquerda arrisca a perder-se nas trapalhadas do dia a dia.»

Leonel Moura

Francisco Assis



Com militantes amigos e insignes como Francisco Assis, o PS não precisa certamente de inimigos externos.

O homicídio em série e o bidé



Ricardo Araújo Pereira na Visão de hoje: 

«Mesmo na hipótese remota de ter conseguido subscrever um bom pacote de canais nos bosques de Vila Real, é difícil imaginar que o criminoso faça uma pausa na fuga à polícia para verificar se estão a apelar à sua rendição na CMTV. Na verdade, além de afectar a higiene pessoal, a evasão para a floresta dificulta a vida cultural, na medida em que um foragido pretende espairecer e não consegue ver um pouco de televisão, deseja comprar o jornal e não pode, quer ir à ópera e é complicado.» 

Na íntegra AQUI.
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Marcelo: o homem não pára!




Fidel levará cinco horas a convencer Marcelo a andar sempre de fato de treino para os afectos serem mais convincentes. 
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O Kung Fu dos juros



«Antigamente os actores de filmes de Kung Fu tinham de saber artes marciais. Hoje, para desespero dos velhos mestres de Hong Kong, existem tantos truques durante as filmagens que até quem nunca treinou Kung Fu parece Bruce Lee. A realidade foi substituída pela ilusão.

Portugal não tem, na política, mestres do Kung Fu. Tem aprendizes, como tem sido visível nesta louca correria de declarações sobre o OE. É notório que os golpes de Kung Fu do PSD sobre o crescimento económico acertam nos próprios actores. É difícil entender como quem fez da consolidação orçamental a fé que lutava contra todos os infiéis agora clama contra ela em nome do crescimento económico. Resta ao PSD falar das pensões mínimas, um calcanhar de Aquiles político do Governo, que não tem uma resposta muito consistente para as críticas. Mas isso é pouco: esperava-se que, passado um ano a gritar no meio do escuro que foi espoliado da governação, o PSD fosse mais do que um bamboleante Panda Kung Fu. Seria algo que animaria as hostes da oposição e faria com que os portugueses percebessem que há um discurso alternativo credível. Só que Pedro Passos Coelho continua a ser um Karate Kid menor. Quando fala não convence, quando poderia convencer não fala.

É neste opaco universo da oposição que o Governo pode ir executando o difícil exercício de sobreviver às negociações eternas com Bruxelas e com o BE (porque, nisso, o PCP é mais discreto). António Costa sabe que não tem hipóteses de aplicar uma política dura de Kung Fu verdadeiro. Tem de esperar os movimentos dos adversários e utilizar a força destes para vencer. Tem, claro, duas tempestades constantes sobre a cabeça: as agências de "rating" e o peso descomunal do serviço da dívida. Em 2017, 4,3% do PIB será para pagar juros de empréstimos. É um círculo vicioso sem fim. Enquanto estiver preso com esta grilheta do serviço da dívida, qualquer governo português estará refém do que não controla.»

Fernando Sobral

19.10.16

Dica (416)



How do you solve a problem like Europe? [Yanis Varoufakis]Interviewed by Eurofinance.
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CGD, Terço das Rosas e o que mais se verá



Um amigo meu recebeu a carta abaixo copiada, enviada pela sua gestora de conta na CGD. Não sei se já é fruto de alguma iniciativa da nova gestão daquele banco, paga a peso de ouro, mas terá certamente grande sucesso. Assim vamos – não cantando mas se possível rindo.

Estimado Cliente,

Em 2017 celebra-se o centenário das aparições de Fátima e a Caixa apresenta, em condições especiais para os seus clientes, uma peça de rara beleza em honra deste momento histórico: O Terço das Rosas.

O Terço das Rosas encontra-se disponível em Prata, Prata Dourada ou Ouro, tratando-se de uma peça exclusiva, personalizada, numerada e feita manualmente por um artesão português.

Cada terço é composto por 54 contas em pérolas de 8mm cada, por 5 contas em formato de rosa, 1 medalha de Nossa Senhora com gravação personalizada no verso e uma cruz em filigrana com uma pérola no centro.

O mesmo pode ser adquirido em Prata, Prata Dourada ou Ouro, pelo montante de 1.149€, 1.490€ ou 5.975€, respetivamente.

Caso esteja interessado na aquisição do mesmo, existe uma linha de financiamento especifica, através do cartão de crédito, que permite o pagamento entre 18 a 24 prestações mensais, sem juros.

O Terço das Rosas encontra-se exposto desde o início da presente semana, na sua agência de Telheiras. Encontro-me ao dispor para eventuais esclarecimentos.

Com os melhores cumprimentos,
yyyyy xxxxx | Gestora de Cliente

P.S. – Existem vários anúncios na net, por exemplo aqui
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Quatro anos sem Manuel António Pina



Manuel António Pina morreu em 19 de Outubro de 2012 e a memória do que representou, com tudo o que lhe devemos, mantém-se intacta. Os livros cá ficaram, mas nunca mais lemos as suas preciosas crónicas diárias. Quando o leque de comentadores na nossa imprensa de referência é o que é, MAP faz-nos muita falta - uma enorme falta!

Tive algum contacto pessoal com ele, em troca de mails, que guardo como tesouros. Eram sempre muito longos, naquilo que o próprio confessava ser uma espécie de «desforra» do espartilho imposto pela limitação do número de caracteres nos textos a serem publicados em jornais. Falava sempre dos gatos e tinha um magnífico sentido de humor. Um dia comentou uma «enorme calinada» que não tinha conseguido corrigir a tempo no texto que enviara umas horas antes para o jornal: «Troquei a Sierra Maestra pela Sierra Madre. Confundi Fidel com Pancho Villa (por quem aliás, tenho, apesar de tudo, mais simpatia do que por Fidel). O dr. Freud teria aqui motivo para um parágrafo na "Psicopatologia da vida quotidiana", eu só tenho vontade para, como quando era miúdo, meter a cabeça debaixo dos cobertores e passar assim o fim-de-semana.»

A ver ou rever o trailer de um excelente filme de Ricardo Espírito Santo:


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Legisla-se para sermos modernaços?




E não só: «A lista de locais ao pé dos quais passa a ser proibido fumar é extensa e abrange ainda “estabelecimentos de ensino, independentemente da idade dos alunos e do grau de escolaridade, incluindo, nomeadamente, salas de aula, de estudo, de professores e de reuniões, bibliotecas, ginásios, átrios e corredores, bares, restaurantes, cantinas, refeitórios, espaços de recreio e áreas ao ar livre situadas junto às portas ou janelas dos respetivos edifícios”.»

Cinco metros? O que se pretende é que as pessoas atravessem a rua para poderem fumar? Ou passem a deitar as beatas para o chão, não usando os cinzeiros que muitas dessas instituições colocaram no exterior das fachadas? Os carros também têm de passar a cinco metros para não poluírem pulmões? Legisla-se proibições só porque sim ou entrámos no mundo do simbólico para sermos modernaços? 
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Doçura ou travessura?



«O dia do Halloween, ou das Bruxas, aproxima-se para o OE de 2017. Não interessa muito o que os foliões portugueses do PSD digam, a começar pela espantosa Maria Luís Albuquerque, que depois de ter sido um dos motores da "maior carga de impostos" que já vimos, que levou a uma pobreza infinita no sítio, venha achar que a opção de não aumentar as pensões mais baixas é "vergonhosa". Cada um brinca com as abóboras que quer e faz as máscaras que deseja, mas a Disneylândia política deveria acabar aí. O que Maria Luís proclama no seu sermão aos salmões de viveiro é irrelevante. O Halloween está a ser preparado com mais fervor em Bruxelas, pela inefável CE e pelo seu colega de brincadeiras, o Eurogrupo. Ambos tambores da austeridade até que o chão se quebre debaixo dos seus pés. São eles que vão bater à porta do Governo, mesmo que tenham de engolir um défice de 2,5%, com o esgar do costume: doçura ou travessura? Vão exigir mais cortes, porque é nesse mundo de vistas curtas que vivem. Mesmo que a Finlândia se imole devagarinho e a CE não repare na deriva totalitária da Hungria, liderada por um Viktor Órban que faz parte do PPE, sem que isso escandalize ninguém. Enquanto isso a Europa definha.

A sensata Manuela Ferreira Leite bem diz que: "Enquanto houver Tratado Orçamental, Portugal (e outros países europeus) não vai crescer." Nas grilhetas de orçamentos restritivos e serviços da dívida que funcionam como glutões de toda a riqueza, sobra pouco espaço para investimento. E para relançar qualquer economia. Assim os países que loucamente cometeram o pecado do endividamento não sairão daqui. Não há doçuras. Só há espaço para travessuras da CE e dos seus acólitos. É neste terreno armadilhado que António Costa tenta caminhar. Há um sonho: o Executivo acredita que, mais dia, menos dia, a CE, confrontada com crises como a do sector bancário alemão, terá de mudar de política. Terá? Será mais fácil a CE comer abóboras picantes e queimar a língua do que dizer "doçura".»

Fernando Sobral

18.10.16

Salários na banca: tudo tem limites



Bem pode Mário Centeno dizer que «a política remuneratória dos administradores da Caixa corresponde à mediana no sector em Portugal», nem duvido que o seja e aí é que está o problema: num país com o sistema financeiro no estado em que sabemos que está, e que nos custa os olhos da cara, salários desta ordem de grandeza são uma verdadeira afronta. Ponto. 
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A União Europeia que (não) temos



Diferença entre o que foi gasto para resgatar a banca e para combater a pobreza, nos últimos oito anos.

Via Marisa Matias
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18.10.1936 – Rumo ao Tarrafal



Foi num 18 de Outubro que saíram de Lisboa os primeiros presos que iriam inaugurar o campo de concentração do Tarrafal.

Há dois anos, publiquei um post que inclui uma pequena descrição, feita por Edmundo Pedro, que foi um desses presos. 
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Dica (415)




«Compreende-se que Mário Centeno entenda que este Orçamento é de Esquerda. O ministro das Finanças, antes de o ser, nunca se imaginou a apresentar medidas tão significativas de recuperação de rendimentos. Pelo menos não no terreno do Partido Socialista, o da aceitação das imposições europeias. Esse facto faz deste um orçamento de Esquerda? Não. Mas prova a utilidade dos acordos celebrados com Bloco e PCP. Sem esse acordo, muitas das medidas anunciadas por Centeno não existiriam.»
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A salsicha vegetariana



«A austeridade e a despesa sem limites tornaram-se, entre nós, as duas lâminas da guilhotina. Se a Comissão Europeia tem a secreta esperança de que Portugal suba voluntariamente até ao cadafalso, mais intrigante é a política seguida pelo PSD quando fala do OE para 2017. Depois do "brutal aumento de impostos" do tempo de Vítor Gaspar, do empobrecimento da classe média e do estrangulamento real dos mais desprotegidos (como ficou evidenciado no estudo feito pela Fundação Francisco Manuel dos Santos), parece que os partidos que partilharam o anterior Governo e funcionaram como mordomos da troika descobrem agora uma nova teoria da relatividade.

Há qualquer coisa de autofágico na oposição do PSD. Durante meses, guiados pelo novo homem que nunca tem dúvidas e raramente se engana, Passos Coelho, o PSD martelou os ouvidos dos portugueses com uma música digna de "heavy metal": o Governo era despesista. Ou seja, ia gastar o que tinha e, especialmente, o que não tinha. Estranhamente, nos últimos dias, o PSD engole o que disse e transformou-se numa salsicha vegetariana. É um espectáculo comovedor. Mas, ao mesmo tempo, um menu dispensável. Agora o Governo, em vez de investir, promove a austeridade, diz o PSD. O que disse, desdiz. O que defende, contradiz. Não há aqui coesão de ideias. Nem há ideias sobre um modelo que Portugal deva seguir fora da guilhotina da austeridade ditada por Berlim. Há uma balbúrdia andante, em que um neurónio choca com o outro e não sai nada. Este é o momento Robespierre de Passos Coelho. O problema é que é o seu pescoço que está em causa.»

Fernando Sobral

17.10.16

Catarina Martins: Pão pão, queijo queijo



«Um Orçamento de esquerda teria de reestruturar a dívida. Um Orçamento de esquerda não excluía ninguém da reposição de rendimentos e, portanto, teria de ter uma estratégia mais forte para a criação de emprego. Este é um Orçamento que continua um caminho que foi iniciado para parar o empobrecimento e recuperar rendimentos do trabalho e isso nós assinalamos e é positivo, mas um Orçamento de esquerda teria de responder mais pelo emprego.»

Em entrevista à TSF, que pode ser ouvida AQUI
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17.10.1968 - Jogos Olímpicos do México



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Neurónios chamados à recepção



Eu sei que é segunda-feira, que o dia está cinzento e os meus neurónios também. Mas importa-se de repetir, prof. Marcelo:

Memória, memória…



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Manter a aposta. E a crítica



«A direita agrediu o país durante quatro anos com um mantra sobre a suposta inevitabilidade de empobrecermos para ficarmos ricos e de cortarmos direitos sociais para termos uma sociedade mais justa. O caminho que a atual solução governativa contrapôs a essa estratégia de injustiça tem dois pilares: recuperar rendimentos para a população mais frágil e defender o Estado Social. Isso ficara claro no orçamento para 2016. O orçamento para 2017, apesar de todas as suas limitações, prossegue essa aposta. (…)

Chega? Não, não chega de todo. Mas, para quem se empenha em mais justiça na economia, valeu a pena o empenhamento nesta primeira fase da negociação do orçamento. Digo-o com a consciência de que os impasses económicos e os problemas sociais do país se mantêm, a exigir uma resposta à altura da sua complexidade. Se o êxito da consolidação orçamental imposta pelos guardiões do euro continuar a significar uma justiça, uma saúde, uma cultura ou um ensino condenados à míngua, então é a própria democracia que exige que questionemos as consequências de um aperto que se perpetua. Se o saldo primário das nossas contas para 2017 é de 5 mil milhões de euros mas continuarmos a ter de afetar 8 mil milhões ao pagamento de juros da dívida, então é o bom senso e a sobrevivência mesma da nossa economia que exigem que a renegociação da dívida seja, enfim, assumida como uma prioridade nacional.

A recuperação de rendimentos é uma condição de dignidade, mas essa recuperação será sempre tímida se o país se mantiver refém de imposições europeias que mutilam o investimento e paralisam os serviços públicos. As forças da maioria política que viabiliza o Governo não podem eximir-se à responsabilidade de transformar a esperança em futuro.

Neste orçamento, a aposta foi, e bem, mantida. A crítica tem que o ser também.»

16.10.16

Peniche: encontro de ex-presos políticos



Encontro convívio a realizar no Forte de Peniche no dia 29 de Outubro, Sábado, a partir das 14.30h. 

Ex-presos políticos, surpreendidos com a notícia sobre a concessão do Forte de Peniche a privados, e tendo já tornado público a sua indignação, apelam à realização do encontro convívio de ex-presos políticos, familiares e amigos em defesa da preservação do Forte de Peniche como salvaguarda da memória da resistência ao fascismo e da luta pela liberdade.

Venham, participem, tragam outros amigos também.

Os ex-presos políticos:
Adelino Pereira da Silva / Álvaro Pato / António Almeida / António Gervásio / Bárbara Judas / Conceição Matos / Daniel Cabrita / Domingos Abrantes / Encarnação Raminho / Eugénio Ruivo / Faustino Reis / Francisco Braga / Francisco Lobo / Georgette Ferreira / José Ernesto Cartaxo / José Pedro Soares / José Revez / Manuel Candeias / Manuel Pedro / Marcos Antunes / Maria Artur Botequilha / Mário Araújo / Mercedes Ferreira Lopes / Modesto Navarro / Sérgio Ribeiro

Lisboa, 13 de Outubro de 2016 
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Gentes do Porto e não só



Worst Tours: mudar um quiosque como quem muda o mundo.

Um belo projecto em que se lançaram dois arquitectos desempregados e que já faz títulos no The Guardian, na BBC, no Huffington Post e no guia Lonely Planet.

Para além do resto, amiga que sou da Gui Castro Felga, é também orgulho que sinto.
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Vicente Jorge Silva



Num Público cada vez mais indigente, saúde-se o recente regresso de Vicente Jorge Silva: sempre é alguém que nos recorda melhores tempos e esperanças de jornalismo decente.

«Remar contra a maré», diz ele hoje.

«Até que ponto as preocupações sociais traduzidas no Orçamento do Estado para 2017 — apesar do gradualismo na eliminação da sobretaxa do IRS ou no aumento das pensões, por exemplo — irão sobreviver ao anémico crescimento económico interno, aos constrangimentos externos e, sobretudo, à doutrina austeritária germânica que continua a governar a Europa? Eis talvez a questão mais relevante que se poderá colocar ao exercício de equilibrismo orçamental de Mário Centeno, tão difícil de digerir — e aparentemente tão mal gerido até António Costa ter regressado da China — pelos parceiros do Governo socialista (sobretudo pelo PCP).

Presume-se que terá sido a inesgotável habilidade política do primeiro-ministro que permitiu desatar o nó da corda esticada na maratona negocial de sexta-feira, embora se presuma que ondas revoltas poderão ainda levantar-se durante o debate na especialidade até à votação final do Orçamento. Mas mesmo com todo o génio de sobrevivência de Costa, persiste o milagre em suspenso da sobrevivência do Governo, entalado entre as exigências dos seus parceiros de esquerda e as imposições de Bruxelas e Berlim. Até quando — e como?

Mergulhada numa crise existencial sem precedentes, abalada pelo “Brexit” e as derivas populistas que a atravessam de Budapeste e Varsóvia a Paris, a Europa parece incapaz de encontrar um caminho reunificador. E a nossa fragilidade económica, a nossa condição periférica, tendem a expor-nos cada vez mais aos ditames erráticos e suicidários dessa Europa que perdeu o rumo. Basta ver o destino trágico da Grécia — e a humilhação e impotência com que se confronta o Syriza — para interiorizarmos os temores do desconcerto europeu.»

Na íntegra AQUI (acessível em janela privada de qualquer browser). 
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Adriano morreu um 16 de Outubro



O Adriano tinha apenas 40 anos e morreu há 34, num 16 de Outubro.

Estudante de Direito em Coimbra, aderiu ao PCP na década de 60, foi activista na crise académica de 1962 e participou num elevado número de actividades culturais, sobretudo naquela cidade universitária.

«Trova do vento que passa», com poema de Manuel Alegre, gravado no seu primeiro EP em 1963, viria a tornar-se uma espécie de hino da resistência dos estudantes à ditadura.




Muitos outros temas se juntaram, de um dos nossos mais célebres cantores de intervenção, antes e depois do 25 de Abril.







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