«Na entrevista à SIC, Marcelo Rebelo de Sousa não hesitou: "A minha leitura das sondagens é que se não ganhar à primeira ganho à segunda. Só não sei é se a vitória na primeira volta é folgada o suficiente para não ter que ir à segunda". Pumba! Nem hesita. Marcelo estava à espera de vencer a figura do ano da Time, pelo menos na segunda volta. No final da entrevista, quando a Clara de Sousa se despediu e anunciou: "Na próxima entrevista teremos Sampaio da Nóvoa", só faltou Marcelo dizer: "para quê?!"
A verdade é que Marcelo está nas suas sete quintas. Depois de anos de homilia na TV, só perderia se o Fernando Mendes largasse tudo para salvar Portugal. (...)
Durante toda a entrevista, Marcelo puxou para a esquerda, como quem diz: nem vou perder tempo com vocês, gente de direita, porque se Aníbal teve o vosso voto duas vezes, só faltava não me darem um. A direita, nestas eleições, é vítima do seu clássico TINA - there is no alternative. Marcelo e Tina são imbatíveis à direita.
O cenário "vencedor antecipado" está escarrapachado na pose de Marcelo e na atitude, em relação ao candidato, por parte da comunicação social. Recentemente, numa entrevista a Costa, já PM, a jornalista perguntou se já tinha falado com Marcelo, como quem pergunta: já falou com o próximo PR? Não perguntou se Costa já tinha falado com o candidato a PR do PCP, depois de ter sido acusado de tantos pecados.
Para mim, o único problema das entrevistas com o candidato à Presidência Marcelo Rebelo de Sousa é que estamos sempre à espera que, no fim, ele nos recomende livros. Também temos de reconhecer que qualquer coisa é melhor que aconselhar-nos a ir ler os Roteiros.
Já lá vai o tempo em que Marcelo estava disposto a atirar-se a um rio de fezes para vencer eleições. Agora não está para sujar os sapatos. Já foi à festa do Avante e à festa da TVI e está feita a campanha.»
João Quadros
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