14.3.15

Dica (14)



A madre Teresa de Calcutá como ministra das Finanças na Grécia, isso é que era!

So what's the problem with champagne socialism?

Os Convencidos da Vida



«Todos os dias os encontro. Evito-os. Às vezes sou obrigado a escutá-los, a dialogar com eles. Já não me confrangem. Contam-me vitórias. Querem vencer, querem, convencidos, convencer. Vençam lá, à vontade. Sobretudo, vençam sem me chatear.

Mas também os aturo por escrito. No livro, no jornal. Romancistas, poetas, ensaístas, críticos (de cinema, meu Deus, de cinema!). Será que voltaram os polígrafos? Voltaram, pois, e em força.

Convencidos da vida há-os, afinal, por toda a parte, em todos (e por todos) os meios. Eles estão convictos da sua excelência, da excelência das suas obras e manobras (as obras justificam as manobras), de que podem ser, se ainda não são, os melhores, os mais em vista. Praticam, uns com os outros, nada de genuinamente indecente: apenas um espelhismo lisonjeador. Além de espectadores, o convencido precisa de irmãos-em-convencimento. Isolado, através de quem poderia continuar a convencer-se, a propagar-se? (...)

Para quem o sabe observar, para quem tem a pachorra de lhe seguir a trajectória, o convencido da vida farta-se de cometer «gaffes». Não importa: o caminho é em frente e para cima. A pior das gaffes, além daquelas, apenas formais, que decorrem da sua ignorância de certos sinais ou etiquetas de casta, de classe, e que o inculcam como um arrivista, um parvenu, a pior das gaffes é o convencido da vida julgar-se mais hábil manobrador do que qualquer outro.»

Alexandre O'Neill, in Uma Coisa em Forma de Assim 
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O dia de π



Em Março, dia 14, do ano de (20)15, às 9 horas, 26 minutos e 53 segundos.

Só se repete daqui a 100 anos, claro.

(Daqui)

A responsabilidade da audácia


O artigo de Sandra Monteiro em Le Monde Diplomatique (ed. portuguesa) de Março:

«Como vamos sair disto? Organizando-nos e lutando, em todos os tabuleiros possíveis, para mudar uma correlação de forças que nos é altamente desfavorável. Fazendo os compromissos capazes de conseguir, desde já, o essencial: reverter a austeridade; reestruturar a dívida; fortalecer o Estado social; impor justiça à máquina fiscal e contributiva; mudar, ou incumprir, os tratados (orçamentais, comerciais) que impedem o desenvolvimento das economias e a estabilização de padrões de vida dignos em termos sociais e laborais.

As forças e os poderes que beneficiam com a crise austeritária e com a financeirização da economia têm todo o interesse em afirmar que isto é impossível. Que são delírios radicais de quem não vê as melhorias e não percebe que só com mais austeridade (e mais dívida, portanto) e mais cumprimento dos tratados europeus e das regras impostas pelas instituições da globalização neoliberal, é que a receita mostrará todas as suas potencialidades salvíficas.

Esta receita pode ter enganado muitos, mas já não engana a maioria. Porque não resiste à realidade de populações que vivem cada vez pior. Esgota-se nas suas próprias contradições e mentiras. Esgotou-se para o povo grego, que perdeu a esperança nas políticas austeritárias e foi encontrá-la onde elas eram recusadas com determinação e clareza, abrindo a porta para que outras alternativas comecem a ser possíveis. De imediato choveram, do lado dos poderes e instituições europeias, ideias verdadeiramente democraticidas: não há alternativa à arquitectura e às políticas (hoje) dominantes; as eleições não têm capacidade para mudar nada (seja qual for a vontade popular democraticamente expressa).

Pelo menos tão perigosas como estas são duas outras mensagens que se tenta passar, não apenas ao povo grego, mas a todos os europeus: em primeiro lugar, que quem defende políticas de reversão da tragédia social, ou até humanitária, só pode ser um radical de extrema-esquerda (quando ainda há pouco seria visto como um moderado social-democrata); em segundo lugar, que quem está numa posição de fragilidade (porque precisa de recorrer a crédito externo, por exemplo) não pode fazer outra coisa senão ser subserviente e aceitar tudo o que lhe é imposto.»

(Continuar a ler aqui.)
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13.3.15

Lomba «rules»



Nicolau Santos, no Expresso diário de 13.03.2015 (excerto):


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Sondagens do nosso (des)contentamento



Foram hoje conhecidos os dados da Eurosondagem para o Expresso e para a SIC, relativos a Março.

O PS faz que anda mas não anda (fica na mesma), o PSD parece ter sido afectado pela saga Passos Coelho / Segurança Social, mas o CDS dá-lhe uma mãozinha e a variação na diferença entre o maior partido da oposição e a actual maioria torna-se irrelevante.

Nada de novo para Marinho e Pinto, a CDU e o BE sobem um pouco, o que, estranhamente, não se passa com o Livre/Manifesto apesar de todas as passadeiras vermelhas esticadas pela comunicação social.

Ou seja, tudo mais ou menos como dantes: este povo está sereno, sereníssimo.
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Dica (13)



Tollé à Berlin après des propos de Yanis Varoufakis sur la dette. 

 «Les gens intelligents à Bruxelles, Francfort et Berlin savaient dès le mois de mai 2010 que la Grèce ne rembourserait jamais ses dettes. Mais ils ont fait comme si la Grèce n'était pas insolvable, comme si elle n'avait simplement pas assez de liquidités.» (vídeo) 
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Kátia Guerreiro à Presidência?



«Vamos lá ver, senhor PR. O senhor pode ainda não ter percebido bem. O senhor, no fim do ano, vai sair de Presidente. Não vai alugar o palácio ao outro que vem lá a seguir. Esqueça o "lamento, mas o próximo PR não pode trazer cães". (...)

Ninguém me tira da cabeça que isto de Cavaco Silva vir dizer que o próximo PR tem de ter carreira internacional só tem uma justificação possível. O PR está a deixar-se levar pelo coração. É a paixão a falar. Tem coragem e diz o nome, Aníbal. Todos sabemos que é a Kátia Guerreiro.

Independentemente do "timing", não é bonito este tipo de testamento, já temos quase 40 anos de Cavaco, não queremos eternizar isto, não queremos mais conselhos, queremos que desapareça no nevoeiro se for caso disso. Cavaco Silva não é um déspota com sonhos de ficar imortalizado, é apenas o tio chato, mesquinho, sem noção das conveniências, de quem finalmente nos livrámos mas que, depois de arrancarmos, ainda nos liga a teimar que é melhor ir pela Vasco da Gama.

Mais patético do que ter o PR a dar palpites cifrados sobre o seu sucessor, qual El-Rei Cavaco, o do BPN, são os pseudo-candidatos a tentar encaixar no perfil. Uma espécie de madrastas a tentar enfiar o pé no sapatinho cristalino do príncipe Cavaco. É patético e contraproducente. Porque, pelos conselhos - e ordens - que Cavaco tem dado ao país, ao longo destas décadas, de imediato temos o reflexo de fazer o contrário do que ele propõe. Se ele aconselha um Presidente com experiência em relações internacionais, o nosso sentido de sobrevivência vai à procura de um candidato que tenha agorafobia e só fale mirandês.

Portanto, na minha opinião, isto foi uma partida que Aníbal lhes fez. Jamais o nosso PR iria propor para o seu lugar alguém que fosse o oposto do que ele é. Era confessar - se vocês se querem safar, para a próxima década, arranjem alguém que não seja como eu. Se repararem bem, aquilo do oposto ser um mirandês com agorafobia não anda muito longe do que é Cavaco Silva. Ou seja, ele está a usar psicologia invertida connosco como se fôssemos uns miúdos totós. É chocante! Mas... há que reconhecer que, na realidade, ele tem pelo menos duas eleições para ter razões para pensar assim.»

João Quadros

12.3.15

Agradeço o convite, mas declino



Ricardo Araújo Pereira, na Visão de hoje:

«Concordo com a perspectiva de Cavaco Silva acerca do seu sucessor, mas creio que o presidente podia ter ido mais longe. Além de definir o perfil do próximo presidente, Cavaco devia ter aproveitado para definir o perfil dos cidadãos que vão elegê-lo. (...) Creio que os eleitores do próximo presidente da República também deviam ser pessoas com alguma experiência em política externa. (...)

Apesar da indigitação discreta de Cavaco Silva, eu também desdenho do valor do salário auferido pelo presidente da República e não tenho ainda reformas que me permitam ocupar o cargo com a dignidade que tanto eu como Portugal merecemos. E além disso já tenho coisas combinadas para 2016.»

Na íntegra AQUI.
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Dica (12)




«Malgré une forte hausse de la fiscalité dans les années 1990, l’envolée de la dette grecque avant la crise est largement imputable à des taux d’intérêt extravagants (entre 1988 et 2000) et à une baisse des recettes publiques provoquée par des cadeaux et des amnisties fiscales à partir de 2000. Sans ces dérapages, elle n’aurait représenté que 45 % du PIB en 2007 au lieu de 103%.» 
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A besta pedala sentada



«"A CEE é como uma bicicleta; se deixarmos de pedalar, cai", disse um dia Jacques Delors talvez sem saber que Guerra Junqueiro tinha definido a bicicleta como "o único veículo em que a besta puxa sentada". Juntando os dois vultos, o antigo presidente da Comissão Europeia, ainda hoje recordado com saudade, e o poeta de "A Velhice do Padre Eterno", podemos dizer que a besta (União Europeia) continua a pedalar sentada, tentando que a bicicleta não caia.»

Henrique Monteiro, no Expresso curto de 12.03.2015
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11.3.15

11 de Março – Dia da Unidade



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A política Tio Patinhas



«Num dia como qualquer outro o Tio Patinhas atirou um tostão para cima da pilha de moedas e notas que tinha na sua caixa-forte. Mas a carga já era tão grande que aquela pequena moeda fez com que o chão abatesse.

Com o tostão fatal, o desastre desencadeia-se. Quando Passos Coelho argumenta a sua distracção e falta de dinheiro, perante uma plateia de portugueses que é penhorada por uma alegada dívida à Segurança Social e tratada como delinquente, é porque entrou em decomposição.

Passos Coelho e o PSD podem achar que podem surfar esta onda com elegância, mas a moral do Governo ficou de rastos. Nenhum político pode argumentar o sucesso da sua política de austeridade radical quando se esqueceu de ser como os outros portugueses. (...)

Cavaco Silva errou ao vir aconchegar Passos Coelho, argumentando que tudo não passa de "lutas político-partidárias". Falso: o que o primeiro-ministro não fez a tempo é aquilo que exige, com a mão cega do poder, a quem não pode e muitas vezes é considerado culpado antes de qualquer prova, sem gentilezas da administração fiscal.

O que Cavaco Silva não percebeu foi que esta simples distracção faz ruir a caixa-forte ideológica deste Governo. O nevoeiro onde os que nos governam são diferentes dos comuns mortais mantém-se.»

Frenando Sobral
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Dica (11)




«In the latest episode of the Greek-German drama, Schaeuble – in his own words – told his Greek counterpart right in the face that he was “foolishly naive” and prompted angry reactions from Athens. But Greece stroke back with the renewing the WWII reparations form Germany and even threatened to confiscate German state property.

During the last 24 hours, the rhetoric between the two countries has really turned nasty.»

(Ler, no artigo, a sequência do que se passou entretanto.) 
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Há 40 anos, o início do PREC



Numa terça-feira de Março de 75, pelas 11:45, o RAL 1 (mais tarde conhecido por RALIS), foi bombardeado por aviões da Base Aérea nº 3 e cercado por paraquedistas de Tancos, no acto que concretizou uma tentativa de golpe de Estado, liderada por António de Spínola. O que se passou durante o resto desse dia é resumido num documento do Centro de Documentação 25 de Abril e está parcialmente gravado em vídeo (ver fim deste post). Um dia marcante que acabou já sem Spínola no país: com a mulher e quinze oficiais fugiu de avião para Badajoz.

11 de Março marca o início do PREC que viria a durar oito meses e meio – até ao 25 de Novembro. Seguiram-se dias absolutamente alucinantes, sobretudo a partir de 14, quando foi criado o Conselho da Revolução e se deu a nacionalização da Banca e da maior parte das companhias de Seguros.

O PPD apoiou as nacionalizações, embora com cautela, Mário Soares mostrou-se eufórico, considerando tratar-se de «um dia histórico, em que o capitalismo se afundou». Disse num comício que «a nacionalização da banca, que por sua vez detém (…) a maior parte das acções das empresas portuguesas e, ao mesmo tempo, a fuga e prisão dos chefes das nove grandes famílias que dominavam Portugal, indicam de uma maneira muito clara que se está a caminho de se criar uma sociedade nova em Portugal». (Adelino Gomes e José Pedro Castanheira, Os dias loucos do PREC, p. 28.)

Muitas reviravoltas deu a nossa história e estamos agora onde sabemos. Mas uma coisa é certa, qualquer que seja o julgamento que hoje se faça do PREC: quem não viveu num ambiente revolucionário nunca conseguirá imaginá-lo exactamente. Nem realizar o que perdeu.

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Imagens ajudam a reavivar a memória:



Continuação aqui e aqui.
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10.3.15

Abençoado Reis Novais!




(Via Jugular)
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Boris Vian, 95



Boris Vian nasceu em 10 de Março de 1920. Teve uma vida acidentada de escritor, engenheiro mecânico, inventor, poeta, cantor e trompetista, também anarquista, e ficou sobretudo conhecido pelos livros de poemas e por alguns dos seus onze romances, como L’écume des jours e L’automne à Pékin.

Quem não se lembra do poema que foi letra de uma canção – Le déserteur – , imortalizada na voz de Serge Reggiani, e que, durante largos anos, funcionou como uma espécie de hino para todos os que recusavam participar em guerras, incluindo muitos portugueses. Lançada durante aquela que devastou a Indochina, foi tão grande o seu impacto que acabou por ser proibida por antipatriotismo, na rádio francesa, pouco depois do início do conflito na Argélia.

Nunca esquecerei o dia em que esta canção cumpriu a função da mais improvável das marchas nupciais, no casamento de um amigo, também ele desertor, em Bruxelas, no fim dos anos 60. Recordação arrepiante, ainda hoje.



(Serge Reggiani : Dormeur du Val , de Arthur Rimbaud, e Le déserteur de Boris Vian.)
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Um governo, uma maioria, dois presidentes


Pedro Santos Guerreiro, no Expresso curto de hoje:

«O PSD que olhe para a Maia, onde Belmiro de Azevedo olhou para o Bloco de Esquerda e propôs que a Sonae passe a ter dois presidentes. Desde que não seja Zeinal Bava e Henrique Granadeiro, talvez funcione. Ou Marcelo e Santana, que têm em comum o amor pelo partido, o amor por deitar tarde e o amor pela Presidência. Dividirem o palácio de Belém seria inovador: um governo, uma maioria, dois presidentes…» 
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Dica (10)




«In creating a monetary union without a fiscal or political one, Europeans put the cart before the horse – and now the horse is not ready to get in front of the cart. (...)

What then? My heart does not like what my head is telling me. But it is still up to us, and there is still time to reverse the trend. Can Europe’s 89ers – those born around and after 1989 – generate the political imagination and will that our current politics are failing to produce?» 
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Tolerância zero, tolerância infinita



Excertos do artigo de José Vítor Malheiros, no Público de hoje:

«A tolerância zero foi o critério que o Governo PSD-PP anunciou como cerne da sua política. Só que se tratou de tolerância zero apenas para com os cidadãos comuns, contribuintes habituados a viver acima das suas possibilidades e cujos luxos tinham condenado o país a uma dívida gigantesca. Tolerância zero para com os desempregados e pensionistas, habituados a subsídios e pensões de luxo que era preciso cortar. Tolerância zero para com os pobres, que viviam à tripa-forra de RSI e de abonos de família que foram reduzidos ou cortados. Tolerância zero para com os recibos verdes que ganhavam fortunas que por vezes chegavam mesmo a exceder o salário mínimo. Tolerância zero para com os utentes do SNS que tiveram de passar a pagar mais por uma urgência hospitalar do que por uma consulta privada. E tolerância zero para com os cidadãos gregos, culpados dos mesmos pecados e do pecado de terem votado à esquerda. Mas esta tolerância zero viveu e vive paredes-meias com a tolerância infinita, com a libertinagem permitida a banqueiros e gestores que levaram as suas empresas à falência fazendo desaparecer não se sabe bem em que bolsos milhares de milhões de euros, aos autores de fugas ao fisco gigantescas, às PPP e swaps que garantiram enormes lucros sem risco à custa dos contribuintes, às Tecnoformas que ganharam dinheiro sem se saber porquê e que pagaram a consultores sem se saber em troca de quê. O primeiro problema da tolerância zero é esse: o da falta de equidade. É que nunca a tolerância zero se estende a todos.

O que mais choca nas dívidas de Pedro Passos Coelho à Segurança Social é esta desigualdade: a tolerância e a compreensão que pede para si, um político experiente e bem pago, e a tolerância e a compreensão que não teve para centenas de milhares de famílias pobres. (...)

Hoje sabemos que o primeiro-ministro recebeu durante anos uma remuneração que não é claro se se devia a trabalho realizado ou se se destinava apenas a “abrir portas”. Que não pagou ao Estado durante cinco anos uma contribuição que devia ter pago. Que diz que não pagou porque não sabia que devia pagar. Ou porque não tinha dinheiro. Que quando soube que devia, adiou o pagamento. Que só pagou parte da dívida quando soube que um jornal ia publicar a história. Que o devemos desculpar porque não é perfeito.

A tolerância é apenas outro nome do bom senso e da humanidade. Não queremos ser condenados pelo primeiro deslize, pela mínima falta. Mas ao recusar para os outros qualquer magnanimidade, o primeiro-ministro perdeu o direito a beneficiar de qualquer atenuante.» 
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9.3.15

Sorria, dr. Cavaco! Está a ser gozado



Nicolau Santos, no Expresso diário de 09.03.2015 (excerto). 
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- Está lá, é de Belém?



- Senhor presidente? É só para dizer que não se preocupe com aquilo do perfil do seu sucessor. Vá-se embora descansado, tá bem?
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Políticos que se declaram imperfeitos



Não, não foi Passos Coelho que disse isto. Mas tem pena...

«Perfeito só Cristo. O Homem fará o melhor que pode no sentido de se aproximar dessa perfeição. Mas pode estar certo de que nunca a atingirá.»
Américo Tomás 
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Nem às paredes confessa

A Star Trek de Passos Coelho



«Mr. Spock costumava dizer que: "Ser um Vulcano significa adoptar uma filosofia, uma forma de vida que é lógica e benéfica". Pedro Passos Coelho não pode ser visto como um seguidor de Spock.

A sua "Star Trek" é outra e já se perdeu na escuridão que trouxe para Portugal durante três anos. A sua viagem deixou de nos deixar ver as estrelas. Mas permitiu aos portugueses conhecerem melhor a indigência moral da nossa política, o buraco negro onde os valores se perdem em nome dos interesses partidários, dos negócios e da ocupação do Estado por relações particulares. (...)

A decadência da política portuguesa não começa com Passos Coelho que, para se defender, diz que não pagou por distracção e por falta de dinheiro. Vem de antes, com outros protagonistas, e por isso mesmo a forma como Ferro Rodrigues analisou o colapso de Passos revela que o PS também não entende a essência do problema, porque caminha sobre o mesmo pacto de silêncio onde se acomodam todos os interesses. (...)

Não sendo um exemplo do que pede aos outros, Passos Coelho dissolve-se no grande caldeirão da decadência nacional. Onde todos têm memória de galinha. E onde quem tem acesso ao Estado continua a viver numa idade de ouro. Deixando os anos de chumbo para os comuns portugueses.»

Fernando Sobral

8.3.15

No dia delas (2)



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Dica (9)



Greek FM N. Kotzias reminded Europe of Greece’s role as a stabilizing force in the Balkans.

«He accused some Eurozone states of exercising “cultural racism” against Greece and said that it was necessary for the future of Europe to find another form of behavior. He urged of the “geo-strategically necessity” of looking to the future of Greece and Europe. He said that crushing the Radical Left Coalition (SYRIZA) government in its early days would bring “right-wing extremism and chaos.”»
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No dia delas

Portugal: assim foram votando as mulheres



Tudo começou com o decreto 19.692, de 5 de Maio de 1931. Mas com excepções, como a de Carolina Beatriz Ângelo (na foto) que foi a primeira mulher portuguesa a exercer o direito de voto (nas constituintes de 28.05.1911), concedido por sentença judicial, após exigência da condição de chefe de família, dada a sua viuvez.


Em 1933 e em 1946 foram levantadas algumas restrições, mas só quase no fim de 1968, já durante o marcelismo, é que acabaram por ser removidas quaisquer discriminações para a eleição de deputados à Assembleia Nacional. (Depois do 25 de Abril, o direito universal de voto passou a aplicar-se também às eleições presidenciais e autárquicas.)


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