8.3.08

A força da rua



















Fui ver a manifestação. Gosto de sentir estas coisas na pele e as televisões puxam sobretudo pelas imagens folclóricas. Absolutamente impressionante, a sensação de que é impossível que as escolas abram as portas, na próxima 2ª feira, como as fecharam ontem, depois de terem estado na rua, como se diz, mais de metade dos professores do país. Há um antes e um depois da tarde de hoje.

E, no entanto, vim com um enorme sentimento de que há algo de errado no meio de tudo isto e sem qualquer (boa) saída à vista.

A ministra é uma mulher isolada: não se sente que tenha, como retaguarda, o apoio de um líder, de uma equipa de colegas, de um partido. Os professores também a isolam: não ouvi uma única palavra de ordem contra Sócrates, contra o governo.

Ora Mª de Lurdes Rodrigues não é dona e patroa de uma empresa privada e autónoma chamada Ministério da Educação, nem para o bem nem para o mal. Independentemente da bondade ou da maldade do que quer fazer, não pode agir e defender-se sozinha porque está integrada numa máquina governamental, nem deve ter atacada ignorando-se esta realidade.

O que está em causa está longe de ser, apenas, a questão da avaliação dos professores. Os verdadeiros elementos em confronto são a força da rua e a maioria absoluta de Sócrates. Ponto.

Dia da Mulher























Apetecia-me referir aqui uma mulher, de preferência portuguesa, e segui o meu primeiro instinto: a Purificação Araújo.

Ginecologista e obstetra, impecável nos seus 80 anos (esta foto foi tirada há menos de um mês), com uma simplicidade desarmante, sempre presente quando é necessário. Esteve com todas nós durante a campanha pelo SIM no referendo sobre a IVG e no aniversário da vitória. Como tinha estado quando era preciso cuidar de mulheres em tempos de clandestinidade.

Vai receber, em breve, a medalha de ouro da cidade de Lisboa. Lá estaremos com ela.

Mais pessoalmente: fala-me sempre do meu marido, de quem foi colega e muito amiga, e fez-me o favor de pôr o meu filho neste mundo. Estou-lhe eternamente grata.

7.3.08

Elos

ADENDA (*)

Ando engasgada com mais uma cadeia e o José Simões não merece.

Irmão Lúcia/Pedro, és o meu blogger “del dia”, “del mes”, “del trimestre” - e não só pelos bonecos.

(Escusas de continuar...)

(*) Resposta do Pedro por mail:

«raios, Joana, assim até fico encabulado. grande bem haja. e como se diria em linguagem futefoleira só espero dar o meu melhor, domingo a domingo, com a ajuda do mister. que neste caso também sou eu, maldita ubiquidade.»

Nana Mouskouri

ACTUALIZADO (*)

Nana Mouskouri (73 anos) vai despedir-se em breve dos palcos – em Barcelona, no próximo da 14.

Mais uma que se cala, a tempo – que causa estragos nas fotografias e também nas vozes.

Para além de cantora, Nana Mouskouri foi nomeada Embaixadora da Boa Vontade da UNICEF, em 1993, distinguindo-se pela sua acção na Bósnia. Pacifista activa, foi também deputada no Parlamento Europeu, entre 1994 e 1999.
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(*) Só me faltava esta: que este post «pífio» fosse parar a um blogue de fãs de AM no Japão!


6.3.08

Ditosa Pátria




























Não é uma colagem feita na net.

É um cartaz verdadeiro, reproduzido no primeiro volume da colecção «Os Anos de Salazar» que a revista Sábado acaba de lançar.

Não está datado, mas tem menos de um século – é recente. Os portugueses ainda gostam de «salvadores da pátria».


5.3.08

«A preservação do lince ibérico nunca me motivou e até gosto muito dos suecos»























A entrevista que o cardeal de Lisboa deu ao Sol, no passado Sábado, desencadeou dezenas de comentários nestes blogues que se lhe referiram em triangulação: Womenage à Trois, 5 Dias e Entre as brumas... (*).

Li-os todos e julgo que vale a pena voltar à questão. Muito deles revelam uma preocupante relação entre «europeísmo» e xenofobia. (já nem falo de racismo).

Acusam-nos, aos chamados «multiculturalistas», de estarmos dispostos a preservar tudo (natureza, caracóis ou raças de linces) menos a Europa. De não nos importarmos com o facto de «deixarmos de ver aquelas caras tipicamente suecas, para as vermos misturadas ao estilo do Brasil». (Daí o título deste post, com que iniciei uma das minhas respostas.)

Deveríamos, portanto, tratar as etnias europeias como raças protegidas. Esquecendo que estamos a falar de pessoas e não de couves, baleias ou carapaus. E que os hipotéticos predadores são, neste caso, outras pessoas que procuram, onde podem, uma vida menos desgraçada, que fogem do tal «terror» e que são tão donos de todo o planeta como nós. Que a História se fez sempre com migrações. Que há muitos loiros no Minho porque vieram para cá celtas e que nós, os do Sul, parecemos realmente árabes por causa dos propriamente ditos. Que a França já olhou para os emigrantes portugueses como agora nós olhamos para os africanos. Que a Europa não pode, nem deve, recusar esta função acolhedora e generosa - mesmo que tenha de «perder» uma grande parte da sua identidade.


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(*) E em vários outros, como constatei em pesquisa rápida pela blogosfera, mas sem que tenha ido até aos Comentários.

«A Terceira Noite»













Parabéns, pois com certeza.

4.3.08

MEP

Rui Marques, principal fundador deste novo partido, diz agora, na SIC N, que o mesmo pretende situar-se entre o PS e o PSD.

ENTRE? Nem se for uma tangente! Eles já se intersectam.

Norteando-me


















Os pontos cardeais sempre foram para mim entidades tão teóricas como as da física quântica.

Perco-me em toda a parte, com uma especial predilecção pelos arredores de Lisboa. Nos últimos dias, tive de ir a Linda(?)-a-Velha, à Amadora e a Vale de Câmara – um verdadeiro tormento, no meio de ruas que me parecem todas rigorosamente iguais e igualmente pavorosas, mais ou menos como imagino Bagdad antes de Bush para lá ter mandado os seus rapazes.

Nada que um GPS não resolva, aconselhou-me um amigo que me viu em hora de desespero. Fui a uma loja do Colombo como quem vai a uma farmácia, trouxe o objecto para casa, defini uns tantos parâmetros e fui dar uma volta. Resultou e voltei para a «minha residência», pelo caminho que ele me indicou (e que faço há trinta anos). Espero que as coisas corram tão bem quando voltar a Vale de Câmara.

Para já, olho com veneração tecnológica para este objecto que cabe num bolso. Quando comecei a trabalhar em informática, um «grande» computador de 30K bytes de memória ocupava um espaço maior que a minha casa, com tectos falsos e ar condicionado especial.

Este Google Earth de pára-brisas faz coisas do outro mundo. É uma geringonça simpática mas estranha – e tão humanóide que até fala.

3.3.08

«We are the ones»

...depois de «Yes we can».

Absolutamente SIXTIES. Poderiam aparecer Joan Baez, Bob Dylan, Luther King...

Ainda a propósito do «terror»

... no seguimento disto e disto.

Irmão Lúcia, via 5 Dias.

«a gente que vem do terror afinal já cá anda há muito ano»

2.3.08

O ecumenismo do cardeal Policarpo

















Para arrumar definitivamente o capítulo relativo a esta entrevista (e para a tirar da minha cabeça), uma última citação:

«Em relação aos muçulmanos a gente fala daqui a 500 anos. Quando passarem por todo o processo de crítica, de racionalidade, de progresso e de consumo. A ver que capacidade é que tem essa religião de reagir a esses eventos...!»

Sinceramente, fiquei sem perceber o que é que o cardeal crê e espera que se passe dentro de cinco séculos. Que a religião católica seja a única a resistir? Só pode ser...

De facto, D. José não estava num dia feliz quando deu esta entrevista ao Sol!...