2.6.18

A visita de Merkel



Bandeirinhas, bandeirolas.

Paulo Buchinho, no Expresso de 02.06.2018.
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Angola mudou?



«O Presidente da República, João Lourenço, causou sensação no aeroporto das Astúrias, em Espanha, ao chegar num Boing 787 VIP, cujo valor comercial está estimado em 320 milhões de dólares.»

(Daqui)
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Não mostrar ao Ministério da Educação...



Indispensável ver mesmo até ao fim.
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Marchar com confiança para o desastre



Francisco Louçã no Expresso Economia de 02.06.2018:

«Quando a crise financeira se transformou em crise das dívidas soberanas e atingiu as economias europeias periféricas, era uma questão menor para Berlim e Bruxelas. Nada que não se resolvesse com uma cura de culpa e austeridade, vantajosa para conseguir votos nos países centrais cujos governos mostravam músculo contra os recalcitrantes do sul. Quando a crise chegou a Espanha, disfarçou-se um programa para os bancos. Quando a crise chegou a França, era só uma questão política, mania de franceses que são sempre excessivos nos queijos e nas eleições. Mas agora a crise está por todo o lado e é política e social. E ninguém na liderança europeia tem a menor ideia sobre o que se deve fazer, acumulando o pior dos disparates, as ameaças esbracejantes.


Um ano desastroso

O problema é que as eleições é que têm sido o problema. Desde há um ano que cada uma das eleições europeias agrava a crise institucional e demonstra o estertor do bipartidismo que tem sido a forma de gestão política desde o pós-guerra. Foi assim na Holanda em março de 2017 (a Europa respirou de alívio porque a extrema-direita só ficou em segundo lugar, e o PS passou de segundo para sétimo lugar), em França (a extrema-direita em segundo lugar e uma crise dos partidos tradicionais, com o ascenso da nova direita macronista que destroçou o PS), na Áustria (a entrada da extrema-direita no Governo), como já era na Hungria, Polónia e República Checa (com maiorias de direita xenófoba). Na Suécia, a extrema-direita é a terceira força política.

Na Alemanha, o único dos grandes países da União Europeia em que ainda sobrevive um bipartidismo combalido, os herdeiros do nazismo entraram no Parlamento pela primeira vez desde o fim da Segunda Guerra Mundial e pressionam uma ameaçadora recomposição da direita. E agora temos o caso de Itália, com a Liga Norte em vias de se transformar no primeiro partido.

Em resumo: crises políticas estruturais estão instaladas em Itália e Espanha, ameaçam França, o ‘Brexit’ está a concluir-se, a instabilidade financeira voltou e ninguém se entende no Conselho Europeu.


Espanha e Itália em eleições

O fim anunciado do governo Rajoy, com o PP varrido por condenações por corrupção, deverá conduzir a eleições em Espanha. Não é difícil antecipar o resultado dessas eventuais eleições, dado que as sondagens consistentemente indicam a possibilidade de uma vitória do Ciudadanos, a versão moderna do Partido Popular (“o PP limpinho”, explica Portas), o que conduziria a uma coligação da direita, mas sem Rajoy e porventura com o PP reduzido a escombros, ou até a uma aliança com o PSOE. O PP tem sido a formação histórica hegemónica da direita espanhola e representou o sucesso da transição do franquismo para uma direita europeísta, sempre mantendo um cariz autoritário, mas a condenação judicial do seu tesoureiro e de uma máfia de empresários e dirigentes foi o sinal da implosão. Rivera-Macron é uma promessa para salvar as pratas da casa, mas garante mais instabilidade do que liderança.

O cenário italiano é ainda mais complicado. A primeira recusa pelo presidente Mattarella do governo da maioria parlamentar italiana, que coligava a Liga Norte, um movimento proto-fascista, e o 5 Estrelas, foi um pretexto: o ministro recusado, Paolo Savona, deveria ser dos menos imprevisíveis da equipa governamental, mas o presidente quis marcar uma proibição – o euro não se discute e está fora do âmbito de ação de um governo maioritário.

A confirmação veio pela precipitação do comissário Gunther Oettinger, que explicou aos italianos que os mercados financeiros lhes dariam uma lição sobre em quem votar. Oettinger é reincidente: durante o período da troika, sugeriu que “as bandeiras dos pecadores da dívida poderiam ser colocadas a meia haste nos edifícios da União Europeia” para envergonhar esses países “pecadores”, e propôs que as ilhas gregas fossem vendidas para acertas contas da dívida. Mais recentemente, defendeu que Portugal devia sofrer sanções pelo défice de 2015. Useiro e vezeiro em pesporrência, Oettinger é o retrato alemão da Comissão.

Não é difícil adivinhar o efeito destas ameaças nas eleições italianas. Numa viragem de última hora que relançou o mesmo governo, o chefe da Liga Norte, Salvini, só pode dar preces pela chantagem de Bruxelas, que é o seu seguro de vida.


E os mercados, Senhor?

A crise em dois dos grandes países europeus precipitou imediatamente uma subida dos juros e uma queda do euro, e ainda se verá o que vem depois, porque a novela não terminou. A Itália e Espanha têm pela frente pelo menos quatro meses de dúvida sobre o resultado das eleições de recurso. São dois gigantes europeus paralisados e na expectativa de eleitorados mais divididos e governos mais impotentes. O facto é que, uma vez destroçado o esquema do bipartidismo do pós-guerra ou, no caso espanhol, da transição pós-franquista, não se sabe o que pode acontecer.

Os mercados, em contrapartida, sabem bem o que querem. A emissão de títulos de dívida italiana a dez anos teve a sua maior procura desde 2014, porque se sabia que os juros iam ser mais saborosos. Quase duplicaram, de 1,7 para 3%, arrastando os de outros Estados. Este maravilhoso sentido de oportunidade demonstra o que vamos ter na Europa: crise política permanente com subida de taxa de juros. Segure a sua carteira, já sabe quem vai pagar isto, não sabe?»
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1.6.18

Rajoy: «Oito horas brutais»



Ficaram célebres as oito horas passadas por Rajoy, ontem, num restaurante, enquanto continuava o debate que acabaria, hoje, com a sua destituição. Vale a pena ler este texto publicado no Público.es.

«Que Rajoy no tiene respeto alguno por los ciudadanos ha quedado demostrado sencillamente con sus medidas de gobierno y con su participación en el tremebundo robo y destrucción de lo público. Pero ocho horas de sobremesa…»

Continuar a ler aqui.
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Dia da Criança?


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Imigrantes e heroicidades



«Exibido como exemplo à Nação que já teve um Ministério da Imigração, da Integração e da Identidade Nacional, o novo super-herói recebido no Palácio do Eliseu por Emmanuel Macron corre o risco de, servindo involuntariamente a retórica republicana do “dévouement”, prestar um bom serviço a uma biopolítica humanista que passa diplomas de “francidade” honorária a “super-heróis” que salvam crianças em queda iminente de um quarto andar, enquanto expulsa a multidão de anónimos “sans-papiers” e sem um papel com um carimbo de reconhecimento outorgado pela República. Não é difícil explicar este mecanismo: começa-se por reconhecer que há imigrantes que são heróis e acaba-se por exigir heroicidade dos imigrantes.»

Pedro Guerreiro, Público (Ípsilon) 01.06.2018.
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Rajoy



Já foi. Só tardou pela demora.
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Na Batalha sem luta



«Ocorreu, no passado fim-de-semana, na Batalha, distrito de Leiria, o 22.º Congresso Nacional do PS. Foi um congresso com muita saudade de Mário Soares e muito aliviado com a ausência de Sócrates.

Apesar de tudo, Sócrates foi muito aplaudido quando a sua imagem surgiu no ecrã panorâmico que enchia o palco da ExpoSalão da Batalha. Mas apenas porque a foto estava muito boa e tinha sido tirada por António Costa aquando da visita ao estabelecimento prisional de Évora.

Podemos dizer que foi um congresso com todos felizes na mesma casa, apenas com uma ligeira discussão sobre o posicionamento da mobília. Mais para a esquerda, mais para o centro. É a eterna discussão sobre se o Partido Socialista é mesmo socialista ou se é só uma alcunha. Se o congresso fosse um ringue de boxe, no canto esquerdo estaria o secretário de Estado Pedro Nuno Santos, no canto direito estaria o ministro dos Negócios Estrangeiros, Santos Silva, e felizmente não estariam presentes os filhos do antigo embaixador do Iraque em Portugal.

António Costa pediu que este fosse um congresso a olhar para o futuro e, a dada altura, o congresso começou a olhar tanto para o futuro que pareceu que já se começavam a posicionar candidatos à sucessão de António Costa. De repente, Pedro Nuno Santos, Fernando Medina e Ana Catarina Mendes pareceram estar a querer candidatar-se ao lugar de Costa.

António Costa, por momentos, sentiu o que sente Bruno de Carvalho e, talvez picado, recorreu à ironia para deixar claro que as notícias sobre a sua sucessão eram manifestamente exageradas, e disse: "Ainda não estou a pensar em meter os papéis para a reforma." Mesmo que estivesse a pensar nisso, não haveria de ser um problema, já tivemos um Presidente da República que recebia reforma em vez de ordenado, não seria um problema ter um PM reformado.

Durante o congresso, António Costa nunca falou em maiorias absolutas, o secretário-geral do PS assumiu apenas um objectivo, o de "ganhar", lembrou que o PS só conseguiu uma vez, em 2005, com José Sócrates, uma maioria absoluta. De certa forma, depois de Sócrates, o PS tem medo de si próprio. Se fosse preciso ir mais longe, bastava ouvir o discurso de Manuel Alegre, que alertou para o perigo das maiorias e o pavor da atracção pelo centrão que o partido pode sentir.

É como se o PS fosse um daqueles indivíduos que sabe que, se for sair à noite sozinho, vai acabar por apanhar uma grande bebedeira. Por isso, de agora em diante, decidiu que leva um amigo que já o conhece e sabe convencê-lo a ir para casa antes que fique bêbedo e faça asneira. É imaginar a Catarina Martins a dizer a Costa: "Já chega, atina, já estás a descair para a direita e a mandar piropos às miúdas. Vamos para casa."»

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31.5.18

Dica (765)




«The German economy has grown dependent on China in a development that is now coming back to haunt it. With a global trade war brewing, it will be impossible for the government in Berlin to please both Beijing and Washington. It's time for a new strategy.»
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Merkel 2012 e 2018



Quando Merkel cá veio em 2012, muitos de nós andaram pelas ruas vestidos de negro e muitas estátuas de Lisboa também se enlutaram.

Esperava ver agora um cortejo de tuc tucs cheios de Pafiosos, com casaquinhos parecidos com o da chanceler, em protesto ou aplauso à sua visita – nem sei… Mas nada: limitam-se a teclar umas bocas e a partilhar desenhos de mau gosto contra PS e partidos apoiantes. Assim não vão lá, «camaradas»!


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Pobre cão!


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Este país não é para novos



«António Costa comprometeu-se, no congresso do PS do passado fim-de-semana, a promover políticas no âmbito da habitação, educação e mercado laboral especialmente dirigidas aos jovens, tendo desafiado a concertação social a participar num “grande acordo para as novas gerações”. Paradoxalmente, a nova direcção do PS foi celebrada na comunicação social como “renovada e rejuvenescida” por ter diversos novos membros com menos de 50 anos.

Num relatório recente da OCDE, publicado em Abril, intitulado Youth Stocktaking Report, que podemos traduzir livremente por “Relatório de Inventário da Juventude”, é referido que as políticas dirigidas aos jovens definem normalmente como idade limite os 25 ou 29 anos. Como é bom de ver, chegada aos 50 anos, já passaram pelo menos 20 anos desde que uma pessoa deixou de ser “jovem”.

A tarefa de Costa é Hercúlea, como os números que cito abaixo, constantes no relatório da OCDE acabado de sair, ilustram. Este Portugal não é para os novos.

1. A taxa de desemprego em Portugal entre os menores de 25 anos é de 23,9%, três vezes maior do que a do grupo etário seguinte, entre os 26 e os 55 anos. De entre os jovens que têm emprego, cerca de dois terços têm contratos temporários. Por esta razão, mas não só, as mulheres têm o primeiro filho por volta dos 30 anos, quando já não são “jovens”.

2. A par da exclusão da economia, os jovens estão alienados do sistema político. Apenas 44% dos indivíduos entre os 15 e os 29 anos respondem “sim” à pergunta “Tem confiança no governo nacional do seu país?”. Há pior: na vizinha Espanha, apenas 27% dos jovens têm confiança no governo, e na Grécia 12%. Mas na Suíça, no Luxemburgo e na Noruega, os campeões da confiança juvenil, este número ultrapassa os dois terços. O panorama é igualmente pessimista quando olhamos para o interesse na política: 40% dos jovens não estão interessados na política e, consequentemente, a abstenção entre os jovens é mais elevada do que na restante população.

3. É possível que a confiança e interesse dos jovens aumentassem a confiança se a sua geração estivesse mais bem representada nas instituições de poder. Acontece que menos de 25% dos deputados têm menos de 40 anos, e apenas 2% têm menos de 30. Podemos pensar que os menores de 30 anos são demasiado imaturos para assumir cargos políticos no coração da democracia representativa, mas na Suécia, por exemplo, há 12,3% dos deputados nesse intervalo de idades. A idade média dos membros do governo reportada no estudo da OCDE é de 55 anos, dez anos acima da média da Islândia e Noruega, os países com governos mais jovens. Na administração pública há apenas 11% de funcionários abaixo dos 34 anos; é mais um indicador onde Portugal se destaca pela negativa; apenas a Polónia, Grécia, Itália e Espanha têm uma administração pública mais envelhecida.

4. Apesar de Portugal ter sido o primeiro país a ter um Orçamento Participativo Jovem, em 2017, ainda tem um longo caminho a percorrer nas políticas públicas de apoio à juventude. A OCDE preconiza uma abordagem transversal que envolva diferentes áreas de política, que vão do desporto, ao emprego, saúde ou habitação; em Portugal, o Plano Nacional da Juventude cumpre esta função. No entanto, este plano não tem metas quantificadas e não é sujeito a avaliações periódicas de metas, contrariamente ao que acontece na maioria dos países da OCDE. Há países que vão longe na cultura de avaliar políticas públicas. Na região belga da Flandres, todas as iniciativas legislativas susceptíveis de influenciar os interesses dos menores de 25 anos têm obrigatoriamente de ser acompanhadas por um “relatório de impacto nas crianças e jovens”. No Canadá, o impacto da legislação é calculado para diferentes grupos da população, definidos com base na idade, género, etnia e nível de educação.

5. No seguimento da publicação do Youth Stocktaking Report, a OCDE promove entre 18 de Maio e 18 de Julho uma consulta pública para avaliar a percepção dos cidadãos acerca da importância de ter um governo e administração pública “amigos da juventude”. Está aberto a qualquer pessoa e demora menos de cinco minutos a preencher, aqui.

A moção de António Costa termina com a frase “Esta é a visão da Geração 20/30”. Mas com a alienação económica, social e política das novas gerações, há um risco de que seja a visão das gerações mais velhas para a geração 20/30. Uma sociedade democrática madura tem obrigação de dar aos jovens o protagonismo do seu próprio futuro.»

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30.5.18

Dica (764)



Harakiri, Italian Style (Jan Zielonka) 

«There is virtually no chance that Mattarella’s new pick to form a government, Carlo Cottarelli, will succeed in his mission. There will be new elections soon, and all polls indicate that the Northern League will gain the most from them. The same polls show that liberal parties are going to be pushed further into the margins of Italian politics. Democracy is obviously not only about elections, but depriving electoral winners of the possibility to form a government has little to do with democracy either. In an atmosphere of distrust and chaos, populists can only thrive. Prepare for an even more bumpy period in European politics. It didn’t have to be this way.»
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A fotografia que se tornou viral



… foi tirada ontem em frente à AR, enquanto eram discutidos os Projectos de Lei sobre morte assistida / eutanásia. Escolhida pelo Expresso diário como capa, encheu também Facebook e Twitter.

A fotografada é estudante de Medicina em Lisboa e está agora a afirmar que não deu autorização para que a sua imagem fosse divulgada e a pedir que seja retirada. Azar: pensasse antes de se exibir NA RUA. Talvez aprenda…
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A Lisboa de Medina



«Vi há dias um moderno e excitante vídeo da Câmara Municipal de Lisboa, no Instagram, sobre o próximo paraíso em Lisboa: os terrenos da antiga Feira Popular. A acreditar na promoção vai haver ali haver muitos apartamentos, escritórios e creches. Umas poucas árvores e muita relva, para dar um ar muito refrescante. Não faltarão candidatos a ter ali uma casa com vista privilegiada para ver e ouvir, de perto, aviões a rasar os prédios de minuto a minuto, rumo ao aeroporto da Portela.

É claro que também há pormenores menos idílicos: com a pressão automóvel nas avenidas da República e 5 de Outubro, que já é caótica a certas horas, não se imagina o que virá a ser a zona de Entrecampos: um purgatório lisboeta, que passará a fazer parte dos circuitos turísticos? Pior: trará muito mais poluição, numa zona que os efeitos de um aeroporto superlotado começam a tornar irrespirável.

No fundo, esta é a cidade imobiliária e turística, idealizada por Fernando Medina e Manuel Salgado. Uma "cidade pragmática", na senda do discurso oco e redondo do presidente da CML no Congresso do PS.

E ainda Medina quer ser o próximo líder o PS! Imagina-se a "ideologia Medina" a tomar conta de todo o Portugal: uma imensa Lisboa histórica sem portugueses (ou só como actores, contratados como figurantes para parecer "very typical") e só com franceses e brasileiros ricos.

A Lisboa que está a ser criada por Medina e Salgado é digna de muitos episódios dos "Simpsons". Sob um ar de pretensa modernidade, este "pragmatismo" sem alma e amoral está a destruir o que diferenciava Lisboa e a torná-la uma urbe sem vida própria, sem cultura, sem inovação e sem qualidade de vida. Será um grande legado que mais tarde choraremos. O espaço da Feira Popular poderia ser utilizado em parte para ser um jardim a sério, com árvores sólidas, para dar ar puro a uma zona poluída. Se fosse até poderíamos propor que o jardim se chamasse Fernando Medina ou Manuel Salgado. Para Sá Fernandes não ficar triste, poderíamos pôr no local um canteiro com o seu nome.»

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28.5.18

Morte assistida: está na hora!



Um texto importante de Bruno Maia, Médico, Coordenação do Movimento Cívico pelo Direito a Morrer com Dignidade:

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Dica (763)




«Separados à nascença, unidos pela vida: PCP & CDS. A união de facto é linda, e quem sou eu para me meter na vossa intimidade. Da mesma forma, quem são vocês para se meterem na minha?»
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28.05.1926 - Um dia terrível da nossa História



Recordo a data quase todos os anos, não só para preservar a memória, mas porque deixou marcas que ainda hoje sofremos na pele – conscientemente ou nem por isso.

Em 1926, um dia terrível e decisivo na nossa História marcou o fim da 1ª República e esteve na origem do Estado Novo. Todos os anos havia comemorações, mas duas ficaram na memória.

Foi num outro 28 de Maio, mais concretamente em 1936, no 10º aniversário da «Revolução Nacional», que Salazar proferiu um discurso que viria a ficar tristemente célebre: «Não discutimos a pátria...»



Ainda num outro aniversário – no 40º, em 1966 – o chefe do governo, então com 77 anos, viajou pela primeira vez de avião até ao Porto (entre os outros passageiros, acompanhado pela governanta) para assistir às celebrações que tiveram lugar em Braga.

Fez então um discurso que ficou célebre sobretudo pela expectativa que criou e que deixou o país suspenso - lembro-me como se fosse hoje!. Vale a pena ver a partir do minuto 30:44:

«Neste lindo dia de Maio, na velha cidade de Braga (…), ao celebrar-se o 40º ano do 28 de Maio (…), eis um belo momento para pôr ponto nos trinta e oito anos que levo feitos de amargurado Governo.» Depois de uma interrupção provocada por muitos gritos de protesto da assistência, continuou: «Só não me permito a mim próprio nem o gesto nem o propósito, porque, no estado de desvairo em que se encontra o mundo, tal acto seria tido como seguro sinal de alteração da política seguida em defesa da integridade pátria e arriscar-se-ia a prejudicar a situação definitivamente conquistada além-mar pelos muito mlhares de heróis anónimos que ali se batem. É então mais que justo que os recordemos e saudemos daqui».



E ficou – até que uma cadeira cumpriu a sua missão histórica.
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Igreja, eutanásia e PCP



De repente, talvez por hoje ser 28 de Maio, dei por mim a pensar no que diria o Botas se lesse uma frase destas!
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Despenalização da eutanásia: um testemunho de católicos



«A despenalização da morte voluntária e assistida não opõe crentes a não crentes. Numa sociedade pluralista como felizmente é a nossa, os homens e as mulheres de fé não constituem um partido ou uma força de pressão. Desde logo, porque, felizmente, o pluralismo de opiniões existe também no seu seio. E numa sociedade pluralista como felizmente é a nossa, deve ser a tolerância a imperar, cabendo à lei regular as condições de afirmação dessa tolerância. É nesse espírito que defendemos a despenalização da morte voluntária e assistida.

Somos católicos. E tomamos posição no debate sobre a despenalização da morte voluntária e assistida a partir dessa nossa condição fundamental. Assumimos que a identidade cristã não está antes de mais em códigos morais fechados mas em práticas e estilos de vida. Mais do que algo que se pensa, se sente ou se diz, o cristianismo é algo que se faz. E a vida de Jesus é o testemunho que nesse fazer prevalece o acolhimento sobre o anátema, a responsabilidade da liberdade sobre a tutela religiosa ou política.

O Deus bíblico, que se fez nosso companheiro desde os começos e desde os começos nos ama como seres de liberdade e autonomia, terá de ser amorosamente convocado como proximidade afetuosa em total respeito pela nossa autonomia e consciência, na hora em que chegar o nosso fim de vida.

É neste espírito que entendemos que, para o/a crente, apoiar ou defender a despenalização da eutanásia não significa a recusa do dom da vida. Acreditar no dom da vida é também acreditar que essa é uma dádiva de Deus a todos e todas (e não apenas a crentes) enquanto pessoas dotadas de consciência moral, de inteligência e de liberdade. A radicalidade destas três condições da pessoa humana obriga-nos a reconhecer a pluralidade de posições que diferentes pessoas podem ter perante os desafios e as dificuldades que, hoje, nos colocam o fim da vida e a morte. Porque, como escreveu o teólogo Torres Queiruga sobre o dom divino da vida, “justamente porque Deus me doou a vida a mim, é para que eu a administre. Não sou Deus mas também não sou escravo: vivo numa relação filial mas sob minha responsabilidade”. [1]

Defender a despenalização da eutanásia, tal como ela está a ser proposta atualmente no parlamento português, significa reconhecer a cada um/a, como ser moral, inteligente e livre, o direito de, em consciência e em situações de reconhecida impossibilidade de cura e sofrimento insustentável físico e psíquico, decidir sobre o fim da sua vida. Não se trata de reconhecer um direito a matar. Trata-se de reconhecer um direito a morrer de acordo com as condições que só cada um/a pode avaliar e que só cada um/a pode assumir, de forma reiterada e acompanhada, que constituem o limite da dignidade da sua própria vida.

Nada disto contraria a defesa imperativa de um Serviço Nacional de Saúde capaz de responder às necessidades de todas e de todos, nomeadamente os que se encontram em situações de doença aguda, prolongada e de sofrimento. Nada disto contraria a defesa da urgência da cobertura nacional dos cuidados paliativos no Serviço Nacional de Saúde. Nada disto contraria a necessidade urgente de reconhecer o papel dos cuidadores informais e de a sociedade e o Estado encontrarem formas de lhes proporcionar uma rede de apoio de que necessitam e lhes é devida.

Nada disto contraria o direito de cada pessoa enfrentar a doença, a degradação da sua condição física ou mental, e o sofrimento de forma estoica, digna e inelutável. Significa apenas reconhecer que o julgamento e a decisão consciente e individual perante essas condições são um direito inerente à liberdade radical do ser humano filho de Deus. É dessa liberdade que nos reclamamos. É essa liberdade que reclamamos para todos.»

[1] Torres Queiruga, A. (1998), “La eutanásia, entre la ética y la religión”, Razón y fe, 237, 373-389


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27.5.18

Irlanda: uma bela vitória




Água mole em pedra dura... 
Os direitos humanos acabam por se impor - como aconteceu cá para a IVG e acontecerá noutros domínios: a morte assistida / eutanásia passará, é apenas uma questão de tempo.
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Congresso do PS (5)



Fernando Medina, em entrevista ao Público, 27.05.2018.

Para bons entendedores…

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Cavaco / Cavalo?



Honi soit qui mal y pense.
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Cuidado, Trump descobriu o poder do dólar



Francisco Louçã, n Expresso Economia de 26.05.2018:

«Pela primeira vez desde 2001, no primeiro trimestre de 2018 a conta corrente da China está em défice. Em 2007, logo antes da crise financeira internacional, a China tinha um superavit de 10%; durante as últimas duas décadas, os seus produtos industriais baratos ajudaram a proteger o consumo nas economias mais desenvolvidas e impulsionaram o crescimento da economia mundial (e chinesa). Trata-se de uma situação excecional, em grande medida provocada por uma balança negativa de serviços (pelo aumento do turismo chinês), dado que a China continua a exportar mais mercadorias do que importa. Entretanto, a redução da poupança interna indica como a sua vida social se está a modificar. Xi Jinping está a proteger-se das tensões dentro de portas.

Este não é o único sinal de arrefecimento da economia mundial, que aliás só recuperou lentamente e de forma desigual desde a crise de 2007 e que, no caso da Europa, se prolongou durante oito anos. A China pode vir a crescer só 1% este ano, na Europa prevê-se 1,6%, no Japão antecipa-se nova recessão e nos Estados Unidos, de recuperação mais pujante, a projeção é 2,3%. Sempre menos do que se esperava há meses. São nuvens carregadas no horizonte. Só que nenhuma é mais ameaçadora do que Trump.

Armas apontadas para o Irão…

Macron e Merkel sucederam-se em visitas à Casa Branca, um sedutor e outra oficialista, ambos com igual insucesso. Não conseguiram nada e é mesmo duvidoso que esperassem algum sucesso: ao chegarem a Washington, sabiam que não demoveriam Trump da rutura do acordo com o Irão.

A Administração norte-americana joga no curto prazo: o conflito com o Irão tem vantagens económicas (os EUA são exportadores de petróleo e beneficiam do aumento do preço, pelas receitas e pela viabilização da exploração mais cara do fracking) e tem vantagens políticas (reforça a aliança com Israel e a Arábia Saudita contra o Irão). E tem ainda a vantagem da desvantagem da Europa, importadora de petróleo.

Por isso, a desvinculação do acordo com o Irão coincide com a abertura apressada da embaixada em Jerusalém. Poucos meses antes das eleições intercalares nos EUA, Trump precisa de um sentimento de guerra permanente e foi o que conseguiu. Ora, essa guerra é também uma arma para pressionar a Europa.

… e um míssil contra a Europa

Bolton, o conselheiro de segurança que Trump foi repescar do tempo da invasão do Iraque, já explicitou a ameaça: quem mantiver negócios com o Irão será sancionado. Para algumas grandes empresas, isso é fatal. A Airbus tem em curso a venda de cem aviões comerciais a Teerão e a Total, em parceria com a PetroChina, assinou um grande contrato para a exploração de gás natural. Sofrerão um rombo nas suas contas se abdicarem destes negócios.

Mas irão Macron e Merkel alinhar com a China e a Rússia para manter vivo o acordo com o Irão, que depende de canais de financiamento e de exportações? Para já, fingem que procuram uma solução. Ora, essa alternativa não existe e Macron já o insinuou numa conferência de imprensa, explicando que entende que as empresas francesas se retirem do Irão. A União Europeia (UE) poderia criar legislação para bloquear medidas de sanção contra empresas, ou até retaliar, mas não o fará: como lembra o “Economist”, o total das exportações alemãs para o Irão não ultrapassa as que dirige só para a Carolina do Norte e a UE não pode perder o acesso ao mercado norte-americano.

O meu botão é maior do que o teu

Neste processo, Trump descobriu que o seu maior poder não é só a ameaça política, nem sequer a militar e que o que os aliados e as empresas europeias mais receiam é o fecho do acesso ao sistema financeiro norte-americano. Esse é aliás o problema do Irão, que recuperou em 2016 o acesso ao SWIFT, o sistema de pagamentos bancários internacionais. Vai perdê-lo agora.

O verdadeiro poder está neste botão. Os dois sistemas de pagamentos norte-americanos transacionaram 4,7 biliões de dólares por dia em 2017 e Hong Kong, uma das principais praças asiáticas e a porta da China, só movimentou 0,8% desse valor.

A banca norte-americana é ainda o centro do sistema de pagamentos mundiais, não só porque o dólar é a principal forma de liquidez, mas porque controla os movimentos de capitais. Sem acesso a este sistema de pagamentos, as grandes empresas ficam congeladas. Ou seja, Trump pode fazer fechar qualquer grande empresa mundial. É assim que ele pensa, não como dirigente político, mas como destruidor da concorrência. A América Inc. vem sempre primeiro. O caos é um esplêndido negócio e Wall Street está radiante.»

(Texto tirado daqui)
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