Que há gente muita rica em Angola não é novidade para ninguém e o último número da revista Visão não revela nada de absolutamente extraordinário sobre o poder de compra que a elite angolana exibe em Lisboa e em Luanda. Mas uma coisa é o conhecimento num plano genérico e outra, bem diferente, é a crueza dos casos concretos, que se cola a pele e não é fácil sacudir.
Ler que há quem venha propositadamente a Portugal para ir ao cabeleireiro, eventualmente tendo esperado dois dias para ter lugar em classe executiva (pelo qual pagou um excesso de 5.000 euros para uma curta viagem de sete horas), que há «homens de negócios atarefados» que passam 24 horas em Lisboa para consultas em clínicas de estética, onde são evidentemente tratados com todas as mordomias, que se compram facilmente relógios de 900.000 euros (sim, 180 mil contos) e casas de 6 milhões, provoca-me uma revolta e um nojo incomensuráveis.
Tudo isto é horrível sejam quais forem as circunstâncias, mas é bem mais grave quando se sabe que muito deste luxo é o resultado directo e descarado de corrupção, num país com uma insegurança inacreditável onde ainda se mata para roubar um telemóvel e onde se vai para a prisão por delito de opinião. E, sobretudo, quando mais de 60% da população vive abaixo de níveis médios de pobreza, mais de 1/3 terço na condição de deslocado, o índice de mortalidade infantil é dos mais elevados do mundo, mais de 100 mil pessoas são mutiladas de guerra, etc., etc., etc...
Estes meninos foram enganados:
Ler que há quem venha propositadamente a Portugal para ir ao cabeleireiro, eventualmente tendo esperado dois dias para ter lugar em classe executiva (pelo qual pagou um excesso de 5.000 euros para uma curta viagem de sete horas), que há «homens de negócios atarefados» que passam 24 horas em Lisboa para consultas em clínicas de estética, onde são evidentemente tratados com todas as mordomias, que se compram facilmente relógios de 900.000 euros (sim, 180 mil contos) e casas de 6 milhões, provoca-me uma revolta e um nojo incomensuráveis.
Tudo isto é horrível sejam quais forem as circunstâncias, mas é bem mais grave quando se sabe que muito deste luxo é o resultado directo e descarado de corrupção, num país com uma insegurança inacreditável onde ainda se mata para roubar um telemóvel e onde se vai para a prisão por delito de opinião. E, sobretudo, quando mais de 60% da população vive abaixo de níveis médios de pobreza, mais de 1/3 terço na condição de deslocado, o índice de mortalidade infantil é dos mais elevados do mundo, mais de 100 mil pessoas são mutiladas de guerra, etc., etc., etc...
Estes meninos foram enganados: