Num comentário ao meu primeiro texto sobre este tema, Rui Bebiano escreveu:
«(...) Ressalvando as buscas minoritárias de uma certa espiritualidade, estes [os fiéis] valorizam essencialmente o rito e o mistério. Igrejas “compreensíveis” são Igrejas doentes na relação com a sua dupla missão de dissolução do sujeito e de subjugação das consciências.» (O relevo é meu.)
Raramente li uma afirmação tão sintética e lapidar sobre o papel destruidor das Igrejas no que ao indivíduo diz respeito: «dissolução do sujeito» e «subjugação das consciências».
Mas tendo a colocar a origem do problema a montante. Julgo que é o próprio fenómeno religioso, e respectivo ritual, que é o responsável por esse papel destruidor – bem incarnado e alimentado, é verdade, pelas diferentes instituições eclesiásticas.
Por isso me irritam profundamente as repetidas afirmações de respeito por todas as religiões e pelos seus benefícios, tão na moda, sobretudo por parte de ateus e agnósticos empedernidos. Apregoar e esperar que delas venha salvação para o mundo e progresso para a humanidade parece-me não só irrealista como prejudicial.
Estive na Índia há cerca de três anos. Ficaram-me gravadas para sempre, na memória e na pele, as imagens de Varanasi (antiga Benares) – cidade enorme, terrível e miserável, à beira do célebre rio Ganges onde os fiéis se vão banhar ao nascer do dia, para onde convergem os peregrinos doentes à espera da morte, cheia de estropiados e de vacas sagradas. Ao lado do barco em que, como turista, vi este espectáculo, boiava o cadáver de um bebé de seis meses (as crianças não sei queimadas, mas sim atiradas ao rio, por vezes sem a pedra ao pescoço que é suposto afundá-las). Tenebroso.«(...) Ressalvando as buscas minoritárias de uma certa espiritualidade, estes [os fiéis] valorizam essencialmente o rito e o mistério. Igrejas “compreensíveis” são Igrejas doentes na relação com a sua dupla missão de dissolução do sujeito e de subjugação das consciências.» (O relevo é meu.)
Raramente li uma afirmação tão sintética e lapidar sobre o papel destruidor das Igrejas no que ao indivíduo diz respeito: «dissolução do sujeito» e «subjugação das consciências».
Mas tendo a colocar a origem do problema a montante. Julgo que é o próprio fenómeno religioso, e respectivo ritual, que é o responsável por esse papel destruidor – bem incarnado e alimentado, é verdade, pelas diferentes instituições eclesiásticas.
Por isso me irritam profundamente as repetidas afirmações de respeito por todas as religiões e pelos seus benefícios, tão na moda, sobretudo por parte de ateus e agnósticos empedernidos. Apregoar e esperar que delas venha salvação para o mundo e progresso para a humanidade parece-me não só irrealista como prejudicial.
Estas manifestações de religiosidade perante as quais, normalmente, os ocidentais se inclinam com respeito, e até admiração, provocaram em mim uma revolta profunda. Ninguém merece viver assim, no século XXI – mesmo que o faça voluntariamente.
Salvas todas as distâncias e as devidas proporções, as tristes imagens que nos chegam dos peregrinos de Fátima também não são propriamente um exemplo de dignidade.
Regresso ao ponto de partida desta sequência de posts.
Perante tudo isto, tem alguma importância o regresso do latim? Julgo que sim, embora seja uma importância relativa. Reforça o obscurantismo do ritual e, desse modo – volto agora ao texto de Rui Bebiano –, ajuda a Igreja a «dissolver sujeitos» e a «subjugar consciências».