16.8.08

Faking












Era eu estudante em Lovaina quando recebi um telefonema do vice-cônsul de Portugal, irmão de uma amiga minha, em verdadeiro estado de pânico. Que estava à espera de um grupo folclórico português que devia abrilhantar um serão numa importante instituição de Antuérpia, que o dito grupo tinha cancelado a viagem, que me pedia por todas as alminhas de todos os céus que arranjasse uns estudantes portugueses que comigo fossem substituí-lo.

Do alto dos meus dezanove anos – semi-aventureiros, semi-escuteiros –, convenci mais cinco e lá fomos, três meninas à moda do Minho e três moçoilos trajados de campino (foram as vestimentas que a embaixada conseguiu arranjar). Dançámos o Vira (deixo-vos imaginar a qualidade da exibição...) para umas dezenas de flamengos já bastante acervejados, depois de termos sido anunciados, e entrevistados, como elementos de um grupo estudantil dedicado a danças populares, ido propositadamente de Coimbra.

Regressámos a Lovaina, divertidos e sem qualquer tipo de remorsos.

Só que o meu amigo vice-cônsul não mandava na maior potência mundial, não estavam em causa nenhuns transcendentes valores olímpicos exaltados com a máxima das perfeições, o local em Antuérpia não se chamava «Ninho de Pássaro», não tivemos sete anos para ensaiar o Vira – e não éramos crianças.

Não perdeu pela demora


Salazar, Emissora Nacional, 1/11/1957:

«Nós cremos que há raças, decadentes ou atrasadas, como se queira, em relação às quais perfilhamos o dever de chamá-las à civilização – trabalho de formação humana a desempenhar humanamente. Que assim o entendemos e praticamos comprova-se pelo facto de não existir a teia de rancores ou de organizações subversivas que se apresentam a negar e apresentam a substituir a soberania portuguesa.»

De: Cláudio Torres (Desenhos), com a colaboração de Flausino Torres, Salazar 40 anos?, Ed. Afrontamento, 2008, pp. 72-73.

Boomp3.com

15.8.08

Bem-vinda, D. Ester

... ao clube dos blogues individuais. Andarei por lá.

...

Boomp3.com

Classes, géneros e cores














Lido no Avante de ontem (o realce é meu).

«Nesta vastíssima nuvem de confusão lançada sobre as consciências, em que se procura diminuir ou sonegar o papel da luta de classes no rumo da emancipação humana, tem havido um gordo lugar para o logro que o «feminismo» mal digerido assume, assim como para o anti-racismo mal entendido, que procura fazer das mulheres os melhores políticos e dos negros os mais justos.

Teorias aceites e divulgadas por muita gente de progresso e pouco discernimento, não bastam as dúzias de exemplos das dirigentes que usam o género ou a cor da pele para se guindarem ao poder e de lá, perversamente, prosseguirem a exploração e a guerra. Gente como Thatcher, ou Golda Meir, ou Carla del Ponte, ou Madeleine Albright, ou Condolezza Rice (que acumula com a negritude), não abalam as convicções do «feminismo» esotérico. Nem Tshombé, Mobutu, Savimbi, servidores sanguinários do império, desabalam as esperanças de que vai aí chegar um negro que, mesmo no capitalismo, faça justiça.

Obama, que se guindou pela cor diferente mas, sobretudo, pela conversa diferente, já fala doutra maneira, à medida que se aproxima da Casa Branca. De tal modo que os americanos começam a mostrar-se fartos. E desapontados.»


Fiquei de tal maneira perplexa que só consigo alinhavar umas tantas considerações mais ou menos desgarradas.

Alguém é capaz de me explicar em que é que o facto de duas «minorias» – mulheres e negros – estarem a ascender cada vez mais a lugares cimeiros nas hierarquias políticas «diminui» ou «sonega» o papel da luta de classes?

Será que Bush foi um péssimo presidente por «acumular» ser branco com ser homem? Lá porque houve ou há mulheres que foram más políticas, não deixa de ser desejável que um número mais elevado chegue a lugares de topo.

Apesar de ser negro como Mobutu, espera-se que Obama seja melhor do que Bush. E, que eu saiba, ele não anda a enganar o mundo dizendo por aí que vai acabar com o capitalismo. Ou esperava-se algum candidato que prometesse levar a América directamente para a ditadura do proletariado?

14.8.08

Mundo melhor em Cancún

ADENDA (*)


















... se os bispos meexicanos forem ouvidos.

Pensando na Drª Manuela Ferreira Leite:
«El pudor es reservar para el ser amado esos incentivos sensitivos y placenteros que llevan a tener hijos.»

Quando a esperança vinha da chuva:
«Antaño las jóvenes mexicanas llevaban faldas largas y que los varones sólo alcanzaban atisbar sus piernas cuando llovía.»

E uns tantos conselhos a não esquecer:
«La Iglesia recomendó a las mujeres no usar "ropa provocativa", cuidar "miradas y gestos", no permanecer a solas con un hombre, "aunque sea conocido", no admitir "pláticas o chistes picantes", no permitir familiaridades del sexo masculino y pedir ayuda cuando se sospeche de una "mala intención".»

(*) Ler sobre o mesmo assunto.

13.8.08

Uma era bonita, a outra nem por isso

ADENDA (*)












A notícia vem um pouco por todo o lado: afinal a criança chinesa que cantou nos Jogos Olímpicos não era a que vimos (e o fogo de artifício mostrado foi obra de computador).

«The main consideration was the national interest, the child on the screen should be flawless in image, in her internal feelings, and in her expression.»

A outra menina não era flawless – só cantava muito bem.

Assim vamos nós por esse século XXI fora, embasbacados perante o mundo perfeito do espectáculo e do faz de conta. The show must go on, pois com certeza. E nós com ele.

P.S. - Aviso à navegação para evitar ataques sinófilos do terceiro grau: isto podia ter acontecido em muitos outros países, nos EUA por exemplo? Oh se podia!


(*) Uma boa sugestão?

12.8.08

Nos subterrâneos da blogosfera

- Quer ofender ou caluniar o autor de um post com que não concorda? Escreva um comentário.

- Este não é aprovado/publicado? Insista 1, 2, 3,... n vezes.

- Não resulta? Faça copy/paste do seu texto «censurado» para a Caixa de Comentários de outro blogue de um seu amigo e explique também tudo o que lhe aconteceu. Se escolher bem o blogue e o amigo, conseguirá finalmente publicar o que se destinava a uma outra pessoa, sobre um outro assunto.

Isto acontece aqui na blogosfera, talvez bem perto de si. Não cito nomes, não ponho links. Guerrilhas inúteis com quem não as merece? Ni hablar.

E já agora: mesmo que o seu filho não goste de chá, convença-o a beber umas colheradas. Terão um efeito benéfico quando ele já for crescido.

11.8.08

Isaac Hayes (1942-2008)

Mais uma

Diga 33!

1972 - O massacre nos Jogos Olímpicos de Munique





O vídeo dura 10:15 e relata em pormenor os acontecimentos mais dramáticos da história dos Jogos Olímpicos.

No dia 5 de Setembro de 1972, um comando palestiniano tomou como reféns membros da delegação israelita. Acabaram por morrer onze atletas, cinco dos sequestradores, um polícia alemão e um piloto.


Depois disso:

1976 Montréal – Boicote de vários países africanos como protesto contra a presença da Nova Zelândia, por esta ter disputado um desafio de rugby com a África do Sul, alguns meses antes (quando estava impedida de o fazer devido ao apartheid).

1980 Moscovo – Boicote dos Estado Unidos (seguido por 60 países) como protesto contra a intervenção soviética no Afeganistão.

1984 Los Angeles – Países do bloco soviético (excepto Roménia) e Cuba retribuem o boicote de 1980.

1988 Seul – Boicote de Coreia do Norte, Cuba, Etiópia e Nicarágua.

1992 Barcelona – Devido à guerra com a Croácia e a Bósnia-Herzegovina, a Jugoslávia não é autorizada a participar como país, mas os seus cidadãos são admitidos título individual.

(Publicado também em Caminhos da Memória.)