22.9.18

E quanto a Serralves...



(Hugo van der Ding no Facebook)
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Bispos à pequinense




Confesso que esta notícia me deixa perplexa sobre um assunto que sempre segui com alguma atenção. O Vaticano reconhece a nomeação de bispos católicos por um Estado, ainda por cima mais que totalitário (o que não acontece, que eu saiba, em mais nenhum país do mundo).

E não estamos a falar apenas de bispos nomeados no passado, já que leio isto: «Apesar de ainda não se conhecerem os pormenores do acordo ou como vai evoluir, o Vaticano deverá passar a ter a última palavra sobre a escolha dos bispos.» A China continuará a ter a primeira? Alguém acredita que o governo chinês venha a aceitar bispos que não lhe «agradem» politicamente?

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Mapplethorpe censurado em Serralves? Um país de pacóvios




«A demissão surge depois de a administração ter limitado a maiores de 18 anos uma parte da exposição dedicada ao fotógrafo norte-americano Robert Mapplethorpe, comissariada por Ribas, e ter imposto a retirada de algumas obras com conteúdo sexualmente explícito.»

Só para maiores de 18 anos??? Para além de tudo o que já foi dito, isto só me faz lembrar a história de uma avozinha que explicava a dois netos que eles tinha sido trazidos de Paris por uma cegonha e que um disse ao outro, ao ouvido: «Deixa a velhinha morrer na inocência!». Mas em que século vivem? E censura de algumas obras, mesmo para adultos? Pobre país…


(Muito curiosa em vir a conhecer a reacção de Pacheco Pereira, membro do Conselho de Administração de Serralves.)
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Por que é que devíamos estar todos a ler o 1984?



José Pacheco Pereira no Público de hoje:

«Poucos livros são tão importantes para os nossos dias do que o 1984, de George Orwell. É hoje muito mais importante para ler nas democracias do que nas ditaduras, porque o que ele diz sobre as ditaduras totalitárias já todos o sabemos (e o sabem os que lutam contra elas), mas o que diz para as democracias, para a defesa das democracias das investidas autocráticas dos dias de hoje, cada vez o sabemos menos. O reducionismo do 1984 a um panfleto antiestalinista, ou mais genericamente anticomunista, e o seu esquecimento como uma distopia datada de há já quase 25 anos são um erro e reduzem o património escasso de grandes obras literárias e políticas, de que precisamos, mais do que nunca, nos dias de hoje.

Orwell percebeu o caminho para o mundo actual de fake news, de relativização da verdade e dos factos, da “verdade alternativa”, do tribalismo, do combate ao saber a favor da ignorância atrevida das redes sociais, da crise das mediações a favor de uma valorização da pressa, do tempo instantâneo, do fim do tempo lento, do silêncio, e da pseudopresença num mundo de comunicações vazias, ideal para o controlo afectivo, social e político. Orwell sabia que o Big Brother estaria feliz nos dias de hoje com o permanente ataque a toda a espécie de delegação de poder pelos procedimentos das democracias, ou pelas hierarquias da competência e do saber, a favor de um falso empowerment igualitário, que enfraquece os mais débeis, os mais incultos, e os mais pobres, mas dá mais poder aos poderosos, aos ricos, aos que estão colocados em lugares decisivos por nascimento, herança, ou amoralidade. Descreveu, pela primeira vez no 1984, o mundo da manipulação e geral degenerescência da linguagem, das palavras e das ideias. Um mundo onde quem manda reduz as palavras em circulação a uma linguagem gutural, a preto e branco, sem capacidade expressiva e criadora, mas também desprovida da capacidade de transportar raciocínios e argumentos lógicos, mas apenas banhar-nos em pathos. Ele escreveu uma distopia, nós vivemos nessa distopia. Uma das fontes do 1984 foi o conhecimento que tinha do totalitarismo comunista e em particular a sua experiência na Guerra Civil espanhola, que lhe serviu também para escrever Animal Farm. Mas a outra fonte importante do livro foi a sua experiência na BBC, na comunicação social em tempo de guerra e no papel que esta tinha na própria guerra como arma. Arma de propaganda, mas também arma de manipulação, através da chamada “propaganda negra” ou daquilo a que mais tarde os serviços soviéticos deram o nome de “desinformação”. Orwell conjugou estas duas fontes, de origem muito diversa, numa interpretação do valor da verdade, e da ideia de que quem controla as palavras controla as cabeças e o poder. A isto Orwell acrescentava algo que sabia estar ausente do mundo da ideologia, uma genuína compaixão pelos “danados da terra”, pelos que nada tinham, e é a eles que dá a capacidade de revolta: “If there is hope, it lies in the proles”.

Dois exemplos mostram a manipulação das palavras, que é hoje uma actividade especializada e lucrativa de agências de comunicação e publicidade, de assessores de imprensa e de outros amadores de feiticeiros na Internet, já para não falar dos serviços secretos: um, de há uma semana na América de Trump, o grande laboratório do Big Brother; e outro dos nossos anos do lixo, entre a troika e o Governo PSD-CDS. No primeiro caso, trata-se do interrogatório do candidato a juiz do Supremo Tribunal Ben Kavanaugh, em que as mesmas armas, espingardas de tiro automático ou semiautomático, são descritas como “armas de assalto” (“assault weapon”), pelos que defendem o seu controlo, ou como “espingardas de desporto modernas” (“modern sporting rifles”), como entendem os defensores da interpretação literal da Segunda Emenda, para quem o direito de ter, transportar e exibir armas é intangível.

O exemplo português é um entre muitos dos anos do Governo da troika-PSD-CDS, que começam a ser perigosamente esquecidos. Quando começaram os cortes em salários, pensões, reformas, despesas sociais, durante dois ou três dias, mesmo os membros do Governo usavam a expressão verdadeira de “cortes”. Depois, de um dia para o outro, e de forma concertada, deixaram de falar de “cortes” para falar em “poupanças”. O mais grave é que, como no mundo do Big Brother, a expressão começou a impregnar a linguagem comum, a começar pela da comunicação social, que nesses dias e nalguns casos até hoje mostrou uma especial capacidade de ser manipulada pelo “economês”. Leia-se pois o 1984, ou “releia-se”, que é a forma politicamente correcta de se dizer que se leu sem se ter lido, até porque é um livro que não engana ninguém logo à primeira frase: “Era um dia de Abril, frio e cheio de sol, e os relógios batiam as treze horas.”»
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21.9.18

O julgamento dos polícias de Alfragide




«Foi quando descrevia ao coletivo de juízes que se tinha passado dentro da esquadra da PSP de Alfragide, depois da detenção, que Flávio Almada começou a fraquejar. As palavras saíram-lhe já engasgadas quando contava que tinham sido atirados para o chão (ele e os outros três jovens que a polícia alega que tentaram invadir a esquadra) ao som de insultos racistas.»

Seguir o que se passa neste julgamento é absolutamente indispensável.
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Dica (813)




«Depuis l’arrivée au pouvoir de l’extrême-droite italienne, la politique migratoire s'est considérablement durcie. Pourtant, les Italiens ont eux-mêmes migré au XXe siècle en quête d'une vie meilleure. Certains ont fui les difficultés économiques, d'autres le régime autoritaire de Mussolini.»
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Rui Ramos



A direita, bem à direita, está desesperada e o exagero é tal que dá que pensar. Um dos seus grandes pensadores diz que a PGR foi «SANEADA». Os cogumelos andam marados.

(N.B. – Pessoalmente, não me chocaria nada se Joana Marques Vidal tivesse sido reconduzida.)
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«Cabesse», dr. Telmo Correia?



«Embora não nos CABESSE a nós», disse um senhor deputado do CDS, Telmo Correia de seu nome, a propósito da nomeação da nova Procuradora Geral da República.
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Dez anos de neoliberalismo mórbido



«O colapso do banco Lehman Brothers há precisamente dez anos simbolizou a eclosão da crise financeira que viria a dar origem à maior recessão mundial desde a Grande Depressão. Esta ficaria conhecida como a crise do sub-prime, em virtude da sua origem próxima nos incumprimentos ao nível dos empréstimos para habitação por parte de alguns dos segmentos relativamente mais pobres da população norte-americana. Com efeito, este segmento do mercado de crédito cedeu em primeiro lugar devido à sua especial vulnerabilidade. No período que antecedeu a crise, era comum nos Estados Unidos a concessão de empréstimos a mutuários de baixos rendimentos, com elevado risco de incumprimento e sem garantias reais (nalguns casos extremos conhecidos como empréstimos ninja: “no income, no job, no assets”) com vista à sua posterior titularização em combinação com empréstimos de menor risco. A ideia seria que o risco menor de uns compensasse o risco maior de outros, mas o processo de titularização e revenda sistemáticos fez com que o risco sistémico se tornasse cada vez maior e a vigilância fiduciária por parte das instituições de crédito cada vez menor.

No entanto, esta não é senão a primeira camada da explicação desta crise. Indo um pouco mais fundo, devemos recordar a evolução da política monetária norte-americana, que passou de muito acomodatícia nos primeiros anos deste século em resposta ao pessimismo decorrente da crise do dot.com e do 11 de Setembro a bastante contraccionista no período antes da crise. Entre 2004 e 2006, a taxa directora da Reserva Federal subiu de 1% para mais de 5%, o que terá desencadeado a catadupa de incumprimentos que levaria ao pânico generalizado e ao congelamento do crédito. Mas o Fed não esteve sozinho na adopção de uma orientação de política que, em retrospectiva, quase parece desenhada para provocar uma recessão: na zona euro, o BCE também subiu gradualmente a sua taxa directora de 2% para 4,25% entre 2005 e 2008.

Por outro lado, é também verdade que a crise financeira não teria tido as características ou a magnitude que teve sem a profunda desregulamentação do sistema financeiro que teve lugar nas décadas anteriores, cujo exemplo mais acabado terá sido provavelmente a revogação em 1999, pela administração Clinton, da Glass-Steagall Act, que datava do tempo da Grande Depressão e que impunha a separação entre as actividades de banca comercial e de investimento. Foi esta desregulamentação que permitiu a acumulação e ocultação de um risco sistémico cada vez maior a coberto de instrumentos financeiros cada vez mais bizantinos e opacos, sem contrapartidas adequadas ao nível da solidez das instituições financeiras.

Mais profundamente, porém, o enorme aumento do endividamento cuja insustentabilidade subitamente desvendada provocou a crise financeira não pode deixar de ser considerado uma consequência do projecto político de transferência de rendimento e restabelecimento do poder das elites cuja implementação remonta ao início da década de 1980 e a que damos o nome de neoliberalismo. Em grande medida, este endividamento sem precedentes correspondeu à reciclagem, sob a forma de concessão de crédito, da parte do rendimento crescentemente apropriada e acumulada pelas elites em resultado do aprofundamento da desigualdade. É nesse sentido que se pode afirmar que a crise financeira de 2007-2008 e a Grande Recessão que se lhe seguiu constituem a primeira grande crise do neoliberalismo: porque resultaram directamente da conjugação dos processos de desregulação, sobre-endividamento, financeirização e aumento da desigualdade que são característicos do neoliberalismo.

É a esta luz, mais do que com base na evolução conjuntural das taxas de crescimento, que faz sentido analisar até que ponto é que a economia global superou a crise. Se tomarmos como critério a alteração ou manutenção destes factores mais profundos, somos forçados a concluir que esta não foi ultrapassada. Embora a regulação e supervisão financeiras tenham sido aprofundadas tanto nos Estados Unidos como na Europa, a tendência actual é novamente de desregulação (por exemplo, com o processo em curso nos EUA de revogação de parte substancial dos requisitos introduzidos em 2010 pela Dodd-Frank Act em resposta à crise). E mais fundamentalmente ainda, nem os níveis de desigualdade, nem os níveis globais de endividamento, nem o enorme poder da finança sofreram qualquer tipo de redução significativa desde a crise – antes pelo contrário. A crise demonstrou os limites e vulnerabilidades do neoliberalismo, mas ao contrário do que chegou a supor-se não o pôs verdadeiramente em causa. Entretanto, a nível político, as ondas de choque da Grande Recessão incluíram a chegada ao poder por parte de um conjunto diverso de líderes de perfil iliberal e autoritário, na maior parte dos casos cavalgando o descontentamento popular resultante da própria crise. Porém, independentemente do carácter frequentemente populista dos seus discursos, as agendas políticas destes líderes continuam a servir as elites, muitas vezes de forma especialmente agressiva, pelo que eles próprios não deixam de contribuir para acentuar os factores profundos da crise. São, no fundo, sintomas mórbidos de um regime velho que resiste enquanto o novo não consegue nascer.»

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20.9.18

Aliança?


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Para ver e ler – devagar, do princípio ao fim




«China is building a digital dictatorship to exert control over its 1.4 billion citizens. For some, “social credit” will bring privileges — for others, punishment.»
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Super UBER?



Já contei isto em tempos, mas é impossível não recordar nos dias que passam.

Quando andei pelo Turquemenistão e Cazaquistão, disseram-me logo que havia táxis oficiais mas muito poucos. Mas que, em contrapartida, qualquer cidadão pode ganhar uns extras e transportar quem esticar o braço à beira do passeio. Fi-lo várias vezes, paga-se menos de metade do que nos táxis e funciona.

«Não é perigoso?», perguntei quando me explicaram o esquema. «Não, as prisões são tão más que ninguém quer ir lá parar». Outros mundos…
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Portugueses na Guerra Civil de Espanha




«Na reportagem "A guerra também foi nossa", a RTP conta histórias inéditas de portugueses que, apesar de não terem ido para a frente de batalha, foram fuzilados ou desapareceram às mãos das forças franquistas.
Oitenta anos depois percorremos a raia luso-espanhola, da Galiza ao Alentejo, do Minho à Andaluzia e resgatámos as histórias destes portugueses. Encontrámos ainda os seus descendentes, filhos, netos, famílias destroçadas pelo horror da guerra.»

(Com vídeo e várias imagens.)
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O FMI, a Comissão Europeia e a direita portuguesa



«Os relatórios das instituições internacionais sobre a economia e a política económica em Portugal são desde há vários anos uma presença permanente do debate público nacional. Uma ou duas vezes por ano, o FMI, a Comissão Europeia (CE), a OCDE e o Banco Central Europeu (BCE) - para referir apenas os mais relevantes - pronunciam-se sobre a situação económica do país, sobre as medidas de política que têm vindo a ser adotadas pelas autoridades nacionais, sobre os problemas que persistem e sobre os riscos que se colocam no futuro próximo. As análises que apresentam e as recomendações que emitem ocupam sempre um lugar destacado na comunicação social no momento em que são publicadas e chegam a marcar o debate político durante meses.

Tradicionalmente, os relatórios das instituições internacionais favorecem as abordagens mais conservadoras à política económica. O pressuposto de que partem pode ser resumido assim: a maioria dos países, em particular as pequenas economias abertas como Portugal, dependem fortemente do financiamento externo para investir e dependem da procura internacional para produzir e criar emprego; como tal, a política económica dos governos nacionais deve centrar-se na atração de investidores e em garantir a competitividade do setor exportador. Por outras palavras, o Estado deve ser posto ao serviço da globalização dos capitais e do comércio.

Este pressuposto traduz-se nas habituais recomendações das instituições em causa, a saber: uma política monetária independente, focada na estabilidade dos preços e das taxas de câmbio, para proporcionar aos investidores um horizonte de previsibilidade (no caso dos países da zona euro isso considera-se assegurado pela transferência de soberania monetária para o BCE); uma política orçamental de saldos tendencialmente nulos ou positivos (conforme inscrito nas regras da UE), para minimizar os riscos de perturbações financeiras futuras; uma política fiscal centrada na redução e na estabilidade dos impostos sobre os lucros, assegurando a remuneração dos investidores; uma política laboral que garanta a contenção dos salários e a flexibilidade das relações laborais, para preservar o retorno do investimento e facilitar o ajustamento a choques económicos (especialmente nos países que não controlam a política monetária e cambial, como acontece na zona euro); e uma política social (educação, saúde, proteção social) contida, para não "sobrecarregar" os contribuintes (em particular as empresas) e permitir a redução rápida das responsabilidades do Estado em caso de deterioração da situação económica.

Tais recomendações têm-se traduzido, na prática, na redução do papel do Estado nas economias, na degradação e privatização parcial do Estado social, bem como na desregulamentação das relações laborais, diminuindo assim a capacidade negocial dos trabalhadores. Estes são elementos essenciais da agenda conservadora que se difundiu por grande parte dos países do mundo nas últimas décadas, tendo instituições como o FMI, a CE, a OCDE ou o BCE desempenhado um papel instrumental nessa difusão. No caso português, aquelas orientações foram particularmente visíveis no contexto do "programa de ajustamento" que esteve em vigor entre 2011 e 2014, mas começaram a ser emitidas muitos anos antes.

Ao longo dos anos, os relatórios das instituições internacionais ajudaram, assim, a promover as posições do centro-direita em Portugal, que se habituaram a ter nestes relatórios uma base de legitimação para o seu programa de política económica.

É por isso um pouco surpreendente a leitura dos recentes relatórios da CE e do FMI sobre Portugal. Neles encontramos, é certo, a valorização dos temas habituais: a consolidação orçamental, a flexibilidade laboral, a sustentabilidade da Segurança Social, entre outros. Isto é suficiente para manter a pressão sobre a política nacional. No entanto, não chega para facilitar a vida à oposição de direita no atual contexto.

De acordo com os relatos feitos pelo FMI e pela CE, o governo português pretende prosseguir uma estratégia orçamental baseada: na moderação (e não em cortes) de salários e contratações na função pública; numa maior eficiência do Estado (e não na redução dos serviços coletivos prestados); e na redução dos juros, por via da credibilidade dos objetivos orçamentais (e não da redução da despesa). Afirmam ainda as instituições internacionais que as autoridades nacionais pretendem promover a competitividade da economia através de fatores não custo (qualificações, inovação, orientação exportadora) e não da redução dos custos salariais ou fiscais. E que pretendem assegurar a sustentabilidade da Segurança Social através da diversificação de fontes de financiamento (e não da redução de direitos). Ao contrário de outros tempos, as instituições internacionais não contestam estas orientações centrais da atual política económica do país.

Podemos encontrar diferentes razões para a anuência do FMI e da CE face às opções nacionais, mas uma coisa é evidente: no momento atual, a oposição de direita não pode contar com estes aliados tradicionais. Até que a maré mude, a tradição já não é o que era.»

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19.9.18

Dica (812)



Lessons From The Greek Tragedy Unlearnt (Simon Wren-Lewis)
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19.09.1975 – Posse do último Governo Provisório




Discurso de Pinheiro de Azevedo, primeiro-ministro:

«Como o senhor Presidente da República, também eu rejeito a social-democracia como objectivo final da revolução. (…) Admitimos partidos que defendam a social-democracia, com os quais consideramos ser necessário e útil colaborar, sem, no entanto, lhes permitir tomar a direcção política do processo revolucionário.»

Ver mais AQUI.
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Legendas para quê


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O enlevo de Marques Mendes pela maioria absoluta



Francisco Louçã no Expresso diário de 18.09.2018:

«Marques Mendes, um dos dois únicos comentadores políticos na televisão generalista de canal aberto e em horário nobre, a par de Paulo Portas (um terceiro, Júdice, passou recentemente para o canal cabo da sua estação), usa o seu poder com intensidade, arte e manha. Não seria de esperar nada de diferente e cumprimento-o por isso. Para mais, sendo tão conhecida a sua inclinação partidária, dado que foi presidente do PSD, é um comentador que não se esconde atrás de um biombo de santarrona imparcialidade. Essa assunção da sua cor política é uma forma de respeitar os espectadores.

Mas a surpresa vem do que diz. Naturalmente muito concentrado no acompanhamento do seu partido, que desconfiava de Santana Lopes e não gostava de Rui Rio sempre esteve bom de ver. Que por isso atende com alguma indiscreta volúpia aquelas viragens de sentimentos nas reuniões laranjas, tantas vezes sopradas pelos próprios para encherem as sinaléticas de algumas gazetas, isso também é evidente no seu comentário. O que menos se esperaria é o interesse e até o desvelo com que milita em prol da maioria absoluta do PS.

Esse empenho é indesmentível. Marques Mendes pode num domingo embandeirar em arco com uma sondagem que dá o PS a subir, mesmo que longe da miraculosa maioria, mas ignorará depois a sondagem seguinte, que sempre bafejara o partido mas que agora o dá por mais afastado dessa meta. Mendes carregará nas dissensões do seu próprio partido e, suprema ironia, indiscretamente até elogiará Santana pela escolha do enviesado nome de Aliança para a sua aventura, pois elas e ele favorecem o propósito maioritário. Mendes procurará informação, conselho e até conforto junto de fontes autorizadas do primeiro-ministro, pois isso lhe permite fazer anúncios antecipando medidas do governo, o que convém a uns e a outros, mas vai mais longe, assumindo ousadamente as dores das polémicas do executivo, vergastando os críticos de Costa e elogiando as manobras do executivo. Se o PS menospreza os seus parceiros, Mendes desprezará; se o PS os denigre, Mendes metralhará. Ele terá sempre o adjetivo mais afiado, a acusação mais grave e a sentença mais definitiva. Se há debate, Mendes ficará sempre costista, até mesmo cesarista se a tanto for impelido.

Vai nisto uma lógica coerente. A direita que conta, a dos chefes de empresas, da finança, dos bastidores e das pontes entre esses e a política, a dos fundos imobiliários, a das instituições europeias, toda essa gente já desistiu do PSD nestas eleições de 2019 e não leva a sério nem Assunção Cristas nem muito menos Nuno Melo. Assunto encerrado, esses partidos ou o tal salvador que é convocado ritualmente pelas preces do Observador e de alguns iluminados filhos de Hayek e Reagan, nenhum deles tem préstimo para servir esta elite tão habituada aos carinhos do Estado, os primeiros por fraqueza e o outro por constrangedora inexistência. O PS é o único partido em que confiam para esses favores.

Só que, para cumprir, o PS tem que se livrar da corja de esquerda que obriga a entendimentos contra privatizações, ou a não acelerar as bondosas parcerias público-privado, ou que convoca os fundadores para proteger o Serviço Nacional de Saúde das benesses de um mercado tão ansioso. Aquela esquerda que só pensa em gastar dinheiro com políticas sociais e em diminuir os generosos benefícios fiscais que, como toda a gente sabe, são o motor do desenvolvimento, essa é a razão das nossas dificuldades. Contra tal plebe, o PS precisa da maioria absoluta para cumprir o desígnio de ser o que a direita deseja para o governo deste país à beira-mar plantado. E, sabedor, Mendes atira-se à tarefa, com alto gabarito. Até se arrisca ao paradoxo e suprema ironia de atacar Rio por não ser alternativa a Costa, enquanto defende a omnipotência de Costa contra qualquer putativa alternativa.

Mas que o faça com um ano de antecedência, não lho aconselharia, se bem que o PS cometa o mesmo erro. É precipitação, é tempo demais, as sarrafuscas de agora vão ficar esquecidas, nem se pode manter durante tanto tempo a telenovela. A emoção, a informação plantada, a dúvida, a insinuação, tudo isso tem que atuar depressa, atacar com estrépito, e quem é que aguenta tamanha intriga por um ano inteiro? Os advogados da maioria absoluta estarão um ano a desdizer-se, que isto vai tão bem e que por isso é preciso mudar de estilo de governação, que foi um sucesso e que por isso é precisa uma maioria absoluta para acabar com a confusão, que uma maioria absoluta não é nada parecida com a do anterior governo do PS, por ser aberta como a geringonça, e por isso mesmo ela tem que acabar. Tudo errado. A luta pela maioria absoluta devia ser discreta e mesmo Marques Mendes, que só pode falar com fanfarra pois vive numa televisão, devia entender que o seu costismo é pícaro demais. Como sempre, a ânsia de servir a causa maiorista pode ser contraproducente. Alguém quer um ano a ser industriado pela pose da salvífica maioria absoluta?

Por tudo isto, até sugiro a Catarina e a Jerónimo de Sousa que agradeçam a Marques Mendes. Enquanto ele prossegue a sua cruzada basta-lhes virarem-se para os eleitores e eleitoras e perguntarem candidamente: é mesmo isso que querem?»
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18.9.18

Homenagem póstuma a Kolontár e Devecser



«Nunca esquecerei a imagem de um rio vermelho que rasgava a planície branca. Foi em junho de 2011, quase nove meses depois da tragédia que atingiu Devecser e Kolontár, duas localidades deixadas ao esquecimento na Hungria.

Em outubro de 2010, já no mandato de Viktor Orbán como primeiro-ministro de novo, Devecser partiu-se ao meio cerca de 40 minutos depois de ter rebentado o reservatório que armazenava os detritos tóxicos de uma fábrica de alumínio das redondezas. Uma parte da localidade foi literalmente varrida por ondas tóxicas de dois metros de altura. As mesmas que, já com menos força, haviam de chegar a Kolontár e tingir as suas terras de vermelho. Na altura chegaram-nos algumas, poucas, imagens da tragédia das lamas vermelhas. Orbán presidia também à União Europeia nesse momento e nada podia manchar esse exercício, nem mesmo as mortes, as pessoas hospitalizadas ou as vidas destruídas pela tragédia.

No Parlamento Europeu tentámos várias vezes agendar o debate, mas de todas as vezes fomos silenciados pelo acordo de cavalheiros. Foi assim que decidi ir à Hungria e visitar as populações afectadas. (…)

O voto desta semana para sancionar o governo húngaro foi um voto pela defesa dos direitos humanos mais básicos e fundamentais. Aplicar sanções à Hungria não tem que ver com sermos mais ou menos críticos da actual norma vigente na União Europeia. Tem a ver com dignidade e o respeito pelos valores universais. Quando já nem isso tivermos, não nos resta nada. Também assim espero ter homenageado as famílias de Devecser e Kolontár.» 

Marisa Matias
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RTP? Cada vez melhor...



Não quero acreditar que a RTP tenha confundido os dois Francos – o espanhol e o «nosso». E daí... não sei, não.
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Angola: assim é que tinha sido perfeito


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E se Trump diz alto o que muitos pensam calados?



«O mundo é um lugar mais estranho, mais perigoso e mais complexo visto de um congresso de jornalistas em Austin, no Texas - onde estou por estes dias. Sobretudo na semana em que Bob Woodward editou o livro sobre a administração Trump, um relato da loucura que se vive na Casa Branca a que o autor chamou, sem pejo, Fear, Medo. E na ressaca da publicação pelo The New York Times do artigo anónimo de dentro da própria administração, em que o funcionário que o escreveu relatava um "estado de sítio".

Estes dois episódios são os mais recentes na guerra em que os media e Donald Trump entraram. Cada um dos lados tem usado as armas à disposição. Trump aproveitando algum descrédito do jornalismo e a fragilidade financeira das empresas de media desde que a concorrência de outras fontes de informação, como as plataformas e redes sociais, se tornou feroz. Os jornais amplificando todas as falhas, ridículos e exageros de uma figura caricatural e pouco ortodoxa. Os jornalistas estão acossados, os políticos e poderosos esfregam as mãos, o povo assiste na bancada.

Nunca se falou tanto em verdade num congresso de jornalistas. Dantes, não era preciso. Era a ordem natural das coisas. Os jornalistas perseguiam-na, os leitores acreditavam. Agora, com tantas versões da realidade a circular no inferno informativo, voltou a ser. "Sim, há uma verdade e uma mentira, sim, há factos e não, não há verdades alternativas, e uma notícia falsa, simplesmente não é notícia, é uma mentira", quase gritava Evan Smith, o fundador do Texas Tribune, um jornal online que só cobre política e políticas públicas e que apareceu para combater o que aqui se designa por deserto informativo - quando os grandes grupos abandonaram os pequenos mercados.

Fechados num hotel de Austin, no congresso da Online News Association, os jornalistas podem ter tendência a fazer aquilo que nas redações é um dos pecados capitais - olhar o mundo do seu ponto de vista. E o do público? Os cidadãos? Trump grita alto o que muitos pensam em surdina? E se tudo o que aqui, nos EUA, se vive tão à flor da pele seja o que se passa em todo o mundo de forma mais ou menos subterrânea?

A crise dos media é apenas um sintoma. Não é apenas a crise do jornalismo, é a crise da própria noção de democracia e do que os cidadãos querem fazer com ela, e nela. O jornalismo está a definhar, é certo - os dados da Pew mostram que há, hoje menos 23% dos jornalistas que havia há dez anos. Mas isso só acontece porque as pessoas, os consumidores e cidadãos, não valorizam o jornalismo - e não estão dispostas, por exemplo, a pagar por esse "serviço". Se quisessem escrutínio, como querem cervejas ao final da tarde num dia de calor, pagavam o escrutínio como pagam as cervejas. Se quisessem a verdade, e não mais uma versão do achismo, quanto mais escandaloso melhor, talvez estivessem dispostas a recusar o isco de cliques das notícias "mais ou menos" verdadeiras, mais ou menos ficcionais. O mesmo estudo do Instituto Pew mostra que 57% dos que veem notícias através das redes sociais esperam que sejam "altamente pouco rigorosas".

O jornalismo não está isento de culpas - por se ter distanciado do que as pessoas precisam, por se ter fechado em castelos de cristal, por ter estado mais perto do poder do que das pessoas, por não ter sido sempre rigoroso nem ter usado a integridade como o seu modelo de negócio. O que até é estranho, sendo que a vontade de ser jornalista envolve sempre uma missão altruísta, como dizia Dan Rather numa sessão: "Querer ser parte de algo maior do que só nós próprios, parte de alguma coisa que conta, que importa e se importa." Mas que ninguém tenha dúvidas. Como diz o The Washington Post, a democracia morre na escuridão. E é missão de todos iluminá-la.»

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17.9.18

Dica (811)



Construir puentes!, no muros! (Federico Mayor Zaragoza) 

«En las últimas tres décadas, gracias en buena medida a la tecnología digital, podemos expresarnos libremente y saber lo que acontece en todas partes. Ahora “nosotros, los pueblos” por primera vez en la historia somos mujer y hombre, y tenemos voz. No podemos ser cómplices. No debemos seguir indiferentes e insolidarios. Vamos a construir puentes y derribar muros. Si no lo hacemos, si no aprendemos las lecciones de la historia, seremos culpables… “Fingí que no sabía… y ahora voy con mi conciencia a cuestas, insomne noche y día”.
Sabemos. Actuemos. La indiferencia, nos advierte Rosa Montero, es una indignidad.»
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Marcelo: o ridículo não mata, essa é que é essa



Marcelo confunde professores com marinheiros do tempo das descobertas ou algo assim.


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E quanto à China: surpresa?




«Os 10 primeiros lugares são agora ocupados por Nova Iorque, Londres, Hong Kong, Singapura, Shanghai, Tóquio, Sydney, Beijing, Zurique e Frankfurt. (…)
O relatório indica também que nos 10 principais centros financeiros globais, a região da Ásia-Pacífico conta com seis, a região da Europa Ocidental com três, e a região norte-americana com apenas um.»
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Pedrógão Pequeno



«De um dia para o outro Pedrógão Grande transformou-se em Pedrógão Pequeno. Não foi um truque de magia: tratou-se, simplesmente, de destruir, sem piedade, um símbolo de solidariedade em nome da esperteza gananciosa.

Algo que parece típico neste país. Quando face a tantas questões inquietantes sobre a validação dos processos das casas por reconstruir o presidente da câmara municipal local, Valdemar Alves, apenas diz: "Se punham lá primeira habitação, como podemos dizer à pessoa que não era?", que responder? Investigando, talvez.

Num país em que, para tudo, o Estado pede certificados, comprovativos e demais papéis para satisfazer a sua burocracia, dar dinheiro de portugueses solidários para reconstruir casas sem verificação é algo que se faz levianamente? Pelos vistos, é. Só se comprova o que dá jeito. Portugal sempre foi um refém feliz da corrupção. O exemplo vem de cima porque Portugal é um país de desconfiados. Desconfiamos sempre dos suspeitos do costume. E dos outros.

Os portugueses conseguem, ao mesmo tempo, desconfiar dos políticos, dos polícias, dos árbitros, dos professores e dos médicos. Em contrapartida há uma desconfiança muito mais sinistra. O Estado desconfia dos portugueses. Desconfia que estes não pagam impostos e que se esquecem de pagar o estacionamento. Investiga-os.

Mas parece que isso só se aplica aos pacóvios. No que é importante verificar, o Estado esquece-se de o fazer. Ou cria condições para que isso não seja feito. Agora ninguém responsável sabe o que quer que seja. Não se compreende é como, num país que faz tanta filtragem, com medo de alguém estar a aldrabar o Estado, casas de segunda ou terceira habitação, ou simplesmente abandonadas, tenham sido abençoadas com dinheiro dos cidadãos crentes.

A burocracia e a inércia fazem parte do Estado e também dos partidos políticos que convivem com este mundo paralelo. Mas se rapidamente não se assumir uma terapia de choque, o Estado e os partidos que não se demarcam deste triste estado das coisas acabarão condenados a uma irrelevância que acabará por consumi-los.»

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16.9.18

Dica (810)




«Twenty-first century European politics has been characterised by patterns of electoral volatility, alongside the recent economic and ongoing refugee crisis. This has allowed ‘populist’ parties on both the right and left to capitalise on the electoral failure of mainstream centre left and right parties.»
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Caçar refugiados




«"Hoje é um bom dia para ir à caça", e Dinko Valev, 31 anos, avalia o céu - está mais limpo do que uma rua escandinava. É ele o dono deste ferro-velho e é com o dinheiro que aqui fatura que financia o exército paramilitar de que é líder - e que denominou de Movimento Nacionalista Búlgaro.

"Comecei sozinho há três anos a vigiar a fronteira de moto todo-o-terreno. Agora somos 50 homens, temos sete tanques e um helicóptero." O que é que fazem exatamente? "Caçamos refugiados, na Bulgária é um desporto", diz ao DN. "Chamem-lhe migrantes, chamem-lhe refugiados, chamem-lhe o que quiserem, que para mim eles são potenciais terroristas que põem a Europa em perigo. Não os podemos, nem vamos, deixar entrar."»
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Os robôs vão mesmo roubar-nos o emprego?



«As contas podem ser feitas de várias formas. Nenhuma favorece os humanos na guerra contra os robôs pela manutenção dos postos de trabalho. O Fórum Económico Mundial antecipa que os avanços da robótica e da inteligência artificial colocarão cinco milhões de profissionais no desemprego até 2020. A Universidade de Oxford defende, que nos próximos 25 anos, 47% dos empregos que hoje conhecemos podem desaparecer. A consultora EY avança que, em sete anos, um em cada três postos de trabalho serão substituídos por tecnologia inteligente e os vários estudos que a Deloitte já realizou sobre o tema referem que, até 2030, 40% dos empregos atuais não existirão.

Mas é o próprio partner da Deloitte em Portugal, Sérgio Monte Lee, a aconselhar prudência na análise. Como em todas as revoluções, também nesta a análise não pode ser feita apenas a partir de uma das perspetivas, a eliminação de postos de trabalho. É preciso refletir sobre a natureza dos empregos extintos e sobre a tipologia dos novos empregos que a automação ajudará a criar. Um dos estudos mais citados sobre o futuro do emprego, de Carl Frey e Michael Osborne (2014), demonstra que as profissões que enfrentam maior risco de substituição estão sobretudo associadas ao desempenho de tarefas rotineiras e braçais, mas não necessariamente pouco qualificadas.

A prática demonstra que a tecnologia está também a substituir profissionais qualificados, como contabilistas, analistas de crédito, bancários e outros que exercem funções complexas mas repetitivas. Mas nem por isso a qualificação deixará de ser relevante no futuro. O estudo da Deloitte reforça que os novos empregos a criar serão forçosamente mais qualificados, requererão uma reciclagem técnica constante e um leque de competências comportamentais-chave como a capacidade de resolução de problemas complexos, a criatividade e o raciocínio matemático, sem esquecer a inteligência emocional (a tal que nos distingue das máquinas).

As máquinas continuam a necessitar de humanos que as operem. Pelo que a cooperação entre homens e máquinas no mercado de trabalho afigura-se como o caminho mais certo e até os empresários já o reconhecem. “82% dos líderes empresariais esperam que as suas forças de trabalho humanas e tecnológicas funcionem, em equipas totalmente integradas, nos próximos cinco anos”, conclui um estudo da Dell realizado a 3800 líderes de empresas globais.

Revolução transversal

Na verdade, os impactos da inteligência artificial no emprego vão já muito além da substituição do homem pela máquina. Não é só o emprego que está a mudar, mas também o modo como procuramos emprego e os processos de recrutamento em si. A inteligência artificial já ganhou terreno na identificação de candidatos, na triagem de currículos e até numa das mais essenciais e críticas etapas do processo de seleção, a entrevista.

Se durante décadas a maior preocupação de um candidato era criar um currículo capaz de passar no crivo do diretor de Recursos Humanos, a tecnologia alterou isso. Há cada vez mais empresas a substituir a triagem manual de currículos (e até a validação das informações dos candidatos) pelo uso de algoritmos que aceleram o processo. Na fase da entrevista, momento determinante do processo de seleção, os robôs também já estão em destaque. O robô Vera, criado por uma startup russa em 2017, é já utilizado por gigantes como a Ikea, L’Oréal e PepsiCo, Microsoft, Burger King e Auchan para entrevistar candidatos — humanos! — em processos de recrutamento. Isto dispensa a intervenção humana dos especialistas em recrutamento e seleção? Ainda não, mas já lhes coloca tantos desafios como aos candidatos. A questão de fundo não é se os robôs vão ou não eliminar postos de trabalho. É se os humanos estão preparados para ‘coabitar’ com os robôs nas várias dimensões da sua vida.»

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