Um grande texto de São José Almeida no Público de hoje (sem link):
«Venho publicamente discordar da grande maioria dos que têm criticado os autores de um estudo, divulgado pela comunicação social, que prevê cortes na oferta de transportes, dizendo que estes autores não percebem nada do que estão a fazer. Percebem, sim, muito. E não só de transportes.(…)
Há razões estratégicas e ideológicas para o tipo de cortes estudado, numa conjuntura como a que se vive em Portugal e na Europa. Este tipo de opções foi tomado em locais onde foi aplicada a chamada “receita de austeridade”, de orientação neoliberal, como aconteceu na Argentina e antes no Chile de Pinochet – a primeira experiência histórica do neoliberalismo em acção para inverter o funcionamento de uma sociedade democrática.(…)
O objectivo de tal estratégia é cristalino e está inscrito de forma transparente no estudo divulgado. É afastar do centro das cidades, do centro do poder de decisão política e económica, a contestação. É retirar do centro das cidades fora do normal horário laboral, em que são necessárias ao funcionamento da economia, as populações que aí podem manifestar-se, amotinar-se, revoltar-se contra esse mesmo poder.(…)
Quem domina o poder e impõe à Europa as novas regras de empobrecimento forçado das populações e de perda de direitos, em favor do aumento do lucro das grandes empresas financeiras e dos donos do mundo e suas aristocracias reinantes, sabe que está a correr um risco imenso e que está a brincar com o fogo em termos de estabilidade social. Sabe que está a provocar a instabilidade e o fim da paz social conseguida pelo pacto social europeu do pós II Guerra Mundial.»
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