Não é por acaso, nem por obstinação, que tanto se tem falado da Grécia neste blogue. É porque a importância do que se vai lendo se impõe e porque se descobrem novas perspectivas, todas gravosas para a hipótese de uma saída feliz da situação dramática em que aquele país se encontra.
Alguns excertos:
«Os líderes europeus preparam-se para dar a enésima resposta “definitiva” à crise do euro. Depois dos banqueiros, até os chineses e os americanos, cujas moedas nada têm a ver com este assunto, vieram pedir o reforço do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF).
A verdade é que ninguém quer correr o risco de a Grécia entrar em falência. Resta saber, no entanto, se não será ainda mais assustadora a via que os líderes europeus se preparam para tomar. Porque nunca se fala no verdadeiro problema da Grécia e ainda menos no remédio. (…)
“Deixar” a Grécia sair da zona euro em troca de um perdão da sua dívida poupar-nos-ia um pesado fardo financeiro no futuro. Isso significaria, no entanto, deixarmos a classe média grega a confrontar-se, sozinha, com o seu próprio país. Ora, devemos preocupar-nos com o bem-estar dos cidadãos gregos, que são as principais vítimas do caos administrativos do país.
A classe média grega está disposta a pagar impostos, como todos os outros europeus. Mas o grego médio não tem vontade de os pagar, porque sabe que o Estado vai fazer desaparecer, rapidamente, esse dinheiro nos bolsos dos membros da família que estiver no poder e dos amigos do regime. Os euros que chegaram ao país nos últimos anos adormeceram a população grega: toda a gente teve direito a uma pequena parte e os jovens verdadeiramente ambiciosos partiram discretamente. Mas, agora, a tensão aumenta. Mais euros só servirão para adiar a luta social indispensável no país. (…)
Atenas não é Bagdad, mas não minimizemos a dificuldade de por em marcha uma democracia que funcione bem. No entanto, é por aí que passa o encontrar de uma solução para esta tragédia grega. Ao contrário da tradição teatral, ainda é possível um final feliz. Exige ainda mais determinação por parte da Europa e, sobretudo, um grande sentido da realidade.»
Entretanto, nas ruas:
E, para hoje, está convocada
uma grande manifestação contra a austeridade.
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