14.1.17
Temos o Trump que merecemos?
«Depois de Soares, não há mais espaço para a política. A frase, de um amigo emocionado com a morte de Mário Soares e seu admirador próximo, deixou-me a reflectir. Arrogância? Não, só tristeza, imensa tristeza, pensei primeiro. (…)
Mas será só isso? Não haverá também, nos últimos combates de Soares contra a troika, pelos direitos constitucionais que a austeridade estava a sabotar, contra o império financeiro e contra a dívida, um sentimento de desespero, de fim do tempo, de perigo abissal? Sozinho, sem o seu partido que então lhe virava as costas, satisfeito com as companhias mais militantes à esquerda, não estaria Soares a desafiar o afundamento que temia? Depois de uma vida da “Europa connosco”, como não reconhecer que ele sabia que estava a confrontar as instituições e as regras europeias em que ainda acreditava e a fincar o pé numa trincheira de resistência? (…)
Para nós todos, mudou a condição em que a democracia é a nossa condição. Ou seja, a sistémica transferência de soberania para a União Europeia, consagrada a um projecto de divergência que prossegue como um rolo compressor, impôs a deformação da política, provocando uma contradição insanável entre quem tem a legitimidade mas não o poder (as autoridades nacionais) e quem tem o poder mas não a legitimidade (as autoridades europeias). Ou seja, a democracia, a que vota, a que devia decidir, a que responsabiliza os poderes, passou a ser cerimonial. (…)
A eleição de Trump é um sinal de que a resposta bem pode ser temível. É que há uma política que sobra, a que ladeia a democracia para promover a irresponsabilidade. Trump, como aqui lembrou Miguel Esteves Cardoso, é um troll que tem orgulho em comportar-se como tal. Se está vulnerável pela revelação da sua rede de negócios russos, se cresce a dúvida sobre se a Casa Branca é hoje o paradoxo da vingança da Guerra Fria, se se pergunta quem são os bilionários que fizeram renascer a sua campanha acentuando a deriva autoritária, Trump reage reafirmando tudo o que é. E Trump é a agonia da política.
São tempos de desespero, estes que nos dão esta liderança em Washington. Não que não tenha havido dos piores, as guerras foram todas criadas por presidentes com pedigree. Mas este diz que quer ser a imagem degradante de si mesmo. Começou a Era Trump e vai haver mais como ele.»
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13.1.17
Dica (478)
What do we know about Donald Trump’s outrageous “dossier”? Almost nothing — except that it exposes his most serious weaknesses. (Amanda Marcotte)
«Credibility matters for politicians — maybe not today and maybe not tomorrow. But one day there will be a story out there about your paying prostitutes to do unhygienic things in some distant hotel room. On that day, you are going to really want some public credibility to bolster those denials.»
. Ranking de enterros
«Anda por aí uma febre de rankings. Tudo tem um top por mais fundo que seja. Vão de um extremo ao outro: do ranking de escolas ao ranking das juventudes partidárias. Mas, desta vez, decidiram ir mais longe. A SIC andou durante dias a contar se havia poucas pessoas nas ruas nas cerimónias fúnebres de Mário Soares e a comparar o número com outros funerais. Um ranking dos sete palmos debaixo da terra.
Comparar enterros é muito família Addams. (…) Pegando nesta lógica ilógica, o funeral do Doutor Sá Carneiro teria de ser comparado com o da equipa do Chapecoense.
Na SIC, em termos de participação nas cerimónias fúnebres de Mário Soares, apenas faltou comparar o número do sindicato das funerárias com os números do Estado. (…)
O problema é que este tipo de top é redutor uma vez que, além de tentarem contar quantas pessoas iam velar o morto, os nossos jornalistas e comentadores, decidiram dividi-las em categorias. Havia os "curiosos", o "povo", "as elites", "os populares", os "íntimos", etc. Por exemplo, o primeiro lugar do top de enterros com mais "curiosos" penso que vai para o do Carlos Castro. Sinto falta do clássico - o enterro que teve mais gajas boas. Aí, aposto no da Cesária Évora.
Helena Matos definiu as pessoas que iam homenagear Soares como as "elites". Lamento, Doutora Matos, mas as elites não gritam "Soares é fixe!" - as elites não dizem "fixe". As elites, à passagem da urna, gritam "Soares é uma figura incontornável!"
O triste espectáculo da comparação e do insistir no "estava pouca gente" (o PS devia ter contratado figurantes paquistaneses) foi apenas isso, triste. Eu tenho a teoria que, se estava pouca gente, foi porque não dava para o presidente Marcelo estar em todo o lado ao mesmo tempo. Onde está Marcelo, há povo. E vice-versa.
Durante todo o dia, estive à espera do momento em que uma entrevista a popular (curioso, povo, transeunte) viesse repor a verdade dos factos:
Jornalista - Veio prestar homenagem ao Doutor Mário Soares?
Popular - Não, que horror. Detesto enterros. Vim ver se tiro uma selfie com o Professor Marcelo.»
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12.1.17
Quem ainda por cá andar que se cuide a si próprio…
«É um sério aviso para os decisores políticos: nas próximas décadas, a população dependente, com limitações no seu dia-a-dia devido a problemas de saúde e a necessitar de cuidados de longa duração, vai aumentar substancialmente em Portugal. Em 2060, calcula-se que 1,1 milhões de pessoas vão estar nessa situação.
Tendo em conta o decréscimo populacional estimado (as projecções apontam para 8,2 milhões residentes em Portugal em 2060), mais de 13% da população estará então dependente de cuidados de terceiros. Este cenário preocupante é traçado num relatório da Comissão Europeia sobre cuidados de saúde, cuidados de longa duração e sustentabilidade das contas públicas, que esta quarta-feira foi debatido na Nova School of Business and Economics, em Lisboa.
Nas próximas décadas, devido ao acelerado envelhecimento e inovação tecnológica, Portugal será um dos países onde as despesas com saúde mais crescerão, 2,5 pontos percentuais do PIB (Produto Interno Bruto) contra 0,9, na média europeia. O que, conjugado com o previsível débil crescimento económico, ameaça pôr em risco a sustentabilidade do sistema de saúde, que inclui o Serviço Nacional de Saúde (SNS).»
. Dickens e a dívida nacional
«É um labirinto sem saída: Portugal emite dívida para pagar os juros da dívida acumulada. Joga com os juros e, de vez em quando, faz uns pagamentos antecipados para poupar uns trocos.
Aperta o cinto do défice, mas não cresce o suficiente para ir ceifando a dívida pública medonha que cresceu como num campo de trigo sem dono. O FMI engorda: paga-se, pelos vistos, juros de 4,6% a uma entidade que tem uns técnicos que, de vez em quando, repetem como papagaios o que leram nos livros dogmáticos da instituição. Pior ficam sempre os portugueses: só este ano têm de pagar aos credores 8,3 mil milhões de euros em juros, qualquer coisa como 4,3% do PIB. Nem o rei da matemática conseguiria um saldo zero com estas variáveis. Como já não há ouro do Brasil nem pimenta das Índias, Portugal fica de mão estendida à espera que a DBRS não esteja enjoada e que o BCE emita moeda. É uma triste sina para o país. E não vamos lá com a tentativa de, através de baixos rendimentos, nos tornarmos o Bangladesh da Europa, como alguns desejavam.
Portugal é a Little Dorrit da Europa. Basta ler "Little Dorrit", uma obra de Charles Dickens que poderia ter tudo que ver com os dias de hoje. Nela Amy Dorrit vive numa prisão para detidos por questões financeiras, Marshalsea, onde o seu pai está encarcerado desde antes do seu nascimento. "Little Dorrit" é um livro sobre dinheiro e estatuto. Sobre os empréstimos a pessoas que não o têm e que nunca o poderão pagar, como William Dorrit, que gastam o que não têm. Esbanjámos, é certo, com a bênção de José Sócrates. Mas custa ver este país, que poderia ser um pequeno paraíso com sol e mar, perdido num destino que não controla. A história da nossa culpa colectiva é conhecida e é contada aos meninos do Norte da Europa, que acham que no Sul só existem mandriões e pedintes do seu dinheiro. Não se olha para o outro lado da moeda que adoptámos e que fez a fortuna do Norte e a miséria do Sul. Mas, claro, não é assim que deixamos de ser a pequena Amy Dorrit.»
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11.1.17
As sinistras «Conversas em Família» – 8 de Janeiro de 1969
Passou quase meio século, mas lembro-me bem de 8 de Janeiro de 1969, quando Marcelo Caetano dirigiu ao país a primeira das suas dezasseis «Conversas em Família». 48 anos antes de Mário Soares morrer, ele que nesse momento estaria em Lisboa, entre o regresso da deportação em S. Tomé e o exílio que o esperava em França.
Uma síntese do que foi dito pode ser lido no Diário de Lisboa do dia seguinte. Marcelo (o primeiro…) frisou o embaraço do governo para aumentar salários sem desequilibrar o orçamento nem agravar o custo de vida. Soa a discurso familiar, é certamente uma sina que nos está gravada na palma da mão…
Não encontrei a imagem e o som dessa primeira «Conversa», mas deixo o vídeo da última: em 28 de Março de 1974, Já depois do golpe falhado das Caldas, o presidente da Conselho não sabia – e nós também não – que nunca mais teríamos aqueles cinzentos e sinistros serões, que nos entravam pela casa dentro. Faltava menos de um mês.
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Dica (476)
What If a President Loses Control? (Jeffrey Frank)
«There’s no need to dwell on the particular character of Trump, who will be sworn in on January 20th. But it is worth examining what remedies exist if any President is too careless, inattentive, or impulsive to deal sensibly with questions affecting the nation’s survival. What could be done if a President behaves in a way that directly threatens to turn the planet into radioactive dust? And who could do it? Or, to rephrase that for a super-partisan era, who would be brave enough even to cross party lines, if taking that step were required to stop someone who, acting on a whim or in a tantrum, seemed ready to start a nuclear war?»
. Uma balança só funciona com pratos equilibrados
«Ao ler o Compromisso Tripartido para um acordo de médio prazo que consagrou o aumento do salário mínimo (SMN) para 2017, extrai-se a ideia de que o governo parece não querer ter um papel activo no desbloqueio da negociação colectiva (NC). Ora, foi precisamente a intervenção de diversos governos que, invocando o objectivo de revitalizá-la, conduziu ao actual bloqueio. (...)
De 2 milhões de trabalhadores cobertos em 2010, chegou-se a 213 mil em 2014. Em 2016, eram uns 600 mil. A duração média das convenções subiu de 12/24 meses até 45 meses. Com uma política de desvalorização salarial, a individualização da relação laboral, os salários estagnaram (a mediana era de 782 euros em 2015), condenando largas camadas da população ao empobrecimento, mesmo trabalhando.
Mais: o aniquilamento da NC teve dois efeitos demolidores. O SMN tornou-se uma espécie de salário nacional. Até setembro de 2016, mais de 37% dos novos contratados recebiam o SMN; e quanto mais isso aconteceu, mais os patrões pressionaram o Estado (os contribuintes) para compensar o “esforço” de pagar o SMN, limitando qualquer governo que queira dar dignidade ao valor do SMN.
O SMN e a NC são, pois, dois temas de uma situação. E, a julgar pelo acordo, o Governo deu sinais de se retirar do tabuleiro. Primeiro, cortou-se essa abordagem articulada; segundo, aceitou-se um insuficiente “compromisso bipartido de transmissão às estruturas integradas nos parceiros sociais” para adiar até meados de 2018 a denúncia de convenções colectivas; terceiro, reforçou-se a subsidiação ao patronato: maiores reduções da TSU patronal ao arrepio do acordo com o BE, PCP e PEV, incidindo também sobre os contratos a tempo parcial e ainda sobre salários até 700 euros (incluindo trabalho suplementar e noturno); quarto, retirou-se o compromisso para um SMN de 600 euros até 2019, havendo só para a “evolução progressiva do valor real”. (…)
Remeter a revitalização da NC para os parceiros sociais repetirá esse fracasso. Nesta discussão, há que encontrar soluções que até poderão ser inovadoras se todos partidos da maioria parlamentar se empenharem na sua construção. Impõe-se conhecer a fundo o impacto das retribuições salariais dos trabalhadores abrangidos pelo SMN, mas jamais se poderá aceitar a prática de o Estado financiar empresas para pagarem o SMN. O legislador não pode ficar paralisado, perpetuando a situação que o Governo reconhece como desequilibrada: deve garantir o mais rapidamente possível a reposição das condições de mínimo equilíbrio nas relações laborais, e conduzir a concertação social para um novo patamar de contributo estratégico para o desenvolvimento económico e progresso social do país.»
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10.1.17
Novo Banco, uma história mal contada
«Pagar para vender o terceiro maior banco do país a fundo abutre nem pensar. A nacionalização é por isso a solução. Não uma nacionalização temporária, para salvar conjunturalmente alguns interesses até que o mercado melhore, mas o controlo público permanente do banco, para que este possa ser gerido de acordo com os interesses de longo prazo do país.
Mas, antes disso, era bom que o Banco de Portugal se explicasse. Como é que ainda falta dinheiro no Novo Banco? Será que os 4900 milhões iniciais alguma vez foram suficientes? E os 2000 milhões subsequentes? É difícil não achar que se trata, na melhor das hipóteses, de incompetência.»
Mariana Mortágua
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Tintim, 88
Tintim faz hoje 88 anos. Apareceu pela primeira vez no suplemento juvenil Petit Vingtième do jornal belga Le Vingtieme Siecle (doze quadrados em duas páginas), com Tintim envolvido numa aventura de ida à União Soviética, com partida de Berlim.
Depois, nasceu o mito que conhecemos, com o herói que alimentou a nossa imaginação e que acompanhou, e acompanha, multidões do mundo inteiro «dos 7 aos 77». Mais de 200 milhões de exemplares em 70 línguas diferentes.
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A triste venda do Novo Banco
«Mani, que nasceu na Pérsia no século III, fundou uma ideologia religiosa que, ainda hoje, parece dominar os povos e as sociedades: o maniqueísmo.
Segundo a sua lógica radical, o mundo dividia-se entre o Bem e o Mal, entre a Luz e as Trevas. Com o tempo, todos os antagonismos foram aí beber o seu alimento perfeito: direita/esquerda; individual/colectivo; fiel/infiel. Nos dias de hoje esta dicotomia está de regresso, ainda com mais força e intolerância. A discussão sobre o futuro do Novo Banco está a fazer-se sobre esse território minado. Uns defendem que, face à penúria das ofertas de compra, o banco deve ser nacionalizado; outros, fiéis de um liberalismo económico utópico, defendem que deve ser vendido. Tudo em nome da defesa dessa figura de retórica que são os contribuintes, que só são chamados à batalha quando interessa. E não quando são espoliados com impostos, taxas, "destruições criativas" e sonegação de serviços públicos. Nada de novo, de resto.
O Novo Banco nasceu das cinzas do BES, depois de um incêndio em que as motivações políticas do anterior Governo (destruir Ricardo Salgado) se juntaram aos erros de gestão do banco e aos desejos da União Europeia que desejava criar grandes bancos a nível europeu (e neles não cabiam os portugueses). O Banco de Portugal serviu, nessa matéria, como um mordomo eficaz. Destruiu-se uma marca valiosa e criou-se outra que vale o que vale. A história ainda se há-de fazer sobre esta política de terra queimada que tem vindo a consumir, um após outro, os grandes bancos portugueses. (…) A criação de uma loja dos 300 para vender o Novo Banco, onde surge novamente o Banco de Portugal com uma presença dispensável (o episódio de surgir com uma proposta de venda a uns minutos do limite do prazo é notável), mostra o triste tempo em que vivemos. A história do BES merecia mais. A herança do Novo Banco também.»
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9.1.17
Dica (475)
Communist China Moves Against Trump, Asserts Control Over Strategic Ports. (Clifford Cunningham)
China taking over key shipping lanes, morphing into Portuguese Empire 2.0
«The Communist Chinese government, through state-controlled corporations masquerading as private entities, is accelerating its plan to acquire control over deep water ports and major shipping lanes across the world.»
. A culpa não é da Rússia
«Obama decidiu expulsar 35 diplomatas russos por alegada interferência nas eleições presidenciais norte-americanas. Ao não aplicar o clássico princípio da reciprocidade, que levaria à expulsão de 35 diplomatas norte-americanos, Putin agiu como se estivesse num combate de karaté, fazendo que o ainda presidente americano se estatelasse no chão, desequilibrado pelo facto de o seu próprio impulso não ter encontrado resistência. (…)
Putin, olhando no espelho dos czares, representa os interesses permanentes de uma Rússia determinada a quebrar um longo ciclo de declínio. Mas a Rússia, além do seu arsenal nuclear, só vale 10% do PIB da UE e tem pouco mais de um quarto da população dos 28! A Rússia só mete medo a uma Europa à deriva, governada por líderes imaturos, que não sabem quem são, quem representam, nem para onde devem ir.»
Viriato Soromenho Marques
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8.1.17
Dica (474)
Como recordo Mário Soares. (João Semedo)
«Não há vidas sem mácula. A vida longa, intensa e plena de Mário Soares não é excepção, mesmo sendo ele uma figura excepcional. De que Mário Soares falamos, que Mário Soares recordamos hoje? O Mário Soares da Fonte Luminosa e do socialismo na gaveta, o líder do PS que arrastou toda a direita atrás de si? Ou o Mário Soares da luta antifascista e do exílio e que, mais tarde, nos apertos da democracia, se levantou contra a direita, quer no combate a Cavaco quer, tempos depois, na oposição à troika e ao governo de Passos e Portas?
Não podemos falar de um e ignorar o outro, o próprio não nos perdoaria, como um dia me disse, sem ponta de arrependimento: “Eu fui isso tudo, eu fiz isso tudo, para o bem e para o mal”, a meio de um longo desabafo sobre a amargura e a inquietação com que olhava para os caminhos seguidos pela social-democracia europeia e o seu PS, sem esconder a sua irritação com as facilidades oferecidas aos mercados e à alta-finança pelos governos europeus liderados por partidos socialistas ou trabalhistas, tratados por ele com dureza e alguns palavrões.»
N.B- Um dos textos mais decentes, que li até agora.
. Mário Soares no Gato Fedorento
Tem piada rever isto agora.
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Mário Soares, PCP e BE – Descubram-se as diferenças
Pode não se ser apenas laudatório quando se refere a morte de alguém de quem se divergiu em vida, mas o texto divulgado pelo PCP (refiro-me ao carácter inoportuno do último parágrafo), e lido publicamente por um dirigente desconhecido do grande público, e não pelo seu secretário-geral, foi, na minha opinião, de uma índole inqualificável e que «legitimou», nas redes sociais, ataques a Mário Soares absolutamente execráveis. Registe-se para memória futura.
«Mário Soares, fundador do Partido Socialista, seu Secretário-geral, personalidade relevante da vida política nacional, participante no combate à ditadura fascista, no apoio aos presos políticos, desempenhou após o 25 de Abril os mais altos cargos políticos, designadamente como Primeiro-Ministro, como Presidente da República e membro do Conselho de Estado.
Lembrando o seu passado de antifascista, o PCP regista as profundas e conhecidas divergências que marcaram as relações do PCP com o Dr. Mário Soares, designadamente pelo seu papel destacado no combate ao rumo emancipador da Revolução de Abril e às suas conquistas, incluindo a soberania nacional.»
«Mário Soares foi um dos maiores protagonistas da política portuguesa e marcou o século XX. Foi combatente anticolonial e antifascista, preso político e exilado. Foi constituinte e fundador do regime constitucional de 76, ministro de governos provisórios, Primeiro-Ministro e Presidente da República. Socialista, republicano e laico, como ele próprio se definiu, foi o mais comprometido obreiro da integração de Portugal na União Europeia.
Ao longo da sua vida, Mário Soares foi contraditório e frontal nas lutas que escolheu. Marcou todos os momentos determinantes da vida do país, por vezes em conflito e outras vezes em aliança com forças de esquerda. No tempo mais recente, levantou-se contra a invasão do Iraque e as guerras no Médio Oriente, assim como na defesa da Constituição da República Portuguesa contra as novas regras sociais impostas pela troika. Opôs-se às políticas de austeridade do governo PSD-CDS e saudou a mudança imposta pelas eleições de 2015.
O Bloco de Esquerda saúda a sua memória, dirigindo os seus pêsames a toda a família de Mário Soares e aos militantes do Partido Socialista.»
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