8.1.17

Mário Soares, PCP e BE – Descubram-se as diferenças



Pode não se ser apenas laudatório quando se refere a morte de alguém de quem se divergiu em vida, mas o texto divulgado pelo PCP (refiro-me ao carácter inoportuno do último parágrafo), e lido publicamente por um dirigente desconhecido do grande público, e não pelo seu secretário-geral, foi, na minha opinião, de uma índole inqualificável e que «legitimou», nas redes sociais, ataques a Mário Soares absolutamente execráveis. Registe-se para memória futura.

«Mário Soares, fundador do Partido Socialista, seu Secretário-geral, personalidade relevante da vida política nacional, participante no combate à ditadura fascista, no apoio aos presos políticos, desempenhou após o 25 de Abril os mais altos cargos políticos, designadamente como Primeiro-Ministro, como Presidente da República e membro do Conselho de Estado.

Lembrando o seu passado de antifascista, o PCP regista as profundas e conhecidas divergências que marcaram as relações do PCP com o Dr. Mário Soares, designadamente pelo seu papel destacado no combate ao rumo emancipador da Revolução de Abril e às suas conquistas, incluindo a soberania nacional.»

«Mário Soares foi um dos maiores protagonistas da política portuguesa e marcou o século XX. Foi combatente anticolonial e antifascista, preso político e exilado. Foi constituinte e fundador do regime constitucional de 76, ministro de governos provisórios, Primeiro-Ministro e Presidente da República. Socialista, republicano e laico, como ele próprio se definiu, foi o mais comprometido obreiro da integração de Portugal na União Europeia.

Ao longo da sua vida, Mário Soares foi contraditório e frontal nas lutas que escolheu. Marcou todos os momentos determinantes da vida do país, por vezes em conflito e outras vezes em aliança com forças de esquerda. No tempo mais recente, levantou-se contra a invasão do Iraque e as guerras no Médio Oriente, assim como na defesa da Constituição da República Portuguesa contra as novas regras sociais impostas pela troika. Opôs-se às políticas de austeridade do governo PSD-CDS e saudou a mudança imposta pelas eleições de 2015.

O Bloco de Esquerda saúda a sua memória, dirigindo os seus pêsames a toda a família de Mário Soares e aos militantes do Partido Socialista.» 
.

1 comments:

antónio m p disse...

Admitamos que Jerónimo de Sousa não leu, ele próprio, o comunicado, porque não esteve de acordo com o mesmo. Digo eu que até nem gostava de Mário Soares como político - entenda-se.