18.6.11

O tempo que sobra

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Separados à nascença?

No Público de hoje, São José Almeida faz-se eco da perplexidade de quem tenta entender, de fora, o que se passa no PS, nesta fase que precede a escolha do sucessor de Sócrates. Relativamente indiferente quanto ao resultado que vier a sair da eleição que terá lugar no fim do próximo mês, eu própria assisto ao desfilar de pré-declarações de voto, sem conseguir descortinar as razões que levam uns a preferir Seguro e outros a dar a vida por Assis. Mais: quando quase aposto que fulano ou sicrano vai escolher um deles, é mais do que certo que leio pouco depois que é fã incondicional do outro. Parece, afinal, que o problema não é unicamente meu…

Os gémeos

Fulano apoia Y e beltrano apoia X. O país tem sido inundado por notícias sobre a divisão das personalidades do PS, dos dirigentes do PS, das figuras do aparelho do PS pelas duas candidaturas a secretário-geral que foram conhecidas pouco depois da demissão de José Sócrates. O que tem sido mostrado da campanha para líder dá mesmo uma visão pobre e redutora do que é a autonomia de escolha dos militantes do PS. A ideia que passa é a de que há sindicatos de voto e que os militantes votarão em quem os seus caciques ou fi guras de referência indicarem. Parece que tudo se resume a uma questão de simpatia pessoal, obediência de grupo e hipóteses de carreira interna. Ninguém discute política, disputam-se redes de poder. Já agora: e a esquerda do PS? Ainda existe? Vai dividir-se também entre os dois candidatos? Será que o aparelhismo e a fulanização da política domina a esquerda do PS de tal forma que nem um candidato encontra?

Num contexto decisivo para o futuro do PS e para o lançamento de um caminho não só de recuperação da capacidade de disputar o poder governativo, mas acima de tudo de redefinição interna no plano ideológico e político e até de refundação como partido social-democrata europeu, os socialistas distraem-se e iludem-se com a forma de reagrupar forças internas, de modo a que as elites que dominam o partido permaneçam no poder, sob a forma aparente de direcção renovada.


Por estas e por outras…


… é que nunca me importei de ter uma família pequeníssima: Vítor Louçã Rabaça Gaspar é primo direito de Francisco Louçã.
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A nova Selecção


Totalmente renovada, a jogar com uma táctica 4-3-4, sem guarda-redes porque de pouco serviria. O mister continua a ser uma fräulein que treina a distância: tem por cá um adjunto, mas esse anda mais ou menos desaparecido por detrás dos cortinados da Sala das Bicas.

Atacará sempre pela direita, chutará muito para canto, mas resta saber se a bola continuará a ser redonda.
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17.6.11

Há sempre a luz ao fim do escuro

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É admissível?


Rosa Mª Artal, do Comité de Apoio de ATTAC Espanha, pergunta se é admissível interpelar severamente políticos e impedi-los de entrar em instituições, como está a acontecer no seu país - pacificamente, sem recurso a violência. (Porque se é verdade que esta existe, tem sido praticada por grupos minoritários, apesar de todo o relevo que lhe é dado na comunicação social.)

Responde à sua própria pergunta com um conjunto de interrogações:

- É admissível que existam 5 milhões de desempregados?
- É admissível gastar dinheiro a viajar de helicóptero para entrar no Parlamento e ir aprovar cortes de custos e de direitos sociais?
- É admissível que deputados saiam do hemiciclo quando falam os representantes dos partidos minoritários?
- É admissível que tantos políticos reformados ganhem como conselheiros de grandes empresas?
- É admissível que estejam a ser vendidos, a particulares, todo o património e os serviços públicos?
- É admissível que a saúde e a educação se convertam num negócio para dar dividendos a empresários privados?
- É admissível que se use de novo o medo e a mentira para fomentar a docilidade da cidadania desinformada?

A lista é longa e pode ser lida na íntegra aqui.

P.S. A propósito, ler : Los indignados no son violentos.

Ver:


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TGIF

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Gente que acerta


«Um dos casos mais evidentes foi o radicalismo inconsciente de "correr o Sócrates o mais depressa possível", a que no PSD se deu ouvidos e cujo resultado ameaça ser mantê-lo no poder, contra todas as evidências, ou dar-lhe o melhor cenário possível para um retorno ao poder a curto prazo. E o melhor cenário possível, não custa perceber, é um PSD ganhador por uma pequena margem sobre um PS que sai do seu annus horribilis sem grandes estragos.»

José Pacheco Pereira, Público (23 de Abril de 2011)

(Roubado ao Pedro Correia)
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16.6.11

Há sempre uma interpretação diferente

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Se isto não é a república das bananas


… então é porque já nem há bananas.

Lisboa, Avenida da Liberdade: o caos por causa de um pic-nic organizado por um hipermercado.

Agradecimentos dos lisboetas à RTP e, sobretudo, à Câmara Municipal de Lisboa.


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Um centenário


A IBM faz hoje 100 anos. Para além da minha declaração pessoal de interesses – trata-se da empresa onde passei os melhores 25 anos da minha vida, em termos profissionais –, julgo que é da mais elementar justiça assinalar a importância do seu contributo para o progresso tecnológico da humanidade, desde os primeiros anos do século XX.

Todos nos recordamos do primeiro choque que tivemos quando entrámos para a Companhia, no meu caso nos idos de 70: deparar, na secretária vazia que nos era destinada, com uma placa em que nos mandavam pensar.

À margem das comemorações institucionais, 300 colegas, e sobretudo ex-colegas, decidimos reencontrarmo-nos, há alguns dias, numa mega-almoço que nasceu numa conversa de Facebook. Foi tudo menos trivial.

Aqui ficam três vídeos que foram preparados para assinalar o centenário.





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A Grécia que não nos mostram

@Gui Castro Felga

Os nossos jornais e as nossas televisões falam-nos agora da Grécia todos os dias, dos becos aparentemente sem saída da sua situação na Alemanha ou em Bruxelas, e mostram-nos, quase exclusivamente, violência nas ruas – barricadas, polícias, desacatos.

Mas há outra realidade para além dessa e vamos felizmente tendo acesso a fontes de informação diversificadas, como é o caso deste artigo ontem publicado, não num «pasquim» de «acampados», mas no respeitado Guardian: In Greece, we see democracy in action - The public debates of the outraged in Athens are the closest we have come to democratic practice in recent European history.

Depois da monumental manifestação que encheu as ruas de Atenas há dois dias, e quaisquer que venham a ser as próximas etapas da crise grega, o reconhecimento, por parte de Papandreou, do falhanço das políticas até agora aplicadas, é certamente o maior sucesso da oposição anti-austeritária na Europa, até agora.

Se até há cerca de três semanas, a comunicação social e as elites intelectuais conseguiram espalhar o medo e limitaram a resistência, desde então a realidade é bem diferente: a mítica praça Syntagma passou a estar ocupada por homens e mulheres (por vezes mais de 100.000), de todas as ideologias, idades e profissões, que mantêm debates regulares bem organizados, para os quais são convidados economistas, advogados e filósofos que apresentam alternativas para enfrentar a crise. Discute-se a injusta pauperização dos trabalhadores gregos, a perda de soberania, a destruição de valores democráticos.

É bom que aqueles que tanto louvaram Indignai-vos!, de Stéphane Hessel, e o seu apelo para «uma insurreição pacífica», reconheçam que nem o próprio terá previsto que os «indignados» espanhóis e os «ultrajados» gregos tomassem à letra os seus conselhos, tão depressa e tão espectacularmente. Porque é disso que se trata.

À praça Syntagma, chegam ecos da velha Ágora ateniense.
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15.6.11

No pasa nada


Não se está a passar nada em Espanha.
Não se está a passar nada na Grécia.
Não se está a passar nada em França.
Não se está a passar nada na Macedónia.
Não se está a passar nada na Europa.
Não se está a passar nada no Mundo.
Cuidado com os pepinos assassinos.

(Gui Castro Felga no Facebook)
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A dúvida da tarde


Se Passos Coelho insiste em propor Fernando Nobre para presidente da AR e Portas não apoia, se é então muito pouco provável que o médico agora ex-candidato a várias coisas venha a ser a segunda figura do Estado, e se entretanto já devem estar fixados os nomes dos futuros ministros para o governo tomar posse à velocidade da luz, o presidente da AMI vai ser devolvido ao remetente, certo?

Mas pode também acontecer que esteja alguém em suplente para a pasta da Saúde (ou outra qualquer…), pronto a ocupar o lugar se necessário for, num sprint ou numa finta à cronologia dos acontecimentos…

Pena que estejamos num país sem grandes tradições de apostadores!
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Guerra?

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E o inimigo é?


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Mais um «indignado»


Joan Manuel Serrat recebeu ontem o título de doutor honoris causa na Universitat Pompeu Fabra de Barcelona.

Declarou-se muito próximo do Movimento 15 de Maio e quis aproveitar o facto de se encontrar «numa casa de cultura» para exigir a «recuperação dos valores democráticos».

«"No se puede creer que enel sistema inestable en el que vivimos, donde los bancos controlan los mercados financieros, éstos estén en condiciones de traer la paz". Y ha agregado: "Tampoco se puede creer en los gobiernos que dan millones de dólares a los causantes de la crisis. Ni tampoco a aquellos que recortan derechos sociales". Serrat ha lamentado que "la codicia de unos y la incompetencia de otros haya empujado a la sociedad a un mundo en donde todo se compra y todo se vende". Tras el discurso, el flamante doctor ha interpretado Seria fantàstic, acompañado al piano de su inseparable Josep Mas Kitflus.»

Será necessário sublinhar o significado e o peso deste gesto de Serrat, neste momento, em Barcelona?


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14.6.11

Não é que o mal dos outros sirva de grande consolação


...mas cada vez se fala mais da hipótese de a França vir a juntar-se ao grupo dos periféricos.

É sobretudo indispensável continuar a tentar perceber como tudo isto acontece através do ataque a que as agências de rating nos sujeitam.

«Como se os mercados não estivessem já suficientemente nervosos, as agências atacam também o clube muito selecto dos Estados que detêm a classificação AAA, correspondente à notação mais elevada (são 14). Nas últimas semanas, anunciaram igualmente que, a mais ou menos longo prazo, a França e também a Áustria poderiam perder os três A que lhe permitem obter financiamentos nos mercados a custos mais baixos. (…)

Mas a zona euro não é o único alvo desta febre: simultaneamente, as agências assustaram os Estados Unidos e o Reino Unido com a perspectiva de uma descida de classificação. Muitos economistas interrogam-se sobre qual será o objectivo das agências. "Se o activo mais seguro, a dívida americana, também não está isenta de risco, o mundo vai mudar", observa Laurence Boone, professor de Economia na escola de formação de professores de Cachan (Val-de-Marne). As agências correm assim o risco de destabilizar o planeta financeiro, que ficará privado de investimentos seguros, e isso poderá desencadear uma nova crise mundial.»
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Vasco Lourenço e a «censura» a um texto sobre Paulo Portas – e não só (Actualizado)

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Em relação à não publicação de um texto de Pezarat Correia no Diário de Notícias, Vasco Lourenço divulgou o que se segue na página da Associação 25 de Abril no Facebook:

«Censura? Dobrar de cerviz? Mais papistas que o Papa? Pôr as nossas barbas de molho? Excesso de zelo?

Eis algumas das interrogações que fiz quando tomei conhecimento que a direcção do Diário de Notícias não tinha autorizado a publicação do artigo de opinião do general Pedro de Pezarat Correia "Paulo Portas Ministro?". Nem o facto de esse artigo transcrever parte de um outro artigo do mesmo autor, publicado em 12 de Abril de 2002 no mesmo Diário de Notícias, valeu para que, desta vez, não tivesse havido censura.

Se juntarmos a este acto a carga policial sobre os "acampados" no Rossio, no sábado de reflexão (4 de Junho), mas também o convite feito pela RTP1 ao "comentador" José Eduardo Moniz para, no dia das próprias eleições, acertar contas - em seu nome pessoal e no da sua mulher - com o ainda primeiro-ministro José Sócrates, os sentimentos que expressei no início deste texto, nomeadamente os que significam "querer mostrar serviço ao chefe", acentuam-se, mas também poderemos perguntar: para onde caminhamos? Para onde nos querem levar? Aonde chegámos já?»

Vasco Lourenço

P.S. – Esclarecimento de Vasco Lourenço, publicado no Facebook (15/6, 18:00)

Afinal o artigo do Pedro Pezarat Correia acabou por ser publicado pelo Diário de Notícias, logo no dia seguinte à sua não aceitação.

Fica assim claro que não houve censura, nem, quero acreditar, qualquer das atitudes sobre as quais me interroguei ontem.

Como foi esclarecido pelos responsáveis do DN, tudo se ficou a dever a um conjunto de mal entendidos, a uma deficiente comunicação, no seio do próprio jornal, que levaram à decisão de que o artigo em causa não justificava a sua publicação, e a que se diz completamente alheio, tenha influenciado decisivamente a alteração da decisão). Quero continuar a acreditar que o DN se manterá como um elemento importante para que em Portugal exista liberdade de expressão, resistindo-se, o melhor possível, às enormes pressões que os diversos poderes, nomeadamente o económico e o político, exercem sobre os agentes e os órgãos da comunicação social. Manifesto, por tudo isso, a minha satisfação pela publicação do artigo e felicito a direcção do Diário de Notícias, pela atitude assumida e pela celeridade com que actuou (isto, embora considere que aquilo a que o jornal chama de [???]

Um artigo de Pedro Pezarat Correia que o Diário de Notícias não quis publicar (Actualizado)

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Via Rui Bebiano no Facebook, tive acesso a este texto, com pedido de divulgação, por vontade expressa do próprio Pezarat Correia.

PAULO PORTAS MINISTRO?

Ana Gomes provocou uma tempestade mediática com as suas declarações sobre Paulo Portas. Considero muito Ana Gomes, uma mulher de causas, frontal, corajosa, diplomata com muito relevantes serviços prestados a Portugal e à Humanidade. Confesso que me escapa alguma da sua argumentação contra Paulo Portas e não alcanço a invocação do exemplo de Strauss-Kahn. Mas estou com ela na sua conclusão: Paulo Portas não deve ser ministro na República Portuguesa. Partilho inteiramente a conclusão ainda que através de diferentes premissas.

Paulo Portas, enquanto ministro da Defesa Nacional de anterior governo, mentiu deliberadamente aos portugueses sobre a existência de armas de destruição maciça no Iraque, que serviram de pretexto para a guerra de agressão anglo-americana desencadeada em 2003. Sublinho o deliberadamente porque, não há muito tempo, num frente-a-frente televisivo, salvo erro na SICNotícias, a deputada do CDS Teresa Caeiro mostrou-se muito ofendida por Alfredo Barroso se ter referido a este caso exactamente nesses termos. A verdade é que Paulo Portas, regressado de uma visita de Estado aos EUA, declarou à comunicação social que “vira provas insofismáveis da existência de armas de destruição maciça no Iraque” (cito de cor mas as palavras foram muito aproximadamente estas). Ele não afirmou que lhe tinham dito que essas provas existiam. Não. Garantiu que vira as provas. Ora, como as armas não existiam logo as provas também não, Portas mentiu deliberadamente. E mentiu com dolo, visto que a mentira visava justificar o envolvimento de Portugal naquela guerra perversa e que se traduziu num desastre estratégico. A tese de que afinal Portas foi enganado não colhe. É a segunda mentira. Portas não foi enganado, enganou. Um político que usa assim, fraudulentamente, o seu cargo de Estado, não deve voltar a ser ministro.

Mas já não é a primeira vez que esgrimo argumentos pelo seu impedimento para funções ministeriais. Em 12 de Abril de 2002 publiquei um artigo no Diário de Notícias em que denunciava o insulto de Paulo Portas à Instituição Militar, quando classificou a morte em combate de Jonas Savimbi como um “assassinato”. Note-se que a UNITA assumiu claramente – e como tal fazendo o elogio do seu líder –, a sua morte em combate. Portas viria pouco depois dessas declarações a ser nomeado ministro e, por isso, escrevi naquele texto: «O que se estranha, porque é grave, é que o autor de tal disparate tenha sido, posteriormente, nomeado ministro da Defesa Nacional, que tutela as Forças Armadas. Para o actual ministro da Defesa Nacional, baixas em combate, de elementos combatentes, particularmente de chefes destacados, fardados e militarmente enquadrados, num cenário e teatro de guerra, em confronto com militares inimigos, também fardados e enquadrados, constituem assassinatos. Os militares portugueses sabem que, hoje, se forem enviados para cenários de guerra […] onde eventualmente se empenhem em acções que provoquem baixas, podem vir a ser considerados, pelo ministro de que dependem, como tendo participado em assassinatos. Os militares portugueses sabem que hoje, o ministro da tutela, considera as Forças Armadas uma instituição de assassinos potenciais». Mantenho integralmente o que então escrevi.

Um homem que, com tanta leviandade, mente e aborda assuntos fundamentais de Estado, carece de dimensão ética para ser ministro da República. Lamentavelmente já o foi uma vez. Se voltar a sê-lo, como cidadão sentir-me-ei ofendido. Como militar participante no 25 de Abril, acto fundador do regime democrático vigente, sentir-me-ei traído.

Junho de 2011-06-13
PEDRO DE PEZARAT CORREIA

P.S. O artigo acabou por ser publicado hoje, 15/6. Ver AQUI explicação e comentário de Vasco Lourenço.
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Finalmente!


«La consulta popular, la primera de carácter abrogativo que sale adelante en 15 años, ha aniquilado el corazón de su política energética, el programa nuclear, y las trampas que Berlusconi intentó hacer sobre la marcha tras la tragedia de Fukushima para hurtar el voto a los ciudadanos. Además, el pueblo le ha recordado que en las democracias la ley es igual para todos, al derogar la ley 'ad personam' del legítimo impedimento, pese a que el Constitucional ya la había corregido en su día. De paso, ha abolido la privatización del agua y la posibilidad de subir las tarifas un 7% sin mejorar el servicio, dos gestos que niegan la tradicional alergia de Berlusconi hacia el sector público.

Las cifras del entusiasmo participativo no ofrecen dudas: se trata de un voto masivo y por tanto político. Cerca de 27 millones de personas han acudido a las urnas sabiendo que, al hacerlo, estaban sepultando el berlusconismo para siempre. (…)

La derrota es especialmente significativa porque se ha producido contra las televisiones, desmintiendo así el viejo sofisma que dice que sin televisión no se ganan votaciones. Un enorme movimiento popular, nacido desde abajo como en las municipales, ha desobedecido las llamadas a la abstención del Gobierno (y las dudas iniciales de una parte de la jerarquía del Partido Democrático), y ha puesto de nuevo a Italia, a la denostada Italia de Berlusconi, a la vanguardia de Europa. Irónico pero cierto.»

(Daqui.)

P.S. - Para ler e reflectir: Pedro Viana, Referendo por iniciativa popular.
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Sem direito de opção


Neste período pós-eleitoral, o Zé Neves tem estado especialmente inspirado nalguns textos publicados no «Vias de Facto». Isto significa, obviamente, que, de um modo geral, estou de acordo com as linhas de reflexão que tem apontado, como é o caso de mais um post de ontem à noite: Saber por onde não ir.

Se a esquerda está em tempo de «repensar, rediscutir, reunir, reduvidar, até auto-flagerar», isto implica que deve estar aberta à eventualidade de assumir rupturas, sem por isso cair na tentação de «partir do nada».

Até aqui nada de especialmente novo, mas é na formulação de dois pressupostos, ou dois «limites», como lhes chama, que ZN é claro e certeiro: «O primeiro limite é o que nos distancia de quem prefere combater o capitalismo e só depois valoriza a luta pela democracia», «o segundo limite (…) é o que nos separa dos que entendem que a luta pela democracia é questão prioritária em relação à luta contra o capitalismo».

Ou seja: «qualquer hierarquização que afirme que o tema da democracia é mais relevante que o do capitalismo ou vice-versa deve ser rejeitada porque abriga um equívoco: o de que é possível dissociar política e economia. A esquerda que interessa não escolhe entre liberdade e igualdade. Como fazer política com base nesta "não-escolha", isto é, saber por onde ir, é a tarefa que nos cabe. Sem termos medo de não ter resposta para a questão "onde está a vossa sociedade alternativa?"».

Antes de mais, registe-se que é importante falar de «anti-capitalimo», e não pura e simplesmente de «socialismo», termo com patente registada por muitas e não necessariamente consentâneas paragens.

Por outro e sobretudo, se nas actuais discussões em curso, que parecem estar longe do fim (e ainda bem…), não se perder de vista esta linha de horizonte, a travessia do deserto não se fará à toa e dará certamente bons frutos - mesmo que não se encontrem muitos oásis pelo caminho e se continue sem saber responder à pergunta final de ZN: «onde está a sociedade alternativa?». É que nada leva a crer que o mundo acabe amanhã, nem antes de  o FMI sair de Portugal.

(Foto @Paulete Matos) 
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13.6.11

Pouca coisa na mão

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(Via Hugo Ferreira no Facebook)
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Aprender sempre

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No último número da edição portuguesa de Le Monde Diplomatique, uma boa análise dos resultados eleitorais, por Sandra Monteiro.

«Com os resultados das eleições legislativas de 5 de Junho tornou-se ainda mais difícil romper com as políticas de austeridade impostas pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). É uma má notícia para Portugal, mas também para os defensores de uma Europa coesa e social. É um bilhete simples, numa viagem que ameaça ser sem regresso, para uma crise ainda mais prolongada e profunda. Com mais regressão social e mais recessão económica.

O líder do Partido Social Democrata (PSD) discursou quando se tornou claro que podia formar um governo de maioria com o Centro Democrático Social-Partido Popular (CDS-PP). Garantiu que a substituição de José Sócrates, o rosto até agora protagonista das políticas de austeridade (ironicamente, só possíveis com o aval do PSD), marcava o início de uma nova fase de estabilidade e a abertura de «uma janela de esperança e de confiança no futuro». Infelizmente, por essa janela só vai entrar uma realidade cada vez mais dramática para a grande maioria dos cidadãos.

Será a realidade ditada pelas condições (inquestionadas) da intervenção externa. Mas não só: os representantes do neoliberalismo português vão aproveitar para dar um salto em frente no seu programa, sem resolverem nada do que causou a dívida soberana e sem a pagarem − como eles bem sabem, a reestruturação é inevitável. A crise da dívida vai ser usada para destruir serviços públicos e funções sociais do Estado, para privatizar as partes lucrativas de muitas empresas (algumas totalmente), para tornar a fiscalidade mais cega e regressiva, para cortar prestações sociais, para flexibilizar as relações laborais e os despedimentos, para diminuir salários e pensões.»

(Ler o resto.)
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Blogar com isto


… deve ter um outro encanto!
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A pequena Europa


O século XIX foi europeu, o XX americano, o XXI será, ou já é, asiático. Em 2050, a Europa não terá mais do que 5% da população mundial - cerca de metade da taxa actual, um quarto da que já foi. É obrigatório e salutar que se encare, humildemente, esta realidade.

E, no entanto, face a este que é um dos seus maiores problemas – a demografia -, a União Europeia e os governos dos países que a compõem revelam-se incapazes de organizar a imigração de que precisam e de a fazer aceitar, efectiva e positivamente, pelas suas populações. A agravar o problema, como consequência do aumento de desemprego provocado pela crise financeira, e das medidas de austeridade impostas às regiões mais fracas, cresce a malfadada «fuga de cérebros» para as Américas, do Norte e do Sul, para a Ásia e para a Austrália.

Será que a «ajuda» das troikas em curso está no bom caminho para ajudar a resolver estes e outros problemas? Infelizmente, nada (me) leva a crer que assim seja.

(A partir daqui.)

Foto @Paulete Matos
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É noite deles

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12.6.11

Os novos êxodos


Já nos habituámos aos terríveis dramas sem fim, na Líbia e na Síria, e vamos registando, com uma relativa indiferença, os massacres, os mortos, o poder de tiranos contra vítimas indefesas. Entretanto, estas tentam fugir quando podem e como podem.

À Turquia, chegaram já mais de 5.000 refugiados (números oficiais que não incluem os que não estão em acampamentos mas, por exemplo, em casa de familiares) e esperam-se outros tantos nos próximos dias.

Mais perto de nós, é agora Malta, depois de Lampedusa, que se enche de africanos que tentam escapar à guerra na Líbia.

As condições em que se encontram são péssimas e há quem acuse as autoridades maltesas de assim as manterem para que as pessoas se sintam encorajadas a partir e os outros países europeus acabem por ser forçados a aceitá-las.

Entretanto, Malta e a Itália «queixam-se de falta de meios financeiros e de ausência de solidariedade europeia naquilo a que os países da UE chamam “partilha de obrigação” de asilo. Apesar dos combates, que comprometem a maior parte deles, os Estados membros, por enquanto, não desencadearam o processo excepcional dito de protecção temporária, adoptado numa directiva de 2001 e nunca aplicado, com o objectivo de oferecer aos refugiados “uma protecção imediata e acolhimento no território”.»

Nós todos, na Europa dos valores, assistimos - impávidos e, aparentemente, serenos…
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O mundo está perigoso


Como as cinzas vulcânicas me perseguem, e já me fizeram penar longas horas em aeroportos, espero que o Grimsvötn e os seus vizinhos islandeses se mantenham calmos nos próximos tempos, já que daqui a pouco mais de uma semana me vou aproximar. A Noruega é ali mesmo ao lado e, agora que decidi ir ver como vivem os ricos, depois de tantas incursões em destinos (ainda) mais pobres do que o nosso, não me apetecia nada ficar pela Portela ou por uma outra qualquer escala intermédia.

Quando vejo as consequências do que se passa no Chile com o Puyehue, e realizo que, há meia dúzia de meses, pouquíssimos quilómetros me separaram dele (se é que não o vi mesmo a alguma distância…), sinto que estou a fintar os meus destinos turísticos – ou eles a mim, não sei muito bem. Mas insisto…
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E o Memorando, pá?

Copyleft


As notícias sobre as «acampadas» estão agora um pouco por toda a parte e não me detenho nelas, apesar de o dia de ontem ter sido especialmente turbulento em Espanha.

Mas regresso, sim, a uma intervenção de Eduardo Galeano, agora legendada em português, pelo significado profundo da sua atitude. Se eu «mandasse» (…), obrigava certos políticos em período de reflexão a verem e ouvirem este vídeo – duas ou três vezes, no mínimo…



«Pode-se “ganhar ou perder”, na vida e isso importa pouco em relação a outro mundo que nos aguarda.» Este mundo é infame, mas há um outro à espera, que é diferente e de «parto complicado».

«Alguém pergunta: “E depois? O que vai acontecer?” Não me importa muito o que vai acontecer, mas o que está a acontecer.»

«Os jovens não votam porque não acreditam na democracia que lhes oferecem.»

«Para que merda viver, se não acredito em algo melhor do que isto?»
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