14.6.11

Vasco Lourenço e a «censura» a um texto sobre Paulo Portas – e não só (Actualizado)

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Em relação à não publicação de um texto de Pezarat Correia no Diário de Notícias, Vasco Lourenço divulgou o que se segue na página da Associação 25 de Abril no Facebook:

«Censura? Dobrar de cerviz? Mais papistas que o Papa? Pôr as nossas barbas de molho? Excesso de zelo?

Eis algumas das interrogações que fiz quando tomei conhecimento que a direcção do Diário de Notícias não tinha autorizado a publicação do artigo de opinião do general Pedro de Pezarat Correia "Paulo Portas Ministro?". Nem o facto de esse artigo transcrever parte de um outro artigo do mesmo autor, publicado em 12 de Abril de 2002 no mesmo Diário de Notícias, valeu para que, desta vez, não tivesse havido censura.

Se juntarmos a este acto a carga policial sobre os "acampados" no Rossio, no sábado de reflexão (4 de Junho), mas também o convite feito pela RTP1 ao "comentador" José Eduardo Moniz para, no dia das próprias eleições, acertar contas - em seu nome pessoal e no da sua mulher - com o ainda primeiro-ministro José Sócrates, os sentimentos que expressei no início deste texto, nomeadamente os que significam "querer mostrar serviço ao chefe", acentuam-se, mas também poderemos perguntar: para onde caminhamos? Para onde nos querem levar? Aonde chegámos já?»

Vasco Lourenço

P.S. – Esclarecimento de Vasco Lourenço, publicado no Facebook (15/6, 18:00)

Afinal o artigo do Pedro Pezarat Correia acabou por ser publicado pelo Diário de Notícias, logo no dia seguinte à sua não aceitação.

Fica assim claro que não houve censura, nem, quero acreditar, qualquer das atitudes sobre as quais me interroguei ontem.

Como foi esclarecido pelos responsáveis do DN, tudo se ficou a dever a um conjunto de mal entendidos, a uma deficiente comunicação, no seio do próprio jornal, que levaram à decisão de que o artigo em causa não justificava a sua publicação, e a que se diz completamente alheio, tenha influenciado decisivamente a alteração da decisão). Quero continuar a acreditar que o DN se manterá como um elemento importante para que em Portugal exista liberdade de expressão, resistindo-se, o melhor possível, às enormes pressões que os diversos poderes, nomeadamente o económico e o político, exercem sobre os agentes e os órgãos da comunicação social. Manifesto, por tudo isso, a minha satisfação pela publicação do artigo e felicito a direcção do Diário de Notícias, pela atitude assumida e pela celeridade com que actuou (isto, embora considere que aquilo a que o jornal chama de [???]

Publicado o artigo, importa realçar o seu conteúdo, onde Pezarat Correia demonstra inequivocamente como e porquê Paulo Portas não deveria ser ministro da República.
Mas, num País de onde a ética desapareceu, levando consigo a capacidade de os responsáveis se envergonharem, um mínimo que seja, num País onde a corrupção campeia, num País onde não há qualquer responsabilização, criminal ou política, dos actores políticos, por maiores que sejam as arbitrariedades e os desmandos cometidos, que poderíamos nós esperar?

Porque não nos conformamos, porque teimamos em continuar a luta por um Portugal mais livre, mais democrático, mais justo e solidário, não desistimos.

Em 25 de Abril de 1974, assumimos responsabilidades, perante as portuguesas e os portugueses.

Por mais desilusões, por mais traições que apareçam, por maiores que pareçam as dificuldades, não desistimos. Estamos convictos que a maioria das portuguesas e dos portugueses comungam dos nossos ideais, estão connosco. Precisamos de os convencer a não ficarem em casa, a não abdicarem dos seus ideais, a lutarem pelos seus valores, pelos seus interesses!

Porque contamos que conseguiremos, contem connosco!

Vasco Lourenço

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