27.4.19

Montreal



Montreal pouco tem a ver com a cidade de Québec, mas merece certamente uma visita, mesmo sem o tempo que seria necessário para «absorver» nem metade.

Grande, com uma área metropolitana de cinco milhões de habitantes, é, ou considera-se, o centro cultural e universitário do país. Tem avenidas longas (medindo a mais célebre 55 quilómetros) e uma extraordinária cidade subterrânea, com um conjunto impressionante de galerias, que ocupa 32 quilómetros quadrados e onde há de tudo, desde hotéis a centros comerciais, lojas variadas e ligações a todos os meios de transportes públicos – um espaço fundamental para se fugir do clima terrível que se sente na rua!

Achei a cidade relativamente sombria, mas é verdade que não a vi nem um minuto sem chuva e um céu de chumbo. Por cá, espera-se que 2019 ainda venha a ter Primavera, mas com pouca convicção.

Tem um local bem simpático – o Plateau de Montreal – também conhecido como bairro dos portugueses, com casas muito engraçadas e, pelo que me dizem, um ambiente animado e mesmo boémio.

Igrejas não faltam e refiro a de Norte Dame, com um altar-mor belíssimo (sim, é mesmo azul) e toda ela muito original. Tem capacidade para 8.000 pessoas e é utilizada para grandes eventos como o casamento de… Céline Dion. Last but not the least, porque a prática religiosa já teve melhores dias, há igrejas a mais e muitas estão a ser vendidas para fins variados, de preferência para condomínios, sobretudo no caso das maiores. Lá chegaremos? Cuidado com os Jerónimos…


26.4.19

Québec



Estou a gostar deste enclave francófono nas Américas do Norte, onde se fala um Francês delicioso.

Uma longa estrada trouxe-me de Boston à simpática cidade de Québec, onde tudo decorre mais do que calmamente, já que não tem mais do que cerca de 600.000 habitantes numa área relativamente vasta.

Não vou referir as vicissitudes históricas por que passou com disputas entre franceses, ingleses e americanos dos actuais Estados Unidos, apenas que a cidade foi fundada em 1608 (e por isso tudo o que é «antigo» não recua a antes do século XVII…), que é banhada pelo célebre rio São Lourenço, que tem um clima bem frio (este ano a neve chegou a ter quatro metros, mesmo na parte urbana, e ainda não derreteu completamente), belas casas sobretudo no tal bairro «antigo», ruas cheias de árvores ainda com aspecto mais do que invernoso, uma economia confortável com 3% de desemprego mas com uma falta de mão-de-obra gritante que impede o crescimento possível.

Podia escrever muito mais? Sim, podia, mas era preciso que o meu dia tivesse mais de 24 horas. Ficam algumas imagens.







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24.4.19

25 de Abril



Estou fora do país, não festejarei amanhã aí o 45º Dia da Liberdade. Mas tive o privilégio de viver o primeiro na rua, desde antes do nascer do Sol até à vitória no Carmo, e isso ninguém me roubará.

Fica aqui um texto que já deu várias voltas, mas que continua a ser o que sempre tive a dizer:

MEMORIAL AOS PRESOS E PERSEGUIDOS POLÍTICOS



Foi agora criado um «site» associado ao Memorial em questão, que, recordo, será inaugurado no dia 25 de Abril, às 14:00, na estação do metro Baixa-Chaido.

O «site» já tem muita informação, terá mais, e todo o projecto começou assim:

Em 3 de janeiro de 2019, um grupo de cidadãos e cidadãs apresentou ao Presidente da Câmara Municipal de Lisboa uma proposta que visava a salvaguarda da memória da Resistência e das vítimas da ditadura - homens e mulheres presos e torturados, condenados em simulacros de tribunais, exilados e deportados, assassinados, impedidos de exercer as suas profissões e modos de vida, que viram as suas famílias perseguidas e humilhadas e as suas obras censuradas.
Essa Resistência, dos mais variados quadrantes políticos, abriu o caminho para «o dia inicial inteiro e limpo / onde emergimos da noite e do silêncio«, cantado por Sophia de Mello Breyner.
Eis o que agora se pretende honrar com este Memorial.

A Comissão Organizadora
Alfredo Caldeira | Artur Pinto | Diana Andringa | Gaspar Barreira | Helena Pato | Joana Lopes | João Esteves | Luís Farinha | Margarida Tengarrinha | Pedro Adão e Silva | Rita Veloso | Sara Amâncio
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23.4.19

Boston (2)

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Hoje não choveu, o que já não foi nada mau, e deu para ficar com uma ideia geral desta simpática cidade, nada parecida com as outras dos States, que conheço.

Institutos universitários por tudo quando é esquina, em Boston e em Cambridge do outro lado do rio, passeio demorado pela mítica Harward (onde jovens turistas estrangeiras se mascaram de estudantes para serem fotografadas junto à estátua do fundador – «fake world» em todo o seu esplendor…), árvores verdes, verdíssimas em tudo quanto é avenida ou parque, igrejas com uma arquitetura muito própria (por vezes como é o caso da igreja da Trindade, a que loucamente se encostaram arranha-céus), um Quincy Market a que não achei graça, arquitectuta vitoriana lindíssima, pegadas de Frank Guerry. E mais algumas coisas, poucas, pois seria necessário bem mais tempo para «viver» esta terra. Mas eu só cá estou mesmo de passagem, o motivo da viagem foi outro e começa a partir de amanhã: a parte francófona do Canadá.

Ficam este registo em jeito telegráfico e algumas imagens. O dia já foi longo e anda não acabou.





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22.4.19

Boston, primeira paragem



Queriam fotografias bonitas? É o que se pode arranjar por hoje…

Está um tempo óptimo, como se vê, cheguei há umas horas, mas no aeroporto deram-nos as boas vindas «à maneira»: as autoridades yankees andam à procura, sabe-se lá porquê…, de uma Maria com um apelido que fazia parte do longo nome de duas portuguesas do grupo em que viajo (e que também são Marias, claro). Nem vos conto…

Ainda vou dar umas voltinhas por aqui, mas amanhã é que é: sempre tive muita vontade de conhecer esta cidade. 
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21.4.19

Aí vou eu



Amanhã, bem cedo, vou até ao Aeroporto Humberto Delgado, o meu destino preferido em Lisboa. Quando voltar aqui será do outro lado do Atlântico, a Norte. Mas não, não vou para a Groenlândia. 
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O Sri Lanka também é isto



Por menos racional que seja, os locais onde já estivemos ficam-nos para sempre mais próximos. É o meu caso com o Sri Lanka.

Pôr-do-sol paradisíaco em Beruwela, Sri Lanka (2011)



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Páscoa? Esperem pelo Marcelo, ele vai a caminho!


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Greta Thunberg



«A Antonia estava em Estrasburgo e aproveitou para vir ao Parlamento assistir ao discurso da Greta Thunberg, que para ela é uma heroína. A menina de 7 ou 8 anos emocionou-se quando a Greta se emocionou e não descolou os olhos enquanto ela falava. Quando, no final do discurso, se passou à ronda dos grupos parlamentares, a Antonia perguntou se podia sair. Disse que tinha entendido tudo o que a Greta tinha dito, mas que lhe custava estar ali porque não percebia nada do que diziam as pessoas que estavam agora a falar. Poucos minutos antes de a Antonia ter pedido para sair, eu tinha comentado com a minha colega Jude, com quem a Antonia estava, que me envergonhava a forma como os grupos parlamentares estavam a dirigir-se a Greta.

A jovem sueca de 16 anos fez um discurso poderoso, emotivo, fundado e carregado de urgência. Começou com as palavras: "O meu nome é Greta Thunberg, tenho 16 anos, venho da Suécia, e quero que vocês entrem em pânico. Quero que ajam como se esta casa estivesse a arder (...). Um grande número de políticos já me disse que o pânico nunca conduz a um bom resultado e eu concordo. Entrar em pânico, a não ser que seja necessário, é uma ideia terrível. Mas quando a tua casa está a arder e queres impedir a tua casa de arder completamente, isso requer algum nível de pânico." O resto do discurso foi um apelo fundamentado e um pedido de responsabilização, sem desculpas, no combate às alterações climáticas. As primeiras intervenções dos meus colegas insistiram nas desculpas. A um discurso sobre a vida responderam com a burocracia e as "dificuldades" de contornar as decisões do Conselho ou as insondáveis versões sobre atos delegados e quejandos. A um discurso sobre ação responderam com a pesadíssima máquina e com "o tanto que já fizemos na União Europeia".

A Antonia teve razão em sair. A densidade do discurso de Greta foi, na maioria das reações, reduzida a um menu de procedimentos mais ou menos obscuros e contra os quais supostamente é difícil, senão impossível, lutar. Uma ativista apaixonada a informada não se deixa abater por um discurso conformista e vazio de esperança num futuro melhor. Estou certa de que terá saído do Parlamento mais segura das suas convicções e da dimensão do combate que temos pela frente. O que algumas das intervenções produziram foi a triste confirmação da ausência de vontade política em avançar com medidas efetivas e consequentes. A fraqueza que encontrou no Parlamento para juntar vozes e ações no combate às alterações climáticas contrastam com a força que os jovens trazem para as ruas na sua greve climática.

Greta não está sozinha. Somos muitos e muitas e seremos ainda mais.»

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