9.7.11

Paris – paradis?




Explicações aqui.
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«Não tenha vergonha de querer a Lua: precisamos dela»

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No número de Le Monde Diplomatique (edição portuguesa), que agora chegou às bancas, um importante texto de Serge Halimi.

«A crise da dívida que abala alguns países europeus está a ter uma viragem inédita: nascida das escolhas feitas pelos Estados de pedir emprestado para salvar os bancos, coloca poderes públicos exangues sob a tutela de instituições subtraídas ao sufrágio universal. O destino dos povos da Grécia, de Portugal e da Irlanda já não se constrói nos Parlamentos, mas nos escritórios do Banco Central, da Comissão Europeia e do Fundo Monetário Internacional. À espera de uma convergência dos movimentos sociais?

Económica mas também democrática, a crise europeia levanta quatro questões principais. Porque é que políticas que garantem a bancarrota são implementadas em três países (Irlanda, Portugal e Grécia) com uma ferocidade notável? Serão os arquitectos destas escolhas gente iluminada a quem cada fracasso – previsível – da medicação que prescrevem leva a aumentar imenso a dose? Em sistemas democráticos, como explicar que os povos vítimas de tais prescrições pareçam não ter outro recurso que não seja o de substituírem um governo que falhou por um outro ideologicamente gémeo e determinado a praticar a mesma «terapia de choque»? Finalmente, será possível agir de outro modo?

A resposta às duas primeiras questões impõe-se quando nos confrontamos com a verborreia publicitária sobre o «interesse geral», os «valores partilhados da Europa», o «viver comum». As políticas adoptadas estão muito longe da loucura: são absolutamente racionais. E, no essencial, atingem o seu objectivo. Só que não se trata de pôr um fim à crise económica e financeira, mas de recolher os seus frutos, incrivelmente sumarentos. Uma crise que permite suprimir centenas de milhares de postos de trabalho de funcionários públicos (na Grécia, em cada dez pessoas que se reformam, nove não serão substituídas), cortar os seus salários e a duração das suas férias pagas, vender sectores inteiros da economia em proveito de interesses privados, pôr em causa o direito do trabalho, aumentar os impostos indirectos (os mais desiguais), aumentar as tarifas dos serviços públicos, reduzir as comparticipações das despesas de saúde, cumprir enfim o sonho de uma sociedade de mercado – uma tal crise constitui a providência dos liberais. Em tempos normais, a mais ínfima destas medidas tê-los-ia obrigado a um combate incerto e feroz; aqui, tudo vem de uma vez só. Porque haveriam então de querer sair de um túnel que parece ser para eles uma auto-estrada para a terra prometida?».

(Na íntegra AQUI.)
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Em Sábado cinzento

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Ah, pois: «Bem-vindos a bordo»


«"Esta mudança no discurso político, mediante a qual o que era afirmado há pouco tempo pela esquerda mais radical, passou agora a senso comum da direita estabelecida, é um fenómeno interessante, tanto mais que se estende a outras dimensões para além da crítica às agências de 'rating'", escreveu ontem João Cardoso Rosas, professor de ciência política na Universidade Católica, numa coluna no 'Diário Económico'." (…)

Em Portugal certo é que, como aponta Cardoso Rosas, o campo intelectual na economia è esquerda tem marcado pontos. "Temos de admitir que a esquerda foi mais lúcida na antecipação das nossas dificuldades", aponta.

O que nos leva a outro ponto: se a esquerda fala agora de saída do euro (por João Ferreira do Amaral) e de reestruturação da dívida, "será que daqui por uns tempos vamos ouvir os economistas de direita reconhecer que isso é inevitável?", pergunta o politólogo.»

(Aqui.)
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8.7.11

Foleyroom

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«An audiovisual soundsculpture, reacting to the sound of Amon Tobin's Foleyroom, at Milwaukee Art Museum.»
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Plano B

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Shame on you, America


Em Julho de 2011, homens matam um outro homem, a frio, com uma injecção letal, no país que ainda se julga dono do mundo.

Mesmo depois de o próprio Obama ter intervindo para lembrar que terão sido violadas leis internacionais, já que Humberto Leal, mexicano, não terá sido devidamente avisado dos seus direitos antes de se declarar culpado.


Mas acabou em morte.
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A possibilidade de alternativas

@Paulete Matos

Regresso ao último livro de Boaventura Sousa Santos (*), concretamente a parte do seu último capítulo: «Outro mundo é possível». Mergulhados que estamos e vítimas que somos de um neoliberalismo feroz que nos rói até ao osso, não desistamos de «recusar a ideia de que não há alternativa». Mesmo - e é esta para mim a mensagem mais importante do texto – que saibamos melhor, e muitas vezes apenas, aquilo que NÃO queremos. O que queremos, iremos sabendo. Este é, aliás, o leitmotiv de muitas das minhas conversas e discussões nos últimos tempos.

«Todas as utopias conservadoras são sustentadas por uma lógica política baseada num único critério de eficácia que rapidamente se torna um critério ético supremo. Qualquer outro critério ético é desvalorizado como ineficaz. O neoliberalismo é uma dessas utopias conservadoras para as quais o único critério de eficácia é o mercado ou as leis do mercado. O seu carácter utópico radica na promessa de que a sua realização ou aplicação totais elimina todas as outras utopias. (…)

A utopia conservadora é hoje mais poderosa que nunca porque é reproduzida todos os dias e incessantemente pelos meios de comunicação social. As alternativas ao neoliberalismo nunca são mencionadas e, quando o são, é com o exclusivo propósito de as descredibilizar. Por essa razão, a dimensão utópica das lutas que resistem a este estado de coisas reside basicamente em recusar a ideia de que não há alternativa. Assume um carácter negativo: sabe melhor o que não quer do que o que quer. É mais importante afirmar a possibilidade de alternativas do que defini-las em detalhe.» (pp. 142-143)
(O realce é meu.)

(*) Portugal. Ensaio contra a autoflagelação, Almedina.
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7.7.11

Estes pelo menos cantam

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Também numa 3ª feira, mas os outros só roncaram.
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Directos do baú


Redescobri ontem este cartaz e tive o maior dos sucessos no Facebook. Espalhou-se por muitos murais e, pasme-se, provocou mesmo acaloradíssimas discussões, zangas até! Encantos que a blogosfera (hoje) desconhece…


Também divulguei este pergaminho do PS. (Como se sabe, «o hino» continua no Youtube.)

Serão estas coisas que baralham a Moody’s?
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Mercados?


(Via Jorge Fernandes no Facebook)
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Para além da espuma dos dias


Estou longe de ser admiradora incondicional de Boaventura Sousa Santos, e discordo muitas vezes do que escreve, mas li ontem grande parte do seu último livro (*) e destaco este parágrafo que, sem trazer nada de novo, resume de um modo simples e directo muito do que penso e para que encontro pouco eco. Sem ter medo de «etiquetas», hoje politicamente incorrectas.

«O que é novo hoje é o facto de as classes populares se terem apropriado do ideal democrático, entrando no jogo democrático, apesar das condições adversas e das muitas frustrações, dando ao conceito e prática da democracia entendimentos novos e mais ricos (demagogia participativa), expandindo-se para campos sociais antes vedados ao jogo democrático (família, escola, comunidade, relações entre sexos e entre grupos étnicos, etc.) e conquistando através das lutas democráticas alguns direitos importantes. O ataque sistemático que o capitalismo global tem vindo a fazer a estas conquistas – um ataque que se torna mais virulento à medida que o capitalismo financeiro prevalece sobre o capital produtivo e o Estado – é vivido pelas classes populares como uma crise da democracia. A centralidade desta crise, sendo vivencial, é também estrutural; revela que o capitalismo só é compatível com formas muito pobres de democracia (democracia de baixa-densidade, semi-democracia, democracia política combinada com fascismo social). Assim sendo, deixa de fazer sentido discutir a crise do capitalismo fora do muro da crise da democracia (o que é novo para a esquerda) tal como deixa de fazer sentido não questionar o capitalismo como um obstáculo à democratização (o que é novo para a social-democracia). A luta pelo aprofundamento da democracia é necessariamente uma luta anti-capitalista.» (p. 85)
(O realce é meu.)

(*) Portugal. Ensaio contra a autoflagelação, Almedina.
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6.7.11

Lixados

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Nós somos lixo,
Somos só lixo.
Já não há gente, há só lixo
Dispensável, descartável, reciclável.
E agora parem um minuto p'ra pensar.

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Teúda e manteúda


«"Um BPP à deriva": a metáfora do que é hoje a Madeira para o país e para a arruinada parte do país que é o OE é de um comentador anónimo do 'post' com o título de "Quantos 13ºs meses vale a Madeira?" publicado em http://entreasbrumasdamemoria.blogspot.com a propósito do livro em que o actual ministro da Economia analisa a chantagem independentista regularmente brandida (o homem não tem propriamente uma imaginação prodigiosa) por Jardim sempre que se prepara para ir de novo ao bolso dos otários do "cont'nente".

Segundo Álvaro Santos Pereira, o problema que teria uma Madeira independente seria o dos seus "défices gémeos": défice orçamental ("receitas dos impostos [que] não chegam para pagar as despesas do Estado") mais défice externo ("importações muito mais elevadas do que as exportações").

Isto é, a Madeira nem tem receitas próprias para se financiar nem tem com que pagar o que compra no exterior e precisará sempre de ser a teúda e manteúda de um velhinho qualquer, seja de um que lhe ache graça seja, como no caso presente, de um que se sinta sentimentalmente obrigado a pagar-lhe as extravagâncias e noitadas (como, por algum motivo singular, tem acontecido também com BPP e BPN).

Por isso, Jardim não tem outro remédio senão continuar a suportar os casamentos gay ("Se há casamentos gay pode haver quem pense na independência", ameaça ele), por mais bandeiras da FLAMA, ou lá o que for, que agite.»

Manuel António Pina, hoje no JN.

P.S. – Mais uma excelente crónica de MAP, mas sou honesta: hoje reproduzi-a, sobretudo, por constatar que o meu cronista preferido continua a passar por esta casa e, até, a entrar na Caixa de Comentários
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Moody’s & Friends, esses cangalheiros

@Gui Castro Felga

Ler: You bastards, de Pedro Santos Guerreiro, no Negócios online.

«Este corte de "rating" é grave. É uma decisão gratuita que nos sai muito cara. Portugal é o lixo da Europa. As agências de "rating" são os cangalheiros, ricos e eufóricos, de um sistema ridiculamente inexpugnável. As agências garantem que nada têm contra Portugal. Como dizia alguém, "isto não é pessoal, apenas negócios". Esse alguém era um padrinho da máfia.»
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Onagros?


Às voltas com uma tradução do francês, deparei hoje com uma expressão que esquecera completamente: peau de chagrin.

La Peau de Chagrin é, como se sabe, um romance de Honoré de Balzac, publicado em 1831, sendo que chagrin é um animal da família dos hemíonos – equídeos, tanto selvagens como domésticos, que dão pelo nome de asnos, burros, jumentos, zécoras e onagros, tendo sido este último termo o escolhido para a tradução do título da obra de Balzac em português: A Pele de Onagro.

No romance, a pele do simpático animal era um couro que encolhia quando o herói fazia um voto. Daí, ter passado a dizer-se que algo que diminui rapidamente se reduz comme une peau de chagrin.

No meu texto a traduzir, o que é que encolhia comme une peau de chagrin? Os orçamentos para a educação e para a saúde nos países que estão ou estiveram «ajudados» pelo FMI…

Onagra me sinto. Sempre a aprender.
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Reciclemo-nos


... enquanto é tempo.
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5.7.11

Com dois dias de atraso

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… assinale-se o 40º aniversário do desaparecimento de Jim Morrison.


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Poupanças na frota do Estado

Para Passos Coelho

Para Cavaco (com acessório para chegar à cabana no Algarve).

Para aquela senhora que preside à AR e que foi aplaudida de pé por todas as bancadas,
por um qualquer motivo que hei-de perceber numa outra encarnação.
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Que fazer com esta dívida?

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«Éric Toussaint, presidente do Comité para a Anulação da Dívida do Terceiro Mundo, esteve em Lisboa, a convite do CES, para explicar o que é uma auditoria à dívida.

Éric Toussaint sabe o que é uma auditoria à dívida - ao serviço do novo governo de esquerda do Equador, Toussaint fez parte da equipa que investigou a origem e o destino da dívida pública do país, um processo que levou ao julgamento de responsáveis políticos e à decisão unilateral de não pagar parte da dívida equatoriana. As situações da América Latina e da Europa são diferentes, mas há lições comuns a tirar, explica Toussaint.

O que é a auditoria à dívida? Como funciona?
É um instrumento para analisar de maneira rigorosa as características da dívida pública interna e externa. Isto significa analisar as cláusulas dos contratos e a utilização dos fundos, e emitir uma opinião. Não é só analisar do ponto de vista do direito comercial, para ver se um contrato é ilegal. A auditoria tem de ser integral, isto é, tem de apurar como foi utilizado o dinheiro, qual foi o impacto ao nível dos direitos económicos e sociais, ao nível ambiental. A auditoria é um instrumento para identificar dívidas legítimas e ilegítimas.»

(Continuar a ler a entrevista no jornal «i».)

A intervenção de Éric Toussaint no evento do CES pode ser vista, na íntegra, no Youtube:



Partes IIIIIIVV e VI.
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Democracia participativa


Alguns jornais portugueses falaram resumidamente do assunto há alguns dias, mas apanharam-no no estrangeiro e só ontem cheguei à notícia no Público.es.

Para além do que tudo o que já se sabe e que foi escrito sobre a especificidade do caso islandês, está neste momento em curso um processo absolutamente excepcional que tem em vista a elaboração de uma nova Constituição para o país: há milhares de islandeses que estão a colaborar na sua redacção através da internet, não só mas sobretudo no Facebook (e até no Twitter…)

Um Conselho Constitucional eleito por voto popular em 2010, com 25 membros, utiliza a rede não apenas para manter os cidadãos rapidamente informados sobre a evolução do trabalho, como para receber opiniões sobre o mesmo e propostas de direitos fundamentais a serem garantidos. As sessões do Conselho são transmitidas em directo através da Web e de uma página no Facebook, onde todos podem deixar ideias e sugestões. Por isso se fala da «Constituição Facebook», o que é perfeitamente compreensível num país em que dois terços da população tem conta aberta naquela rede social!

A ideia é que, na hora de votar em referendo, as pessoas não sejam postas perante um texto fechado e desconhecido, mas sim levadas a pronunciarem-se sobre algo que acompanharam – e em que participaram – desde a primeira hora.

Mais: todo este processo foi precedido por duas grandes reuniões a nível nacional. Na segunda, em Novembro do ano passado, participaram 950 pessoas, escolhidas por sorteio e distribuídas por mais de 100 grupos de trabalho, que definiram prioridades para a elaboração do texto, concretizadas num volume de 700 páginas, que serviu de base de trabalho para o Conselho.

Este tem de zelar para que o objecto final contenha os princípios básicos do funcionamento do sistema político a um nível suficientemente geral e depurado para que sejam asseguradas características próprias e vigência durante décadas. O anteprojecto deverá estar pronto este mês para ser enviado ao Parlamento e depois sujeito a referendo.

Se isto não é democracia participativa…

(Mais detalhes)

Na foto, o Conselho Constitucional.
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4.7.11

Triste figura – mais pobre do que nobre


Lá se foi para outros mares. Pelo menos para já, porque já dizia o O’Neill qua há ir e que há voltar e nunca se sabe se a «alguma tristeza» com que o ex-candidato às duas mais altas funções do Estado se afasta das «funções de recém-eleito deputado» não o fará regressar, mais cedo ou mais tarde.

Extraordinários são os termos com que elogia Passos Coelho, na carta de despedida: não a um Domingo mas numa 2ªfeira de Julho, ficámos a saber que o nosso novo PM ganhou grau académico e passou a «doutor» por extenso! Nem mais…

Nós somos sofredores e aguentamos muito. Mas esta figura rocambolesca que nos coube em sorte excedeu os limites! Assino por baixo o que Vasco Barreto escreveu esta tarde no Facebook: «Churchill disse que a democracia era a pior forma de governo, exceptuando todas as outras, mas Churchill não conheceu Fernando Nobre.»



(Foto Inimigo Público)
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July 4


Declaração de Independência dos EUA, 4 de Julho de 1776

«Quando, no curso dos acontecimentos humanos, se torna necessário um povo dissolver laços políticos que o ligavam a outro, e assumir, entre os poderes da Terra, posição igual e separada, a que lhe dão direito as leis da natureza e as do Deus da natureza, o respeito digno às opiniões dos homens exige que se declarem as causas que os levam a essa separação.

Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens foram criados iguais, foram dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a busca da felicidade.»

(Ler o resto aqui.)




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Quantos 13.os meses vale a Madeira?


Álvaro diz que «se a Madeira quiser, um dia poderá tornar-se independente», Jardim insiste na chantagem. Sempre achei que seria uma excelente ideia, com a condição de ser recusado a Alberto João o visto para entrar no «cotinente».

Mas o mundo mudou e, em tempo de guerra, não se limpam armas nem jóias da coroa. Há certamente 10.354 russos e 1.232.121 chineses interessados em comprar «a pérola do Atlântico», faça-se constar que Passos Coelho segue as possíveis pisadas de Papandreou e de Berlusconi e livramo-nos, por uns tempos, de prazos das troikas e de pesadelos germânicos.

Pagodes manhosos espalhados pelas encostas? Uma réplica da Praça Vermelha no Funchal? Who cares! Muitos madeirenses, certamente, mas acolheríamos de braços abertos os que não quisessem lá ficar.

Para chantagem, chantagem e meia. Álvaro: please!
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3.7.11

O verdadeiro Facebook

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Face book1 funny photo
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Apelo dos cidadãos gregos aos cidadãos da Europa


Por iniciativa de Mikis Théodorakis, o compositor grego que se transformou num dos símbolos da luta dos gregos contra a ditadura dos coronéis, em 1974, e de um movimento de cidadãos independentes por ele criado para resistir «às pressões impostas pelos Estados Unidos, FMI e EU», foi lançado há alguns dias (antes dos acontecimentos da semana que agora terminou) um texto-apelo que pode ser lido na íntegra no blogue no Portugal Uncut.

Alguns excertos:

«Nós saudamos as dezenas de milhares, as centenas de milhares dos nossos concidadãos, a maior parte jovens, que se juntaram nas praças de todas as grandes cidades para manifestar a sua indignação aquando da comemoração do memorando (acordo assinado entre o governo grego, a UE, o FMI e o BCE, em Maio de 2010 e desde então regularmente renovado), exigindo a partida do governo da Vergonha e de todos os políticos que geriram o bem público, destruindo, roubando, e escravizando a Grécia. O lugar de todos estes indivíduos não é no Parlamento, mas na prisão. (…)

Nós dirigimo-nos também aos povos europeus. O nosso combate não é apenas o da Grécia, ele aspira a uma Europa livre, independente e democrática. Não creiam nos vossos governos quando eles fingem que o vosso dinheiro serve para ajudar a Grécia. Não creiam nas mentiras grosseiras e absurdas dos jornais comprometidos que querem convencer-vos que o problema se deve à preguiça dos gregos, apesar destes, e de acordo com os dados do Instituto estatístico europeu, trabalharem mais que todos os outros europeus! (…)

Não há outra solução se não uma reestruturação radical da dívida, na Grécia, mas igualmente em toda a Europa. É impensável que os bancos e os detentores de capitais responsáveis pela crise actual não desembolsem um cêntimo para reparar os danos que eles provocaram. Os banqueiros não devem ser a única profissão segura do planeta!

Não há outra solução se não substituir o actual modelo económico europeu, concebido para gerar dívidas, e regressar a uma política de estímulo da procura e do desenvolvimento, a um proteccionismo dotado de um controlo drástico da Finança. Se os Estados não se impõem aos mercados, estes últimos engolem-nos, ao mesmo tempo que a democracia e tudo o que a civilização europeia alcançou. A democracia nasceu em Atenas quando Sólon anulou as dívidas dos pobres face aos ricos. (…)

Nós pedimos-vos que o façam no vosso próprio interesse. Se vós autorizais hoje o sacrifício das sociedades grega, irlandesa, portuguesa e espanhola sob o altar da dívida e dos bancos estará para bem próximo a vossa vez. Vós não podeis prosperar no meio das ruínas das sociedades europeias. Nós atrasámo-nos, mas nós acordámos. Construamos juntos uma nova Europa; uma Europa democrática, próspera, pacífica, digna da sua história, das suas lutas e do seu espírito. »
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Se o mandassem para Marte…


… para não dizer pior!

Quem? O nosso putativo, ex-futurível prémio Nobel, que escreveu esta prosa onírica e sem adjectivação disponível que a mereça. É só para ler porque dispensa qualquer comentário.

Mas houve alguém que respondeu com um texto magistral.
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O cancro de Chávez, visto das janelas de Havana


Pura filantropia?

«Para el gobierno cubano, la existencia saludable de Hugo Chávez se ha erigido como garantía para llevar las reformas económicas al ritmo y a la velocidad que no le hagan perder el control. Los 100 mil barriles de petróleo que llegan diariamente desde el país sudamericano sostienen el proceso de “perfeccionamiento” del sistema que impulsa Raúl Castro y le está permitiendo ganar tiempo frente al descontento ciudadano y la presión internacional. De ahí que cuidar a Chávez es preservar su asiento presidencial; perderlo, podría apresurar su propia caída. En las últimas semanas, la jerarquía isleña ha sentido nuevamente el vértigo del abismo en el que nos hundimos con el desmembramiento de la Unión Soviética, e intuye que no podrá sobrevivir a la pérdida de otro aliado poderoso. La vitalidad del caudillo certifica también el futuro de ellos, la debilidad de éste los hace perder sostén apresuradamente.»


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