13.12.08

É de homem!

Europa, Portugal, Grande Lisboa, 2008

Declaração de voto apresentada pelo deputado municipal João Rêgo de Carvalho, eleito pelo PSD, na Assembleia Municipal de Odivelas.

  (Clicar)

Canções de amor (4)














Regressemos então às melhores canções de amor. Se é para recuar, hoje fica esta:

«Gosto de ti» (1936)

Ainda a propósito do sexo das bloggers













Uma comunicação feita recentemente num encontro de blogues - Os bloggers têm sexo? Contributo para o mapeamento da participação feminina na blogosfera - deu origem a uma polémica neste blogue. A questão voltou hoje à ordem do dia a propósito do I Congresso Nacional de Ciberjornalismo.

A Jonas já fez o trabalho todo, contou a história, pôs todos os links, poupou-me imenso esforço. Acaba assim:
«Sabem que mais, senhoras investigadoras? Vão para a cozinha. Ou isso ou crochet.»

12.12.08

O Museu de Peniche - ainda

Referi aqui, há alguns dias, uma visita ao Museu da Resistência de Peniche. Uma das alunas que fez parte do grupo que acompanhei conta as suas impressões em post publicado nos Caminhos da Memória. Bem elucidativo.

Shame on you, stôres

Bento XVI em Portugal





















Não foi a Fátima, mas deu uma mãozinha nas vindimas do Douro. A ICAR sempre, sempre ao lado do povo!

Juro que não é montagem.
(Clicar para ver melhor.)

11.12.08

Mocidade Portuguesa












Depois da Feminina, chegou a vez da Masculina:

Joaquim Vieira, Mocidade Portuguesa. Homens para um Estado Novo, A Esfera dos Livros, 2008, 278 p.

Maginífico. Para ver, ler e não esquecer.

Movimento Esperança Portugal

O Movimento Esperança Portugal (MEP) já tem algum tempo de vida, mas o seu nome voltou agora à baila com a nomeação de Laurinda Alves como cabeça de lista para as eleições europeias. Gostos não se discutem, cá por mim começaram mal porque detesto a figura pública, o seu inenarrável blogue e muitas outras coisas. Consolo-me assinando por baixo o texto de um mail ontem recebido: «Sim, por favor dêem algo que fazer à rapariga - o mais longe possível do país». E dá também para a blogosfera se divertir: vão ver o que é o C.A.L.A. que vale a pena.

Adiante porque quero falar a sério. Li as 78 páginas do programa do MEP. Como acontece com todo e qualquer partido, está lá tudo, sobre todos os assuntos, com conteúdos não significativamente diferentes de todos os outros que se dizem «ao centro».

O que impressiona neste caso, da primeira à última página, é a linguagem e o que ela revela. Será provavelmente uma originalidade desejada, mas arrepia porque parece mais um Tratado sobre Virtudes destinado a escuteiros do que qualquer outra coisa - «... um projecto de matriz humanista, na sua expressão personalista», que «tem na pessoa humana o princípio, o centro e o fim de tudo» (p. 9), que quer «cultivar uma sociedade de confiança» (p 11), que acredita «mais em pontes do que em rupturas», que prefere «vitórias partilhadas a vencedores e vencidos», que se diz «famílio-cêntrico» (p. 36), sem dizer se é explicitamente contra a despenalização do aborto (mas subentende-se que sim).

Não quero deixar de transcrever os títulos das «sete prioridades da acção política» (p. 27): «Mesa com lugar para todos»; «Uma sociedade de famílias»; «Cultura de pontes»; «Desenvolvimento humano sustentável»; «Democracia mais próxima do cidadão»; «Um mundo interdependente e solidário».

Tudo se agrava (digo eu) quando é definida «uma visão integrada da Economia e do Trabalho» nos seguintes termos: «É fundamental promover uma aliança entre trabalhadores (incluindo gestores aos vários níveis), empresários, accionistas e outros actores relevantes, para se atingirem vitórias comuns» (p. 46). Harmonia, paz e amor, portanto. Começo a sentir que me tomam por parva.

Para finalizar e resumir, o MEP propõe para Portugal, no século XXI: «SER MELHOR», «em tudo, sempre e independentemente da circunstâncias». Fialmente, o admirável mundo novo!

À primeira vista não dá para levar muito a sério, mas pode vir a ter a sua importância. Há sempre um PRD no horizonte, pronto a rivalizar com D. Sebastião.

Hino do MEP:

10.12.08

Capelanias hospitalares - Carta da Associação Ateísta Portuguesa

(Recebida por mail)

Exmo. Senhor.
Presidente da Comissão da Liberdade Religiosa
Dr. Mário Soares

Senhor Dr. Mário Soares:

A Associação Ateísta Portuguesa (AAP) vem junto de V. Ex.ª, solicitar o seu empenhamento para que seja declarado nulo o novo acordo de colaboração entre o Ministério da Saúde e a Igreja Católica, por violar a laicidade a que o Estado é constitucionalmente obrigado.

O novo acordo de colaboração entre o Ministério da Saúde e a Igreja Católica, no sentido de regular a assistência religiosa nos hospitais, levanta sérias preocupações a dois níveis. Por um lado, porque se aparenta justificar numa suposta eficácia terapêutica que terá a participação de padres católicos no processo de recobro. Por outro lado porque representa uma intromissão inaceitável do Estado nesta matéria tão pessoal que é a religião.

A Sra. Ministra da saúde Ana Jorge anunciou em Fátima que o acordo com a igreja católica se justificava porque a saúde «não é só o tratamento físico», mas a «espiritualidade entra neste campo global»(1). No entanto, mesmo que o bem-estar dos doentes não resulte só da terapia e da medicação, não é verdade que exija uma espiritualidade no sentido de crença religiosa ou dependência do sacerdócio. Muitos doentes encontrarão todo o conforto e consolo nos seus familiares, nos seus amigos e na competência e empenho dos técnicos de saúde que os acompanham. A religião não é uma componente necessária da terapia.

Além disso, a espiritualidade religiosa não é necessariamente o catolicismo. Só se justificaria por razões médicas celebrar este acordo específico com a Igreja Católica se houvesse evidências concretas que esta religião não só é eficaz no recobro dos pacientes como é mais eficaz que as outras religiões que não estão cobertas por este acordo. Não há indícios que assim seja.

Quanto ao direito de acompanhamento religioso este acordo tenta resolver um problema inexistente. O direito de receber apoio espiritual já está garantido nas visitas hospitalares, nas quais o doente pode receber familiares, amigos ou sacerdotes da sua religião sempre que tais visitas não comprometam a sua recuperação. Por isso o que parece estar em causa neste acordo não é o direito à assistência religiosa mas sim quem financiará este encargo, se a Igreja Católica ou se o contribuinte. O que põe em causa outros direitos do doente.

Põe em causa o direito do doente, enquanto doente, que o Ministério da Saúde promova uma utilização eficiente dos recursos de que dispõe. E estes não são tão abundantes que o salário de um capelão não faça falta para equipamento, técnicos de apoio, de enfermagem ou médicos. Põe em causa o direito do doente, enquanto crente, que o Estado não se intrometa na religião nem favoreça umas em detrimento de outras. E põe em causa o direito do doente, enquanto contribuinte, que o seu contributo para o Estado seja usado com justiça para ajudar aqueles que mais precisam em vez de subsidiar a Igreja Católica, uma das organizações mais opulentas de Portugal.

(1) - Agência Ecclesia, Acordo entre Ministério e Capelanias Hospitalares

Confiando no empenhamento de V. Ex.ª na defesa da laicidade, condição essencial para a defesa da liberdade religiosa, apresento-lhe, em nome da Associação Ateísta Portuguesa, os melhores cumprimentos.


Odivelas, 10 de Dezembro de 2008

Carlos Esperança
(Presidente)

Se é ele que o diz...

Bela imprensa

Um título do DN de hoje:

«Chefe da ETA urinou nas calças quando o prenderam em França»

ONU - há 60 anos

Em 10 de Dezembro de 1948, os países-membros da ONU aprovaram a Declaração Universal dos Direitos Humanos, com 48 votos a favor e 8 abstenções. A iniciativa surgiu como uma reacção às atrocidades cometidas durante a Segunda Guerra.

(P.S., como resposta a uma pergunta formulada num comentário. Abstenções: União Soviética, Bielorússia, Ucrânia, Polónia, Checoslováquia, Jugoslávia, Arábia Saudita, e África do Sul.)

9.12.08

Estaline, a fénix sempre renascida











ADENDA (*)




«Nos inquieta la amplia difusión de recetas para el renacimiento de Rusia por la vía de una modernización autoritaria o incluso la dictadura y la propaganda de una violencia justificada desde el punto de vista histórico con muchos millones de víctimas y purgas sociales», diz-se na resolução final de uma conferência, realizada há poucos dias em Moscovo, e na qual representantes de perto de cem instituições chamaram a atenção para a reabilitação da figura de Estaline por parte do governo russo.

Branqueamento das vítimas:
«En las esculturas, capillas, cruces y obeliscos dedicados a las víctimas, éstas son tratadas como si hubieran sufrido una catástrofe natural.»

E também:
«El 12% de simpatizantes de Stalin registrados en sondeos de los años noventa se ha convertido en más de un 50% en esta década, mientras la represión masiva ha sido marginada al inconsciente colectivo.»

É melhor não andarmos distraídos.

Fonte

(*) Nem de propósito:
«Le PC de Saint-Pétersbourg veut canoniser Staline».

8.12.08

António Alçada e a aventura da Moraes














(Também publicado em Caminhos da Memória)

Muito se tem escrito sobre António Alçada Baptista desde que se soube que morreu ontem, com 81 anos. Quase tudo foi dito sobre o intelectual, o escritor, o conversador sedutor, o católico progressista, o homem da província que dizia de si próprio, com a distância e a ironia que sempre o caracterizaram: «Na minha visão da infância e da adolescência, Salazar era o procurador, em Lisboa, dos meus avós, dos meus pais, dos meus tios e dos padres.»

Tem-se referido também que foi o fundador da revista O Tempo e o Modo. Mas importa recuar um pouco e lembrar o que ele próprio considerou a sua grande «aventura». Explica-a bem num capítulo daquele que, no meu entender, foi o seu grande livro: A pesca à linha. Algumas memórias (1). Pouco virado para a advocacia e apaixonado por livros, descobriu em 1958 que estava à venda a Editora-Livraria Moraes e não hesitou em comprá-la. Nesse ano de tantas esperanças em Portugal, depressa reuniu à sua volta um grupo de jovens recém-licenciados católicos - Pedro Tamen, João Bénard da Costa e Nuno Bragança, entre outros - e assim começaram, em conjunto, uma verdadeira e bela «epopeia», sempre difícil, mas que acabou por dar frutos inestimáveis: várias colecções de livros, aparentemente impensáveis no Portugal de Salazar e Caetano, e duas revistas, O Tempo e o Modo e a Concilium.

É como um todo que a actividade da Moraes, desde o fim da década de 50, deve ser entendida - e não isolando um ou outro sector, mesmo O Tempo e o Modo, como tantas vezes acontece. Porque a Moraes foi muito mais do que uma editora, foi todo um movimento em que se empenharam, a vários níveis, muitas dezenas ou centenas de pessoas, numa abertura cultural e política tornada em grande parte possível pela visão, pelo arrojo e pelo desprendimento de António Alçada Baptista.

A face da Moraes hoje menos conhecida é, talvez, o conjunto das suas magnificas colecções de livros. É impossível enumerar tudo o que foi produzido durante mais de três décadas: centenas de obras de autores portugueses e de traduções, escolhidas seguindo critérios rigorosos, com uma qualidade gráfica excepcional para a época e com uma lista de tradutores de um nível que provoca hoje a maior das admirações: Jorge de Sena, Alexandre O'Neill, Nuno Bragança, Maria Velho da Costa, Fernando Gil e dezenas de outros. Traduzir para a Moraes era também um meio de acrescentar uns tostões (bem poucos) às nossas magríssimas bolsas - e digo «nossas», porque também me foi dada essa possibilidade. Quantas vezes para que o resultado obtido fosse pura e simplesmente proibido e apreendido nas livrarias, com todas as respectivas consequências financeiras.

Para que tudo isto não ficasse esquecido e não fosse desaparecendo com os seus protagonistas, foi editado em 2006, pelo Centro Nacional de Cultura, um pequeno mas lindíssimo livro precisamente intitulado A aventura da Moraes. Nele são resumidas muitas histórias com alguns pormenores deliciosos, enumeradas com detalhe as colecções de livros, seus autores e tradutores, explicadas as origens e as actividades de O Tempo e o Modo e da Concilium (2).

Qual o balanço geral: utopia e fracasso? Deixo a palavra a António Alçada: «Nunca me passou pela cabeça que tínhamos nas mãos uma empresa comercial sujeita a critérios de rentabilidade e julgava que, como nós, alguns milhares de portugueses estavam ansiosos por livros. (...) Mas «esta aventura falhou porque a camada da sociedade portuguesa a quem ela se dirigia recusou frontalmente a sua colaboração e não esteve disposta a correr nenhum risco nem, na prática, se sentiu minimamente solidária com o esforço que estava a ser feito.»

Por isso, a Moraes acabou por fechar em 1980. Mas não é de todo a memória de fracasso que guardamos todos os que lá vivemos uma bela história, não só de combate mas também de cultura, de solidariedade e de amizade, pelo menos até ao 25 de Abril. Por isso voltámos a reunirmo-nos ontem e hoje - já faltaram uns tantos, mas estivemos lá os que ainda pudemos responder à chamada.


(1) António Alçada Baptista, A pesca à linha. Algumas memórias, Editorial Presença, Lisboa, 2000, pp. 59-72.

(2) A aventura da Moraes, Centro Nacional de Cultura, Lisboa, 2006, 110 p. Declaração de interesse e de interesses: estou afectivamente ligada a este livro porque acompanhei de perto a sua elaboração, coordenada por Isabel Tamen, e também porque para ele contribuí como autora de um dos seus oito capítulos.

César das Neves e a História

Às vezes dá para brincar com o que César das Neves escreve à 2ª feira no DN. Nem é hoje o caso, quando se refere à situação actual da Igreja:

«Nesta intensa história, o presente surge como uma das melhores épocas, interna e externamente. No interior vive-se paz doutrinal e vigor apostólico. (...)
Mas não serão reais os sinais de decadência da Fé? Que dizer da crise de vocações, redução do culto, perda de influência religiosa? Esse problema reside, não na Igreja, mas na Europa. A Igreja vive no mundo como sempre. Foi o velho continente que abandonou as suas referências culturais e se debate na triste desorientação civilizacional.»

Verdadeiro monumento em defesa do mais puro e duro conservadorismo: a Igreja está bem e recomenda-se porque não muda, não evolui, «vive no mundo como sempre». Mal estão todos os outros, os «desorientados».

Tal como na velha anedota em que a Maria olha extasiada para o seu Zé que não acerta o passo com o pelotão: «Vês como ele marcha bem? Porque é que os outros não conseguem?»

7.12.08

Canções de amor (3)

Nas mais belas de sempre, não poderia faltar uma francesa - Barbara, por exemplo.

Se o disparate pagasse impostos

... o 5 Dias já tinha sido objecto de penhora.

A crise vista do quiosque

Sempre ouvi dizer que as barbearias eram fontes privilegiadas de conhecimento do mundo e das vidas, mas nem sei se ainda o são. O meu termómetro de optimismos ou de crises é o quiosque onde compro jornais e revistas - com muito movimento, numa zona bem burguesa de Lisboa. Nem sei há quantos anos tenho conversas curtas e bem humoradas com quem o gere, ex-emigrante em França que me conhece hábitos e preferências.

De há uns tempos para cá, fui notando algumas mudanças: semblante carregado, pouco tabaco à vista, semanas em que o Expresso não apareceu, atraso de revistas. Até ao desabafo: não está mesmo a conseguir aguentar o barco, já nem consegue pagar aos distribuidores.

Nos últimos seis meses, toda a gente fuma menos, as senhoras desistiram certamente de enfeitar as casas porque as revistas de decoração ficam penduradas nos escaparates, todos parecem ter deixado de se interessar por destinos exóticos, os homens perfumam-se menos e, sobretudo, a venda dos jornais diários teve uma quebra de 50%. Há uns maduros como eu que continuam a comprar «coisas estrangeiras» e só os semanários de 5ª feira a Sábado, até ver, parecem manter-se de boa saúde.

Vou dizer-lhe hoje que Sócrates acredita (?) que «As famílias portuguesas podem esperar ter um melhor rendimento disponível em 2009». Pode ser que isso o ajude a passar a tarde de Domingo - mentiras piedosas, quem as não tem...