O Movimento Esperança Portugal (MEP) já tem algum tempo de vida, mas o seu nome voltou agora à baila com a nomeação de Laurinda Alves como cabeça de lista para as eleições europeias. Gostos não se discutem, cá por mim começaram mal porque detesto a figura pública, o seu inenarrável blogue e muitas outras coisas. Consolo-me assinando por baixo o texto de um mail ontem recebido: «Sim, por favor dêem algo que fazer à rapariga - o mais longe possível do país». E dá também para a blogosfera se divertir: vão ver o que é o C.A.L.A. que vale a pena.
Adiante porque quero falar a sério. Li as 78 páginas do programa do MEP. Como acontece com todo e qualquer partido, está lá tudo, sobre todos os assuntos, com conteúdos não significativamente diferentes de todos os outros que se dizem «ao centro».
O que impressiona neste caso, da primeira à última página, é a linguagem e o que ela revela. Será provavelmente uma originalidade desejada, mas arrepia porque parece mais um Tratado sobre Virtudes destinado a escuteiros do que qualquer outra coisa - «... um projecto de matriz humanista, na sua expressão personalista», que «tem na pessoa humana o princípio, o centro e o fim de tudo» (p. 9), que quer «cultivar uma sociedade de confiança» (p 11), que acredita «mais em pontes do que em rupturas», que prefere «vitórias partilhadas a vencedores e vencidos», que se diz «famílio-cêntrico» (p. 36), sem dizer se é explicitamente contra a despenalização do aborto (mas subentende-se que sim).
Não quero deixar de transcrever os títulos das «sete prioridades da acção política» (p. 27): «Mesa com lugar para todos»; «Uma sociedade de famílias»; «Cultura de pontes»; «Desenvolvimento humano sustentável»; «Democracia mais próxima do cidadão»; «Um mundo interdependente e solidário».
Tudo se agrava (digo eu) quando é definida «uma visão integrada da Economia e do Trabalho» nos seguintes termos: «É fundamental promover uma aliança entre trabalhadores (incluindo gestores aos vários níveis), empresários, accionistas e outros actores relevantes, para se atingirem vitórias comuns» (p. 46). Harmonia, paz e amor, portanto. Começo a sentir que me tomam por parva.
Para finalizar e resumir, o MEP propõe para Portugal, no século XXI: «SER MELHOR», «em tudo, sempre e independentemente da circunstâncias». Fialmente, o admirável mundo novo!
À primeira vista não dá para levar muito a sério, mas pode vir a ter a sua importância. Há sempre um PRD no horizonte, pronto a rivalizar com D. Sebastião.
Adiante porque quero falar a sério. Li as 78 páginas do programa do MEP. Como acontece com todo e qualquer partido, está lá tudo, sobre todos os assuntos, com conteúdos não significativamente diferentes de todos os outros que se dizem «ao centro».
O que impressiona neste caso, da primeira à última página, é a linguagem e o que ela revela. Será provavelmente uma originalidade desejada, mas arrepia porque parece mais um Tratado sobre Virtudes destinado a escuteiros do que qualquer outra coisa - «... um projecto de matriz humanista, na sua expressão personalista», que «tem na pessoa humana o princípio, o centro e o fim de tudo» (p. 9), que quer «cultivar uma sociedade de confiança» (p 11), que acredita «mais em pontes do que em rupturas», que prefere «vitórias partilhadas a vencedores e vencidos», que se diz «famílio-cêntrico» (p. 36), sem dizer se é explicitamente contra a despenalização do aborto (mas subentende-se que sim).
Não quero deixar de transcrever os títulos das «sete prioridades da acção política» (p. 27): «Mesa com lugar para todos»; «Uma sociedade de famílias»; «Cultura de pontes»; «Desenvolvimento humano sustentável»; «Democracia mais próxima do cidadão»; «Um mundo interdependente e solidário».
Tudo se agrava (digo eu) quando é definida «uma visão integrada da Economia e do Trabalho» nos seguintes termos: «É fundamental promover uma aliança entre trabalhadores (incluindo gestores aos vários níveis), empresários, accionistas e outros actores relevantes, para se atingirem vitórias comuns» (p. 46). Harmonia, paz e amor, portanto. Começo a sentir que me tomam por parva.
Para finalizar e resumir, o MEP propõe para Portugal, no século XXI: «SER MELHOR», «em tudo, sempre e independentemente da circunstâncias». Fialmente, o admirável mundo novo!
À primeira vista não dá para levar muito a sério, mas pode vir a ter a sua importância. Há sempre um PRD no horizonte, pronto a rivalizar com D. Sebastião.
Hino do MEP:
5 comments:
Não sei se os Portugueses têm uma memória colectiva boa ou não, mas sempre que ouço falar em Rui Marques, vêm à memória aquela "coisa" inconsequênte chamada Lusitania Expresso.
Não sei se aquilo foi estupidêz ou mera ingenuidade, mas acho Rui Marques alguém que talvez tenha bons principios mas duvido que os consiga aplicar.
Meu Caro Luís
Como sabe até há pouco tempo Rui Marques foi responsavel pela definição das Políticas de apoio a Imigração em Portugal depois de um período em que foi adjunto do seu antecessor.
Foi exactamente nessa altura que Portugal foi considerado dos melhores países da europa no que diz respeito às Políticas de imigração. Tudo muito teórico, e nada de aplicação
Quanto à missão paz em Timor foi no ano da sua realzação considerado um dos 500 acontecimentos mais mediáticos do mundo por uma agência internacional que penso ter sido a Associated Press!
credite ou não foi um momento que ajudou uma geração (a minha) a assumir uma causa!!
O Lusitania expresso foi um "palhaçada". Nunca percebi quem é que pagou aquilo.
Provavelmente devem ter sido aqueles que uns anos antes fecharam e boicotavam todas as acções de ajuda aos timorenses, sobretudo quando em 1987 se tentou tirar os refugiados timorenses das condições pré-históricas em que viviam no Vale do Jamor.
Não duvido da convicção do José Serrano quanto ao episódio Lusitania Expresso - mediático foi, sem qualquer espécie de dúvida.
Mas recordo-o como o Luís Bonifácio: Quixotesco, no mínimo e no máximo.
Tal como quixotesca acaba por ser toda a intervenção política e diplomática de Portugal em relação a Timor, nos últimos anos, capitaneada por Ana Gomes & Companhia. Pelo menos a avaliar pelos relatos mais recentes como a extraordinária e corajosa reportagem de Pedro Rosa Mendes no Público de 25/11/2008, tão pouco comentada por estas bandas.
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