11.1.14

Daria um bela aventura


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Pobrezas



Pobres,
lo que se dice pobres,
son los que no tienen tiempo para perder el tiempo.

Pobres,
lo que se dice pobres,
son los que no tienen silencio ni pueden comprarlo.

Pobres,
lo que se dice pobres,
son los que tienen piernas que se han olvidado de caminar,
como las alas de las gallinas se han olvidado de volar.

Pobres,
lo que se dice pobres,
son los que comen basura y pagan por ella como si fuese comida.

Pobres,
lo que se dice pobres,
son los que tienen el derecho de respirar mierda, como si fuera aire, sin pagar nada por ella.

Pobres,
lo que se dice pobres
son los que no tienen más libertad de elegir entre uno y otro canal de televisión.

Pobres,
lo que se dice pobres,
son los que viven dramas pasionales con las máquinas.

Pobres,
lo que se dice pobres,
son los que son siempre muchos y están siempre solos.

Pobres,
lo que se dice pobres, son los que no saben que son pobres.

Eduardo Galeano

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Se eles forem saindo todos



... talvez isto fique mais respirável: com Vítor Gaspar no FMI, José Luís Arnaut na Goldam Sachs, Álvaro Santos Pereira na OCDE e, sobretudo, se... se... Paulo Portas for o próximo Comissário de Portugal na União Europeia!
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Abstencionismo e resignação



Matéria para reflexão:

«Tudo indica que a diminuição da participação eleitoral nas democracias capitalistas não se pode explicar com a satisfação, mas sim com a resignação: os perdedores da viragem neoliberal, sobretudo, já mão veem o que possam esperar de uma mudança de partido no governo. A política TINA da «globalização» – There Is No Alternative – há muito que bateu no fundo da sociedade: as eleições deixaram de fazer diferença, sobretudo aos olhos daqueles que necessitariam de diferenças políticas. Quanto menos esperança estes depositam em eleições, tanto menos perturbações resultantes de intervenção política têm de recear aqueles que se podem dar ao luxo de depositar a sua esperança nos mercados. A resignação política das camadas desfavorecidas protege o capitalismo contra a democracia e estabiliza a viragem neoliberal que lhe dá origem.» (Realce meu.)

Wolfgang Streeck, Tempo comprado. A crise adiada do capitalismo democrático, Actual, 2013, p.97.
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10.1.14

Entende-se


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Com os ricos não se brinca



Ana Sá Lopes, hoje, no i:

«Para o poder em vigor, os contratos com os reformados são aqueles que podem ser alterados à vontade, sem que existam riscos de o Estado ser obrigado a pagar milhões. Com os ricos não se brinca - os governos nunca brincam com os ricos e basta ver as parcerias público-privadas e outros contratos dantescos, impossíveis de mexer porque estão em causa cláusulas inamovíveis. (...)

O problema dos reformados vai para lá do confisco do contrato feito entre o Estado e os cidadãos que nasceram no Portugal de Eusébio - em que praticamente só Eusébio funcionava e dava razões de felicidade. O problema é que são os reformados que estão a fazer de cintura de segurança para os seus filhos e netos desempregados ou com empregos que não dão para a subsistência mínima. (...)

Não existe nenhum novo ciclo - existe um triste retorno ao tempo em que Eusébio consolava os agora reformados.» 
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Deslocalizações: futurologia



2014
A empresa H&M fabricava na China, mas passa agora 80% da sua produção para a Etiópia. Os 300 euros de salário, que pagava aos trabalhadores chineses, parecem-lhe excessivos. No país africano só pagará 45 euros mensais.


20?4
A empresa H&M fabricava na Etiópia, mas passa agora 80% da sua produção para a Europa do Sul. Os 300 euros de salário, que pagava aos trabalhadores etíopes, parecem-lhe excessivos. Nos países do Sul europeu só pagará 45 euros mensais. 

Impossível, improvável? Alguém garante?
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Não há por aí algum chinês...



... que queira comprar o Panteão? Até podia desmontá-lo para o levar para Xangai e evitava tanto disparate por cá! 
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Parabéns, Tintim!



Tintim faz hoje 85 anos. Apareceu pela primeira vez no suplemento juvenil Petit Vingtième do jornal belga Le Vingtieme Siecle (doze quadrados em duas páginas), com Tintim envolvido numa aventura de ida à União Soviética, com partida de Berlim.


Depois, nasceu o mito que conhecemos, com o herói que alimentou a nossa imaginação e que acompanhou, e acompanha, multidões do mundo inteiro «dos 7 aos 77». Mais de 200 milhões de exemplares em 70 línguas diferentes.





(Mais detalhes, por exemplo aqui e aqui.)
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9.1.14

Simone, «Castor»



Simone Lucie-Ernestine-Marie Bertrand de Beauvoir nasceu a 9 de Janeiro e seria hoje pouco mais velha do que Manoel de Oliveira: faria 106 anos. Até o Google assinala a data e voltaram a ser citados documentos elaborados para o centenário, celebrado há seis anos, por exemplo um biografia da autoria de Danièle Sallenave: Castor de Guerre.

Tudo já foi escrito sobre Simone, mas vale talvez a pena recordar o papel decisivo de uma das suas obras: Le Deuxième Sexe. Se esteve longe de ser um manifesto militante ou arauto de movimentos feministas que, em França, só viriam a surgir quase duas décadas mais tarde, a verdade é que os espíritos não estavam preparados para a problemática da libertação da mulher, tal como Simone de Beauvoir a abordou, nem para a crueza da sua linguagem.

As reacções não se fizeram esperar, tanto à esquerda (onde o problema da mulher estava fora de todas as listas de prioridades), como, naturalmente, à direita. François Mauriac escreveu: «Nous avons littérairement atteint les limites de l’abject», Albert Camus acusou Beauvoir de «déshonorer le mâle français».

Para a compreensão e a consagração da obra foi decisivo o sucesso nos Estados Unidos, onde foi publicada em 1953. O movimento feminista, em que Betty Friedman e Kate Millet eram já referências, estava aí suficientemente avançado para a receber. Efeito boomerang: Le Deuxième Sexe «regressou» à Europa no fim da década de 50, com um outro estatuto, quase bíblico, e teve a partir de então uma longa época de glória.






Gosto muito de Simone dita por Fernanda Montenegro:




«La mort semble bien moins terrible, quand on est fatigué», escreveu Simone em Les Mandarins. Não sei se foi o caso, em 1986, quando morreu com 78 anos. Talvez, espero que sim. 
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Logo eu que nunca fui pró-chinesa



... passo a estar 100% segurada algures entre Xangai e Pequim – carro, casa e até seguro de saúde pago pela empresa onde trabalhei. A realidade ultrapassa todo e qualquer rasgo passado de imaginação.

Um país em forma de rifa



Quando se sabe e se lê que «Sorteio de carros vai ser transmitido pela televisão. Sai um por semana», nada mais adequado do que transcrever alguns excertos da crónica de Fernando Sobral, no Negócios de hoje.

«Em 1962, a cantora espanhola Marisol legou-nos um êxito único: "La vida es una Tómbola". Meio século depois, num momento de modernidade, o Governo lançou um disco de Rap: "O NIF é uma tômbola". Isto é, o imposto passa a ser uma lotaria. Repete-o sem parar, para acreditar naquilo que diz. Ao fazê-lo tornou-se assim uma casa de jogos de azar. Nada de estranho. Mas, a partir de agora, o Governo deixou de ser diferente de uma casa de apostas.

É claro que sortear carros a quem pede uma factura com NIF parece uma atitude patética e desesperada. Como os portugueses não pediam facturas, ou pediam-nas sem NIF, o Governo tenta tratá-los como crianças. Promete chocolates a quem se comportar bem. (...)

Ninguém duvida que a transparência fiscal é boa para a sociedade. Mas (...) em nome do combate à evasão fiscal não se pode tentar fazer, de cada português, um polícia. Mesmo que se ofereçam carros em troca. Ou bombons. Ou Bimbys. Ou viagens à Cote d'Azur. A vida, mesmo em nome da receita fiscal, não pode ser uma tômbola.» 

Aqui chegámos.
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8.1.14

Na primeira pessoa



Georges Moustaki, em 1970, recorda a infância em Alexandria, a ida para Paris aos 17 anos, o início de carreira a cantar pelos cafés, os encontros com Henri Crolla e Edith Piaf, fala de liberdade... e canta.


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No limite da dor


@Dias Coelho

Quem ainda não deu pela existência deste novo programa da Antena 1, pode ver aqui o primeiro episódio.

Trata-se de uma série de programas com testemunhos de vários ex-presos políticos que foram torturados pela PIDE e submetidos a todo o tipo de torturas: espancamentos muito violentos, privação do sono, isolamento, chantagem emocional.
São pessoas de diferentes formações políticas: do PCP à FAP, passando pelo MRPP e pelos Católicos Progressistas.
Todos, cada um à sua maneira, queriam um país livre e melhor.
Alguns nunca prestaram declarações à polícia política, outros acabaram por falar quer em nomes de outros companheiros, quer sobre a organização a que pertenciam.
Nas conversas com Ana Aranha, estes homens e mulheres vão ao fundo dessas memórias, um exercício nem sempre fácil e por vezes doloroso.
Falam dos sofrimentos, dos medos, mas também da coragem que sentiram na época e da forma como têm vivido e convivido com esta parte do seu passado.

Sempre ao Sábado, na Antena1, às 09h08 e às 23h08.
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Serviço público



Um ecossistema político empresarial – Portugal 1975-2013

Visualização interactiva das relações de membros de Governos de Portugal com empresas e grupos.

Clicar AQUI e seguir as instruções. 
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7.1.14

Eusébio, «mainato»



Crónica de Diana Andringa, hoje, na Antena 1:

Declaração de interesses: Nunca me senti honrada por, durante muitos anos, no estrangeiro, ao saberem-nos portugueses, nos falarem imediatamente de Eusébio.

Pelo contrário: sempre achei que era uma humilhação mais que nos era inflingida por uma ditadura que perseguira a sua inteligentzia e reduzira a vida cultural portuguesa aos 3 Fs de Fátima, Futebol e Fado. Parecem-me, também, exagerados os três dias de luto nacional decretados pelo Governo a propósito da sua morte. Mas nada disto tem a ver com a pessoa de Eusébio, apenas com a forma como outros utilizaram o seu nome, o abuso que dele fizeram.

A falta de entusiasmo pelo futebol, não me permite, como a outros, falar das alegrias que os seus golos me pudessem ter proporcionado. Mas, nesta hora de unanimismos e identidades nacionais, em que voltam a confundir Eusébio e Portugal, quero contar a pequena história da única vez que vi o jogador: foi há muitos anos, penso que em 1967, junto à estação do Rossio. Ia com um amigo quando o vimos, poucos metros à nossa frente. Gostasse-se ou não de futebol, era impossível não o reconhecer. Chamou-nos a atenção o seu modo de andar e, sobretudo, a posição dos braços: tinha-os dobrados pelo cotovelo, ligeiramente erguidos, movendo-os como se desse pequenos socos numa bola imaginária. Lembrou-nos um boxeur confiante a caminhar para o ringue ou então um gato – uma pantera negra ? – a brincar satisfeito com um novelo de lã suspenso por um fio. O meu amigo era moçambicano: falou-me do passado de menino pobre de Eusébio, com uma ternura de patrício, não de adepto. Era por esse menino que nos alegrava, enquanto o seguíamos, o seu caminhar confiante. Passámos depois, poucos metros atrás dele, em frente a um café, o Nicola, talvez. E da esplanada uma voz gritou: «Eh, mainato!» Mainato, eu sabia, era o nome dado aos criados em Moçambique. O pantera negra parou, o corpo perdeu a arrogante alegria e respondeu, humilde, num tom baixo, quase murmúrio: «Sim, minino?»

Foi a única vez em que me apeteceu bater em alguém por causa de um jogador de futebol.

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Mau tempo



(Imagem de João Fróis)


Mais vale brincar, mesmo com coisas sérias.
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Exportem-se os velhos



Os europeus estão a descobrir que sai mais barato pôr os parentes em lares do outro lado do mundo, nomeadamente da Ásia, continente no qual, para além disso, o cuidado com os idosos está enraizado em muitas culturas, o que melhora significativamente a relação custo-benefício quando comparada com a que se consegue na Europa.

A Tailândia é um dos países de eleição e, no caso da notícia que li, Chiang Mai é a cidade escolhida por uma suíça para internar a mãe. Pudesse a senhora gozar do local em que se encontra e nem teria grande pena dela: Chiang Mai, no Norte do país, numa região montanhosa, historicamente célebre pela sua posição estratégica na rota da seda, actualmente centro de ourivesaria e de artesanato, é uma belíssima cidade! E também não estranho que os preços dos lares sejam baixos, já que tudo é tão barato, quando se chega com euros na algibeira, que se teme por vezes que faltem zeros nos preços afixados.

Mas, agora sem cinismo, que mais faltará ver neste mundo mal globalizado, onde os velhos são exportados (sim, exportados) para onde a mão de obra é mais barata e menos desumanizada? 
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6.1.14

Já descobriram como entreter o Pedro Lomba




«Os imigrantes, insiste, tendem a arriscar mais. Imigrantes empreendedores podem, persiste, criar postos de trabalho e, com isso, fixar quem pensar partir ou resgatar quem já partiu. É nessa lógica que acha que se impõe “identificar e captar imigração de elevado potencial ou de grande valor acrescentado”. »

Que mais estará para nos acontecer?!...
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«Ganhem Vergonha»



Foi um telefonema de um amigo que me alertou para a publicação, em El País, de um artigo que me tinha escapado – El Robin Hood del becario –, bem revelador do estado de uma parte do mercado de trabalho em Portugal. Vamos dando que falar também «lá fora» e nem sempre pelas melhores razões.

Francisco Ferreira, 30 anos, licenciado em Comunicação e Publicidade, desempregado, como tantos outros treinado no despiste de anúncios de emprego, decidiu criar um blogue – Ganhem Vergonha – onde denuncia anúncios ilegais de trabalho, nomeadamente aqueles que falam de «estágios» para mascarar salários indignos ou mesmo ausência pura e simples de remuneração. Mais: identifica e denuncia as empresas que propõem esse tipo de postos de trabalho, mas afirma que só divulga os casos que pode comprovar. Pede também que lhe sejam enviados testemunhos com experiências semelhantes e tem recebido muitos.

Vale a pena dar uma vista de olhos por esta «Plataforma de denúncia de empregadores sem vergonha» e pela respectiva página do Facebook. Não encontraremos nada que não seja já conhecido, mas é sempre bom sublinhar o esforço de quem se empenha em divulgar, preto no branco, esta triste realidade. 
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Honi soit qui mal y pense




Reina por cá tanta inveja... Acidente de ski faz parar Merkel três semanas

Calibre 45



... é o título da crónica de Fernando Sobral, no Negócios de hoje.

«O calibre é a ideologia oficial do Governo. Há algum tempo Passos Coelho partilhava a sua ideia de que o programa da troika estava mal calibrado.

Vítor Gaspar, falando do OE de 2013, dizia que seria possível calibrar o agravamento fiscal previsto. Agora Marques Guedes vem anunciar que se vai recalibrar a Contribuição Extraordinária de Solidariedade para se mostrar à troika que se corta despesa.

John Wayne, o eterno cowboy, era mais claro: usava um Colt calibre 45. O objectivo era o mesmo: impor a sua paz. A política não deveria ser uma demonstração de tiro ao alvo, mas para o Governo, Portugal é o Velho Oeste. Não tem fronteiras nem leis. É por isso que, sem se rir, diz que não vai haver aumentos de impostos para tornear a decisão do TC. (...)

Entre o deve e o haver, quem ganha? A política do Colt calibre 45 deste Governo está a ser um tiro pela culatra. Acerta no próprio país.» 
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5.1.14

O lugar de Eusébio no Estado Novo



Um excelente artigo de Nuno Domingos, divulgado há alguns meses no Público. Como nunca se sabe actualmente se funcionam, ou não, os links para este jornal, fica aqui o texto na íntegra.


5 de Janeiro – Quando perdemos Eusébio e Malangatana



Mais ou menos inconscientemente sempre associei Malangatana a Eusébio, certamente por terem ambos nascido na mesma cidade (e naquela em que eu nasci também), por serem dois grandes, muito grandes moçambicanos mais ou menos contemporâneos, por terem deixado tantas marcas em Portugal também.

De Eusébio nada tenho a dizer que não tenha sido repetido à exaustão, de Malanga sim, e já o escrevi, porque tive o privilégio de conhecer mais ou menos bem aquele que sempre me tratou carinhosamente por «patrícia».

De que este se tinha ido embora há mais ou menos três anos não tinha dúvidas e, por uma estranha intuição, fui confirmar a data: 5 de Janeiro de 2011. Os moçambicanos, e nós também, passarão a associar 5 de Janeiro a duas grandes perdas, daquelas que sabemos serem inevitáveis mas que esperamos secretamente que nunca virão a acontecer. 
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O dia de glória foi este



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O relógio de Cavaco



«Segundo o Presidente da República, para que possamos ter acesso a dinheiro emprestado a juros razoáveis é essencial que a conclusão do programa de ajustamento seja feita com sucesso. Deixemos agora de lado os sucessos que foram o desemprego, a emigração em massa, a deterioração de serviços essenciais, as falências, a inexistência de reformas estruturais, o reforço do papel do Estado nos principais sectores de atividade, o aumento da dívida, o confisco fiscal, o assalto aos reformados, para que não fosse cumprido um único objectivo orçamental. Se chegarmos a Maio sem sermos sujeitos a um segundo resgate e o Governo, o Presidente da República e a troika desatarem a gritar que a conclusão do programa foi um sucesso, quer dizer que foi um sucesso. Tudo o resto não interessa, mesmo que o programa cautelar nos imponha ainda mais austeridade, mesmo que as contrapartidas para esse seguro forem maiores do que as dum segundo resgate, mesmo que o País esteja de rastos, mesmo que o ajustamento dure décadas, temos de ir todos dançar em redor do relógio de Paulo Portas: eis a estratégia do relógio. (...)

Se, por hipótese, o Tribunal Constitucional declarar inconstitucionais partes do orçamento, devemos entender que são os juízes que nos estão a atirar para a "continuação da política de austeridade e a deterioração da credibilidade e da imagem de Portugal" inerentes, segundo o Presidente, a um segundo resgate? Será que os juízes irão agir com ponderação, bom senso e amor à pátria? Cuidado juízes, segundo o Presidente pode haver um Miguel Vasconcelos em cada um de vós. Quererá o Presidente da República dizer que a Constituição se deve sujeitar à definição de bom senso feita por ele próprio?»

Pedro Marques Lopes