25.4.25

Lembrar o passado com o Zeca

 


Inesquecível

 



Sim, fomos muitos a ver




Eu vi este povo a lutar
Para a sua exploração acabar
Sete rios de multidão
Que levavam a História na mão

Foi isto todo o dia



E ficou gravada em mim para sempre.
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24.4.25

Varandas

 


Varandas Arte Nova.
1/ Barcelona. 2/ Nancy. 3/ Buenos Aires. 4/ Paris. 5/ Barcelona. 6/ La Havana. 7/ Genebra. 8/ Cidade do México. 9/ Barcelona.

Daqui.

Um pouco mais de azul (29)

 




Quarenta e sete anos, dez meses e vinte e quatro dias depois

 


«A cidade apareceu ocupada e radiosa. Deparámos com colunas militares, inundadas de sol; e povo logo a seguir, muito povo, tanto que não cabia nos olhos, levas de gente saída do branco das trevas, de cinquenta anos de morte e de humilhação, correndo sem saber exactamente para onde mas decerto para a LIBERDADE!

Liberdade, Liberdade, gritava-se em todas as bocas, aquilo crescia, espalhava-se num clamor de alegria cega, imparável, quase doloroso, finalmente a Liberdade!, cada pessoa olhando-se aos milhares em plena rua e não se reconhecendo porque era o fim do terror, o medo tinha acabado, ia com certeza acabar neste dia, neste Abril, Abril de facto, nós só agora é que acreditávamos que estávamos em primavera aberta depois de quarenta e sete anos de mentira, de polícia e ditadura. Quarenta e sete anos, dez meses e vinte e quatro dias, só agora.»

José Cardoso Pires, Alexandra Alpha
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Luto nacional

 


Em Espanha, os três dias de luto nacional pela morte do papa foram 21, 22 e 23 de Abril. Em Itália, terão início a 26. Em Portugal: 24, 25-25-25, 26. Porque será?

Infalibilidade ventural

 


«Quem pensa que vai estar muito ocupado nos próximos dias, por ter de assistir a dezenas de entrevistas e debates, a fim de tomar uma decisão responsável no dia 18 de Maio, imagine a trabalheira que está reservada a Deus Nosso Senhor. O Criador terá de estar atento não só às eleições portuguesas, que vão determinar a composição do novo governo, como também à eleição do novo Papa, no Vaticano. Como se sabe, Ele está igualmente empenhado nas duas.

Se bem se lembram, no dia 12 de Dezembro de 2020, André Ventura revelou: “Deus confiou-me a difícil mas honrosa missão de transformar Portugal.” E também é sabido que os cardeais, quando se reúnem para eleger o Papa, requisitam a assistência do Espírito Santo. O mesmo Espírito Santo protege depois o Papa do erro, sempre que o Santo Padre fala de matérias de fé e moral. É nisso que consiste a chamada infalibilidade papal, que é dogma. Para André Ventura, Deus reservou um modelo de infalibilidade ligeiramente diferente: o presidente do Chega tem a protecção do espírito santo de orelha. Sempre que ele ouve alguma coisa que lhe indica que o melhor é contradizer-se, por mais flagrante e ridícula que seja a contradição, é isso que faz. Trata-se da infalibilidade ventural: que ele mais tarde ou mais cedo vai dar o dito por não dito é uma lei absolutamente infalível. Já tinha acontecido com o apoio às tarifas de Trump, que Ventura começou por considerar óptimas e passou a achar péssimas, quando verificou que não tinham o apoio de ninguém. E agora aconteceu novamente, de forma ainda mais espectacular. No dia da morte do Papa Francisco, Ventura publicou a seguinte mensagem: “Hoje é um dia de tristeza e sofrimento para os cristãos do mundo inteiro. O Papa Francisco deixa uma marca inspiradora de proximidade e simplicidade que a todos tocou profundamente. Que a sua vida intensa seja 
um exemplo para todos os que querem servir a causa pública!”

E acrescentou, a seguir a esta exclamação, o emoji das mãozinhas a rezar, em sinal de agradecimento. No entanto, em Outubro de 2020, tinha dito numa entrevista: “Eu acho que este Papa tem prestado um mau serviço ao cristianismo. Acho. Acho que tem mostrado a esquerda revolucionária quase como heróica e a esquerda europeia marxista como a normalidade. Acho que este Papa tem contribuído para destruir as bases do que é a Igreja Católica na Europa e acho que em breve vamos todos pagar um bocadinho por isso.” E há dois anos, quando o Papa visitou Portugal, Ventura exilou-se na Madeira, para o evitar. Portanto, o mesmo Ventura que achava que o Papa prestava um mau serviço ao cristianismo, considera agora que a sua vida foi um excelente exemplo para todos. Quando estava vivo, o Papa não lhe agradava, mas depois de morto já o acha admirável. Pode ser que Ventura também venha ainda a gostar muito da democracia, depois de ela morrer. Talvez seja por isso que se tem esforçado tanto para precipitar o seu óbito.»


23.4.25

O calendário pode ajudar

 


Lindo seria fumo branco em Roma e resultado das Legislativas cá no burgo na noite de 18 de Maio.

As TVs poderiam acabar por dizer que o cardeal X é o nosso próximo PM, ou que este vai mandar no Vaticano? Sei lá!

23.04.1936 – Tarrafal, 89 anos

 


A Colónia Penal do Tarrafal foi criada pelo Governo de Salazar ao abrigo do Decreto-Lei n.º 26. 539, de 23 de Abril de 1936.

Seis meses depois, em 18 de Outubro, os primeiros presos saíram de Lisboa, no paquete Luanda, com destino ao que viria a ser o «Campo da Morte Lenta», na ilha de Santiago, em Cabo Verde. Aquele navio era normalmente usado para transporte de gado proveniente das colónias e os porões utilizados para esse efeito foram transformados em camaratas. Depois de uma escala no Funchal e de uma outra em Angra do Heroísmo, para recolher mais alguns detidos e / ou largar os menos perigosos, e no fim de uma viagem em condições degradantes, foram 152 os que desembarcaram, no dia 29, em fila indiana, antes de percorrerem os 2,5 quilómetros que os separavam do destino final.

Depois, foi o que se sabe: histórias de terror, 32 pessoas por lá morreram e o Campo durou até 1954. Foi reactivado em 1961 quando começou a Guerra Colonial, como «Campo de Trabalho do Chão Bom», para receber prisioneiros oriundos das colónias. Durou até 1974.
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Ainda não, mas...