21.3.23

Vitrais

 


Teatro Colón de Buenos Aires, Vitral Central, 1907.
Realizado pela Casa Gaudín de Paris.

[Mais informação sobre o Teatro Colón, por exemplo aqui.]
Daqui e não só.
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Então, senhor ministro?

 

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Dias de…

 


Devem ter esgotado o calendário, já que hoje é Dia Mundial da Poesia, Dia da Árvore ou da Floresta, Dia Internacional da Luta Contra a Discriminação Racial e Dia da Síndrome de Down. Escolho este.
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Marcelo vs Governo: isto está a aquecer…

 



«Numa referência à sua experiência enquanto professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, o Presidente explicou que tipo de lei lhe parece ser aquela que o executivo se prepara para aprovar. "Na aprendizagem que fazíamos da feitura das leis, havia as chamadas leis cartazes. São leis que aparecem a proclamar determinados princípios programáticos, mas a ideia não é propriamente que passem à prática."»
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Um grito de alerta

 


«A recusa de alguns marinheiros de cumprir a missão devido às condições do navio em que deviam embarcar tem sido olhada como um simples ato de insubordinação ou, em alternativa, como um protesto válido face ao mau estado dos equipamentos militares.

Quando 13 militares se recusam a cumprir uma ordem sabem imediatamente que vão enfrentar um mar de problemas. Fazê-lo, mesmo com motivos válidos, significa pôr em causa um dos pilares sagrados da instituição militar.

Neste caso concreto, será inevitável que os envolvidos enfrentem consequências do seu ato. Aliás, será muito pouco provável que alguma vez tivessem pensado que iriam ultrapassar incólumes o caminho que decidiram percorrer.

Porém, o que está verdadeiramente em causa são os muitos anos de desinvestimento nas Forças Armadas. Anos em que tantas vezes se menosprezaram as necessidades de defesa do país, olhando as Forças Armadas como se se tratasse de um parque de diversões para alguns militares se divertirem à custa de dinheiros públicos.

Alguns exemplos são inevitáveis: os Falcon da Força Aérea não servem apenas para levar membros do Governo (e mesmo que assim fosse, o prestígio do país também tem valor) e estão muitas vezes ocupados a transportar doentes e órgãos para transplante; os navios da Marinha são os responsáveis pelo combate ao tráfico de droga e pelo salvamento marítimo nas nossas costas. E os exemplos sucedem-se sem necessidade de chegar ao limite de pensar nas necessidades de defesa quando a Europa vive dias complexos e em que um cenário de guerra não está assim tão longe.

O ponto essencial, agora, está em saber se o alerta lançado por estes 13 marinheiros terá algum efeito. O chefe da Armada pode não conseguir esconder a irritação com um ato de insubordinação que mancha a carreira de que tanto se orgulha, mas talvez lhes possa agradecer a chamada de atenção para a situação insustentável do subfinanciamento das Forças Armadas e que acuda às necessidades que durante tantos anos foram ignoradas.»

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20.3.23

Cúpulas

 


Cúpula das Galerias Lafayette, Paris, 1912.
Resultado da colaboração de Ferdinand Chanut para a geometria e estrutura, Jacques Grüber para os vitrais e Louis Majorelle para a ferro.

Daqui.
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Isto ninguém nos tira

 


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Os pontas-de-lança da contestação social

 


«Uma das convocatórias do protesto de professores agendado para hoje, com a Ponte 25 de Abril desenhada no fundo, lança o repto: “Pára! Apita! Buzina! Regista!”

A marcha que promete “tudo parado” é organizada por um pequeno grupo de professores e lembra no bloqueio da Ponte 25 de Abril em Junho de 1994 contra o aumento das portagens: depois de vários dias de “buzinão”, meia dúzia de camiões imobilizados pararam mesmo tudo; com o passar das horas, juntaram-se-lhes outras pessoas; houve confrontos com a polícia, chuva de pedras, balas de borracha, detenções, um jovem ficou paraplégico. Um dos mais expressivos episódios de desobediência civil de que temos memória foi para muitos o início do fim do “cavaquismo”. É a esse episódio que o protesto de hoje “pela escola pública” pisca o olho.

Não houve violência em nenhuma das grandes manifestações de rua dos últimos meses. Nem se incendeiam montras, como em Paris por causa das reformas. Mesmo com greves de funcionários de justiça, ferroviários, médicos, enfermeiros, professores, jornalistas, o Presidente da República acha que “ainda não há uma contestação generalizada”. Mas é importante ver como tem reagido a opinião pública à guerra dos professores e surpreendido quem achava que ela se cansaria disto.

As negociações entre sindicatos e Ministério da Educação duram há seis meses e as greves há três. Há alunos sem aulas, pais que nunca sabem quando esbarram nos portões da escola fechados, aprendizagens por recuperar.

Mas a população continua ao lado dos professores. Dia 18 de Fevereiro, sondagem Intercampus para o Negócios, CM e CMTV: 80% dos inquiridos dizem que os docentes têm razão; 25 de Fevereiro, Aximage para o DN, JN e TSF: 65% concordam com as greves; no mesmo dia, Universidade Católica para o PÚBLICO, RTP1 e Antena 1: 84% dos inquiridos acham que as reivindicações dos professores são justas; 17 de Março, Aximage para a TVI e a CNN: 73% apoiam os professores.

Os restantes sectores profissionais em luta, em que não faltam também reivindicações justas, estão seguramente de olhos postos no que vão os professores conseguir. Há mais greves marcadas e o protesto de hoje na ponte tem o simbolismo de mostrar que estão dispostos a ir mais longe.

Num contexto de preocupação crescente com as condições de vida, os professores tornaram-se uma espécie de pontas-de-lança da contestação social. Do desfecho deste dossier – Marcelo voltou a pressionar, é importante que as negociações “cheguem a bom porto”, declarou na sexta-feira – dependerá muito o clima social com que o Governo terá de lidar nos próximos tempos.»

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20.03.2003. E se tivesse sido o Iraque a bombardear os Estado Unidos?

 


Eduardo Galeano, em Los Hijos de los Dias:



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19.3.23

Prédios

 


Prédio de apartamentos, Kyiv, Ucrânia, 1901.
Arquitecto: Nikolai Ivanovich Yaskevich.


Daqui.
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Os marxistas ignorantes

 


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Três tiros no porta-aviões

 

«[O almirante Gouveia e Melo] esteve bem na defesa da disciplina, que, como afirmou, é a cola que garante a coesão das Forças Armadas. Mas falhou redondamente no outro mandamento: a reserva. A instituição militar não pode, nem deve, expor os seus problemas na praça pública e em tempo real. A discrição e a sobriedade são regras de ouro no exercício dos mais altos cargos da hierarquia militar. Ora, o chefe de Estado-Maior da Armada sabe bem que a reprimenda que deu à tripulação, do alto de um púlpito montado na coberta do navio, foi um ato intencionalmente público, que teria repercussão na comunicação social. Por isso, é legítima a suspeita de que o momento foi aproveitado para a sua promoção pessoal, no quadro duma mal disfarçada ambição política a caminho de Belém. Terceiro tiro no porta-aviões.»

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