5.9.15

O meu estado de espírito, mais coisa menos coisa


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O futebol é quem mais ordena

É isto


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Dói-me Portugal



Excertos do artigo de José Pacheco Pereira no Público de hoje: 

«Hoje, “dois Portugais” existem e vão a eleições. Um está à vista todos os dias, outro tornou-se invisível, mas está cá. Como é que é possível ele ter desaparecido de modo tão conveniente neste ano eleitoral? É conspiração dos media, é censura induzida, é habilidade de um dos “Portugais”, é apatia, resignação do outro “Portugal”, é incapacidade do sistema político representar ambos, ou só um, é o efeito daquilo que os marxistas chamavam “ideologia dominante”`? É, porque já não há dois, mas apenas um só, e este é o Portugal feliz, redimido dos seus vícios passados, empreendedor, cheio de esperança no futuro, deixando a “crise” para trás, virado para o “Portugal para a frente”? É tudo junto, menos a última razão.

Um dos “Portugais” está de facto invisível nestas eleições. Quem devia falar por ele, não fala e quem fala não é ouvido. Criou-se uma barreira de silêncio onde apenas se ouve a propaganda. Vejam-se as miraculosas estatísticas. Começa porque há as estatísticas de primeira e as de segunda, as que valem tudo e as que não valem nada. As “económicas” são de primeira, as “sociais” são de segunda. Das primeiras fala-se, as segundas ocultam-se. (...)

O discurso oficial, o do “outro” Portugal, diz que tudo isto é “miserabilismo”. Diz-nos que apenas o crescimento da “economia”, daquilo que eles chamam “economia”, pode resolver as malditas estatísticas “sociais”. Outra conveniente ilusão, porque, a não haver mecanismos de distribuição, a não haver equilíbrio nas relações laborais, a não haver reforço dos mecanismos sociais do estado – tudo profundamente afectado pela parte do programa da troika que eles cumpriram com mais vigor e rapidez – o “crescimento” de que falam tem apenas um efeito: agravar as desigualdades sociais. Como se vê. (...)

Não é este o meu Portugal. Não lhes tenho respeito. Uns fazem por si, outros fazem pelos outros. Conheço-os bem de mais. Não gostam dos de “baixo”. Acham que eles são feios, porcos e maus. Querem receber sem trabalhar. Querem viver à custa dos outros, deles. Se estão pobres é porque a culpa é sua. Se estão desempregados é porque não sabem trabalhar. Se se lamentam da sua sorte, são piegas. Deviam amochar disciplinadamente para serem bons portugueses. Não. “Há-de gelar-te o coração”.

Direi pois, como o velho Unamuno, “me duele España”, dói-me Portugal.» 
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4.9.15

Dica (127)



L’exode ne fait que commencer. 

«La police tchèque inscrivant au marqueur le numéro de la pièce d’identité des réfugiés sur leurs mains, et les autorités hongroises les trompant pour les faire monter dans des trains les menant dans des camps afin qu’ils quittent Budapest, l’ignominie aux résonances douteuses aura atteint des sommets, pour ne parler que des vivants.»
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Novo Banco, Novo Banco...



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Quando os meus amigos refugiados eram húngaros



O recente comportamento dos dirigentes da Hungria para como os refugiados que tentam atravessar o país para atingir o centro da Europa faz soar campainhas muito antigas que nunca se apagaram na minha memória e que já referi, em tempos, neste blogue.

Como é sabido, a Revolução Húngara de 1956, contra as políticas impostas pelo governo do país e pela União Soviética, teve início em 23 de Outubro e durou até 10 de Novembro do referido anos. Tudo começou numa terça-feira, no centro de Budapeste, com uma manifestação de milhares de estudantes que tentaram ocupar a rádio e foram reprimidos. A revolta alastrou depois ao resto do país, provocou a queda do governo e a sua substituição. Em 4 de Novembro deu-se a invasão pelas tropas do Pacto de Varsóvia e a resistência acabou daí a seis dias.

A operação saldou-se por alguns milhares de mortos e por um verdadeiro êxodo de cerca de 200.000 húngaros, sobretudo jovens, que fugiram do país e pediram asilo um pouco por toda a Europa e também na América, do Norte ao Sul.

E é aqui que entra a minha história. Entre os muitos países procurados por jovens estudantes que foram saindo da Hungria assim que puderam, a Bélgica foi um deles e eu cheguei à Universidade de Lovaina um ano mais tarde. Já encontrei muitas dezenas e vi chegar outros, ainda com olhar inquieto depois de longas peregrinações por diferentes paragens. Partilhei residências universitárias com alguns e fiquei amiga de muitos.

Poderia contar dezenas de episódios, como o da minha amiga Eva que, embora apavorada, teve «a sorte» de poder fugir dentro de um armário onde um diplomata em mudanças de regresso a Bruxelas a escondeu, porque a mãe era secretária na embaixada belga em Budapeste. Mas limito-me ao mais trágico: um surto de loucura (latente, certamente, mas que só se revelou alguns anos depois da fuga), numa rapariga impecável e inteligentíssima que um dia se barricou no quarto da residência universitária durante várias horas, ameaçando suicidar-se, porque via caras de soldados russos reflectidos no lavatório e tinha outras alucinações do mesmo tipo. Só cedeu a um polícia, também inteligente, que do outro lado da porta a convenceu de que vinha prender os russos e a levou para um hospital psiquiátrico.

Em 1956 fugia-se de uma Hungria «fechada», em 2015 a Hungria fecha-se, com muros, para não deixar passar quem tenta escapar à guerra, à morte e à fome. Estou a comparar 1956 com 2015? Não e sim. Não porque estamos a falar hoje de realidades com dimensões humanitárias e quantitativas diferentes; sim porque era bom que quem já lutou pela liberdade de procurar destinos que considerou melhores não impedisse outros de fazer o mesmo. Infelizmente, a História não deixa lições.


[Republicado no Esquerda.net]
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Vale a pena ouvir este discurso




... de Zoe Konstantopoulou, presidente do Parlamento grego, nas Nações Unidas, ontem, 3 de Setembro de 2015. Não só, mas também, porque não fará outro. 
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A pobreza cultural



«Portugal está mais pobre e não apenas em termos da dívida, do défice e do rendimento. Está mais pobre na educação e na cultura.

Este período pré-eleitoral está repleto de discussões sobre o vazio. Não tem havido um debate sério sobre o modelo de sociedade "low-cost" implementado durante estes quatro anos, onde parte substancial da população vive com um rendimento mínimo (quando não está desempregada), com um reflexo sério sobre a economia interna. (...)

Os partidos políticos, da posição e da oposição, têm obviamente ideias diferentes sobre a cultura (aquilo que, no fundo, nos distingue enquanto nação autónoma). Entre a direita e a esquerda há uma visão oposta sobre o valor da cultura: aquela aposta sobretudo na rentabilização da oferta patrimonial ou cultural, nunca a vendo como investimento; esta aposta no investimento mas, muitas vezes, acaba refém das patrulhas ideológicas e dos "clubes de amigos" que dele vivem. Nenhum discute seriamente o valor do audiovisual no espaço da língua portuguesa e global e nos riscos que podem advir de quem tem financiado esta cadeia de produção deixar de o fazer e fazer implodir todo um sector, como poderá ser no espaço televisivo. Tudo isso tem como fundo a questão da intervenção do Estado na cultura, algo que o actual Governo acha obviamente um disparate, não entendendo que o Estado tem de impulsionar a criatividade e o questionar, porque de outra forma as sociedades estagnam e tornam-se pantanosas. 

Mas nesta sociedade onde todo aquele que é considerado um "intelectual" é visto com desconfiança, já nada espanta. Este é o reflexo do modelo económico americano que se reforçou após a II Guerra Mundial. E onde a ciência (gerida por tecnocratas e por quem quer sobretudo rendimento) passou a guiar a humanidade. Partindo do pressuposto que o faz melhor do que os saberes tradicionais ou criativos. Mas os EUA não dispensam a cultura popular como o seu grande meio de propaganda e forma de conquistar espaço político, como se vê hoje na China. Isso ao contrário de Portugal onde a nossa pobreza se estende hoje à oferta cultural, que o Governo acha que deve existir apenas se tiver mecenato ou apoio privado por detrás. Mas, claro, num país de vistas curtas isso também não se debate. Não se compreende que é dos universos criativos que nascem muitas vezes as grandes alterações e vantagens económicas de uma cidade ou de um país. Mas nada surpreende: a incultura reinante na nossa elite política não faz prever nada de substancialmente diferente num futuro próximo.»

3.9.15

É tão somente isto


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Eduardo Galeano (faria) 75



É a primeira vez que se assinala o aniversário de Eduardo Galeano desde que ele se calou, em Abril deste ano.

Esse grande uruguaiano nasceu em Montevideu, em 3 de Setembro de 1940, quis ser jogador de futebol mas acabou escritor com mais de 40 livros publicados. Andou a fugir de ditaduras. Em 1973 foi preso depois do golpe militar no seu país, exilou-se na Argentina. Com o golpe militar de Jorge Videla, em 1976, viu o nome colocado na lista dos «esquadrões da morte», partiu para Espanha e só nove anos mais tarde regressou à cidade que o viu nascer.

Ia assim o mundo em 3 de Setembro de 1940, descrito por Galeano nesta página de Os filhos dos dias, publicado em 2012:


Dois vídeos:



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Uma gravidade folgazona



Ricardo Araújo Pereira na Visão de hoje:

Na página do Facebook da campanha foi publicada uma fotografia de um jovem António Costa abraçando a mulher com um gesto que se encontra naquele sítio onde a ternura faz fronteira com a intenção de praticar um sequestro. O texto que acompanha a foto diz: "António Costa e Fernanda Tadeu casaram há 28 anos. Não houve festa mas sim um hambúrguer rápido no Abracadabra na Rua do Ouro (...)."

Um candidato a primeiro-ministro sente necessidade de dizer que não houve festa quando casou. Concede que comeu um hambúrguer, sim, mas rápido. Suponho que tivesse sido inadmissível saboreá-lo lentamente Obtendo até disso – valha-me Deus! – algum prazer. António Costa não tem tempo para festas. A não ser que sejam festas ajuizadas, como a da confiança.

A alternativa à austeridade é um homem austero.»

Na íntegra AQUI.
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Pato à Pequim



«Vender o Novo Banco é fundamental para o Governo se salvar de ser crucificado em Bruxelas por causa do défice e para Maria Luís Albuquerque não perder a face. Todos prometeram que os contribuintes não seriam arrastados para o pântano de pagarem aquilo que também foi uma decisão política de Passos Coelho quando não deu a mão a Ricardo Salgado. (...)

Cada dia que passa mais poder tem quem pode comprar o Novo Banco e menos poder tem o BdP. Para Guo investir é o mesmo que fazer tai chi. E, depois de atingir o objectivo, as regras mudam: faz-se como Warren Buffett e usa-se as empresas financeiras adquiridas para financiar novos investimentos. Um dia se poderá ver, se Carlos Costa e Guo apertarem as mãos enquanto comem pato à Pequim, este a pedir fundos ao BCE através do Novo Banco para se pagar com fundos europeus investimentos chineses. Mario Draghi terá o seu último colapso.

O que espanta em tudo isto é o secretismo absoluto de Carlos Costa: porque falharam as negociações com a Anbang, porque a Apollo desapareceu do segundo lugar da "short-list", que dinheiro está mesmo em jogo? Os cidadãos têm o direito de saber, porque há muito dinheiro dos contribuintes em jogo e muita mais austeridade que pode nascer se tudo correr mal. Porque o que se espera é que não sejam os portugueses a carne do pato à Pequim.»

Fernando Sobral

2.9.15

E nós lá dentro


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O choradinho habitual do PS sobre a esquerda



«Afirmou ontem António Costa que nunca viu um Governo de direita ser derrubado pelos votos dos partidos à esquerda do PS, mas que já viu os partidos da esquerda aliar-se à direita para derrubar governos do PS. Pois bem: esta afirmação é factualmente errada e politicamente falsa. Senão, vamos aos factos.

Em Abril de 1987, o 1.º Governo de Cavaco Silva foi derrubado com os votos PS/PCP/PRD/PEV.

E se verificarmos os últimos 25 anos, ou seja, a partir dos Governos de Guterres, vemos que:

Em 4/11/99 as moções de rejeição apresentadas pelo PSD e pelo CDS foram inviabilizadas pelos partidos da esquerda (abstenções PCP/PEV e votos contra do BE).

As moções de censura do CDS (em 5/7/2000) e do PSD (em 20/9/2000) foram inviabilizadas pelas abstenções do PCP, do BE e do PEV.

Em 30/5/2001 foram o PSD e o CDS que inviabilizaram uma moção de censura do BE. Guterres demitiu-se sem qualquer votação parlamentar que o tenha derrubado.

O Governo de Durão Barroso (de maioria absoluta) enfrentou 4 moções de censura que tiveram os votos convergentes PS/PCP/BE/PEV.

O 1.º Governo de Sócrates (de maioria absoluta) enfrentou moções de censura do BE (em 16/1/2008) e do PCP (em 8/5/2008) em que o PSD e o CDS se abstiveram. Mais tarde, enfrentou moções de censura do CDS (em 5/6/2008 e em 17/6/2009) em que o PCP, o BE e o PEV se abstiveram.

O 2.º Governo de Sócrates (minoritário) teve moções de censura do PCP (em 21/5/2010) e do BE (em 3/10/2011) que foram inviabilizadas pelas abstenções do PSD e do CDS.

A demissão de Sócrates não se deveu a qualquer votação parlamentar que o determinasse, mas à rejeição do PEC4, depois dos 3 anteriores terem sido viabilizados pelo PSD e pelo CDS e não sem que, para despedida, tivesse sido assinado o pacto com a troika, negociado e aceite precisamente pelo PSD e pelo CDS.

Na presente legislatura, o Governo PSD/CDS enfrentou 6 moções de censura (3 do PCP, uma do BE, uma do PEV e uma do PS). O PCP, o BE e o PEV votaram a favor de todas. Já o PS absteve-se em 3: na moção do PCP em 25/6/2012 e nas moções do PCP e do BE em 4/5/2012 (ou seja, no tempo em que o PS pautava a sua oposição ao Governo pelas abstenções violentas).

O moral desta história é que o PS só tem razões de se queixar de si próprio e que já era tempo de acabar com o fadinho da vítima que de tão repetido de campanha em campanha já se torna enjoativo.»

António Filipe, deputado do PCP, no Facebook (02.09.2015)
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02.09.1939 – O governo português e a invasão da Polónia



No dia 2 de Setembro, o governo português emitiu o seguinte comunicado:

«Apesar dos incansáveis esforços de eminentes chefes de governo e da intervenção directa dos chefes de muitas nações, eis que a paz não pôde ser mantida e a Europa mergulhada, de novo em dolorosa catástrofe. Embora se trate de teatro de guerra longínquo, o facto de irem defrontar-se na luta algumas das maiores nações do nosso continente – nações amigas e uma delas aliada – é suficiente para o grande relevo do acontecimento e para que dele se esperem as mais graves consequências: Não só se lhe não pode ficar estranho pelo sentir, como há-de ser impossível evitar as mais duras repercussões na vida de todos os povos.

Felizmente, os deveres da nossa aliança com a Inglaterra, que não queremos eximirmos a confirmar em momento tão grave, não nos obrigam a abandonar nesta emergência a situação de neutralidade.

O governo considerará como o mais alto serviço ou a maior graça da Providência poder manter a paz para o povo português, e espera que nem os interesses do país, nem a sua dignidade, nem as suas obrigações lhe imponham comprometê-la.

Mas a paz não poderá ser para ninguém desinteresse ou descuidada indiferença. Não está no poder de homem algum subtrair-se e à Nação às dolorosas consequências de guerra duradoura e extensa. Tendo a consciência de que aumentaram muito os seus trabalhos e responsabilidades, o Governo espera que a Nação com ele colabore na resolução das maiores dificuldades e aceite da melhor forma os sacrifícios que se tornarem necessários e se procurará distribuir com equidade possível.

A todos se impõe viver a sua vida, mas agora com mais calma, trabalho sério, a maior disciplina e união; nem recriminações estéreis nem vãs lamentações, porque em muito ou pouco fique prejudicada a obra de renascimento a que metemos ombros. Diante de tão grandes males, faz-se mister ânimo forte para enfrentar as dificuldades: e da prova que ora derem, sairá ainda maior a Nação.» 
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Conselhos elementares


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Os palhaços



«Depois do sucesso do palhaço Tiririca na política brasileira, quatro anos depois, em 2014, surgiram no Brasil outros candidatos que seguiam a mesma linha ideológica: o candidato Mortadela dizia, depois de tirar o fato de palhaço, que "agora é a sério" e o auto-proclamado Tiririca do Norte afirmava que "é melhor ser um palhaço político do que ser um político palhaço".

Ou seja, antes de Durão Barroso ter vindo elucidar os jovens social-democratas que está preocupado por Donald Trump liderar as sondagens entre os republicanos nos EUA, insinuando que ele é um "palhaço", ainda que não "profissional" como Beppe Grillo, já o panorama político estava cheio de profissionais da gargalhada. Até Eça de Queiroz, falando da política portuguesa do seu tempo, escrevia: "A única crítica é a gargalhada! Nós bem o sabemos: a gargalhada nem é um raciocínio, nem um sentimento; não cria nada, destrói tudo, não responde por coisa alguma. E no entanto é o único comentário do mundo político em Portugal. Um Governo decreta? Gargalhada. Reprime? Gargalhada. Cai? Gargalhada". É ténue a linha que separa hoje alguns políticos de alguns palhaços: talvez a competência, quiçá o profissionalismo, por vezes a qualidade do humor. Mas, por certo, o que os divide são os interesses.

O problema de muita da política actual é que é impossível de levar a sério: as suas piadas já não causam riso ou, mesmo, uma singela gargalhada. Um palhaço profissional chega a uma certa altura em que uma piada está gasta. E muda-a. Alguns políticos da nova geração não têm capacidade para isso: repetem a mesma piada até nem eles próprios acharem graça ao que estão a dizer. E em Portugal não faltam exemplos. Nem na Europa.»

Fernando Sobral

1.9.15

Setembro com ela



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Bem visto


«É pena os refugiados sírios ou líbios não ladrarem ou miarem em vez de falarem línguas incompreensíveis, porque aí teriam um partido português a defendê-los e uma longa lista de abaixo-assinados prontos a reclamar pelos seus direitos. Se eu fosse refugiado e quisesse chamar a atenção, acho que ladrava em vez de falar.» 

João Miguel Tavares, no Público de hoje.
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01.09.1939. A invasão da Polónia



Na manhã de 1 de Setembro de 1939, a Alemanha invadiu a Polónia e, dois dias depois, a Grã-Bretanha e a França declararam guerra à Alemanha.

Três vídeos muito úteis para aprender ou relembrar:






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Ele aí está



Será bem agitado. Vejamos se não nos entregará a Outubro mais ou menos na mesma.
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O combate político é um combate



José Vítor Malheiros, no Público de hoje:

«É possível amalgamar quase tudo, apresentar propostas que são mantas de retalhos de ideias contraditórias, apresentar propostas que nem são propostas mas apenas postas, fazer discursos que são sopas de pedra onde se juntam ingredientes à medida das assistências, atirar ao ar frases soltas de efeito fácil para repetição nos jornais e passagem nas televisões, prometer mundos e fundos, manipular as estatísticas, mentir descaradamente e jurar pela virgem Maria que nunca se disse outra coisa, dizer que agora é que é, que os outros são piores, que os outros são o demo, sorrir para parecer simpático, fazer ar sério para parecer honesto, acenar para parecer popular, tirar a gravata para parecer modesto, pôr a gravata para parecer ponderado. As campanhas e pré-campanhas eleitorais são férteis nisto. São quase só isto. (...)

A campanha eleitoral do “arco da governação”, seguindo a lógica da Quadratura do Círculo, onde o círculo nem sequer é quadrado mas apenas um triângulo com o PSD, o CDS e o PS como lados. Não houvesse Pacheco Pereira na Quadratura do Círculo e o programa seria o melhor exemplo de manipulação da opinião pública desde que a Fox News começou as emissões. E, nas campanhas eleitorais, não está o Pacheco Pereira.

A campanha das televisões — mesmo com os debates anunciados — será a gigantesca lavagem ao cérebro do Portugal à Frente e o número de equilibrismo da obsessão centrista de António Costa. (...)

A campanha eleitoral — cirurgicamente podada pelas televisões das intervenções à esquerda do PS —, que devia ser o local do choque ideológico e do debate de políticas, torna-se o lugar da amálgama morna, sem confronto de políticas alternativas, um choque de imagens onde apenas se pode comentar o sorriso dos oradores, onde cada vez mais se repete que a diferença entre esquerda e direita é uma coisa antiquada que “deixou de fazer sentido”. (...)

Um dos sinais dos tempos no actual combate político, nesta campanha onde Passos Coelho se recém-arvorou em campeão da igualdade, é a ausência dos pobres. (...) A responsabilidade da política deveria ser destruir este silêncio, que rouba aos que nada têm a soberania que é sua, devolver a voz aos que não falam, combater a iniquidade, mas a campanha eleitoral, desideologizada, higienizada, soundbitizada, receia fazer aparecer a luta de classes — e isso acontece mesmo à esquerda. Receia parecer radical, mesmo quando a direita lança uma guerra sem quartel aos velhos, aos pobres e aos doentes através dos cortes na saúde e na segurança social. Mas o combate político não é uma valsa. O combate político é um combate, para o qual só poderemos mobilizar vontades com clareza nos objectivos e audácia nas propostas.» 
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31.8.15

Antes que o dia acabe



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Dica (126)




(Carvalho da Silva) «O desempate que permite encetar caminhos de rotura com a austeridade, um novo rumo de negociação e posicionamento digno na UE, exige que se consolide e reforce a representação eleitoral das forças à esquerda do PS. Elas têm um grande peso político e social, embora diferenciado, na sociedade portuguesa, e as suas propostas e intervenção são indispensáveis como contributo para um programa de governação que tire o país do atoleiro em que se encontra. O quadro de fragmentação em que hoje se apresentam não tem de ser definitivo.» 
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Os ruídos eram outros




... em Paris, no séc. XVIII.



(Daqui)

31.08.1945 – Sérgio Godinho, 70



É difícil crer mas é verdade: Sérgio Godinho é, desde hoje, septuagenário.

Compagnon de route de muitos de nós, mesmo a distância, já que viveu grande parte da sua vida no estrangeiro até 1974, faz parte de um grupo precioso que tanto nos ajudou a usar a cantiga como arma antes do 25 de Abril e como grito de vitória e de esperança depois.

Difícil é a escolha, mas ficam aqui algumas das suas canções – em jeito de homenagem ao Sérgio e à nossa memória.








Com José Mário Branco, numa das canções desse extraordinário cd, de 2003, «O irmão do meio»:


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30.8.15

Leitura importante

Dica (125)




«Querida Unión Europea, confío en que todavía conserves -permíteme que te tutee ahora- cierto grado de empatía y puedas mitigar las consecuencias de esta catástrofe humanitaria. Mientras tanto, te ruego que cojas la pequeñísima parte que me toca como ciudadano de la Unión Europea del Premio Nobel de la Paz que recibiste en 2012 y la vayas devolviendo.» 
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De onde vem quem chega à Europa por mar?



Vale a pena olhar para este mapa (note-se que nem chega a reflectir totalmente os oito primeiros meses deste ano) para se entrever a dimensão da tragédia que nos é contada todos os dias, em episódios de terror, de uma novela sem fim à vista.

Pelo menos 6 em cada 10 pessoas que chegaram à Europa pelo Mediterrâneo, desde o início de 2015, vêm de países onde são constantes as violações de direitos humanos. Este drama não é só delas, é nosso também. Não há fuga possível.

Mais detalhes aqui.
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