Neste caso no do
Centro Nacional de Cultura, onde passarei a colaborar esporadicamente.
«Lusitania Quo Vadis?»
Aceitei o convite para participar neste blogue, sem qualquer compromisso de regularidade mas com grande prazer, já que nunca esquecerei as minhas velhas ligações ao CNC - por isso as trago para este primeiro post.
Este texto é uma adaptação de excertos de um capítulo do livro que publiquei em 2007, Entre as brumas da memória – Os católicos portugueses e a ditadura (Âmbar).
«Lusitania, Quo Vadis?» foi o título de um ciclo de conferências organizado pelo Centro Nacional de Cultura em Março de 1969. Nenhuma pergunta poderia exprimir tão bem o que nos perguntávamos a nós próprios neste final dos anos 60.
O Centro Nacional de Cultura era um das peças de um complicado
puzzle que constituía então a oposição à ditadura e, em 1968-1969, foi dirigido por um grupo de pessoas a que pertenci. Mais concretamente, em 27 de Novembro de 1968, realizaram-se eleições para os corpos gerentes e, para além de José Manuel Galvão Teles (presidente) e de mim própria (vice-presidente), passaram a fazer parte da Direcção: Teresa Amado, Manuel Moita, Sebastião José de Carvalho, António Reis e Nuno Portas. Éramos todos muito jovens, católicos ou já ex-católicos. À Mesa da Assembleia Geral presidiu Henrique Martins de Carvalho, tendo com vogais Gonçalo Ribeiro Teles e Augusto Ferreira do Amaral e o Conselho Fiscal ficou constituído por José Ribeiro dos Santos, Francisco de Sousa Tavares e Francisco Lino Neto. A Direcção reflectia uma renovação total, a continuidade era assegurada nos outros corpos gerentes.
A nova Direcção começou imediatamente a organizar debates e reuniões na sede do Centro e procurou angariar fundos e novos sócios.
Entretanto, a oposição pensava já nas eleições legislativas do ano seguinte. Em 20 de Janeiro de 1969, foi criada a Comissão Promotora de Voto, por carta enviada ao Presidente do Conselho e, entre os quarenta e três subscritores, seis eram membros dos corpos gerentes do Centro Nacional de Cultura.
Era importante tirar partido de todas as ocasiões de debate, tão alargado quanto os
condicionalismos o fossem permitindo. O Centro planeou então uma iniciativa de grande vulto, consubstanciada em três sessões a serem realizadas em Março de 1969, sob o tal nome genérico de
«Lusitania, Quo Vadis?». Política Económica, Acção Cultural e Perspectivas Políticas foram os grandes temas escolhidos, a sede da Sociedade Nacional de Belas Artes o local conseguido para a realização.
Embora se previsse uma grande afluência de participantes – o que de facto aconteceu –, foi decidido evitar o modelo clássico, e já explorado até à exaustão, de «conferência, seguida de debate» e adoptar um formato relativamente informal: para cada uma das sessões, foi previsto um painel com duas pessoas encarregadas de formular perguntas e três que tinham a missão de lhes responder. Foi elaborado e divulgado o seguinte programa, recheado de nomes sonantes.