«As ruas ficavam vazias. As casas de espectáculos sem público. Pela primeira vez, um programa de televisão marcava a agenda das conversas dos portugueses. Aconteceu durante o segundo semestre de 1969. Em plena "primavera marcelista". Nunca antes a televisão entusiasmara assim os portugueses. Nunca mais a televisão foi capaz de se aproximar dos píncaros a que se alcandorou e onde permaneceu durante trinta e duas semanas. Zip-Zip, o programa que Raul Somado, Carlos Cruz e Fialho Gouveia mantiveram "no ar" entre Maio e Dezembro deRaul Solnado, a vida não se perdeu 1969, na RTP, fez então e continua a fazer ainda hoje a unanimidade entre os críticos e entre os espectadores de televisão.»
De um artifgo de Adelino Gomes, ZIP-ZIP: Os sete meses que marcaram a televisão em Portugal , de 20/10/20032, retomado hoje pelo Público.
A Guerra de 2008:
8.8.09
40 anos depois do Zip-Zip
Esquerda curta
Esta. Como se explica aqui.
“Olá a todos os nossos leitores, e sobretudo aos nossos opositores. Bem-vindos a esta «selva urbana» que é a blogosfera.”
Comentários para quê.
«Z» de Costa Gravas
A propósito da morte, no passado dia 4, de Nicolas Makarezos - um dos elementos do triunvirato que instaurou a chamada ditadura dos «coronéis» na Grécia (1967-1974) -, voltou a falar-se de «Z», o célebre filme de Costa Gravas. Se alguém quiser vê-lo ou revê-lo (foi o que fiz anteontem), existe uma versão, dobrada em espanhol (…), que pode ser vista aqui.
Não será muito leve para um Sábado de Agosto, mas… nunca se sabe.
P.S. - Comentário deixado no Facebook:
E por falar em Costa Gravas, e porque tem também que ver com a história e a memória, aqui fica o link para um artigo que me fizeram chegar há uns dias.
Entretanto, parece que a coisa já se resolveu ou está em vias de mas tudo isto dá que pensar (parece que não há maneira de os estados laicos se libertarem da interferência da igreja, parece que continua a ser aceitável a ideia de que é possível ir apagando e conformando a história).
7.8.09
O leitor chinês
É de uma fidelidade absolutamente notável: todas as noites, entre a meia-noite e a uma da manhã, hora de Lisboa (entre as 7 e as 8, hora de Macau / Hong Kong), alguém chega a este blogue, entrando sempre por A Terceira Noite. Já nem sei há quanto tempo isto dura, mas julgo que aqui há dias falhou uma vez, ou então fui eu que olhei distraidamente para o sitemeter. Sei que, na noite seguinte, me precipitei para confirmar que já «tinha passado».
Imagino sempre que ele ou ela vê o que aqui escrevi na véspera enquanto bebe a bica da manhã (alguns hábitos terão por lá deixado os portugueses) e depois de acender o primeiro cigarro (fumará?). Quem será esta pessoa organizadíssima? Homem? Mulher? Chinês, é pouco provável… Ter-me-ei cruzado com ele (ou ela) numa qualquer outra galáxia?
Todos os bloggers têm vistantes-mistério. Mas este «agarrou-me». Se pelo menos entrasse uma vez na Caixa de Comentários e escrevesse 早上好 (???)
Em cada esquina uma ASAE
Fernanda Câncio, no DN, a propósito dos recentes dislates da ERC:
«Mas, para já, permite concluir que se um partido integrar um astrólogo nas listas este terá de abandonar até às eleições quaisquer "espaços" de astrologia que detenha nos media, sob pena de prejudicar os candidatos não astrólogos.»
Idem para todos os membros do governo ou das autarquias que se candidatem ao que quer que seja, etc., etc., etc.
6.8.09
Um outro 6 de Agosto
Que ninguém me prive de voltar a ouvir a voz do inefável Américo Tomás, quando inaugurou a «Ponte Salazar», em 6 de Agosto de 1966.
6 de Agosto
Em 1945, Hiroshima
Todos os anos, nesta data, vou buscar duas fotografias que tirei no Museu de Hiroshima. Na primeira, um relógio que parou no minuto exacto em que a bomba explodiu. A segunda fala por si. Comentários para quê.
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5.8.09
Cogitações (5)
«E se prometerem não levar à letra o que vou dizer, atrever-me-ia a assegurar que, pelo menos em princípio, julgo ter inventado o remédio contra o fanatismo. O sentido de humor é uma grande cura. Jamais vi na minha vida um fanático com sentido de humor, nem nunca vi qualquer pessoa com sentido de humor converter-se num fanático, a menos que ele ou ela tivessem perdido esse sentido de humor. Os fanáticos são frequentemente sarcásticos. Alguns deles têm um sarcasmo muito agudo, mas de humor, nada. Ter sentido de humor implica a capacidade de se rir de si próprio. Humor é relativismo, humor é a habilidade de nos vermos como os outros nos vêem, humor é a capacidade de perceber que, por muito cheia de razão que uma pessoa se sinta e por mais tremendamente enganada que tenha estado, há um certo lado da vida que tem sempre a sua graça.»
Amos Oz, Contra o fanatismo, pp. 28-29.
Amos Oz, Contra o fanatismo, pp. 28-29.
De barbaridade em barbaridade
Alguém escreveu isto na blogosfera, a propósito dos resultados de uma sondagem em que 58,9% dos inquiridos revelaram que não votariam PS:
«Ou seja, 58,9% dos eleitores habita algures no espaço cósmico, bem longe da gravidade terráquea. E se esta é a clarividência que revelam em matérias políticas, como será noutras áreas da sua vida pessoal e nossa existência colectiva?»
Outro alguém, no SIMplex, gostou (pois claro…) e reproduziu. E eu agradeço à Ana Cristina que me levou a essa gente e, assim, me ajudou a perceber porque é que a minha vida pessoal também anda uma merda.
Depois queixem-se!
P.S.- Com uma adenda do Luís Januário.
4.8.09
A dois tempos
«Se o PSD vier a ser outra vez Governo, o PS fará novo balanço desastroso em 2013; e em 2018 o PSD; e em 2023 o PS, e em 2028 o PSD, e por aí fora até ao infinito, cada vez com números piores. É uma valsa a dois tempos que dura há décadas com os mesmos dois dançarinos. E com os mesmos de sempre a pagar a conta?»
Manuel António Pina, hoje no JN.
Au deuxième temps de la valse,
On est deux, tu es dans mes bras.
Au deuxième temps de la valse,
Nous comptons tous les deux: une deux trois.
P.S. - 11:20 O link para o JN está correcto, mas passou a dar erro. Aceder através da primeira página.
Manuel António Pina, hoje no JN.
Au deuxième temps de la valse,
On est deux, tu es dans mes bras.
Au deuxième temps de la valse,
Nous comptons tous les deux: une deux trois.
P.S. - 11:20 O link para o JN está correcto, mas passou a dar erro. Aceder através da primeira página.
3.8.09
Cada rua, cada pedra
…com mil histórias para recordar. Ouvi Aznavour e resolvi ir até lá – daqui a uns dias.
«Em equipa perdedora não se mexe»
Talvez vá sendo tempo de os nossos bem-amados chefes moderarem as loas permanentes ao tal Zé que está em Bruxelas, porque ainda podem vir a ter (embora, infelizmente, seja pouco provável) mais um amargo de boca.
Começa assim um artigo muito cáustico, publicado no Courrier Internacional deste mês (*) e do qual nem Cohn-Bendit desdenharia:
«Façamos de conta que José Manuel Durão Barroso não é aquele primeiro-ministro que, em 2003, assistiu passivamente ao esfumar de 420 mil hectares de florestas do país que tinha a seu cargo. Que não foi ele, nos Açores, o anfitrião da minicimeira Bush / Blair / Aznar, preparatória da invasão do Iraque, o quarto homem na fotografia (é o menor defeito de Barroso – adora ficar nas fotografias). Esqueçamos que Barroso virou rapidamente o seu casaco «liberal» no debate sobre a directiva Bolkestein, renunciando de caminho ao princípio do país de origem, pelo qual nos tinha quase prometido dar a vida.»
E recorde-se agora que foi pedido a Barroso que defendesse a sua candidatura com um «programa». Segundo Philippe Riès, que assina o artigo, «Barroso contentou-se em dirigir aos chefes de Estado e de Governo dos Vinte e Sete uma carta de duas página, unicamente disponível em inglês, um catálogo de fatuidades empoladas e de frases feitas do tipo “precisamos de mais e não de menos Europa”».
Porque «desde então [1994, quando Delors saiu], o critério de selecção dos presidentes da Comissão, recrutados no serralho dos chefes de Governo, passou a ser “tudo menos um novo Delors”. Eis Barroso, o candidato dos Vinte e Sete.»
Aguardemos. Quem espera sempre alcança, a esperança é a última a morrer, enquanto há vida há esperança, etc., etc. etc.
(*) Texto na íntegra em francês.
Começa assim um artigo muito cáustico, publicado no Courrier Internacional deste mês (*) e do qual nem Cohn-Bendit desdenharia:
«Façamos de conta que José Manuel Durão Barroso não é aquele primeiro-ministro que, em 2003, assistiu passivamente ao esfumar de 420 mil hectares de florestas do país que tinha a seu cargo. Que não foi ele, nos Açores, o anfitrião da minicimeira Bush / Blair / Aznar, preparatória da invasão do Iraque, o quarto homem na fotografia (é o menor defeito de Barroso – adora ficar nas fotografias). Esqueçamos que Barroso virou rapidamente o seu casaco «liberal» no debate sobre a directiva Bolkestein, renunciando de caminho ao princípio do país de origem, pelo qual nos tinha quase prometido dar a vida.»
E recorde-se agora que foi pedido a Barroso que defendesse a sua candidatura com um «programa». Segundo Philippe Riès, que assina o artigo, «Barroso contentou-se em dirigir aos chefes de Estado e de Governo dos Vinte e Sete uma carta de duas página, unicamente disponível em inglês, um catálogo de fatuidades empoladas e de frases feitas do tipo “precisamos de mais e não de menos Europa”».
Porque «desde então [1994, quando Delors saiu], o critério de selecção dos presidentes da Comissão, recrutados no serralho dos chefes de Governo, passou a ser “tudo menos um novo Delors”. Eis Barroso, o candidato dos Vinte e Sete.»
Aguardemos. Quem espera sempre alcança, a esperança é a última a morrer, enquanto há vida há esperança, etc., etc. etc.
(*) Texto na íntegra em francês.
Lá se foram as esperanças de o ter como «amigo»
«Imagine um amigo que se põe aos gritos numa estação de comboios ou telefona para números aleatórios apregoando opiniões pessoais sobre questões de actualidade. Tomaria isso como uma atitude sensata? Suponha que conhece um grupo de pessoas que gosta de andar pelas ruas a interpelar desconhecidos tentando interessá-los em discussões sobre assuntos variados. Acharia isso razoável? Que responderia se lhe recomendassem um café onde se conversa sem conhecer o interlocutor? Poderá ser um diálogo equilibrado e sério?»
É isto que César das Neves pensa de «blogs, mensagens em massa, redes sociais, mundos virtuais e outros sites de interacção». E lembra «as tolices que se fizeram com os primeiros telégrafos, rádios e automóveis». A solução seria talvez continuarmos a usar fumos, como os índios, e termos de novo carros de chora nas ruas de Lisboa.
Diz algumas verdades? Certamente, mas com tão alto grau de conservadorismo e de pessimismo que a única qualidade possível é a de revelarem uma coerência pessoal indiscutível e sistemática. Num mundo «às arrecuas».
Para terminar, lá vem a grande afirmação: «A finalidade tem de ser a vida, não a Web.» Nem sei como não acaba por acusar o Facebook ou o Twitter de facilitarem o aborto, o divórcio e a eutanásia – por acaso eu estava è espera de que…
2.8.09
Aqui não de muda nada, nem os tempos nem as vontades
Raúl Castro:
«Também se referiu à expectativa em alguns círculos de poder norte-americanos que desapareça a "geração histórica da revolução", para ver transformações na ilha, mas insistiu em que "estão condenados ao fracasso" porque os jovens cubanos que lhes sucederão "nunca se desarmarão ideologicamente".»
Bento16:
«Haverá excomunhão para o médico, a mulher e para quem quer que estimule seu uso [da pílula abortiva].»
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