30.7.11

Perguntar não ofende


Quem foi capaz de construir isto, aqui, no século V, quando os visigodos tentavam expulsar alanos, suevos e vândalos da Península Ibérica, uns 400 anos antes de ser formado o Condado Portucalense, não poderá dominar o mundo no século XXI?


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Dantes era assim (9)


E sem testes de alcoolemia.
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E a Somália? (3)

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Sonhar é fácil e ainda não paga imposto


Se vai a Paris este Verão, e se tem seguido os conselhos de poupança dos nossos governantes, pode ser um dos muitos turistas que ali investem em «imobiliário de prestígio». Em 2010, foram quase 3.000 os que desembolsaram mais de um milhão de euros por um apartamento considerado «excepcional» pela arquitectura, idade ou localização.

Pode também optar por Deauville ou pela Côte d’Azur, mas eu não me importava de ficar pela Rue de Rivoli.

(Daqui.)


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29.7.11

Entre nós e as palavras

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(Vídeo enviado pelo seu autor, Cine Povero)
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E a Somália? (2)

E a Somália?


Noruega? O horror, sem dúvida. Aqui perto, com europeus como nós, num país rico, o inesperado que faz correr milhões de caracteres em jornais, blogues e redes sociais. Nada contra, (quase) tudo a favor.

Mas será que isso justifica a aparente indiferença perante os ecos que nos chegam de uma tragédia mil vezes maior, num país martirizado como a Somália? O que vamos sabendo passou a trivial?

– 12 milhões de pessoas ameaçadas pela fome.
– 3,7 milhões vítimas da seca, das quais 2,2 milhões ainda não receberam ajuda.
– 18.000 crianças malnutridas (em breve, serão 25.000), das quais 50 morrem por dia.




Ler: ACNUR: "Lo que hacemos en Somalia no es suficiente".
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Se o ridículo usasse gravata…


Não sei se o governo japonês publicou algum despacho no diário da monarquia quando o primeiro-ministro, há pelo menos uma meia dúzia de anos, fez uma campanha contra o uso da gravata nos meses de Verão, pelas mesmíssimas razões evocadas agora por Assunção Cristas. Mas permito-me duvidar…

Por cá, foi ontem publicado no Diário da República um despacho, com mais de 4.000 caracteres (!...) e onde se citam vários decretos-lei, para fixar temperaturas do ar condicionado e para dispensar «a utilização de gravata no dia-a-dia, sem prejuízo da conveniência na sua manutenção nos contactos com entidades externas, nos casos em que seja habitual, e em ocasiões em que a prática protocolar assim o determine».

Publica-se um longo texto para «dispensar» de algo que não era obrigatório (ou era e nunca foi «despachado»?) Sem tira ao pescoço, portanto, até 30 de Setembro: a 1 de Outubro, se ainda estiver muito calor, os funcionários do ministério podem sempre optar por um «USB CoolerTie».

Isto nem é uma república das bananas por que essas vêm da Costa Rica. Das alcagoitas?
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28.7.11

Mais

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... de / sobre o novo CD de Chico Buarque.








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É do Inimigo Público mas podia não ser


Já vi coisas muito menos prováveis tornarem-se realidade...

«O mundo está a mudar. Visando a redução das despesas e a maximização das receitas, a Igreja Católica decidiu seguir o exemplo das empresas privadas e começou a fazer exploração de mão-de-obra barata e a praticar o dumping social. Recorrendo a empresas de trabalho temporário, a Igreja está a substituir os padres portugueses por padres chineses pagos com falsos recibos verdes, sem vínculo laboral à paróquia, sem seguro de acidentes de trabalho, sem folgas, sem férias, com um horário de trabalho de 16 horas por dia, sete dias por semana e ainda têm de pagar as batinas do seu próprio bolso.»

(Daqui.)
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A atracção do abismo


«Las tornas se han cambiado. Los países llamados occidentales, los socios de la Unión Europea y Estados Unidos fundamentalmente, eran previsibles, tranquilos y fiables. Los países menos desarrollados, el resto del planeta en realidad, navegaban en la incertidumbre y los sobresaltos. Tanta riqueza y tanta agenda pautada han terminado saturando a los agentes políticos, hasta revalorizar el riesgo y la frivolidad. Los 27 socios europeos han dado buena prueba de ello en el año y medio de agónica discusión irresolutiva sobre el rescate de Grecia, sabiendo que jugaban con el mayor logro conseguido por la UE en toda su historia, el euro, la moneda única. Algo similar están haciendo los congresistas estadounidenses, dispuestos a llevar a su país a la suspensión de pagos a partir del 2 de agosto antes que renunciar a los dogmas políticos de cada uno de los partidos: el que prohíbe subir los impuestos a los republicanos y el que obliga a defender la cobertura social a los demócratas. (…)

Obama aporta el factor humano de este declive. De poco sirven su inteligencia y su capacidad argumentativa, empleadas a fondo en este envite. Puede incluso que sean contraproducentes. Los republicanos están divididos y no tienen todavía un candidato presidencial claro. Una parte, la más lunática e irresponsable, ni siquiera cree que la Administración pueda quedarse sin medios de pago. Y cuanto mayor es la división republicana y más difícil atisbar quién pueda dirigirles en la lucha por la presidencia más ganas le tienen a Obama y más se acercan al punto de penalti. Pueden perder como partido, pero piensan que Obama perderá como presidente y como candidato. De momento prefieren llevárselo al abismo, aunque su país sufra con ello. Si le dejan malherido, será más fácil que uno de los candidatos ahora sin perfil presidencial se convierta en un presidenciable serio.»

(Na íntegra aqui.)
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Humor verde


«No seu "Manifesto" [de Breivik], o número de "traidores" a assassinar em Portugal é, exactamente, de 10 807 (provavelmente alinhados por tamanhos). E a sua minúcia é tal que, ao enumerar os partidos portugueses pró-multiculturalistas, consegue mesmo distinguir o PCP do Partido Ecologista "Os Verdes".»

Manuel António Pina, no JN.
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27.7.11

Dantes era assim (8)


Antes do iPod.
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Mas porquê o FMI?

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Sempre a aprender


«Ele chegou na banca e começou a ler as manchetes do dia. Depois de uns minutos falou em voz alta: “Olha só! Só tem desgraça, só tem tragédia; é por isso que eu só voto nulo. Mas o Papa diz que está tudo bem, a Dilma diz que está tudo bem, os caras lá de Brasília dizem que está tudo bem, e o povão acredita e ainda vota neles… me dá um Marlboro, hoje eu não vou levar jornal nenhum.”»
Passa Palavra

(Imagem via João Freitas no Facebook)
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Cavaco, os coitadinhos e a caridade

@Paulete Matos

Cavaco Silva inaugurou ontem uma complexo residencial para idosos na Misericórdia de Torres Vedras (nota importante: «sessenta e oito anos depois de o ex-Presidente Carmona ter visitado o local»…) e aproveitou a ocasião para fazer duas declarações, qual delas a mais significativa.

Interrogado sobre a necessidade do imposto extraordinário decretado pelo Governo, afirmou, submisso, que «o senhor ministro das Finanças já teve ocasião de explicar a razão pela qual o Governo fez essa proposta». E preferiu manifestar-se preocupado com quem «não tem rendimentos suficientes para ser abrangido pelo imposto extra».

Os atingidos agradecem a preocupação, certamente penhorados. Para os outros, fica a mensagem subliminar: «não se queixem», «não sejam mesquinhos» (como muito bem interpreta o Nuno Serra).


Esbatendo, ou pretendendo mesmo eliminar, as fronteiras entre o público e aquilo que não o é nem nunca foi (por mais meritória que seja a actividade que está em causa), Cavaco Silva abre a porta, sem vergonha e de forma escancarada, a tudo o que o SEU Governo se propõe fazer nos próximos tempos. E não é certamente por acaso que aparecem os termos «obsoleto» e «ideológico». Quanto ao último, tem razão porque é de ideologia que se trata. E é mais do que tempo para se desmascarar o tal mito de Cavaco «o social-democrata»!

Preparemo-nos, pois, porque a procissão ainda nem sequer chegou ao adro…
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26.7.11

Parvoíces

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… que correm na net, aplaudidas por intelectualidades insuspeitas. Patriotismo barato, com fado, fátima, futebol, um galo de Barcelos que até canta e mesmo Sacadura Cabral, não sei se em honra da família Portas.

Falta de pachorra, para não dizer pior!


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Memórias de Oslo


Exactamente há um mês, eu andava pelas ruas de Oslo, o que não tem qualquer espécie de importância a não ser para mim.

Mas ao ver estas pessoas que cantam em memória das suas vítimas, algumas delas com um sorriso quase impossível e arrepiante, regressa a imagem daquela cidade, um pouco cinzenta mas suave, dos parques e das estátuas, da sala onde é anunciado o Nobel da Paz (na foto) e da cadeira que há uns meses ficou vazia por um outro tipo de violência. Da calma com que tudo parece acontecer, mesmo nas chamadas horas de ponta porque até os ministros utilizam transportes públicos, das esplanadas em largas avenidas, sempre cheias de jovens descontraídos, até das cadeias de lojas de conveniência de grande qualidade que nunca fecham, dos dias que se alongam até para lá da meia-noite.

E, também, de algo que me impressionou e que não esperava, mas que é natural num dos países da Europa com maior taxa de natalidade (1,95 filhos por mulher): o grande número de carrinhos de bebé, um pouco por toda a parte, empurrados por mães ou por jovens empregadas, obviamente estrangeiras das mais variadas etnias. Estranhamente, muitas vezes «colectivos», de caixa aberta, onde cabem quatro ou cinco crianças. O presente sem as angústias de muitos outros europeus, o futuro sem qualquer risco anunciado.

E, no entanto, um mês mais tarde, tudo foi interrompido, e brutalmente abalado, por uma cegueira intolerante e absolutamente intolerável.


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As famílias ainda andam por aí, o rei é que não


Quando José Dias Ferreira, bisavô de Manuela (Dias) Ferreira Leite e de um senhor que fala de futebol na televisão, chegou a chefe do Governo em 1892, encontrou um país de "tanga", por força de elevados investimentos ferroviários e em estradas e portos. A dívida pública representava 81% do PIB e o défice orçamental era de 2%.

Juntamente com o Ministro da Fazenda - Oliveira Martins, tio-bisavô do actual presidente do Tribunal de Contas - tomou medidas drásticas: subida de impostos, corte até 20% dos vencimentos dos funcionários públicos, suspensão de admissões no Estado, paragem das grandes obras, saída do padrão-ouro e desvalorização cambial.

Durante dez anos, não foi possível recorrer a empréstimos no estrangeiro, dada a situação de bancarrota verificada.

Em 1892 o rei D. Carlos doou 20% da sua dotação anual para ajudar o Estado e o País a sair da crise criada pelo rotativismo dos partidos.


(Recebido por mail.)
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Insensatez ou delírio


Hoje é dia 26, o governo tem seis dias para cumprir os primeiros prazos fixados pela troika e «avançar com muitas das medidas garantidas para Julho, que ainda não se conhecem. Sobre muitas delas não há sequer sinal de vida nesta fase e a tarefa é pesada - caso da redução da taxa social única ou da aplicação da nova lei da arbitragem fiscal, que ainda não existe».

Mas há que ver sempre o lado positivo da vida, digo eu: ainda bem que Julho tem 31 dias, e não 28 como Fevereiro, ou o problema seria ainda muito maior!

Ainda há alguém que acredite que isto vai correr bem? Ou estão todos, troika incluída, no mundo do «faz de conta»?

(Detalhes aqui.)
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25.7.11

Meu querido diário

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O novo CD de Chico Buarque:




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O primeiro passo


Texto publicado ontem, no Facebook, por Alípio de Freitas.

A decisão do 2.º tribunal criminal de Lisboa, inocentando os cidadãos Margarida, Carlos e José do atentado ao bom nome do major Silva Pais, último director da PIDE, declarando nulas as pretensões a uma indemnização monetária dos sobrinhos do dito major, abre caminho ao estabelecimento do Direito à Memória e à Verdade de todos aqueles que, ao longo de quarenta e oito anos, foram perseguidos pelo fascismo. Creio ainda, que o actual Estado deve começar a conscientizar-se de que terá de indemnizar materialmente as vítimas do fascismo se elas assim o exigirem.

O Estado português de hoje é o mesmo que se implantou em 1910 com a proclamação da República, que se organizou, segundo as normas dos regimes burgueses, republicanos e democráticos. O fascismo não foi um rompimento com o Estado burguês. Foi tão somente uma ruptura com a democracia. Como aconteceu noutros países. O 25 de Abril quis ser uma Revolução mas teve o seu rumo "corrigido" (?) pelo 25 de Novembro, restabelecendo o regime democrático representativo burguês. Revolução teria sido se ao fascismo se tivesse implantado um regime democrático, representativo e participativo. Se se tivesse erguido uma sociedade nova, com a participação activa dos cidadãos. Lá chegaremos pois a esperança num mundo melhor e mais solidário é a Utopia a perseguir.

Mas o que o tribunal não definiu, nem podia definir, é a responsabilidade que todos temos quando permitimos que se branqueie a História, que se apague a memória e se substitua a verdade por uma vaga e improvável lembrança. Esta luta não é uma obrigação só das vítimas. Também é. Mas não isenta a sociedade do seu dever.

Há mais de duas horas que estou para terminar este apontamento...duas horas a olhar para uma folha de papel , com a cabeça encostada na mão onde tenho a caneta. As lágrimas correm-me pelo rosto silenciosamente. É que de repente, ao imaginar os crimes do major Silva Pais, assaltaram-me, em tropel, as memórias vividas dos dias e anos de lutas de morte para que a liberdade, mesmo oprimida, pudesse sobreviver. E das memórias lidas, ouvidas, adquiridas sobre os crimes cometidos em todos os Tarrafais do mundo, em todos os Gulagues, em todos os campos de trabalho e concentração, em todos os antros de terror, covis de todas as PIDES, KGB, GESTAPO, DOI-CODI, CENIMAR ou que sigla fosse. Todos eles vêm comprovar a marca, o ferrete inapagável do TERROR.

Por mim desejaria que o tempo que tudo apaga, não pudesse jamais apagar a memória desse tempo, para que se não repita.

O juiz António Passos Leite que pronunciou a sentença ilibatória de José Manuel Castanheira, Carlos Fragateiro e Margarida Fonseca Santos a certa altura disse :"a crítica pública deve ser um direito e não um risco".

Os que lerem esta crónica reflictam sobre essas palavras. Hoje paro por aqui.

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Noruega: o Manifesto


Múltiplas versões do Manifesto de Anders Breivik têm sido publicadas, e depois apagadas, do Youtube. Descarreguei por isso uma delas e pô-la-ei aqui se esta desaparecer - decisão que pode ser discutível, mas a História também é feita de horrores. (Ver em ecrã completo)



Ler: Palavras, vídeo e gatilho, por Ferreira Fernandes, no DN.

P.S. – O texto do Manifesto está aqui.
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Não há almoços grátis


Boas notícias, hoje pela manhã, para começar bem a semana, neste texto que Jorge Nascimento Rodrigues publicou no Expresso online: Cimeira europeia: Grécia saiu prejudicada.

Alguns excertos:

«A cimeira europeia de quinta-feira passada (21 de Julho) acalmou os analistas e os políticos. Os analistas acreditaram, de imediato, que o default iminente grego tinha sido afastado. (…)

Uma das novidades da cimeira de Bruxelas foi a inclusão de uma reestruturação da dívida grega em mão de credores privados, assumida como "solução excepcional e única para a Grécia".

Ricardo Cabral, economista e professor da Universidade da Madeira, fez as contas sobre a solução de reestruturação selectiva da dívida para a Grécia e concluiu que "a proposta de reestruturação [pelos credores privados], ao contrário do que argumenta o The Institute of International Finance (IIF), é muito benéfica para os credores, porquanto, de acordo com estimativas que efectuei, não reduz o valor actual da dívida grega [em mão de privados] em 21% (haircut, "corte de cabelo", na gíria) como alegado pelo IIF, antes o aumenta significativamente. Os credores internacionais não só não perdem como ainda ganham". (…)

E prossegue: "O que a minha estimativa indica é que quem comprou dívida grega pouco antes da cimeira europeia tem, após o acordo de reestruturação de dívida do IIF, uma expetativa de ganho, no longo prazo, de cerca de 130%. Mas, mesmo um investidor que tenha adquirido a dívida aquando da sua emissão pelo governo grego também fica a ganhar porque a divida emitida pela Grécia com um valor facial de €135 mil milhões passa, após o referido acordo, a ter um valor actual de €157 mil milhões, ou seja, mais 16%".

"A taxa de juro paga pela Grécia para os €135 mil milhões de dívida que será reestruturada sobe para um patamar entre 5.4% e 6.4%.”»
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24.7.11

Uma maravilha, sem dúvida


Comemora-se hoje o centenário da descoberta de Machu Picchu. Foi em 24 de Julho de 1911 que o investigador americano Hiram Bingham encontrou duas famílias que o ajudaram a chegar às ruínas da «velha montanha». Até lá, esta «cidade perdida dos Incas» e o símbolo mais típico do seu império (e hoje também do Peru), construída no século XV a 2.400 metros de altitude, extraordinariamente bem conservada e com uma localização linda de morrer, mantinha-se desconhecida.

Declarado Património da Humanidade pela UNESCO, em 1983, e desde há quatro anos votado como uma das Sete Novas Maravilhas do Mundo, é destino inesquecível para quem já lá foi e de fortíssima recomendação para quem gosta de andar por esse mundo para melhor o conhecer e para tentar compreender o passado.

Normalmente, mas nem sempre, parte-se para Machu Picchu de Cusco (uma cidade absolutamente mágica), segue-se pelo Vale Sagrado, com paragem obrigatória no mercado de Pisac, passa-se pelo Vale de Ollantaytambo e apanha-se o mítico comboio que chega às imediações das ruínas. Depois… é ficar primeiro de boca aberta e depois descer, trepar, ouvir explicações, imaginar a vida por aquelas paragens, quando a França e a Inglaterra ainda se batiam na Guerra dos Cem Anos e o nosso Vasco da Gama lutava com o cabo das Tormentas.

Cinco estrelas, sem qualquer espécie de dúvida – não me canso de o dizer desde que lá estive há sete anos, mais mês menos semana.


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O valor de um suicídio


Sabe-se agora que Salvador Allende se suicidou, em 11 de Setembro de 1973, durante o ataque ao Palácio de la Moneda, em Santiago do Chile. Uma equipa internacional de peritos assim o concluiu, por unanimidade, depois de exames que se seguiram a um nova exumação do seu corpo, que teve lugar no passado mês de Maio.

Allende tinha afirmado, bem antes, que estava a cumprir um mandato dado pelo povo e que só sairia do palácio depois de o cumprir. Ou que o faria «com os pés para diante, num pijama de madeira». Assim aconteceu.

Foi um suicídio moral de quem vivia a política com paixão. Uma história tremenda de um «eterno romântico» que tinha uma família que amava, que gostava de música, de poesia, da vida. Mas que sabia encarnar um sonho colectivo, num esforço hercúleo para pôr fim à situação de injustiça em que viviam milhões de chilenos e chilenas.

E o seu sacrifício não foi inútil. Ele constitui, ainda hoje, uma fortíssima mensagem para as novas gerações que enchem – e de que maneira – as ruas de Santiago e do resto do Chile. »Allende Superstar», como muitos lhe chamam.

(A partir deste texto, a que cheguei via Mariana Avelãs no Facebook.)
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Dantes era assim (7)


Sem iPhones.
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Nem chega a ser desobediência cívica


… mas apenas legítima defesa (quando possível…) contra um imposto injusto – na forma, no conteúdo e no timing.

Quem continua a preferir a maioria governante que pague e crise… Para os outros, conselhos úteis nos dois primeiros parágrafos que transcrevo, já que aquilo que o terceiro descreve acontecerá garantidamente.

«Os trabalhadores independentes que tenham capacidade financeira podem adiar para o próximo ano parte dos recibos verdes que tinham a receber este ano e assim diminuir o rendimento colectável de 2011.

O mesmo pode acontecer nas pequenas empresas que trabalhem muito com remunerações variáveis, como por exemplo as que têm comerciais que ganham à comissão ou por objectivos: parte dos prémios podem ser pagos só no ano seguinte e assim não entram no IRS de 2011.

Os gerentes e os sócios de empresas também podem minimizar o impacto do imposto extraordinário. Para isso, basta que aumentem os pagamentos em dividendos – que ficam isentos – e diminuam os salários-base, que são contabilizados como rendimento por trabalho dependente.»

(Fonte)
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