2.2.08
1.2.08
31.1.08
Bispos espanhóis contra voto no PSOE
ACTUALIZADO (*) - 23:20
Os jornais espanhóis acabam de divulgar a posição da Conferência Episcopal sobre as eleições gerais de Março de 2008. Em Nota à Imprensa, os bispos tomam claramente posição contra o PSOE (embora sem o nomear).
Desaconselham, entre outras coisas, o voto em quem defenda o aborto e os casamentos gay, o diálogo com terroristas (leia-se ETA) e a Educação para a Cidadania como foi legislada (leia-se laicidade).
O texto integral do documento é claro e elucidativo. Chamo especialmente a atenção para os pontos 6, 7 e 8.
A seguir com muita atenção.
(*) O PSOE já reagiu fazendo notar que toda a gente já negociou com a ETA, tendo mesmo Aznar utilizado um bispo como intermediário.
Afirma também que «cualquier organización tiene derecho a expresar sus preferencias políticas», pelo que «si los obispos quieren apoyar al PP, están en su derecho de hacerl».
E conclui que «Es evidente que los obispos que han firmado ese comunicado no creen en esa sociedad. Por eso están tan lejos de la sociedad española de hoy».
Vai ser uma campanha muito dura. A partir de hoje, as relações entre o episcopado e o governo espanhóis ficaram mais extremadas e isso vai sentir-se na rua. Qual será o reflexo nas urnas, é cedo para se saber.
Os jornais espanhóis acabam de divulgar a posição da Conferência Episcopal sobre as eleições gerais de Março de 2008. Em Nota à Imprensa, os bispos tomam claramente posição contra o PSOE (embora sem o nomear).
Desaconselham, entre outras coisas, o voto em quem defenda o aborto e os casamentos gay, o diálogo com terroristas (leia-se ETA) e a Educação para a Cidadania como foi legislada (leia-se laicidade).
O texto integral do documento é claro e elucidativo. Chamo especialmente a atenção para os pontos 6, 7 e 8.
A seguir com muita atenção.
(*) O PSOE já reagiu fazendo notar que toda a gente já negociou com a ETA, tendo mesmo Aznar utilizado um bispo como intermediário.
Afirma também que «cualquier organización tiene derecho a expresar sus preferencias políticas», pelo que «si los obispos quieren apoyar al PP, están en su derecho de hacerl».
E conclui que «Es evidente que los obispos que han firmado ese comunicado no creen en esa sociedad. Por eso están tan lejos de la sociedad española de hoy».
Vai ser uma campanha muito dura. A partir de hoje, as relações entre o episcopado e o governo espanhóis ficaram mais extremadas e isso vai sentir-se na rua. Qual será o reflexo nas urnas, é cedo para se saber.
30.1.08
Babel ou nem por isso
A minha intenção era deixar um comentário a De novo e de novo a língua em A Terceira Noite, mas o texto ficou demasiado longo e ganhou estatuto de post paralelo.
La bataille des langues é o tema do último número da revista Manière de Voir, que Rui Bebiano analisa no seu texto. Porque o assunto me fascina, fui à procura da fonte (*).
Para o bem e para o mal, os franceses não se resignam a aceitar o facto de a sua língua perder cada vez mais terreno para o inglês, transformado em instrumento de vida ou de morte, mesmo se 95% da população nunca dele precisa de facto. Há por isso quem defenda que não é indispensável conhecê-lo profundamente e proponha a definição de uma base simplificada em que todos, incluindo os anglo-saxões, se exprimam (**).
De certo modo, isto aplica-se, segundo vários dos autores da revista em questão, ao conhecimento das línguas em geral. É este fundamental, sobretudo na Europa? Certamente, mas há que renunciar ao perfeccionismo. Cita-se Umberto Eco: «uma Europa de poliglotas não é uma Europa de pessoas que falam fluentemente muitas línguas, mas, na melhor das hipóteses, de pessoas que podem encontrar-se falando a sua própria língua e entendendo as dos outros, sem ser capaz de as falar fluentemente».
Os nórdicos têm experiência neste domínio: suecos, noruegueses e dinamarqueses desde há muito que tiram partido de parecenças. Há vinte anos, foi-me explicado, num centro de educação da IBM em Estocolmo, onde as aulas eram dadas em sueco mas também participadas por alunos dos outros dois países, que era fornecida aos professores uma lista com duzentas palavras a evitar – o suficiente para que todos se entendessem.
Na última secção de La bataille des langues, significativamente intitulada Des stratégies de résistance, dão-se várias sugestões no sentido de se promover a intercompreensão das línguas românicas através do ensino. Diz-se que, em cerca de sessenta horas, qualquer falante de um dos idiomas (francês, português, espanhol, italiano e romeno) aprende o suficiente para ler e compreender textos básicos em todos os outros. Defende-se que os professores poderiam / deveriam ensinar uma família de línguas e não uma única. Não dará para ler Camões, Racine ou Dante mas dá para viver – e para não ter de falar inglês com italianos!
Escândalo dos escândalos para os puristas?!... Mas eu tendo a achar razoável. E gosto desta aproximação à latinidade. Segundo uma história que me contaram em tempos e que me foi vendida como verdadeira, um português em viagem pela Roménia terá visto que se encontrava numa terra chamada VISEU. Disse então ao guia que tínhamos uma cidade com o mesmo nome em Portugal e este terá respondido: «Mas nós cá dizemos BIGEU»...
***********************************
(*) O conteúdo da revista não está disponível na net, mas podem ser lidas aqui as introduções às cinco secções em que os artigos estão organizados.
(**) Escrevi em tempos, aqui e aqui, dois textos sobre o Globish, uma iniciativa mais ou menos utópica que vai precisamente ao encontro desta pretensão.
La bataille des langues é o tema do último número da revista Manière de Voir, que Rui Bebiano analisa no seu texto. Porque o assunto me fascina, fui à procura da fonte (*).
Para o bem e para o mal, os franceses não se resignam a aceitar o facto de a sua língua perder cada vez mais terreno para o inglês, transformado em instrumento de vida ou de morte, mesmo se 95% da população nunca dele precisa de facto. Há por isso quem defenda que não é indispensável conhecê-lo profundamente e proponha a definição de uma base simplificada em que todos, incluindo os anglo-saxões, se exprimam (**).
De certo modo, isto aplica-se, segundo vários dos autores da revista em questão, ao conhecimento das línguas em geral. É este fundamental, sobretudo na Europa? Certamente, mas há que renunciar ao perfeccionismo. Cita-se Umberto Eco: «uma Europa de poliglotas não é uma Europa de pessoas que falam fluentemente muitas línguas, mas, na melhor das hipóteses, de pessoas que podem encontrar-se falando a sua própria língua e entendendo as dos outros, sem ser capaz de as falar fluentemente».
Os nórdicos têm experiência neste domínio: suecos, noruegueses e dinamarqueses desde há muito que tiram partido de parecenças. Há vinte anos, foi-me explicado, num centro de educação da IBM em Estocolmo, onde as aulas eram dadas em sueco mas também participadas por alunos dos outros dois países, que era fornecida aos professores uma lista com duzentas palavras a evitar – o suficiente para que todos se entendessem.
Na última secção de La bataille des langues, significativamente intitulada Des stratégies de résistance, dão-se várias sugestões no sentido de se promover a intercompreensão das línguas românicas através do ensino. Diz-se que, em cerca de sessenta horas, qualquer falante de um dos idiomas (francês, português, espanhol, italiano e romeno) aprende o suficiente para ler e compreender textos básicos em todos os outros. Defende-se que os professores poderiam / deveriam ensinar uma família de línguas e não uma única. Não dará para ler Camões, Racine ou Dante mas dá para viver – e para não ter de falar inglês com italianos!
Escândalo dos escândalos para os puristas?!... Mas eu tendo a achar razoável. E gosto desta aproximação à latinidade. Segundo uma história que me contaram em tempos e que me foi vendida como verdadeira, um português em viagem pela Roménia terá visto que se encontrava numa terra chamada VISEU. Disse então ao guia que tínhamos uma cidade com o mesmo nome em Portugal e este terá respondido: «Mas nós cá dizemos BIGEU»...
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(*) O conteúdo da revista não está disponível na net, mas podem ser lidas aqui as introduções às cinco secções em que os artigos estão organizados.
(**) Escrevi em tempos, aqui e aqui, dois textos sobre o Globish, uma iniciativa mais ou menos utópica que vai precisamente ao encontro desta pretensão.
29.1.08
Caricaturas do nosso passado
João Abel Manta faz hoje 80 anos.
Algumas das suas caricaturas mais emblemáticas e mais divulgadas referem-se ao período pós-25 de Abril.
Mas há muitas mais antigas, absolutamente extraordinárias - como estas que aqui ficam em jeito de tributo.
Algumas das suas caricaturas mais emblemáticas e mais divulgadas referem-se ao período pós-25 de Abril.
Mas há muitas mais antigas, absolutamente extraordinárias - como estas que aqui ficam em jeito de tributo.
Cruz de Guerra
Camaradagem
Selecção Nacional
In: João Abel Manta, Caricaturas Portuguesas dos Anos de Salazar, Edições «O Jornal», Lisboa, 1978, 142 p.
28.1.08
Constrangimentos
Sinto sempre uma certa vergonha quando vejo os nossos governantes de solidéu na cabeça quando vão às sinagogas ou descalços quando entram nas mesquitas. Ficavam à porta se não o fizessem? Julgo que não. Cheira a subserviência bacoca.
Como se alguém se sentisse obrigado a pôr um cachecol do Benfica para entrar no Estádio da Luz.
Foto: do site da P.R.
27.1.08
«Flower Power»
Foi tirada no dia 22 de Outubro de 1967, em Washington, durante uma manifestação pacifista contra a guerra do Vietname. Jovens colocam flores nas armas dos soldados. Era então grande a contestação nos Estados Unidos – seis dias antes, Joan Baez e mais cerca de cento e vinte pessoas tinham sido presas numa manifestação semelhante.
Por cá, se algum jornal tentou publicar a dita fotografia, foi certamente censurado. Estávamos, nós também, em longos anos de guerras, mas num outro mundo, fechado a cadeado e bem protegido contra este tipo de veleidades.
Os ecos desse «Summer of Love» de 67 chegavam-nos atrasados e só através de jornais estrangeiros. Líamos, com inveja, que multidões de jovens convergiam para a Califórnia, escutávamos o novíssimo Seargeant Pepper dos Beatles e sabíamos de cor (ainda sei) o San Francisco de Scott McKensie. Vivíamos, como podíamos, as utopias hippies – censuradas publicamente, mas que ninguém conseguiu impedir que mudassem (e muito) as nossas vidas privadas.
Hoje, para nós portugueses, flores em espingardas soa a «déjà vu». Mas só as vimos sete anos depois de Bernie Boston, numa manhã de Abril, quando alguém – soldado ou florista, nunca se saberá – se lembrou de pôr o primeiro cravo no cano de uma G3.
Ficou tão forte essa imagem na nossa História que talvez a fotografia de Washington nos pareça banal. Mas não o era em 1967 – nem mesmo nos Estados Unidos.
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