7.8.10

Na Rússia, dentro de alguns dias?!...


Esta central nuclear de Sarov tem bom aspecto, leio que há centenas de soldados a tentarem que o fogo não a atinja e, sobretudo, que uns simpáticos robots a protegem ainda melhor.



Só me incomoda («vagamente»…) que ela esteja situada muuuuito perto da minha primeira etapa no Transiberiano: de Moscovo a Kazan…

Mas, antes disso, será necessário aterrar em Moscovo e sobreviver ao fumo na Praça Vermelha. Se a viagem não for entretanto cancelada, claro... 
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Dias Lourenço – sobreviveu quase 56 anos


… à fuga mais heróica e solitária da história da ditadura portuguesa e morreu hoje, com 95 anos. Estava preso no famoso «segredo», em Peniche, conseguiu desfazer a porta e atirou-se ao mar de uma altura de 20 metros. Nadou uma hora e meia, chegou mais ou menos despido à povoação, explicou a algumas pessoas quem era e conseguiu fugir numa camioneta de peixe.

Oito anos mais tarde voltou a ser detido – 17 anos em prisões, que terminaram porque o 25 de Abril aconteceu. Uma das figuras mais importantes do PCP e da resistência, de uma simplicidade e uma alegria impressionantes. Só falei com ele uma vez. Chegou.

Neste vídeo, explica o que fez para fugir.



[Outros vídeos, com a história completa : (1), (2), (3) e (4)].
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Se nenhum resolver os seus problemas, desista



Albânia?



Tirana, entra Camiñito de Buenos Aires e Zona J de Chelas.

(E Enver Hoxha, certamente, às voltas no túmulo.)

Mais aqui.
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6.8.10

Regresso

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Um robot Lego, controlado por um telemóvel andróide, resolve um cubo Rubik.
Bem mais complicado, este cubo 7x7x7, do que a versão clássica 3x3x3, sem a ajuda do robot…



(Via Virgílio Vargas no Facebook)


Se preferirem, uma visão mais humana:


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Em verdade vos digo (4)


«A China já foi o país mais pequeno do mundo. E os chineses foram o mais pequeno grupo humano do planeta. Aconteceu quando eu era menino, o universo era um quintal de brincar e os chineses cabiam todos em poucas ruas da minha cidade natal. Naquele tempo, na cidade da Beira os chineses não eram todos como os de hoje, de pele clara e cabelos lisos. Muitos eram mulatos, de cabelos crespos e pele castanha, frequentando as mesmas igrejas e escolas dos europeus das colónias.»

Mia Couto, Pensageiro frequente
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Чингис Хаан


A figura do terrível Genghis Khan sempre me fascinou, talvez por ter alguns membros na família com traços fisionómicos relativamente semelhantes aos seus - o que não é de admirar, já que se estima que 0,5% da população mundial pode ser seu descendente. É certo que em, princípio, esta influência se fará sentir na região ocupada pelo antigo império mongol, entre o Pacífico e o Mar Cáspio, mas terá certamente havido alguns que se meteram a caminho até esbarrarem no Atlântico.

Por leituras preparatórias de viagem, verifico que vou andar perto do local onde Genghis Khan terá nascido, no início da segunda metade do século XII (há discussões de especialistas quanto à data exacta), não muito longe do lago Baikal, numa região hoje pertencente à Rússia.

É lendária a dimensão do império que conseguiu criar e, especialmente, o longo e complicadíssimo cerco para tomar a cidade de Pequim, em 1214 (no vídeo).

Filmes não faltam, clips do Youtube são dezenas - uns péssimos, outros mais ou menos razoáveis. Na quarta de cinco partes de um Documentário da BBC, a conquista de Pequim. Terei certamente um pensamento para Mr. Genghis Khan quando voltar a entrar na Cidade Proibida, onde terminarei (conto terminar, se os fogos russos o permitirem…) a viagem no Transiberiano.


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Há 65 anos


Todos os anos, nesta data, vou buscar duas fotografias que tirei no Museu de Hiroshima. Na primeira, um relógio que parou no minuto exacto em que a bomba explodiu. A segunda fala por si.


(Vídeo via Jorge Pires da Conceição no Facebook)
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5.8.10

Angola é (dalguns) deles



Mas, evidentemente:
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Mania das grandezas


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O que aí vem ?


Absolutamente a não perder : a longa entrevista de Teresa de Sousa (P2, Público de hoje) ao sempre mais que clarividente José Manuel Félix Ribeiro : «A Europa vai ser comprada pela China e pelos príncipes árabes».

A Alemanha quer o euro porque quer redesenhar o mapa monetário mundial. A China quer o euro porque não quer ficar sozinha com os EUA. Portugal, para sobreviver, vai ter de tirar partido da globalização. No cenário, optimista, de a globalização sobreviver à crise.

Muita informação – para reflexão. Dois excertos, entre muitos possíveis:

«O que vai tornar este período mais difícil é ainda não se saber exactamente a natureza desta crise. Se esta crise for uma crise de rearrumação da globalização, quem estiver cá [em Portugal] a governar vai ter de exercer funções que antes não eram precisas por causa da Europa. Vamos demorar tempo até nos adaptarmos a esta nova realidade e vai levar tempo a que a classe política evolua. Isso não quer dizer que a Europa não tivesse sido boa. Mas criou, em simultâneo, um modelo de funcionamento que não gera as exigências que agora vão ser precisas. As pessoas espantam-se que os dirigentes políticos tenham perdido qualidade. Era inevitável. Era um grupo que devia apenas seguir o que se decidia em Bruxelas, não era preciso mais.»

«Trouxemos cá o presidente da Infosys [empresa indiana líder mundial nas tecnologias da informação], o senhor Murty, para uma coisa sobre as tecnologias da informação. Queríamos trazer alguém de topo no sector e que fosse indiano. O senhor foi capa da Time mas aceitou vir cá com muita facilidade (…). A certa altura, quando o trazíamos do aeroporto, perguntámos-lhe porque é que nunca tinha investido em Portugal. Ele respondeu que, para isso, tinha que ter resposta a algumas perguntas prévias. Quais eram as perguntas? Como é que é a relação das vossas crianças com a matemática; a partir de que ano é que escrevem e falam inglês correctamente; como é que estão de talentos; e quantos engenheiros informáticos formam por ano.»
(Quais terão sido as respostas?...) 
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No free lunch – nem com o papa!


Quando Bento16 visitar a Grã-Bretanha no próximo mês, cada fiel servidor pagará entre 10 e 25 libras para assistir a missas ou outras cerimónias. Por 24, ouvirá Susan Boyle na Escócia e, até em Hyde Park, os 130.000 participantes previstos terão de desembolar umas quantas libras para ver um trio de padres cantantes.

Para ajudar a pagar as despesas (27,4 milhões de euros…), dizem eles, que afirmam também que aqueles que não puderem pagar ficarão isentos – como para as vacinas contra a gripe e outras mezinhas que tais.

Tudo isto quando os católicos não chegam a 7% da população e as reacções contra a visita do papa começaram há meses. Pretende-se exactamente o quê ? Evangelizar os outros 93% de ingleses e escoceses ? Vender T-shirts, terços, velas ou canecas (para canhotos, como a da foto…) ? Ou montar mais um enormíssimo circo televisivo para o resto do mundo?

Não valerá a pena reflectir no significado de tudo isto no momento histórico que atravessamos? Ou na falta desse sentido.

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4.8.10

25 de Abril, esse «carnaval esquerdista»

Rui Ramos só me interessa como historiador na medida em que temo que extractos de livros seus venham a ser incluídos (ou já são?...) em manuais escolares daqueles que vão governar este país nas próximas gerações e que a ministra quer que lá cheguem sem «repetências». Também, e como alguém me lembrou há poucos dias, porque não se estranhará se a RTP vier a convidá-lo para legítimo sucessor de José Hermano Saraiva, no cultivo da alma das gentes.

Vem isto a propósito de uma ligação que recebi hoje, por mail, para um texto de António Rego Chaves - «Da provocação ao delírio» -, onde é analisada uma obra de Rui Ramos, já com alguns anos: Outra Opinião – Ensaios de História.

Alguns excertos do texto de ARC valem mais do que dez considerações minhas, que aqui pudesse feixar:

«Quer nos fale da monarquia constitucional, da I República, de Salazar, do 25 de Abril, de Spínola, do antifascismo, de Álvaro Cunhal, de Mário Soares ou de Sá Carneiro, a tónica é sempre a mesma: afirmar algo de contrário àquilo que quase todos consideram adquirido ou consensual, não apoiado numa sólida articulação dos dados disponíveis, mas em arreigadas convicções pessoais. (…)

Não menos «interessante» é a forma como Rui Ramos se refere à independência da Guiné, Angola e Moçambique. Eis as suas palavras: “Só à esquerda seria possível imaginar as ditaduras sanguinárias e corruptas do PAIGC ou da FRELIMO como uma ‘libertação’, ou chamar ‘descolonização’ à ocupação de Angola por um exército expedicionário cubano.” Digamos que, em matéria de imparcialidade, ficamos conversados, sobretudo quando se parece querer passar em claro todas as atrocidades cometidas por portugueses, não apenas durante a Guerra Colonial, mas ao longo de séculos, na Guiné, Angola e Moçambique.

Classificando o dia 25 de Abril de 1974 como "carnaval esquerdista do Largo do Carmo”, dizendo que “Salazar, ao contrário do general Franco em Espanha, fez sempre eleições” ou não disfarçando o seu entusiasmo perante a contra-revolução de Julho e Agosto de 1975, o autor renuncia às suas funções de historiador tanto quanto possível isento e adopta o tom do propagandista. Está no seu pleno direito, desde que não venda gato por lebre e se assuma como aquilo que de facto se revela – um panfletista.»

P.S. – Por pura coincidência mas, já agora, que funcione como símbolo, escrevo este post um dia depois  do 42º aniversário da queda de Salazar de uma cadeira (se é que aquela aconteceu…).
A ler: «40 anos depois da morte Salazar está na 'moda'» e, também, uma entrevista a António Simões do Paço a propósito do lançamento do seu livro O Ditador Encoberto: «A ditadura tem sido banalizada e trivializada».
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Para o PGR e seus acólitos

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A bucha é dura, mais dura é a razão que a sustém,
Só nesta rusga não há lugar prós filhos da mãe.
Bem me diziam, bem me avisavam como era a lei,
Na minha terra, quem trepa no coqueiro é o rei.

No me obriguem a vir para a rua
Gritar,
Que já tempo d'embalar a trouxa
E zarpar.

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O próximo morre na 3ª feira, 10/8


Uma coisa é saber-se que existe pena de morte nos Estados Unidos e uma outra, bem diferente, é encontrar a lista das execuções previstas para este mês e ver algumas caras.

São nove (dos quais cinco, nas fotos deste post) e é este o calendário:

10/8 - Roderick Davie (Ohio)
12/8 - Michael Land (Alabama)
16/8 - Tamir Hamilton (Nevada)
17/8 - Jeffrey David Matthews (Oklahoma)
17/8 - Peter Anthony Cantu (Texas)
17/8 - James VanDivner (Pennsylvania)
18/8 - Anthony Fletcher (Pennsylvania)
19/8 - Dennis Miller (Pennsylvania)
24/8 - Bryan S. GALVIN (Pennsylvania)

Somar-se-ão a outras 33 pessoas já executadas este ano nos Estados Unidos.
Entretanto, multiplicam-se sítios na internet, como este, com indicação de organizações que lutam pela abolição da pena de morte em geral e com indicações para apelos nos casos concretos que estão neste momento em causa.

ATÉ QUANDO? Não é só contra ditaduras que se impõe a luta pelo maior dos bens e o mais elementar de todos os direitos: a vida.


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3.8.10

De acordo - mas de morte lenta

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Recordado e sugerido ontem, na Caixa de Comentários, e, mais tarde, origem de uma substancial conversa no Facebook:


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Este mundo não é para turistas


Em Maio apanhei com as cinzas daquela «coisa» islandesa em aeroportos, agora esperam-me fogos na Rússia.

Como sou optimista, espero ver Moscovo assim, daqui a dez dias, com uns 40 grauzitos de temperatura, e apanhar depois o Transiberiano. Se tivesse juízo, talvez anulasse a viagem, porque não deve ser muito agradável atravessar estepes e florestas, durante dez dias, sem saber se as labaredas andam por perto ou se nem tanto assim.

A CP russa, os ventos e o destino decidirão por mim.
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«O Leopardo» teria sido outro


… sem Suso Cecchi D'Amico que morreu no Sábado, com 96 anos, e que foi a grande argumentista da era gloriosa do cinema italiano. O seu contributo para a obra de Visconti, e de muitos outros, foi absolutamente ímpar.

Entre dezenas de filmes, mais duas obras-primas que contaram com a sua colaboração: «Ladrões de bicicletas» de Vittorio De Sica e «Roma, cidade aberta» de Roberto Rosselini. Três monstros sagrados que marcaram para sempre o nosso passado.

(Na foto, à esquerda, Marcello Mastroiani e Franco Cristaldi.)





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2.8.10

Com a cabeça entre as orelhas?


Claro que Isabel Alçada tem razão: não há nenhum motivos para existirem chumbos.

Eu conheço uma escola, numa cidade do interior, onde se ignora a palavra «retenção».

A avaliação dos alunos, desde o 2º ciclo, é feita em grande parte com base em trabalhos individuais de pesquisa. Só para dar um exemplo: no último ano lectivo, cada aluno do 6º ano preparou um trabalho longo sobre um monumento de Lisboa, que depois resumiu oralmente, perto do dito monumento, para toda a turma e respectivos professores, em excursão organizada propositadamente para o efeito. Se já estava no 8º ano, teve de escolher uma civilização antiga (incas, gregos, persas, whatever) e escrever sobre a mesma um número razoável de páginas. Tanto num caso como no outro, recebeu instruções precisas sobre diferentes métodos possíveis para esquematizar o trabalho e nem teve de sair da escola para procurar fontes, porque existem três bibliotecas bem recheadas – uma para o 1º e 2º ciclos, outra para o 3º e uma última para o Secundário.

Também há testes, evidentemente, e bem frequentes. Depois de corrigidos, são devolvidos aos alunos com uma série de sugestões de exercícios ou leituras relacionados com as respostas assinaladas no teste como erradas ou insuficientes – um TPC específico e individualizado, que não é facultativo. Se o professor detecta que persistem erros ou ignorância, convoca o aluno para uma sessão individual de trabalho. E assim sucessivamente até a matéria estar assimilada. Os alunos acham normal, os professores também.

Ia quase esquecer um detalhe: no início de cada ano lectivo, é distribuída uma lista com os nomes, moradas e telefones particulares de todos os professores para que estes estejam sempre contactáveis pelos alunos e, também, pelos respectivos pais.

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Fantasia de uma tarde de Agosto? Não, pura realidade que conheci bem. Excepto que a cidade do interior se chamava Bruxelas (e que a visita de estudo do 6º ano foi a Florença e não a Lisboa).

Qualquer tentativa de transposição para a realidade portuguesa só pode ser fruto de imaginações mais ou menos delirantes. Alguém consegue imaginar o que acima descrevi em 99% das escolas portuguesas? A montante e a jusante de tudo isto, não estão resolvidos mil problemas que a inefável ministra da Educação quer varrer para debaixo dos tapetes da 5 de Outubro, abrindo um «grande debate público»!!! Nem sequer sei se acredita no que diz ou se é mais uma operação de charme para português ver, para encanar a perna a rã ou para aperfeiçoar estatísticas. Ou se está apenas a arranjar enredo para um próximo livro de aventuras. O que sei é que nada disto me parece muito honesto.
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Entretanto, em França

A propósito do discurso de Sakozy em Genoble, a que já me referi, não cessam as reacções e os comentários. Um entre muitos:

«Les déclarations stigmatisantes du Président donnent une légitimité au racisme. Si, quand sa popularité ne fait que chuter, elles visent à lui attirer la sympathie de l'électorat d'extrême droite pour les prochaines échéances présidentielles, elles instaurent surtout un climat policier et xénophobe. (…)

La manifestation violente de la colère de quelques-uns, suite à la mort, causée par un gendarme, de l'un des leurs, a été instrumentalisée pour justifier la politique xénophobe et sécuritaire du gouvernement, visant en l'occurrence les gens du voyage, ces « barbares », dans leur globalité. (…)

Au lieu de concevoir des politiques de cohabitation des groupes de cultures différentes, on marginalise un peu plus. Ainsi établit-on différentes catégories de Français, les bons et les autres, ceux de seconde zone.
“Restons entre bons Français“ sera-t-il le slogan de demain ? Belle utopie en ces temps d'hybridité et de circulation que ce soit des hommes et des femmes ou de l'information et de la culture, tout simplement. Les théories raciales ont créé des sous-hommes, nous voilà maintenant en France avec des sous-Français. (…)

Certes, la loi prévoit des cas de dénaturalisation en cas d'espionnage ou de terrorisme dans les dix années qui suivent la naturalisation. Avait-on besoin d'élargir ce cadre et pour quoi faire?
Ainsi se représentera-t-on une France avec des Français pour toujours et une autre, avec des Français provisoires, favorisant ainsi une guerre de nationaux, dans un pays autoritaire, enfin net, sans mélange.
Chacun saura où il se place, les premiers, dépositaires d'une nationalité “immutable”, étant de toute évidence supérieurs aux seconds. En somme, une France enfin démocratique…»

(Fonte)

Entretanto, a ver o que está a deixar gelados muitos franceses - e não só.
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«Isto não pode continuar assim»


O controverso Slavoj Žižek, um «modesto pessimista», afirma que o estilo Berlusconi será o nosso no futuro, a não ser que recomecemos tudo de um modo radical.

«Há já uma luz ao fundo do túnel? Só se é porque vem um outro comboio em sentido contrário.»

A ver e ouvir aqui.

(Via Bruno de Góis no Facebook)

Apenas para abrir o apetite para uma longa entrevista em três partes: (1), (2) e (3).
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1.8.10

Os ícones também se abatem


Todos o conhecemos bem, sem nunca lhe termos conhecido a cara. Vimo-lo milhares de vezes, mas apenas de costas a enfrentar um tanque na Praça Tiananmen.

Li Lu tem hoje tem 44 anos e volta a ser notícia porque poderá ser nomeado em breve CEO da gigantesca Berkshire Hathaway.

Nasceu com a Revolução Cultural, em 1966, numa família de intelectuais. O avô estudou nos Estados Unidos, na universidade que ele próprio veio a frequentar setenta anos mais tarde, e morreu numa prisão. O pai já se formou em Moscovo e tanto ele como a mãe foram enviados para campos de trabalho.

Braço direito de Chai Ling durante a revolta estudantil de 1989, Li Lu acabou por ficar para a história como o seu principal símbolo. Depois dos acontecimentos de Tiananmen, conseguiu esconder-se e fugir para França, seguiu mais tarde para os Estados Unidos, estudou Economia e Direito na Columbia University, fez carreira no mundo da finança.

Regressa agora mas a uma outra ribalta. Desilusão e espanto porque «traiu» e não anda hoje pelo mundo a defender «causas», por exemplo os direitos humanos violados pelo regime chinês? Não, dizem alguns: há uma coerência entre o falhanço da tentativa de Tiananmen e a evolução de uma geração que cresceu num universo de «língua de pau», em que as palavras perderam sentido e geraram cinismo e talento de mentir para sobreviver. Escandaloso, diz uma grande parte da diáspora chinesa, que não se conforma com o estilo de vida e o estatuto dos seus heróis, Li Lu e Chai Ling, ela também com uma carreira de sucesso nos Estados Unidos: «a transformação de jovens patriotas idealistas em americanos descontraídos é demasiado transparente e oportunista», eles «construíram as suas carreiras sobre o sangue das vítimas de Tiananmen».

Ironicamente, Li Lu, Chai Ling e a China evoluíram no mesmo sentido, nos últimos vinte anos - para um capitalismo financeiro descomplexado, que se acomoda perfeitamente a um autoritarismo político. Com raízes longínquas: «Vivíamos o sonho americano, (…) a América dos filmes de cowboys onde as pessoas se matam a trabalhar mas conseguem vencer», diz Chai Ling.

Algum problema? Talvez apenas a dificuldade em reconhecermos que precisamos de mitos e de heróis, mas que a necessidade é nossa e a vida é deles. Quem quiser, atire a primeira pedra.

(Fonte)
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Alguma dúvida?

«Um estudo revelou que mais de 60% dos cibernautas portugueses prefere namorar através da Internet do que pessoalmente.
Estas pessoas encontram-se no Facebook, jantam no site da TelePizza e vão depois passear para os jardins do Google Earth. Muitos portugueses confessam-se bígamos e reconhecem mesmo que têm famílias diferentes no Hi5 e no Facebook.»

(Via Inimigo Público no Facebook)
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Aí está ele!

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