31.7.10

Sarkozy xenófobo – agora sem disfarce

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Ontem, em Grenoble:



«A nacionalidade francesa merece-se e é preciso mostrar-se digno dela. Quando alguém dispara sobre um agente da autoridade perde a dignidade de ser francês. Desejo também que a aquisição da nacionalidade francesa por um menor delinquente no momento em que atinge a maioridade deixe de ser automática.»

A ler:
* Sarkozy, ce fils d’immigré qui n’aime pas les étrangers
* Sarkozy dégaine les clichés et cible les immigrés
* Vives réactions après les propos de Nicolas Sarkozy sur la sécurité

Atenção: Paris é mesmo aqui à esquina, apenas a 2.000 kms da Amadora.
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11 comments:

Manuel Vilarinho Pires disse...

Paris é a 2.000 km da Amadora, mas a França é a um milhão de km de Portugal...
A França elegeu como PR o candidato que lançou a sua candidatura chamando escumalha aos imigrantes... os franceses são pois na sua maioria racistas.
Em Portugal há racistas, até políticos e polícias racistas há, mas estão muito longe de estar em maioria.

Joana Lopes disse...

Inchalá tenhas razão, Manel. Lembras-te disto?

Manuel Vilarinho Pires disse...

Lembro.
Até porque falei disso acima, e também de políticos racistas...

Já agora, se o jovem típico eleitor do BE se candidatasse à PSP em vez de ir para a universidade estudar antropologia ou sociologia, e o ex-combatente da Guiné tivesse facilidade de arranjar emprego sem ser concorrendo à PSP, talvez a PSP não tivesse essa herança de permeabilidade ao racismo... não concordas?

Já agora, segunda parte, o Sarkozy, imigrante de segunda geração que detesta os imigrantes, enfia perfeitamente o barrete de um dos episódios da saudosa "Filosofia de Ponta" (lembras-te?) em que um skin-head fica inconsolável quando a mãe lhe revela que o pai era preto...

Niet disse...

Olá, meus caros: O grande problema de Sarkozy- ele que vive de sondagens diárias de popularidade...- é o rasante nível histórico de que padece a sua política e presença no espaço da alta e feroz luta ideológica francesa. Nunca nenhum PR de direita- Giscard ou Chirac- se situou nos horripilantes patamares actuais do roi Soleil do início do séc. XXI...É obra, ele que conseguiu derrotar Ségolène Royal, à justa, é certo: por mais 3 a 4 por cento de votantes em 2007. Hoje,o omipresident Sarkozy tem 25 por cento de opiniões favoráveis. Mesmo " colocando " os seus amigos na célebre central de sondagens IPSOS...Por outro lado, a "manipulação e trágica diversão " das questões de Emigração, visa, tão-só, reconfortar as franjas mais à direita do seu eleitorado- que se confundem com as do partido neo-fascista de Le Pen- e camuflar o sórdido enredo político-financeiro do seu ministro do Trabalho, Eric Worth, que dia-a-dia se afunda em contradições...causadas pela angariação de fundos à margem da Lei para a campanha presidencial de Sarkozy, há três anos atràs, e onde os dons da herdeira da L´Óreal se pautaram por contrapartidas de isenções fiscais repetidas e sucessivas a posteriori...Todo um romance que revolta e deprime a Opinião Pública francesa, o que exaspera e motiva o actual PR a tentar " ocupar " a cena mediática- esteve no Tour na etape dos Pirinéus - e a tentar " seduzir" o centrista Bayrou depois de Bernard Tapie-refeito-da-longa travessia do deserto.Niet

septuagenário disse...

O ex-combatente da Guiné deve ser racista, ou o racista deve ter sido combatente na Guiné?

E o eleitor do BE não é racista, ou o racista não é do BE?

Os meus tímpanos de ex-combatente ficaram abalados com os decibeis de Manuel Vilarinho Pires.

E apesar de fã deste blog, não sou fã do BE.

Fiquei num trilema...

Joana Lopes disse...

Quadrilema: Não fui combatente na Guiné, sou eleitora do BE, não sou jovem e não me julgo racista.
Resolvam lá isto.

Manuel Vilarinho Pires disse...

Caros amigos,

Vejo-me forçado a pedir perdão por não ter precedido o meu comentário anterior de um apelo a que os meus leitores recorram a alguma abstracção para interpretarem o que escrevo... por vezes pressuponho que ele é implícito e só reparo, nas respostas, que afinal não tinha sido.
O que eu queria dizer com o meu infeliz comentário era que quem se predispõe a ser agente da polícia, nomeadamente da PSP, é habitualmente proveniente de grupos onde é mais frequente encontrar racismo, ou insensibilidade ou tolerância com o racismo, do que noutros grupos onde se condena claramente o racismo mas, por sua vez, os membros não se predispõem a ser agentes da polícia.
O que significa obrigatoriamente que a probabilidade de um polícia ser racista resulta superior à probabilidade de um cidadão qualquer ser racista.

Tenho aliás uma história engraçada sobre a PSP, primeiro cliente onde prestei serviço quando trabalhei numa multinacional do ramo da informática, no início dos anos 80: TODA a equipa de programadores da PSP, com excepção de um, era constituída por mulheres! Porquê? Porque o recrutamento foi realizado através de testes psicotécnicos entre agentes da PSP. Quer isto dizer que os homens, esmagadora maioria da população da PSP à altura, são mais burros que as mulheres? Até podem ser, mas não era essa a razão. A razão era que nessa época a esmagadora maioria DOS agentes eram ex-militares com a 4ª classe, e uma proporção significativa DAS agentes eram estudantes que andavam a patinar no 12º ano ou não tinham conseguido ingressar na universidade e tinham concorrido e sido admitidas na PSP. Feitos os psicotécnicos, elas vieram à tona, eles ficaram no fundo...

septuagenário disse...

Como tenho um pouco mais que a 4ª classe, talvez não ficasse no fundo do teste.

Como não tenho irmãos na polícia considero o dilema resolvido.

Mas no próximo auto-stop, vou perguntar ao sr. guarda, quais os mínimos de racismo que lhe exigiram para chegar onde chegou.

Cumprimentos e boa disposição

Vitor M. Trigo disse...

A mãe duma amiga minha no meio duma conversa comigo sobre racismo, disse-me:

"Ó filho, eu tb não sou racista, mas não me digas que não vês que existe uma grande diferença entre um branco e um pretalhão".

Ainda hoje julgo que ela não pensava assim. Era o que se pode chamar "uma boa senhora" por quem sempre tive grande respeito.

Confesso que fiquei surpreendido, e convencido que ela não pensava realmente assim. Foi coisa que lhe ficou de miúda. Quero crer, no entanto, que a educação dos nossos jovens melhorou bastante. diferente.

Manuel Vilarinho Pires disse...

Septuagenário,
Estou certo que nem sequer chegaria a fazer o teste, porque provavelmente nunca lhe teria passado pela cabeça ingressar na PSP e o teste foi feito a agentes que se candidataram à informática.
Eu não lhe levo a mal o tom de brincadeira, mas isto pode ser a um assunto sério.
Se os jovens que gostariam de ser polícias têm determinadas características, obviamente que as transportam para dentro da instituição quando ingressam nela.
Isto não significa que a instituição as use no processo de selecção ou as promova, mas elas vão lá parar pelo simples facto de serem eles que querem e tentam e conseguem ingressar.
Se um pacifista abomina a ideia de ser polícia (e por favor leia esta frase em abstracto, não tente desmontar cada palavra), não há nenhum polícia pacifista.
De qualquer modo, desaconselho-lhe de fazer essa pergunta a um agente... a coisa pode correr mal!

Želimir disse...

Não posso imaginar o presidente de Portugal ou o seu primeiro-ministro a prestarem declarações e, ainda pior, a anunciarem claras intenções políticas, tão repletas de chauvinismo e de racismo, como Sarkozy tem feito ultimamente (Roms, imigrantes).

Para além das outras razões óbvias que pedem que se levante uma voz firme contra tais declarações e políticas e que se condenem vigorosamente, lembremo-nos apenas da onda de (justos) protestos levantada em França, quando a então União Soviética e a Checoslováquia expulsavam do país os seus "dissidentes", tirando-lhes a nacionalidade, vínculo jurídico de um indivíduo com o seu Estado.