Em jeito de homenagem, agora que eles também já foram atingidos pela crise.
25.7.09
Cidadania e democracia social
Mário Murteira subscreveu recentemente o Manifesto de 51 economistas e cientistas sociais e O nosso presente e o nosso futuro: algumas questões prementes (mais conhecido por Manifesto de 25 intelectuais).
Intervém agora na campanha eleitoral do Bloco de Esquerda, com um contributo para o debate sobre a democracia, concretizado num longo e importante artigo que merece ser lido na íntegra:
«No Portugal de hoje sentimos divórcio crescente entre aspirações e expectativas: entre o que se deseja e aquilo que “vai acontecendo”. Sofrimento, frustração, azedume e amargura em lugar da esperança no futuro parecem dominar a presente consciência que os portugueses têm de si mesmos.
Chamo a essa consciência a «ideologia portuguesa». Algo que em lugar de estimular uma acção positiva surge muitas vezes, mais como queixume, lamúria, «fado», enfim pretexto para transferir para os outros a responsabilidade que afinal cabe a todos, no quadro da vivência activa duma sociedade verdadeiramente democrática.
Mas, claro que Portugal está longe disso: de ser uma sociedade verdadeiramente democrática.
Para tanto, a conquista da democracia formal, dita «política», só pode ser um ponto de partida e não de chegada. »
24.7.09
Fartos!
Corrente na blogosfera, no Twitter, um pouco por toda a parte, para que este vídeo seja divulgado. (Já estava ali ao lado, na barra lateral, mas passa agora para aqui.)
«Fartos», de facto, por todas estas razões e por outras tantas.
«Fartos», de facto, por todas estas razões e por outras tantas.
«Este homem ama a Cidade!... Este homem é um homem de palavra!... Este homem tem visão!... Este homem tem vergonha!»
Quem o diz? Quem é o homem?
Isto promete. Mas é melhor que comecem a ser assim bem claros.
Balada da Torre engripada
(Inspirada no que aqui se anunciou. )
A Torre treme
Com a tosse!
Cairá? Nunca.
Vai à Posse.
Sente-se a Torre
Possuída.
Tanto Doutor!
Tanta máscara!
Tanta análise à urina
Da gente que ali ensina.
Tanta enzima, tanto ronco!
Cuspidelas e fungadeira.
A Torre ri com desprezo.
Sabe que a posse é pose.
Chama os Doutores a capítulo;
Dá-lhes chá de sensatez.
Toca a cabra e o sinão
Trata-os como criancinhas
E começa: “Era uma vez...”
Os lentes do Tamiflu
Tratam-se todos por tu.
C’o as mãos sujas de tossir
E lavadas como Pilatos
Seguem Ana, a gripeira.
Isto é que é vanguarda!
Estar na linha da frente!
Morrerão de ridículo
Lentamente...
Lentamente...
Bedel da Cabra e do Sinão, Doutor em Novas Oportunidades
(recebido por mail)
23.7.09
Ler para crer, como S.Tomé
ASSUNTO: Convite - Posse do Novo Pró-Reitor da U.C.
O Reitor da Universidade de Coimbra tem a honra de convidar V. Exª para assistir à cerimónia de Posse do Senhor Professor Doutor ………. como Pró-Reitor da Universidade de Coimbra para o Plano de Contingência da Gripe A.
A cerimónia terá lugar no próximo dia 24 de Julho, pelas 12 horas, na Sala do Senado da Reitoria.
Paço das Escolas, 22 de Julho de 2009
Gabinete do Reitor
Universidade de Coimbra
Estes cruzados que não desarmam nem desistem de reconverter a Europa
Há oito anos que a municipalidade de Paris lança uma campanha de Verão a favor do uso do preservativo – mais de um mil cartazes, desde o passado dia 15.
Reacções imediatas, como era de esperar:
«- Le préservatif protège mal. Seule la chasteté (continence dans le célibat, fidélité et ouverture à la vie dans le mariage) protège à 100%.
- Le comportement homosexuel contribue dramatiquement à la propagation du virus du SIDA et la ville de Paris n'a de cesse d'en encourager et d'en banaliser la pratique.»
Dois em um: preservativo e prática da homossexualidade agora sempre associados, de um modo muito especial em Paris, pois evidentemente – como é sabido, o maire Bertrand Delanoë é gay mais que assumido publicamente.
Um dia ninguém os ouvirá. É só uma questão de tempo.
(Fonte)
22.7.09
Outros muros cairão
Yoani Sánchez, em Generación Y:
«Un lector de Generación Y me envió un trozo del muro de Berlín. El fragmento de concreto ha llegado hasta mí, que estoy cercada también de ciertos límites, no por intangibles menos severos. (…)
Cada cubano podría hacer su propio repertorio de los muros que aún tenemos. Más difícil parece confeccionar el listado de lo que nos une, de los posibles martillos y picos con los que echaremos abajo las tapias que nos quedan. Por eso me ha hecho feliz el regalo de este habitual comentarista, pues tengo la impresión que nuestras barreras y parcelaciones también serán – algún dia – piezas valoradas sólo por coleccionistas de cosas pasadas?»
…EX?
Há dois dias que a rima não me sai da cabeça!
Mas «o que é natural e fica bem é cada um usar o cabelo com que nasceu»? Não necessariamente: cada um vai usando o cabelo como pode e como quer.
Assim sendo, caros SIMplex, boa sorte e espero sinceramente que, na noite de 27 de Setembro, festejem no Altis - ma no troppo.
«Os girassóis cegos»
Um livro de contos com a Guerra Civil de Espanha em pano de fundo. Quatro histórias paralelas, mas organizadas de uma forma entrelaçada, deixam-nos sobretudo o sentimento e o sentido da derrota - todos os protagonistas são seres vencidos, porque «numa guerra entre irmãos» é inevitável que só existam perdedores.
Dos quatro contos, o segundo - «Segunda derrota: 1940 ou Manuscrito encontrado no esquecimento» - é, a meu ver, o melhor e o mais impressionante: um jovem poeta deixa um caderno onde descreve a fuga pelas montanhas com a mulher grávida, a morte desta depois do parto e os terríveis e vãos esforços para manter a criança viva; a sobrevivência que começa por ser assegurada por duas vacas, depois apenas por uma (já que a primeira morre e acaba por ser devorada pelos lobos), a terrível decisão de matar a segunda.
Trata-se de um livro sobre a memória e o seu papel na superação da tragédia - algo que, segundo se lê na citação de um texto de Carlos Piera, que serve de introdução ao livro, é absolutamente indispensável: «Em Espanha não se cumpriu o luto, que é, entre outras coisas, o reconhecimento público de que algo é trágico e, acima de tudo, que algo é irreparável».
Los girasoles ciegos foi publicado em 2004 e o seu autor, Alberto Méndez, que só escreveu este livro, morreu poucos meses depois sem assistir ao sucesso da obra, que foi grande mas não imediato. Chegou este ano a Portugal, numa excelente tradução de Armando Silva Carvalho, em edição da Sextante.
O livro deu origem a um filme cujo trailer é extraído do último conto: «Quarta derrota: 1942 ou Os girassóis cegos»
(Também publicado em Caminhos da Memória)
21.7.09
O mundo deu uma volta esquisita e eu não dei por isso?
Uma nota sua no email que envia aos seus amigos pode fazer a diferença para uma petição de sucesso.
Todos devemos ajudar a promover a Petição, e agora é a sua vez.
O poder da Internet está nas suas mãos!
Melhores Cumprimentos,
PeticaoPublica.com
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Patrocinadores Petição Pública
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Deco Proteste: Teste Gratuitamente e Ganhe 2 Fantásticos Prémios
O que é isto? O texto final do 50º mail que recebi nos últimos dias para me juntar a abaixo-assinados e petições de toda a espécie. Até hoje, não sabia que tudo estava já tão profissionalizado e que as petições online já precisavam de tantos patrocinadores (e de que peso!). Ingenuidade minha, admito-o.
O mail em questão pedia a minha adesão ao ultra-ético Manifesto dos 25 intelectuais que recentemente puseram centenas de questões ao mundo político. Estará a escapar-me algo ou era de esperar que não servissem de veículo para publicidade - de crédito, normal ou fácil, de saldos de Verão ou mesmo da Deco? Sou eu que estou doida?
Neste querido mês de Agosto
No seguimento de uma iniciativa semelhante em 2005, mais de 60 católicos terão escrito agora uma carta aberta aos partidos políticos, pedindo «respostas» para não «traírem a sua consciência no acto de votar». Como sempre, aborto, homossexuais, eutanásia, família - mas este ano também testamento vital, desemprego e corrupção.
Quem assina? Sem surpresas, Gentil Martins, Bagão Félix, César das Neves, Isilda Pegado, Matilde Sousa Franco – eles e mais uns tantos. Já estranharíamos se não aparecessem, tentando sempre, mas sempre, travar o inevitável, agarrar-se a tábuas de salvação, parar os outros no tempo.
Mas adiante. Estão no mais elementar dos seus direitos e são apenas mais uns a obrigar os políticos a esquecer o Quénia, as Maldivas ou Varadero – um chapéu-de-sol na Fonte da Telha, muitos protectores solares, portátil nos joelhos e uma pen cheia de manifestos.
20.7.09
A mais sofrida recordação da chegada à Lua
A de João Tunes:
«Pois eu lembro-me bem. Há quarenta anos eu não duvidava da chegada do homem à lua nem imaginava o Tomás a cortar a fita da inauguração da visita espacial, mas não celebrei o feito, antes o senti como sinto cada vez que uma bola entra na baliza do Benfica. Aquilo era mais uma invasão-ocupação do imperialismo norte-americano, do género posterior do Bush a entrar no Iraque. E arrepiava ver os gajos a espetarem a bandeira americana na lua. "Nós" a começarmos o jogo prontos para a goleada rematando com o "sputnik", a "Laika", o Gagarine e a Valentina, e aquela espécie de "andrades yankies" a levantarem a taça, lá na lua.»
Depois desta, de todas as gloriosas evocações dos mais velhos, das lembranças dos que eram criancinhas e se maravilharam certamente mais em sonhos do que acordados e de todos os muito mais novos, que não ousam confessar mas acham tudo isto mais do que normal, quase banal, aqui vai o meu 20 de Julho de 1969:
Sim, lembro-me muito bem, estava em ressaca de um desgosto de amor e deitei-me às 10 da noite. Sorry...
Da gripe, cada vez com mais delírio
No «i» de hoje, mais um longo e aterrador artigo sobre a gripe, as escolas e tudo o que a esse respeito seja possível imaginar.
«As orientações da Direcção-Geral da Saúde (DGS) para creches, jardins de infância, escolas e outros estabelecimentos de ensino sugerem formas alternativas para manter as aulas em dois cenários: quando fecharem para evitar a propagação do vírus ou quando a epidemia provocar um elevado absentismo nos funcionários.»
Leu bem: creches e jardins de infância com «aulas» a distância – mudança de fraldas incluída, certamente.»
19.7.09
De Yamoussoukro até ao Rio da Prata
Gosto de tudo em Buenos Aires: das ruas, da arquitectura francesa que lembra Paris em muitas esquinas, das enormes árvores, do insólito Camiñito, da Plaza de Mayo e das suas histórias, até do mais que mítico cemitério. Da Panamericana que chega a ter dezasseis faixas de rodagem perto do teatro Colón, dos restaurantes de Puerto Madero, das ruas cheias de gente, do tango um pouco por toda a parte e a todas as horas.
Estive lá há seis anos e dizia-se então que era a cidade mais europeia do mundo. Fruto da colonização espanhola, também italiana, mais tarde com muitos alemães (primeiro os que fugiram de Hitler, depois os seus amigos), acolhia certamente muitos vizinhos da América do Sul, mas não homens e mulheres de origens mais longínquas - concretamente, não se viam nem árabes nem africanos. Para quem estava habituado às ruas de Paris, Londres (!...), ou mesmo Lisboa ou Estocolmo, a diferença era grande.
Leio hoje que tudo mudou e que, nos últimos anos, são em número crescente os que fogem de países como o Senegal, a Nigéria ou a Costa do Marfim e pedem asilo à Argentina por motivos políticos, raciais ou religiosos. Porque, depois dos Estados Unidos, são agora também os países europeus que fecham as portas aos emigrantes, mesmo refugiados, e os devolvem sem apelo à origem. É preciso portanto ir mais longe - até que estes novos acolhedores se retraiam também, pelas melhores ou pelas piores razões.
E assim se vão atravessando continentes e oceanos, em condições precárias e mais do que perigosas, pelo crime de se ter uma ideologia diferente, uma raça menos apreciada ou uma religião minoritária. Isto já não deveria ser possível quarenta anos depois de os homens terem conseguido ir à Lua, mas a realidade aí está para mostrar que não somos ainda capazes de criar uma plataforma mínima de tolerância para organizarmos a nossa vida nesta Terra. Parece absurdo e impossível, mas é a verdade nua e crua.
(Fonte)
TPC’s em atraso
O dia está a chegar ao fim e ainda não vai ser hoje que lerei a nova encíclica, o último número da ops! ou o manifesto dos intelectuais…
Não me dava jeito nenhum ter um amigo que passasse a vida a chamar-me mentirosa
É público que tanto Sócrates como a líder do PSD se odeiam. Qual é a sua relação com Manuela Ferreira Leite?
Manuela Ferreira Leite é uma amiga de família e eu tenho muito apreço.
Então no plano político deve sentir-se incomodado ao dizer as coisas que diz dela?
Temos de saber separar o que são os projectos para o País e a defesa das posições e propostas que fazemos para Portugal daquilo que são as nossas relações pessoais. Eu sei que Manuela Ferreira Leite também faz essa distinção e sei que a nossa estima pessoal vai continuar, independentemente do debate político.
João Tiago Silveira, sobre a Tia Manela, em entrevista ao DN.
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