O almoço, que reuniu cerca de duzentas e cinquenta pessoas que festejaram o seu 90º aniversário, está a ser largamente noticiado.
Já esta manhã, o jornal Público dedicara ao acontecimento duas páginas que copiei na íntegra. Merece uma especial atenção o texto que tem como título: «À espera da retractação de Eanes, 33 anos depois». Como é do conhecimento geral, Edmundo Pedro esteve envolvido num complicado processo relacionado com detenção de armas, em 1975, razão pela qual foi detido três anos mais tarde, mantendo-se na prisão durante seis meses.
Ramalho Eanes não esteve presente no almoço, mas a reabilitação desejada foi feita por Vasco Lourenço: «Hoje compreendo bem o que se passou (...). Estou em condições de afirmar que o Edmundo foi vítima dos que precisaram dele e mais tarde lavaram as mãos (...). É justo que se diga que não se tratou só de militares, mas também de civis que fizeram o mesmo em nome de “princípios superiores”». Para além destas afirmações, Vasco Lourenço entregou como «prenda» a Edmundo Pedro um detalhado relatório que o Comando Geral da GNR elaborou agora, a seu pedido, e que vem repor a verdade dos factos, há tanto desejada pelo visado.
Notáveis foram as palavras que Edmundo dirigiu a todos os presentes. Comovidas, evidentemente, calorosas, mas também com um grande vigor, sem arrependimentos, sem rancores, com uma impressionante compreensão de tudo e de todos.