29.12.07

Para mais tarde recordar



28.12.07

Aos Prezados Accionistas

Numa carta datada de 19 de Dezembro, mas que só hoje, dia 28 (!), chegou a cada «Prezado Accionista», diz Jardim Gonçalves:

«Reflecti profundamente sobre o presente e futuro do Millennium bcp [escreve-se mesmo assim, com minúsculas] e tomei a decisão que considero, no presente, como a mais adequada. Tal como em 2005, cessarei as funções que desempenho a um ano do final do mandato e uma vez encerrado o exercício».

Refere ainda que continuará a ser decisiva para o banco «a existência de uma ampla transparência e convergência de vontades e interesses».

Escusava de se ter cansado a reflectir - e quanto a transparência, já sabíamos que foi exemplar...

Homens e lobos

ACTUALIZAÇÃO (*):

No Quarta República (via A Origem das Espécies).

«O Governo, o presente, desmantelou mais uma Unidade de Urgência em Vila Pouca de Aguiar, tendo os doentes que seguir para Vila Real. (...)

Enquanto isto, o Governo, e aí não sei se foi o actual, esbanjou entre 100 e 150 milhões de euros para construir um viaduto exclusivamente destinado a lobos e proceder a alterações no traçado da auto-estrada de Vila Real para Chaves, precisamente nas imediações de Vila Pouca de Aguiar.

Apesar de haver várias passagens subterrâneas destinadas aos bichos em geral, a distinta casta dos lobos exigiu um caminho aéreo, com arranjo paisagístico especial, para não lhes criar stress no atravessamento.

São sete os lobos de tão elevada estirpe, pelo que cada um custou cerca 20 milhões de euros!...De elevada estirpe e de inteligência pelo menos tão fina como a dos promotores do loboduto: parece que ainda nenhum atinou com tal caminho!...»


Embora reconheça que há muita ignorância e/ou muita demagogia nas manifesações contra encerramento de urgências e similares, custar-me-ia a engolir esta «pílula» se vivesse em Vila Pouca de Aguiar...



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(*) Aconselho a leitura dos esclarecimentos deixados pelo leitor Henrique Pereira dos Santos (a quem agradeço) na Caixa de Comentários.

27.12.07

Matai-vos uns aos outros


Tinha acabado de ler a homilia de Natal de D. José Policarpo, quando caiu a notícia do assassinato de Benazir Bhutto.

O cardeal fez um discurso virado para dentro da sua comunidade, em termos estranhos para o comum dos mortais (« Separados pelo pecado, Deus e o homem reencontram-se em Jesus Cristo, podem conhecer-se e amar-se, na verdade profunda dos seus corações»). Tudo bem – a missa era dele e os fiéis também.

Mas, e isso é mais grave, aproveitou para afirmar que «todas as expressões de ateísmo, todas as formas existenciais de negação ou esquecimento de Deus, continuam a ser o maior drama da humanidade».

Ignorou – ou fingiu ignorar – que as religiões e as suas igrejas são também «o maior drama da humanidade», porque estão muito longe (cada vez mais longe?) de serem um elo entre nações e dentro das nações. Porque os homens continuam a matar em nome dos deuses e dos seus representantes na terra. Porque há religião a mais – e não a menos – a determinar os destinos do mundo.

Hoje, a vítima foi Benazir Bhutto – apenas mais uma.

26.12.07

Festivos equívocos


Regressou a calma. Ficaram para trás supostas ou reais alegrias, os gastos e o desgaste.

Há um tempo e uma idade para tudo. Mas parece-me que nunca ouvi, como este ano, tantas pessoas desejarem Boas Festas ao mesmo tempo que confessavam sofrer antecipadamente com a perspectiva da invasão de filhos, netos e sobrinhos, queixando-se (aos outros) do malentendido que se anunciava como de festa e de reencontro.

As crianças agradecem. São atafulhadas de embrulhos sem perceberem muito bem a razão, fingem acreditar que não é o avô que está vestido de Pai Natal e tiram partido da situação. Melhor para elas.

Quanto aos adultos que não acreditam no Menino Jesus, há sobretudo trabalho e comezainas - como se do fim de um ramadão se tratasse. Este ano, vieram à televisão uns fundamentalistas das dietas aconselhar-nos a comer um prato de sopa ou uma fatia de pão escuro antes da ceia para depois termos menos fome. Sera que há pachorra?

Há também as complicações das famílias. No caso de um casal meu amigo, em que ambos têm pais separados e recasados, há tantas refeições a marcar, e com tantos filhos e enteados, que os almoços e ceias começam no dia 24 mas só param lá para 27.

Quase não ouvi notícias, a não ser como fundo de outros barulhos. Mas parece que o Sócrates continua contente, o Cardeal preocupado e o Papa igual a si próprio. Ainda bem.

Não desanimem porque para o ano há mais – a nossa matriz judaico-cristã assim o determina.