A «High Court of London» deu razão ao jornal
The Times que, depois de uma longa investigação, revelou a verdadeira identidade de Richard Horton, um blogger de grande sucesso que escrevia sob pseudónimo. Ficou assim a saber-se que se tratava de um detective no activo e que ninguém suspeitava - nem o júri que lhe atribuiu recentemente um prémio – que ele relatava e denunciava casos reais em que estivera profissionalmente envolvido, limitando-se a alterar datas e locais. Com uma certa frequência, dava também conselhos a quem estivesse a ser objecto de perseguições policiais.
A revelação da sua identidade teve como consequência o encerramento do blogue e uma advertência escrita por parte dos seus superiores. Os juízes alegaram que «manter um blogue é uma actividade essencialmente pública» e que, neste caso concreto, o que nele era escrito provocava controvérsia, também ela pública. As reacções não se fizeram esperar, em Inglaterra e não só, e percebe-se bem a razão, pelo que está de facto em jogo – o direito à privacidade -, com tudo o que o mesmo implica. A questão está longe de ser simples e linear e vai já longe a lista de argumentos e contra-argumentos.
- O anonimato ajuda a focalizar a discussão nos conteúdos (e não nos autores) e é assim um estímulo para o debate, ou, bem pelo contrário, implica uma perda de credibilidade? Só deve ter como barreira, e como limite, possíveis ofensas a terceiros e, nesse caso, ser então objecto de procedimentos judiciais?
- Há que exigir quixotismo e uma certa dose de heroicidade a quem aspira a algo, que até há pouco parecia simples e relativamente «ingénuo», como escrever num blogue? Ou, em certas circunstâncias, o anonimato (ou a utilização de pseudónimos) é a única garantia e exclusiva hipótese para o exercício da liberdade de expressão, a protecção possível contra intimidações e insultos na esfera da vida privada e profissional?
- No limite, e como li algures, «para sermos felizes, vivamos escondidos»?
(Fontes 1 e 2)