23.6.09

Anónimos e pseudónimos















A «High Court of London» deu razão ao jornal The Times que, depois de uma longa investigação, revelou a verdadeira identidade de Richard Horton, um blogger de grande sucesso que escrevia sob pseudónimo. Ficou assim a saber-se que se tratava de um detective no activo e que ninguém suspeitava - nem o júri que lhe atribuiu recentemente um prémio – que ele relatava e denunciava casos reais em que estivera profissionalmente envolvido, limitando-se a alterar datas e locais. Com uma certa frequência, dava também conselhos a quem estivesse a ser objecto de perseguições policiais.

A revelação da sua identidade teve como consequência o encerramento do blogue e uma advertência escrita por parte dos seus superiores. Os juízes alegaram que «manter um blogue é uma actividade essencialmente pública» e que, neste caso concreto, o que nele era escrito provocava controvérsia, também ela pública. As reacções não se fizeram esperar, em Inglaterra e não só, e percebe-se bem a razão, pelo que está de facto em jogo – o direito à privacidade -, com tudo o que o mesmo implica. A questão está longe de ser simples e linear e vai já longe a lista de argumentos e contra-argumentos.

- O anonimato ajuda a focalizar a discussão nos conteúdos (e não nos autores) e é assim um estímulo para o debate, ou, bem pelo contrário, implica uma perda de credibilidade? Só deve ter como barreira, e como limite, possíveis ofensas a terceiros e, nesse caso, ser então objecto de procedimentos judiciais?

- Há que exigir quixotismo e uma certa dose de heroicidade a quem aspira a algo, que até há pouco parecia simples e relativamente «ingénuo», como escrever num blogue? Ou, em certas circunstâncias, o anonimato (ou a utilização de pseudónimos) é a única garantia e exclusiva hipótese para o exercício da liberdade de expressão, a protecção possível contra intimidações e insultos na esfera da vida privada e profissional?

- No limite, e como li algures, «para sermos felizes, vivamos escondidos»?

(Fontes 1 e 2)

6 comments:

nefertiti disse...

Joana, até onde vai a nossa liberdade?

Miguel Gomes Coelho disse...

Joana,
em última análise o anónimo só beneficia a delação.
É a teoria do bufo.
Quem não quer ser lobo não lhe veste a pele.
Não gosto de anónimos ao ponto de não atender o telemóvel quando se me apresentam como tal ou como número privado.
Talvez seja por ter idade para me lembrar de certas (?) coisas...

Joana Lopes disse...

Eu detesto anónimos, mas reconheço que nem tudo é simples.

Anónimo disse...

espero que não odeies pseudónimos!! Esta conversa é um pouco como a do twitter vs facebook. vejo o fecebook como uma coisa da esfera privada mas com muito menos dimensão e dinâmica que o twitter. o meio, como a identificação do emissor da mensagem, altera a forma e o conteúdo, mas isto sou eu que sou suspeito.

Joana Lopes disse...

Ah, mas não levo o teu pseudónimo a sério, no sentido deste post. E ainda hei-de perceber porque não o usas no Facebook. Privado o FB?

Anónimo disse...

porque levei à letra a história de "face book", como também não levo a sério o meu nick :-)