5.7.08
4.7.08
Assim não vamos lá
Segundo o DN, Nuno Álvares Pereira será canonizado dentro de um ano.
Parece que já temos dez santos portugueses. Que, talvez por serem da casa, bem pouco milagreiros andam e este 11º não virá ajudar (ainda se fosse a padeira...).
Se querem reconhecer milagres, esqueçam obscurantismos de curas esquisitas. Tentem outro género e desenhem altares para os Cristianos Ronaldos que vamos tendo. Diferenças? Só para melhor.
3.7.08
Basta!
Que o PCP diga, oficialmente, isto e só isto, a propósito da libertação de Ingrid Betancourt e dos outros prisioneiros, é inadmissível e roça o intolerável.
O mais chocante: nem uma palavra de regozijo.
O mais esclarecedor: «O Povo colombiano poderá continuar a contar com a solidariedade dos comunistas portugueses na sua luta contra a opressão e exploração, pela justiça social, pela democracia e soberania nacional.»
A PIDE, a tortura e o regime
Da segunda parte de um texto de Irene Pimentel nos «Caminhos da Memória», realce para o capítulo sobre a tortura e, também, para as considerações finais sobre a correlação entre a actividade da PIDE e a duração da ditadura.
«Terá o regime ditatorial perdurado, graças à sua polícia política?
Sim e não. A PIDE/DGS ajudou o regime a manter-se, assim como outros dos seus grandes pilares – a Igreja e sobretudo as Forças Armadas, que asseguraram a continuidade do regime, em 1958, durante o «terramoto delgadista» e, depois, em todo o período da guerra colonial. Mas o regime ditatorial também perdurou, porque conseguiu uma “organização do consenso”, através de aparelhos de desmobilização cívica e de inculcação ideológica, bem como instrumentos como o aparelho corporativo e as organizações de enquadramento de estratos da população. (...)
Em suma, pode-se dizer que a durabilidade do regime se deveu a uma combinação de dois factores decisivos: por um lado, o sucesso da prevenção / desmobilização / intimidação cívica / repressão, através de vários instrumentos, entre os quais a importante PIDE/DGS e, por outro lado, o facto de o regime ditatorial, nos momentos de crise – 1945 e 1958-1961 – ter conseguido manter a coesão das Forças Armadas em seu redor.
Quando uma parte destas Forças Armadas, com as quais a DGS colaborava nos teatros de guerra, se rebelou contra o regime ditatorial, este foi derrubada.»
2.7.08
É ela?
«Admito que esteja a fazer uma discriminação porque é uma situação que não é igual. A sociedade está organizada e tem determinado tipo de privilégios, tem determinado tipo de regalias e de medidas fiscais no sentido de promover a família» (...) «no sentido de que a família tem por objectivo a procriação».
A ler:
Texto do Comunicado da ILGA - Portugal, onde é pedido que os «restantes partidos clarifiquem se também querem discriminar».
Tem mais encanto
Fixem o nome – Mário Nunes – e vão ver o blogue que lhe é dedicado (que até tem loja on line e Jukebox).
Parece que o dito senhor é Vereador da Cultura da C.M. de Coimbra e merece ser conhecido.
E atenção porque ele pretende que, «de uma vez por todas, Lisboa saiba que é em Coimbra que estão os [túmulos dos] primeiros reis de Portugal, que Coimbra foi a capital do reino até D. Afonso III» e que «se não fosse Coimbra Lisboa não existia».
Ora bem...
P.S. - Também quer «divulgar ao público de Coimbra, ao nacional e internacional, um conjunto de valores surrealistas que vão demonstrar a autenticidade e grandeza deste movimento nascido em França na década de 20 do século XX, e que se derramou, gradualmente, pelo Mundo».
1.7.08
Memória e silêncios
Aqui ao lado, nos «Caminhos da Memória», quinze dias de existência e um mar de textos sobre muitos temas, muitas vidas, muitas histórias esquecidas.
Reflexões teóricas também. Como esta de Manuela Cruzeiro, cuja leitura na íntegra recomendo: «Pior do que uma voz que cala é um silêncio que fala».
«Não podemos pedir à história o que ela não pode dar. A verdade não se reduz àquilo que pode ser verificado e explicado por qualquer sequência lógico-causal, por séries cumulativas de factos e datas, que organizam os acontecimentos, mas pouco nos dizem sobre o seu real sentido. A realidade é diferente da totalidade dos factos acontecidos. Tem a ver também com a nossa relação com o mundo e com os outros. E se sabemos quase tudo sobre as circunstâncias históricas (materiais, técnicas, burocráticas, jurídicas) que possibilitaram quarenta e oito anos de fascismo, já passado, mantemos uma paradoxal incompreensão sobre a significação ética e política dessa experiência totalitária, bem como da dimensão humana dos acontecimentos. Isto é, da sua real actualidade. Do que a sua dimensão de tragédia, sobretudo nos mais dolorosos episódios da prisão, da tortura e da morte (expoente máximo do esquecimento) nos interpela e questiona hoje.(...)
Por mais que custe reconhecê-lo, o medo, essa arma poderosíssima dos ditadores, sobrevive-lhes estranhamente. Não fomos a feliz mas improvável excepção. A terrível eficácia da política do silêncio e da invisibilidade não terminou com a liquidação da ditadura em 25 de Abril de 1974. (...)
Só a memória é o caminho para a cura. Não a memória asséptica e arquivada. Mas a memória viva e activa, inscrição no presente de algo sedimentado por camadas de silêncio ruidoso e de ofuscante invisibilidade. Um grito contra a impunidade do tempo.»
30.6.08
Menino de Ouro
Com este em todos os escaparates (que raio de título!), impossível não trautear um outro - d’oiro fino, esse sim.
boomp3.com
boomp3.com
Dúvida de 2ª feira
Há que tempos que esta questão me atormenta: César das Neves também foi de algum partido ML?
Espanha: mais uma questão fracturante
Aparentemente, a Espanha vai aderir a um projecto internacional que visa proteger os macacos, em nome da pertença a uma «comunidade de iguais» que inclui os humanos. Pretende-se que se lhes reconhecido o direito à vida, proibida qualquer forma de tortura que os atinja e garantido o respeito pela liberdade individual.
Nada contra, em princípio. Se bem que esta da liberdade individual...
29.6.08
Alemanha-Espanha
Este «post» do Lutz, veio acordar um dilema que nem sabia ter adormecido em mim: com uma avó alemã e um avô espanhol, por quem hei-de torcer logo?????
Esta justiça que (não) temos
Nuno Brederode Santos, no DN:
«Os deuses decidem o destino dos homens pela mediação de um juiz de Direito. Com as magras (mas tremendas) excepções da fisiologia do cósmico e da má têmpera das grandes massas humanas (o clima, as catástrofes naturais, as invasões, os genocídios), a alta gestão das nossas vidas jaz – transida, frágil e ansiosa – no regaço negro de uma beca. (...)
Só isso explica termos chegado ao ponto de, perante uma agressão (nem percebi se consumada, mas não importa) aos julgadores, cometida por dois condenados na própria sala de audiências (improvisada, ao que parece), a reacção dos juízes de Santa Maria da Feira ser a de deixarem de julgar. Cavaco não pode deixar de promulgar enquanto não lhe concertarem o ar condicionado. O Governo não deixa de reunir porque há uma Hi-Ace a vender T- -shirts na Gomes Teixeira. E o cidadão não deixa de pagar os seus impostos porque um vizinho o agrediu impunemente. O que há de tão especial em Santa Maria da Feira?»
Em Santa Maria da Feira ou num qualquer outro sítio, só há de especial a nossa passividade. Nunca haverá milhares nas ruas a gritarem contra estes senhores, porque eles também são «trabalhadores». E, talvez, porque não é evidente que mexam nos bolsos dos portugueses. Mas mexem – e de que maneira.
«Os deuses decidem o destino dos homens pela mediação de um juiz de Direito. Com as magras (mas tremendas) excepções da fisiologia do cósmico e da má têmpera das grandes massas humanas (o clima, as catástrofes naturais, as invasões, os genocídios), a alta gestão das nossas vidas jaz – transida, frágil e ansiosa – no regaço negro de uma beca. (...)
Só isso explica termos chegado ao ponto de, perante uma agressão (nem percebi se consumada, mas não importa) aos julgadores, cometida por dois condenados na própria sala de audiências (improvisada, ao que parece), a reacção dos juízes de Santa Maria da Feira ser a de deixarem de julgar. Cavaco não pode deixar de promulgar enquanto não lhe concertarem o ar condicionado. O Governo não deixa de reunir porque há uma Hi-Ace a vender T- -shirts na Gomes Teixeira. E o cidadão não deixa de pagar os seus impostos porque um vizinho o agrediu impunemente. O que há de tão especial em Santa Maria da Feira?»
Em Santa Maria da Feira ou num qualquer outro sítio, só há de especial a nossa passividade. Nunca haverá milhares nas ruas a gritarem contra estes senhores, porque eles também são «trabalhadores». E, talvez, porque não é evidente que mexam nos bolsos dos portugueses. Mas mexem – e de que maneira.
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