5.8.17

Mais 83 hotéis???…


(Expresso, Economia de hoje.(

Pode ser que isto não acabe mal, pode ser… (Mas também pode não ser. 40% dos novos hotéis serão em Lisboa.)

E por falar em turismo, vale a pena ver ESTAS fotografias de Veneza! 
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Dica (601)




«Financial meltdown, environmental disaster and even the rise of Donald Trump – neoliberalism has played its part in them all. Why has the left failed to come up with an alternative?» 
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Cowboys na Venezuela



Daniel Oliveira no Expresso de 05.08.2017:


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Em que «Jota» é que devo inscrever-me?


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Media queixam-se: a chuva molha



Texto de Sandra Monteiro em Le Monde Diplomatique (ed. portuguesa), Agosto de 2017:

«Desde 17 de Junho, dia dos trágicos incêndios de Pedrógão Grande, a comunicação social tem vindo a fazer uma cobertura heterogénea dos fogos, tanto em termos da qualidade e sobriedade da informação, como da consistência e pluralidade dos debates que se seguiram. Se numa primeira fase foram muito preocupantes os aproveitamentos sensacionalistas de vítimas e outros actores que mereciam protecção e respeito, numa segunda multiplicaram-se os exercícios especulativos e acusatórios. Nem sempre é fácil distinguir onde acaba o escrutínio rigoroso dos poderes públicos por parte dos media e começa uma campanha política. Era expectável que a actual solução governativa, contrariando as políticas de austeridade que a linha editorial dominante nos media apoiou, suscitasse uma veemente oposição do campo mediático. Em particular a partir da tragédia de Pedrógão, a agressividade nos media subiu de tom. Cresceu o recurso à especulação, ao facto não verificado mas que compõe uma narrativa, ao erro que não se assume – mesmo quando desmascarado. O jornalista Bernardo Ferrão, num artigo de opinião no Expresso, resumiu bem, contra vontade, o sentido político desta cobertura: «A marca de Pedrógão não se apaga. Ficará tatuada na pele deste Governo» [1].

São bem conhecidos os contornos da «tatuagem» que se quis gravar. Da falsa e sensacionalista manchete do Expresso que assegurava, em contradição com a própria peça no interior, que a «Lista dos 64 mortos exclui vítimas de Pedrógão» (22 de Julho de 2017), até à utilização pelo jornal i, amplamente reproduzida pelos media, de uma fonte sem credibilidade que garantia ter na sua posse uma lista de mortos muito superior à oficialmente divulgada, muitos foram os exemplos de como a comunicação social tratou mal o direito dos cidadãos à informação, sem nunca se retractar.

A «tatuagem» tinha uma mensagem clara, que nem sequer é nova: a «esquerda» não é de confiança quando se trata de números, de rigor; se engana com números de mortos também o fará com os dados execução orçamental, do défice ou do emprego. O remate é depois deixado para a oposição partidária: a «esquerda» continua a «viver acima das nossas possibilidades»; «só serve para os momentos bons»… e depois têm de vir os partidos de direita «dizer a verdade e fazer os cortes necessários». O ecossistema político-mediático repõe, assim, a narrativa de que não havia, nem haverá, alternativa aos cortes da austeridade. Esse ambiente desencoraja as rupturas com os alicerces estruturais neoliberais (mínimos sociais, dívida, tratados, euro) e facilita o regresso dos partidos de direita ao poder, mal uma política dirigida à conjuntura mostre os seus limites.

Mas não é apenas no tabuleiro político que este ecossistema joga. Os «novos cães de guarda» do poder estabelecido, para usar a expressão de Serge Halimi, têm também de actuar no campo estritamente mediático, cujo futuro se anuncia incerto e repleto de perigos. É neste sentido que tem interesse observar uma terceira fase em que entrou a cobertura mediática deste Verão saturado de fogos. Em vez de admitirem e corrigirem os erros cometidos – e todos os podemos fazer –, jornalistas com cargos de direcção e proprietários de grupos de media mostram-se indignados face às críticas, em particular as das redes sociais. É curioso que, ao escolherem este alvo, estão a mostrar, em espelho, que as críticas mais dificilmente penetram os meios de comunicação. Mas centremo-nos no essencial: por que surge agora esta reacção virulenta contra as redes sociais?»

(Continuar a ler AQUI
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4.8.17

Templos budistas e não só – Foram 12


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Dica (600)



Germany's Martin Schulz Says Trump 'Far Worse' Than Expected (Entrevista por Florian Gathmann, Barbara Hans e Philipp Wittrock) 

«Martin Schulz, the rival who wants to unseat Angela Merkel as chancellor in September, made headlines before the election with his criticism of Donald Trump. In an interview with DER SPIEGEL he now describes the U.S. president as a "risk to the whole world" and expresses shock over his "merciless nepotism."» 
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A fugir do Victor Mature – mais uma crónica de Nuno Brederode



Os amigos do Nuno continuam a encontrar-se – virtualmente e não só - e eu tento contribuir, de vez em quando, repescando uma ou outra das suas crónicas publicadas no Diário de Notícias (neste caso, em 23.03.2008). O texto desta tem, no parágrafo final, uma maldadezinha que realço. Quando lá chegarem, verão qual…

«De há muito que a Páscoa me encurrala contra a parede dos piores receios. Porque ainda não estou seguro de passá-la incólume. Por entre as ameaças de rever, pela infamante enésima vez, o Quo Vadis, o Ben Hur e A Túnica, renascem esses pavores antiquíssimos de dar de caras com o Victor Mature. Já nem sei onde ou quando ele aparece. É um terror antigo, que eu só esconjuro com os lençóis a taparem-me a cabeça. À geração que o não sofreu, só posso dizer que era um cepo muito grande e desajeitado, que exibia um fácies imune à circunstância envolvente, no qual apenas uma sobrancelha bailarina se esforçava por revelar quaisquer manifestações de uma nunca provada vida interior. Para ser clemente, admitirei que terá feito um "Doc" Holliday aceitável. Mas só depois de estragar boa parte da cinematografia do seu tempo – com destaque para as superproduções em deslumbrante technicolor, onde milhares de figurantes, vestidos fora de moda, perseguiam objectivos místicos – é que ele recolheu aos curros que a todos, afinal, aguardam. Hoje, estaria justissimamente esquecido, não fosse uma pérfida tecnologia que não esquece nem perdoa um fotograma que alguma vez viu a luz.

Digo isto para que as minhas elocubrações pascais mereçam alguma tolerância. E para que me perdoem todos aqueles cujas palavras ou actos me possam ter remetido para as estranhas declarações que se seguem. Nas minhas horas de terror pessoal, é a desconversar que a gente se entende.

Olho para trás, para o lado bom dos tempos do Victor Mature. Mas aqui, ao pé da porta.

Escassos foram, durante a ditadura, os que arriscaram alguma coisa a combatê-la. É, de resto, sempre assim. Os resistentes não são conquistadores precisamente porque são minoritários. E, se as ditaduras reprimem as minorias que as combatem, é para se assegurarem da omissão amedrontada da maioria que submetem. Nesta reside a chave (ou, se quiserem moralizar), a culpa. É, afinal, com essa amarga maioria que os ditadores governam, ainda que o façam também contra ela. E é no dia em que se prova que a resistência já é, ou pode tornar-se, maioritária, e que o medo e o desespero cedem perante a coragem e a vontade, que a ditadura deixa de ditar e a oportunidade da liberdade acontece.

É claro que, logo após a manhã libertadora, ninguém diria que as coisas foram assim. A vida de quem foi livre antes do tempo é banalizada pelas biografias de ficção dos que só se libertaram do medo quando já não havia razões para ele. E é precisamente por estes serem maioritários (e submergirem os outros) que "as revoluções devoram os seus próprios filhos". A menos que haja, da parte destes, o realismo - outros dirão a "sensatez" - de abdicarem dos seus pergaminhos e aceitarem um código do esquecimento. Então, sim, a História poderá ser reescrita de modo a circunscrever a explicação do alfa e ómega de um regime num chefe, mais umas centenas de legionários e uns milhares de agentes da polícia política - que é como explicar a treva generalizada por uma lâmpada fundida. Os que se ficaram pela omissão, os que voluntariamente se tornaram prisioneiros de projectos de uma vida medíocre, aconchegada e sem risco, reclamarão agora para si um novo passado. Desenganem-se os indignados: ainda que em legítima defesa, a democracia transigirá com esses, permitindo-lhes reinventar uma vida inteira. Porque ela própria só faz sentido e só subsiste enquanto regime maioritário. Em consequência, não fica bem aos donos de um passado ilustre - que o é porque foi devotado aos outros - reivindicarem agora tal sangue azul contra os demais. Se o querem merecer, a devoção e o desinteresse devem continuar a guiá-los e reivindicar privilégios não é decerto o melhor modo de o fazer. Aguentem-se com as comendas morais e com o que a memória salvar. Mas pior fica, aos que primaram por prudência, silêncio e omissão durante os tempos difíceis, virem agora servir-se do esquecimento pactuado e quererem impor aos novos as fantasias e jactâncias que lhes podem conferir currículo e "moralidade". Porque estes abusam do pacto. E contra eles é legítimo desenterrar todas as verdades.»

A «maldadezinha é esta: o último parágrafo refere-se a ISTO, depois de uma alegre galhofa em que, o Nuno e eu, gozámos a pessoa e o tema. 
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Empreendedorismo do bom!



Do eléctrico 28 ao Made in Correeiros. Em breve, de motorista de tuc tuc a CEO de aviões low cost?

04.08.1578 – Lá se foi Alcácer-Quibir



Foi num 4 de Agosto, em 1578, que Portugal sofreu uma derrota em Alcácer-Quibir quando decidiu aliar-se a um sultão, Mulay Mohammed, e acabou por ser vencido por um outro, Mulei Moluco. Derrota pesada acima de tudo sobretudo porque nela se perdeu um rei sem descendentes, D. Sebastião.

Foi tal o desespero que o povo não quis acreditar na sua morte, ou ficou na expectativa que ressuscitasse, numa atitude heróica e trágica que o marcou para todo o sempre. Hoje continua, talvez inconsciente mas serenamente, à espera que regresse o tal salvador que o livrará de todos males.

Sebastiânicos nascemos, sebastiânicos nos têm – ficou no nosso ADN. Mas com música de S. Godinho, Adriano e J. M. Branco.






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O tempora, o mores


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3.8.17

Templos budistas e não só (12)




Pagode Shwedagon. Yangon (Rangum), Birmânia (2009).

O Pagode Shwedagon, com 98 metros de altura, está situado no principal centro religioso da Birmânia, numa plataforma em mármore de 5,6 mil hectares. É muito difícil dar uma ideia do que trata, entre o kitsh (quando lé entrei, chamei-lhe Disneylândia do budismo…) e o muito belo e único. O templo principal está rodeado por 72 edifícios dos mais variados tipos, incluindo quatro grandes templos que apontam para os pontos cardeais. A base do pagode principal é feita de tijolos cobertos com milhares de placas de ouro.



A força da bola



«O que mais causou escândalo em Espanha, na audiência com Ronaldo, foi outra coisa, como admite o editorial do El Mundo: "Há que criticar o favor que se deu ao jogador, ao permitir que acedesse ao tribunal de carro e pela garagem e saísse da mesma maneira, um privilégio que só havia sido concedido ao presidente do Governo (Rajoy). Havia uma expectativa inusitada, mas se não se permitiu noutras ocasiões - Urdangarin, Infanta Cristina, Blesa, Rato -, não se entende este tratamento de favor." E é aqui que o futebol mostra o seu verdadeiro poder.»

Fernando Sobral no Negócios
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Parabéns, monsieur Macron


O gozo que isto que dá!


«La cote de popularité d'Emmanuel Macron chute très lourdement, passant de 43% d'opinions à 36% en un mois.» 
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Vem aí o deserto



«Há quem diga que na política, quando se cria o deserto à volta do poder total, se chama a isso, erradamente, paz. Muitos líderes cometem esse erro e acabam um dia sem água para beber, porque os seus oásis se tornaram locais onde é impossível viver.

Os grandes incêndios deste Verão trouxeram a cor da cinza e a sensação de deserto. Não faltam recriminações nem guerrilha política. Mas falta aquilo que o poeta luso-árabe, nos idos do século XIII, de nome Abû Uthmân, descrevia assim: "Se viver é cruzar um deserto de morte/aborrecer tais prazeres é o meu norte." O clima está a mudar e se Portugal não se preparar, sem contemplações, para ele, este país será muito diferente dentro de algumas décadas. Sem uma política de reflorestação séria e inteligente, continuaremos a caminhar alegremente para o deserto. Se dúvidas existissem, elas vêm, preto no branco, no número de Outono da revista Science, num trabalho de Joel Guiot e Wolfgang Cramer, do Centro Nacional para o Investigação Científica de França.

Segundo as suas previsões, em 2090 as zonas mais secas terão avançado até meio de Portugal (até junto a Lisboa). As razões são simples: aumento das temperaturas, perda da cobertura vegetal devido a incêndios, tendência de erosão dos solos, abandono da agricultura tradicional e crescimento urbano. Ou seja, o Sahara deixará de ser uma miragem longínqua: estará mesmo aqui. Por isso, por razões ambientais, sociais e económicas, as grandes decisões que agora se puderem tomar acabarão por ter reflexos neste futuro que parece longínquo, mas que já está a bater à nossa porta. Junto ao abismo desta desertificação o poder político não pode continuar a inventar guerras de alecrim e manjerona para evitar as grandes decisões que poderão inverter, ou não, esta tendência desértica. Porque, com estas previsões, nem os negócios económicos à volta da nossa floresta sobreviverão. Porque nesse mundo a água será então o nosso petróleo verde. É por isso que muito do debate político a que se assiste parece patético e triste.»

Salazar, 03.08.1968 – A cadeira era de lona e tombou para trás



Franco Nogueira, Salazar, o último combate, vol. VI, p. 377:


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2.8.17

Templos budistas e não só (11)



Grande Templo de Kasuga. Nara, Japão (2006).

Trata-se de um templo xintoísta, fundado em 769 e várias vezes reconstruído. É famoso pelas suas lanternas de bronze e mais de 300, de pedra, colocadas ao longo do caminho que leva ao templo. Esse caminho passa pelo Parque dos Cervos, considerados mensageiros sagrados dos deuses xintoístas. Andam à solta e recebem os visitantes.


Dica (599)




«Porque não foi eleita numa eleição normal, por voto direto, universal e secreto. Longe disso, usou mecanismos de trapaça.» 
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Falta aqui Marcelo


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Marcelo e Godot



«A grande especialidade do grande mágico Houdini era escapar-se de baús e de caixas onde estava encerrado. A Marcelo Rebelo de Sousa, pelo contrário, é difícil encerrá-lo num qualquer móvel de "design" nórdico.

Porque, pelo seu poder retórico, ele funciona como Houdini: liberta-se com facilidade de cordas e grilhetas. É, por isso, algo divertido assistir ao debate astrológico sobre se a interminável entrevista de Marcelo ao DN marca o fim de um namoro qualquer entre Belém e São Bento. Ou, pelo contrário, com mais ou menos liberdades semânticas, o idílio se mantém. Esta pretensa polémica lembra-me uma das grandes peças do teatro do absurdo, "Esperando Godot", de Samuel Beckett. Nela dois homens esperam uma personagem que nunca aparece, Godot. A espera converte-se em tédio. Até que um rapaz surge e diz que Godot não virá. Talvez amanhã, acrescenta. É isso que muitos tentam ler nas entrelinhas das palavras de Marcelo. Mas nada ali permite adivinhar uma mudança estrutural de opinião sobre o Governo: há uma maioria que governará até desejar ou se cansar de o fazer e a prioridade é a estabilidade financeira e económica. Ambas estão interligadas. Quando esse equilíbrio desaparecer, como qualquer Presidente faria, Marcelo poderá intervir. Por isso ficar à espera que Marcelo, como Godot, apareça amanhã e assuste este Governo é uma actividade infrutífera.

A política portuguesa está sempre sujeita a imprevisibilidades. António Guterres enjoou-se com o "pântano" e debandou. Durão Barroso viu a carroça de Bruxelas à frente e apanhou o primeiro avião. Sócrates tinha um PEC na mão e viu desaparecer o poder da outra. Passos Coelho tinha ganho as eleições antes de perceber que tinha sido apeado da cadeira em São Bento. Nada é garantido. Por isso Marcelo gere tão bem a visibilidade das palavras: elas permitem saltar facilmente para o outro lado do espelho. Hoje apoia-se o Governo, amanhã não sabemos. Não há aqui o fim de um romance. Há apenas realismo político.

Barcelona: turismo «tipo» maço de tabaco



Aeroporto de Barcelona, numa nas máquinas de Raios-X para fiscalização de bagagem, bem virado para os passageiros.

Carlos Moreira no Facebook.
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02.08.1929 - Zeca



Zeca Afonso faria hoje 88 anos. Em jeito de homenagem, repesco uma bela crónica que Manuel António Pina escreveu sobre ele.

Vampiros e eunucos

Há 24 anos, feitos ontem, morreu José Afonso. Entretanto, vindos "em bandos, com pés de veludo", os vampiros foram progressivamente ocupando todos os lugares de esperança inaugurados em 1974, e hoje (basta olhar em volta) os "mordomos do universo todo/ senhores à força, mandadores sem lei", enchem de novo "as tulhas, bebem vinho novo" e "dançam a ronda no pinhal do rei", tendo, em tempos afrontosamente desiguais, ganho inaceitável literalidade o refrão "eles comem tudo, eles comem tudo/ eles comem tudo e não deixam nada".

Talvez, mais do que legisladores, artistas como José Afonso sejam, convocando Pound, "antenas de raça". Ou talvez apenas olhem com olhos mais transparentes e mais fundos. Ou então talvez a sua voz coincida com a voz colectiva por transportar alguma espécie singular de verdade. Pois, completando Novalis, também o mais verdadeiro é necessariamente mais poético.

O certo é que a "fauna hipernutrida" de "parasitas do sangue alheio" que José Afonso entreviu na sociedade portuguesa de há mais de meio século está aí de novo, nem sequer com diferentes vestes; se é que alguma vez os seus vultos deixaram de estar "pousa[dos] nos prédios, pousa[dos] nas calçadas". E, com ela, o cortejo venal dos "eunucos" que "em vénias malabares à luz do dia/ lambuzam da saliva os maiorais".

Lembrar hoje José Afonso pode ser, mais do que um ritual melancólico, um gesto de fidelidade e inconformismo.

Jornal de Notícias, 24.02.2011 
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1.8.17

Templos budistas e não só (10)



Templo do Buda de Jade. Xangai, China (2004).

Este templo budista foi construído em 1882 e tem duas estátuas de Buda em jade, trazidas da Birmânia. Esta, de Buda reclinado, representa a sua morte. Não era permitido tirar fotografias dentro do templo, tirei esta à má fila…
Na segunda fotografia, não deixar de ver a 4ª imagem que mostra quem por lá passou e ficou recordado numa parede: Mário Soares e Maria Barroso.

Nous aurons toujours Paris



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Dica (598)




«The apparent death of Trumpcare is more than a resounding victory — it's a case study for how to organize in the Trump era. (…)
Of course, resisting the White House shouldn’t be the only goal of organizing in the Trump era — there’s a world to win. But polarizing the public and new recruits around life-and-death issues like health care, pointing out just how depraved Republicans’ plans are, can whet even liberal appetites for more far-reaching solutions.
Crucially, they can also give people the chance to get their hands dirty in militant, grassroots organizing. And that’s exactly what we’ll need to defeat the GOP and pave a path toward governance.» 
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Taxar 25 cêntimos


Eu sei que isto é «normal», mas sinto-me num país tão, mas tão miserável!

Aumento de 25 cêntimos do subsídio de refeição vai ser taxado.

No fundo, somos mais ou menos isto



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A época tola



«Lá vamos entrar mais uma vez na silly season, a época tola, ou melhor a época mais tola na sequência de muitas outras épocas tolas. E o melhor da época tola é a parte que não esconde o que é: o Quim Barreiros, a Rosinha, a Ruth Marlene, e os múltiplos clones de cada um deles. Aquilo ainda é Portugal, a manha camponesa, a lascívia rural e do subúrbio, a grosseria e o plebeísmo, a graça do trocadilho fácil, a juventude da cerveja, uma certa boçalidade e brutalidade, aquilo ainda é nosso, porque Portugal ainda é muito assim. Isso suporta-se razoavelmente e o título destas crónicas veio da habitual reciclagem anual na música pimba, com o refrão de "quem nasceu para lagartixa nunca chega a jacaré". Pode merecer uma reflexão sobre o que ainda somos, nós e muitos outros europeus que vêm para o Algarve, ou Torremolinos, mas não merece desdém.

Mas o que é insuportável é a silly season comunicacional, feita da mais completa falta de imaginação, os mesmos inquéritos, as mesmas imagens das praias, a procura dos famosos em fato-de-banho, as equipas cor-de-rosa atrás dos amores de Verão, "assumidos" e não "assumidos", a moda da comida e dos restaurantes, o reino das fotos no Instagram e no Facebook , as opiniões e os comentários raivosos que nunca vão para férias parecem explodir de intensidade no Verão. Pensam que descansam? Engano, a época tola faz imenso mal à cabeça e a cabeça nos mamíferos superiores ainda manda um pouco no corpo. Um pouco, no Verão menos.

Sem futebol, o espaço que é preciso encher nas televisões é um drama. Sem parlamento e com os políticos a banhos, não há política, as fontes estão a secar ao sol. Sem tragédias, espera-se, o exercício da masturbação da dor, a que se entrega ardorosamente a comunicação social até ao espasmo final, fica penoso.

A estação tola tem pelo menos um mérito, que é mostrar a vacuidade que existe todo o ano e que fica disfarçada.»

31.7.17

Templos budistas e não só (9)



Mosteiro de Taktsang (O ninho do tigre). Paro, Butão (2010). 

Já falei deste mosteiro numa outra série, mas é impossível não o incluir nesta. Foi construído em 1692, fica a 3.120 metros de altitude, numa das trez e «cavernas» ou «ninhos» espalhados pelo Tibete e pelo Butão, onde o santo budista Guru Padmasambhava terá meditado no século IX. (Na imagem aqui mais abaixo, uma ideia da sua implantação.)

Um Presidente escuteiro?

Dica (597)




«The president thinks lower taxes and deregulation will solve the US’s problems. They won’t work, because they never have.» 
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Jeanne Moreau – Deixou hoje o seu «tourbillon de la vie»



Há muitas homenagens, em publicações francesas mas não só, neste dia em que nos deixou uma das grandes senhoras do cinema francês, que fez parte da minha vida e de muitos de nós. Andei a recolher algumas delas, a recordar outras.

Com uma carreira longuíssima de actriz, realizadora e cantora, iniciada em 1950, e uma filmografia impressionante com cerca de 130 nomes listados, trabalhou com uma lista notável de realizadores, entre os quais Luis Buñuel, Wim Wenders, Michelangelo Antonioni, Orson Welles, François Truffaut, Louis Malle, etc., etc.

Já agora, de sublinhar a sua participação em Gebo et l’Ombre, de Manoel de Oliveira (2012), onde faz o papel de Candidinha.



Momentos inesquecíveis? Entre outros, evidentemente, Le Tourbillon, em Jules et Jim de François Truffaut:




Aqui, num belíssimo duo com Maria Betânia:




Com Vanessa Parados, no Festival de Cannes de 1995:




A ver, esta entrevista:


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Elogio da inutilidade



«Conta-se que, um dia, José Estaline, o pai dos povos como era então conhecido, ao saber que o seu filho Yakov tinha falhado a sua tentativa de suicídio, disse: "É tão inútil que nem sequer sabe matar-se."

A frase definia o autor. Mas, com esse delírio pouco paternal, ficamos a saber algo mais sobre a inutilidade. No meio desta montanha-russa de desgraças em que se transformou o nosso Verão, fica-se com uma ideia mais clara sobre a inutilidade de muitas das estruturas que compõem o nosso Estado. Veja-se só o que disse há dias o secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP) sobre o roubo de armas em Tancos. Segundo Júlio Pereira, soube do furto pelo Serviço de Informações de Segurança (o SIS) que, por sua vez, tomou conhecimento do caso através da comunicação social. Ou seja, na manhã de 29 de Junho, os analistas do SIS viram a televisão e leram os jornais e, espantados, decidiram enviar, calcula-se num relatório sigiloso só para as altas esferas da comunidade de serviços de inteligência indígena, a notícia das armas que tinham desaparecido em Tancos. Alguém do SIS terá então informado o chefe do SIRP, por certo através de um telefone encriptado, do sucedido.

Poderia ser pior. O SIS poderia ter descoberto que tinha ocorrido um golpe de Estado em Portugal através dos jornais da manhã. Pelos vistos, a culpa foi do exército que não informou o SIS para este poder informar o SIRP e para que este pudesse dar conhecimento ao ministro da Defesa de que tinham sido surripiadas armas de Tancos. Se o SIS é um serviço de informações, temos razões para ficar descansados: a inutilidade é gloriosa. Podia ser mais humilhante. Em vez de saber o que se passava pela imprensa, o SIS poderia saber o que se tinha passado através das redes sociais. Ou de um telefonema de um amigo. É por isso, face a esta displicência e inutilidade, que se pode confiar plenamente em alguns serviços que orgulhosamente fazem parte do nosso sistema de segurança. Se alargarmos esta inutilidade a outros serviços, percebemos melhor o estado real do país.»

30.7.17

Templos budistas e não só (8)



Templo de Chaukhtatgyi, Buda Reclinado. Bahan, Yangon, Birmânia, 2009.

Este Buda tem 66 metros de comprimento e 30 de altura. Começou por ficar pronto em 1907, mas sem proporções correctas e com expressão agressiva. A imagem foi destruída em 1950 e a actual consagrada em 1973. Vi vários budas deitados em templos budistas, mas este é certamente um dos mais impressionantes! Pela dimensão que tem, não há distância suficiente para o fotografar devidamente.

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E quanto à Venezuela



Eu até podia escrever alguma coisa sobre a Venezuela, mas autocensuro-me, sobretudo depois de ler dois textos surrealistas, no Público, que anunciam que o país em causa se pode transformar hoje na Cuba castrista (pobre Fidel…) e outros, recentes, cujas fontes nem refiro, mas que vão dar ao mesmo depois de uma volta ao bilhar grande. Os extremos tocam-se, sem qualquer espécie de dúvida.

Apenas deixo este texto, com o qual me identifico:

Partido dos Supostos Defuntos



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Entre a lama e os alçapões


«O arrastar da política para o patamar da lama pode ter efeitos espúrios vários: i) enfraquece a democracia ao acentuar a sua descredibilização e ao não trazer conteúdos para o debate das ideias e para a formulação de propostas; ii) amplia no Partido Socialista (PS) a ideia de que, a este, basta o Governo ir gerindo a situação para ter garantida a continuidade no poder, o que pode matar mudanças de políticas tenuemente iniciadas em algumas áreas; iii) coloca dificuldades acrescidas aos partidos da Esquerda que dão apoio parlamentar ao Governo, porque estes têm de ser ofensivos face à Direita, mas não podem pactuar com um PS acomodado.

O atual Governo, perante um debate político concentrado na "espuma dos dias" que emerge de uma agenda de retrocesso económico e social e de esvaziamento de valores, se optar por empurrar os problemas com a barriga, deixará atrás de si verdadeiros alçapões que poderão transformar-se em perigosas armadilhas para os trabalhadores, para a maioria dos portugueses e para o país.»
 

Manuel Carvalho da Silva 
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Quem espera



«Das coisas mais bonitas de ver é uma boa vingança, e uma boa vingança, que é justiça noutro fuso horário, é uma coisa que não acontece muito. E não acontece muito porque primeiro é preciso ter uma boa razão, e o ideal é que o atacante tenha sido gratuito, cão, raivoso. Depois, uma boa vingança só vale a pena contra alguém poderoso. A gente não se vinga de criaturas irrelevantes que aparecem ao caminho, nem de burocratas frustrados, nem do vizinho de cima que nunca fecha bem a porta do elevador, nem de invejosos maldosos. Só de gente com poder. Por isso a boa vingança tem de ser desproporcional, excessiva, e tem de ser instrumental, en passant, fazer-se o bem através desse mal. E simbólica, visível, poética. Sem estética, mesmo a boa vingança é só maldade.

Foi isso que fez anteontem McCain a Trump. Esticou o braço, a mão aberta, aguardou que olhassem para ele, que lhe dissessem com a cabeça que podia votar, e num gesto rápido fecha a mão, rodando-o para a direita, baixou o braço, dirige-se determinado ao seu lugar sozinho, depois de com o seu voto ter afundado as pretensões republicanas de afundarem o Obamacare. McCain esteve preso mais de cinco anos no Vietname, foi capturado quando se ejetou do avião atingido por um míssil, torturado, dois anos em solitária. Durante a campanha, Trump disse que McCain não era nenhum herói de guerra e que gostava de pessoas que não tinham sido capturadas. Agora foi a vez de McCain, regressado ao Senado depois de uma operação a um cancro no cérebro, se rir. McCain é um forte crítico do Obamacare, mas o que vale isso perante o momento único que tinha pela frente? Quantas vezes um mau sentimento não traz um bom resultado? E usou o braço e a mão que vemos engessados e esticados nas fotografias após a sua captura, bem parecido por sinal. Estou convencido de que Deus não perdoa quem deixa passar uma boa vingança.

Também houve duas senadoras republicanas que fizeram o mesmo, e se se tivesse feito sempre o que McCain sugeriu o mundo teria o dobro das guerras, é verdade, mas será apenas dele um dos mais bonitos momentos da política. É para estas coisas que vale a pena esperar, por pouco mais.» (Excerto)

João Taborda da Gama