Vi e não gostei. Há fados, muitos fados, muitos fadistas, há belas imagens, mas o resultado é desconjuntado.
Parece uma sopa de pedra, tantos foram os ingredientes postos no caldo – nem sempre bem escolhidos ou bem combinados, na minha opinião. É o caso de muitos bailados estilizados com má relação com que é ouvido (especialmente gritante quando canta Marceneiro). Até a longa exibição de imagens do 25 de Abril enquanto Chico Buarque interpreta o seu belíssimo «Fado Tropical» me pareceu metida a martelo – foi a primeira vez que não gostei de as rever.
Há ausências estranhas. A mais gritante: a do fado de Coimbra (quando há um fado do Porto).
O filme está cheio de interpretações africanas e latino-americanas para mostrar (a quem sabe) as possíveis raízes do fado. Tanta é a mestiçagem exibida que mais parece um filme propagandístico encomendado pela CPLP. Nesse contexto, é capaz de resultar.
Diz-se que já foi vendido a mais de vinte países. Saí com a sensação de que os chineses vão gostar – com a mesma estranheza que nos faz admirar alguns dos seus espectáculos com sonoridades exóticas.
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P.S. (1) - É bem verdade que gostos já não se discutem. Já tinha escrito ontem este post e só não o publiquei por anomalias da Netcabo. Entretanto li agora o textodo Fernando Redondo. Bem diferente...
P.S. (2) - Lida depois de publicação: a opinião de Lauro António. Sinto-me mais acompanhada...
O Prefácio, a Sinopse e o Índice de Entre as brumas da memória estão publicados no site do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (dirigido por D.Manuel Clemente, bispo do Porto).
Amanhã, 4 de Outubro, a blogosfera lança uma acção de solidariedade com a luta na Birmânia. Os blogues que aderirem publicarão posts, banners, etc. Neste momento há mais de 2 700 inscrições.
O novo jornal Público (espanhol) traz hoje um excelente artigo de Ignacio Ramonet, director de Le Monde Diplomatique, que pode ser lido aqui, na versão PDF.
Alguns excertos:
«Pasan las semanas y sigue en Francia la increíble fascinación mediática por el presidente Nicolas Sarkozy. Una admiración fuera de lo normal, reverenciosa, estática, obsequiosa, obscena. En este país de revoluciones, alborotos e insurgencias, que se dispone a celebrar el cuarenta aniversario del amotinamiento de Mayo del 68, semejante servilismo resulta inaudito y nauseabundo.»
«Lo que más ha asombrado ha sido la desenvoltura intelectual con la que Sarkozy ha establecido la nueva frontera que separa ahora la derecha de la izquierda. Algunos analistas se preguntaban si esa línea se había movido bajo el ímpetu de la globalización neoliberal. Sarkozy zanjó la discusión. Y mediante la composición de su gobierno, demostró que el perímetro de la derecha incluye ahora buena parte del Partido Socialista, en todo caso su ala social-liberal.»
«El fracaso de la izquierda ha sido sobre todo una derrota intelectual. El hecho de no haber producido, por inmovilismo y por pereza, una renovada teoría política para construir un país más justo, cuando todas las estructuras de la sociedad fueron transformadas en los últimos quince años, terminó por resultar suicida.»
António Figueira em 5 dias: «Luís Filipe Menezes é o Sarkozy a que temos direito, e bem se pode dizer que a prática da direita ultrapassar o centro pela esquerda e colar-se ao seu discurso reivindicativo é populismo barato que ela não deixa de funcionar só por isso. Alguns comentadores que padecem de excesso de racionalidade esquecem-se que os populistas às vezes também ganham eleições.»[mais]
Jorge Nascimento Fernandes em Dotecome: «Por outro lado, esta prática do PSD de atacar o PS pela esquerda já não é nova. Apesar da seriedade que hoje imprime á sua postura política, Cavaco, quando ganhou o Congresso da Figueira e depois desencadeou a luta contra o Bloco Central e principalmente contra o PS, fê-lo igualmente pela esquerda. O seu discurso da altura, com as devidas distâncias, assemelhava-se muito ao do PCP.»[mais]
Ou seja: deixa de ser só o casamento católico a ter efeitos civis, alargando-se o conceito aos celebrados no âmbito de outras religiões.
Já me referi recentemente a esta questão dos «efeitos civis». Não seria preferível que a revisão da Concordata tivesse eliminado esta medida tipo simplex para os casamentos católicos em vez de a manter e alargar agora às outras religiões? «A César o que é de César» ou, em sabedoria mais popular, «Cada macaco em seu galho».
Entretanto assalta-me uma terrível dúvida. Entre as religiões existentes em Portugal, não haverá alguma que aceite a poligamia (e, já agora, a poliandria), celebrando mais do que um casamento para o mesmo crente? Quais serão os efeitos civis neste caso? Alguém deve ter pensado nisso... Ou não?