Aung San Suu Kyi faz hoje 65 anos. Continua com residência fixa na sua casa de Rangun, que nem de longe pode ser vista porque a rua que lhe dá acesso está barrada ao trânsito – testemunhei-o quando lá estive, há menos de um ano.
Apesar de todos os apelos, incluindo um de Obama feito ontem, a Junta Militar que governa o país não a liberta. Simbólica e silenciosamente, os seus seguidores plantarão hoje 20.000 árvores espalhadas por todo o país, com a convicção de que a mensagem política da sua líder crescerá como as plantas.
Dezenas de milhares de exilados brimaneses espalhados pelo mundo celebram hoje o 65º aniversário de Aung - a «senhora», como carinhosamente lhe chamam – com festejos e muitos protestos. No Facebook, várias Causas e páginas se associam, com um sem número de mensagens. É o mínimo – e infelizmente o máximo – que pode ser feito.
Entretanto, haverá eleições em Outubro - «nem livres, nem limpas, nem democráticas» -,mas o partido liderado por Aung, desde 1988, não concorrerá (dissolveu-se, mesmo), já que, ao contrário de muitas expectativas, a extensão da pena de residência fixa a que ela está condenada não foi reduzida a tempo de poder participar na campanha eleitoral.
Estive nesse terrível país, que terá ficado gravado na memória de muitos pela colorida revolta dos monges em 2007, e onde há mais de 2.000 presos políticos, em Novembro de 2009. Retomo algumas passagens do que então escrevi:
A possível diminuição do número de feriados em Portugal, e a sua eventual colagem a fins-de-semana, quase rivalizam com o Mundial em número de notícias e comentários. Mais um.
Poderia ir pela via das laicidades, mas não me apetece e parece-me totalmente salomónica a opinião (ou decisão, não entendi bem) de cortar um número igual de feriados laicos e religiosos. Tal como considero demagógica a afirmação do chefe da UGT que declara ser absurdo aumentar o tempo de trabalho quando aumenta o desemprego. E lamentável a ignorância de excelsos deputados e bloggers de esquerda, pura e dura, que gritam aos quatro ventos que seria inimaginável que Portugal fosse o único país no mundo a não celebrar o Dia do Trabalhador no 1º de Maio: pelo menos em Inglaterra, nem sei desde quando mas há muitos anos, é na primeira 2ª feira de Maio que ele é comemorado.
Qualquer que seja a redução e os critérios quanto a mobilidade, mudar o Natal é mexer a tal ponto nos usos e costumes que parece absurdo, 1 de Janeiro é dia de ressaca mundial e o resto é fantasia. Sobre feriados religiosos, «passo»: entenda-se quem de direito para manter quais e quando.
Sobre os outros, avanço um critério, tão discutível como todos, certamente mais absurdo do que muitos, mas que é o meu: considero inadmissível que sejam «transladados» aqueles que assinalem acontecimentos de que haja ainda protagonistas vivos. Explico melhor: enquanto existir algum sobrevivente do 5 de Outubro (deve havê-los, pelo prolongamento da esperança de vida…) e enquanto todos os que vivemos o 25 de Abril não morrermos, essa datas são tão «sagradas», para quem as viveu, como a do nascimento de um filho. É-me perfeitamente indiferente recordar dois ou três dias mais tarde a morte de Camões ou a Restauração de 1640, mas nunca o será confundir a última semana do marcelismo, ou a ansiedade pela libertação dos presos em Caxias a 26, com as horas passadas nas ruas no dia 25. Pieguice, sentimentalismo bacoco? Quero lá saber! São também os afectos que é necessário preservar, a vida não é um compêndio actualizado da velha História do pai Mattoso.
A última polémica, a propósito de Caim.
Gostei muito de alguns dos seus livros e, como (quase?) toda a gente, deixei outros a meio. Nunca tive uma especial simpatia pela pessoa.
Esta tarde, senti muito a falta de José Cardoso Pires.
Não há dia em que não se leia uma ou outra notícia sobre pressões para que Bagão Félix concorra às presidenciais. Hoje fala-se de 100 mulheres católicas que «ficaram sem candidato» desde que Cavaco Silva promulgou a lei que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo. (Por que razão a identidade de género é para aqui chamada é para mim um mistério, mas adiante porque, em iniciativas que incluam a drª Isilda Pegado, há sempre algo que me transcende.)
Gravíssima a promulgação do diploma sem devolução à Assembleia da República e única razão para todo este burburinho? Nada mais em causa para além das presidenciais de 2011? Acredite quem quiser. Aparentemente, está à vista apenas a ponta de um iceberg onde se consolida uma movimentação crescente dos conservadores católicos que estão a organizar-se a diferentes níveis, entre outras razões porque até os partidos da direita são considerados demasiado liberais em matéria de costumes e de família.
«Sabe-se», «diz-se», «dizem-me» que o próprio Policarpo terá feito agora afirmações menos cordatas e um tanto mais hostis do que é habitual, por um lado como resultado de grandes pressões, por outro para travar eventuais posições públicas mais agressivas e menos razoáveis. Com fundamento ou resultado de puras conjecturas, o que parece certo é que o bater de asas das borboletas espanholas está a fazer-se sentir - devagar, devagarinho porque desde lado tudo é mais manso, mas…
...num canal infantil? «Como nós não há igual»? Só espero que o filme não tenha sido subsidiado pela Comissão das Comemorações do Centenário da República: viram o dístico publicitário no aviãozinho?
«A TVI noticiou ontem que o INEM vai acabar com aquilo que o seu presidente classificou de serviço "dispendioso": a ajuda, quer telefónica quer no terreno, a pessoas em tentativa de suicídio (bem como ainda às vítimas de violação e de maus-tratos). As ordens "de cima" são para poupar e o INEM poupará deste modo nos salários de 7 psicólogos, que atendiam, em média, 27 chamadas e saíam 5 vezes por semana para apoiar pessoas em estado de grande depressão e em vias de se suicidarem. Um cínico diria que os critérios de poupança do INEM se justificam inteiramente. Impedir alguém de se matar contribui, de facto, para o agravamento do défice, sendo, por isso, antipatriótico. Implica não só encargos com pessoal e meios como ainda obsta a que a Segurança Social poupe em pensões e subsídios, já que boa parte dos potenciais suicidas, quando não são doentes crónicos ou terminais que oneram o SNS, são provavelmente idosos, desempregados e beneficiários de Rendimento Social de Inserção, isto é, gente "inútil" e, pior, fardos que só atrasam a gloriosa marcha de Portugal em direcção aos 3% de défice em 2013.»
Manuel António Pina, do JN de hoje (o realce é meu).
O blogue do Centro Nacional de Cultura publicou hoje mais uma crónica de João Bénard da Costa. Sobre calendários, férias, o Verão numa das suas grandes paixões: a Arrábida.
Trago-a para aqui não só pelo texto em si, mas porque o mesmo me fez recuar a meses de Agosto únicos, passados com a família Bénard da Costa. Não na Villa Raul, de que o João fala, mas muito perto, já com a novíssima ponte sobre o Tejo e alguns automóveis em segunda mão a facilitarem a viagem, com péssimas estradas, ainda sem electricidade, sem lojas, apenas com os longos dias no Creiro, para onde se ia a pé ou no barco do Salmonete, as intermináveis conversas noite fora à luz da vela, com o mar de Alpertuche de um lado e o Convento incrustado na Serra do outro, a festa pela chegada do primeiro gira-discos a pilhas, vindo da América, os dramas de amores e desamores em plenos anos 60.
A morte nalguns casos, as vidas nos outros, espalharam-nos por aí e já raramente nos encontramos. Mas a Arrábida, essa, ficou para sempre colada à pele.
1 - 1 de Outubro. Para mim, os anos começam sempre a 1 de Outubro. 1 de Janeiro é só o menos estimulante dos dias da quadra do Natal, uma espécie de cinzento P.S. (vale para "post-scriptum") do Dia do Menino Jesus.
Aos mais novos recordo que, nos meus tempos, era a 1 de Outubro que recomeçavam as aulas, após as férias que nos anos sem exame (e dos sete do liceu, quatro eram anos desses) se espraiavam docemente entre 14 de Junho e 30 de Setembro, dia dos anos da minha avó. Para mim, espraiavam-se literalmente entre 1 de Agosto e 28 ou 29 de Setembro. 1 de Agosto era o dia da viagem, entendendo-se por viagem o percurso entre o nº 86 da Avenida António Augusto de Aguiar, em Lisboa, e a Villa Raul na Arrábida. Os quilómetros (46) não encolheram com o tempo, mas sem pontes sobre o Tejo (travessia em "ferry-boat"), camioneta de Cacilhas para Azeitão e mais camioneta de Azeitão para a Arrábida, o percurso era coisa para quatro, cinco horas a que se somavam as horas de espera pelas mencionadas carripanas, exclusivo de João Cândido Bello. Cedo erguer em Lisboa e pôr-do-sol na Arrábida, onde, felizmente, havíamos sido precedidos pelas criadas, que já tinham posto a casa mais ou menos em condições. Tudo era diferente, nos rituais do quotidiano. Não havia luz eléctrica, a água provinha de uma cisterna e era levada em jarros para os quartos e respectivos lavatórios. Não havia telefonias nem telefones, não havia cinemas nem lojas. Havia a praia e os banhos, os passeios na serra. Um silêncio total. Regressar a Lisboa era passar do século XIX ao século XX. A surpresa de carregar num interruptor e fazer-se luz, da água a jorros, do telefone a tocar. À noite, na cama, eu ouvia os silvos dos comboios de Entrecampos e não mais a nortada a fazer ranger as madeiras das portas e dos tectos. Um ano acabara, começava outro, ao reencontrar (ou perder) colegas e professores nos pátios e nas aulas do Liceu Camões. Nunca mais via os primos e as meninas do Verão. Até outro Verão. Mas não o Verão, como eu não o via, com os mesmos olhos. O tempo ainda não passava a correr e um ano na adolescência é maior do que a légua da Póvoa. Nesse tempo, é que a vida eram literalmente dois dias: os dias do Inverno e os dias do Verão. As coisas então mais importantes para mim também se contavam a dois: os dias do campeonato de futebol e os dias sem campeonato, começou a época, acabou a época. Havia, no defeso, alguns sucedâneos (a Volta em Portugal em bicicleta, por exemplo), mas não era nada a mesma coisa. As temporadas dos cinemas: os grandes filmes chegavam em Outubro e desfilavam até Junho-Julho, quando começam as "reprises". No Verão, muitos cinemas fechavam enquanto os anúncios anunciavam: "Temporada de 1949-50". Havia os amores de Verão e os desamores do Inverno, e só mais tarde começou a ser vice-versa. Havia os pecados de Lisboa e os pecados da Mata Coberta. Havia as missas em capelas de casas ou grutas particulares e havia as missas de S. Sebastião da Pedreira ou do Patronato. Havia um eu de Inverno e um eu de Verão. Como é que eu posso dizer que o ano não começa a 1 de Outubro?
Quinze cineastas, escritores, artistas e músicos deram rostos e vozes a outros tantas pessoas assassinadas durante a Guerra Civil de Espanha, num vídeo impressionante - para vergonha dos juízes que perseguiram Baltasar Garzón, disse Emílio Silva, presidente da Associação para a Memória Histórica.
Há locais a evitar porque não têm saneamento possível e onde o perigo de contágio é uma realidade. Por isso se aconselha a leitura deste texto – dez vezes, se necessário for.
P.S. – Não é por engano que este post tem os comentários fechados.
Pelo andar da carruagem, vamos ver se não serão os chineses a tomar conta dos trinta hectares da zona ribeirinha de Lisboa, que António Costa comprou com tanto prazer.
Para os que por aqui passam e continuam a defender o regime cubano e a negar a falta de liberdades elementares naquele país:
Yoani Sánchez gostaria de poder ir ao Brasil e aí assistir em Jequié, Baía, a um festival de documentários que inclui um filme sobre bloggers cubanos.
Pela sexta vez, está a tentar sair do país, com esperança de não receber a tradicional resposta: «Usted no está autorizado a viajar». Decidiu usar agora todos os trunfos e pediu ajuda a Lula da Silva:
Pode ser que a excelente relação que o presidente brasileiro mantém com a família Castro consiga desta vez um milagre e que Yoani Sánchez possa ir à Baía.
Reagi ontem, a quente, aos resultados das eleições belgas. Hoje, «o terramoto seguido de tsunami», que elas constituíram, é bem conhecido: um partido flamengo de tendências independentista (mas NÃO extremista) foi o mais votado e terão agora lugar negociações mais do que rotineiras para formação de um novo governo, sem que seja possível medir as consequências, a médio prazo, de tudo o que se seguirá. Apenas outra crise entre dezenas de outras? O princípio do fim de mais um país europeu?
A reacção mais generalizada de francófonos e de francófilos (que ainda os há…) é, como sempre, anti-flamenga. Condena-se «os bárbaros» xenófobos, muitas vezes genericamente identificados como colaboradores dos nazis (como se todos os valões tivessem sido bravos resistentes…) que, por uma cruzada fanática, provocam incidentes mesquinhos em nome de uma causa absolutamente disparatada. E ignora-se (ou esquece-se facilmente) a humilhação que foi, durante séculos, a imposição de uma língua e de uma cultura a quem hoje constitui 60% da população de um país.
Se, fora do contexto histórico, é inaceitável e ridículo que hoje só se vendam terrenos perto do aeroporto que serve a capital a quem fale neerlandês, talvez valha a pena olhar para o mapa e ver que Bruxelas está localizada na Flandres e saber-se que, há pouco mais de dois séculos, era quase totalmente «neerlandófona». Só a partir da independência da Bélgica, em 1830, o francês se foi impondo até se tornar língua única, a nível oficial – nos tribunais, na administração pública, no exército, na cultura, nos meios de comunicação social e, mais importante, nas escolas. Bruxelas foi crescendo e o francês foi alargando a sua área de influência, até hoje – como uma «mancha de azeite».
Depois de longo período em que, supostamente, a nível nacional, todos os cidadãos deviam falar as duas línguas, (tentativa que falhou porque os flamengos aprendiam francês mas os valões se recusavam a fazer o inverso), o domínio do francês só foi estancado a partir dos anos 60, com a força imposta pelo progresso económico da Flandres e a correspondente decadência da Valónia. Começaram aí os conflitos – e ao início deles assisti eu, estudante francófona em terra flamenga - e veio a decisão de estabelecer uma fronteira linguística a nível nacional e de decretar o bilinguismo para Bruxelas, decisão essa que foi concretizada em 1963.
Um post é um post e não se quer muito longo, embora muitas coisas tenham ficado por dizer.
Só mais isto: por muito que nos custe, Jacques Brel foi um dos arautos para a humilhação dos flamengos, com a canção Les Flamandes, de 1959, em pleno início de gravíssimos confrontos entre as duas comunidades. Já contei, mas repito: ouvi-a, ao vivo e bem a cores, alguns anos depois de ser lançada, no cineteatro de Lovaina (terra de flamengos…), onde Brel insistiu em cantá-la apesar de todas as ameaças. À saída, esperava-o uma enorme manifestação que acabou com bastonadas da polícia e muitas montras partidas à pedrada.
Muito mais tarde, em 1977, poucos meses antes de morrer, voltou ao tema, agora com uma terrível agressividade, em «Les Falmingants».
Passaram-se, entretanto, algumas décadas. Ontem, pela primeira vez, um partido pró-independência da Flandres (repito: não o extremista) foi o mais votado. Alguma estranheza?
P.S.1 - É verdade que muitas das razões para a vitória nas eleições de ontem se devem ao «egoísmo» dos mais ricos que não querem continuar a suportar as despesas de todos - há várias pequenas Alemanhas por essa Europa fora, como é óbvio. Mas isso seria tema para uma outra conversa.
P.S. 2 - Este post é, em parte, uma espécie de comentário ao que João Tunes publicou aqui e aqui.
Já aqui escrevi o que pensava sobre a possibilidade de alunos sem sucesso no 8º ano poderem fazer exames do 9º e acederem directamente ao 10º. Entretanto, foram muitos os que se pronunciaram a favor da medida, com argumentos válidos.
«Os estudantes do 8.º ano que façam o exame de Português do 9º no dia 23 - numa tentativa de "saltar" para o 10.º - arriscam não tirar qualquer partido do teste. Isto porque, na maioria dos casos, a admissão dos alunos na prova será feita "à condição", ou seja, a sua validade está dependente da avaliação final que o conselho de turma (CT) da escola der ao aluno.
Paradoxalmente, os estudantes que conseguirem passar para o 9.º ano pela via tradicional acabarão por não poder beneficiar das provas. Motivo? O regime que permite aos maiores de 15 anos acabar o 9.º ano através de exames e provas de equivalência à frequência não se aplica a quem tenha concluído o ano lectivo.»
Ou seja: o Zezinho está quase a concluir o 8º ano. Tem medo de chumbar, procura tirar partido da nova legislação e faz os exames do 9º ano, correm-lhe bem e acredita que vai frequentar o 10º. Mas, afinal, não chumba no 8º e, por esse motivo azarento, irá obrigatoriamente parar ao 9º, no próximo ano lectivo. É exactamente isto, não é? Ou houve alguém aqui que se / me enganou?
Já que é impossível ler jornais e blogues sem encontrar 50% dos textos sobre futebol (estou cheia de boa vontade…), também vou a jogo.
Ao afirmar que «pretende ser o melhor jogador da prova» e quando «garante que vai "explodir" durante o torneio», Cristiano Ronaldo parece dar razão a quem critica o seu protagonismo na equipa de Portugal (texto de hoje no blogue Papeles Perdidos, do Babelia).
«Estarán, es cierto, diez más en campo, pero todo parece pendiente de las dos piernas de un chaval que, por más valiente que sea y por más rápido que corra, sigue siendo un chaval y no un hacedor de milagros, ni tampoco un profeta o un dios. (…)
Todos acordamos otros jugadores geniales que fueran capaces de crear la ilusión de que lo han hecho ellos sólos, pero Pelé, Maradona, Ronaldinho y Zidane no estuvieron sin ayuda. Los asistían otros enormes jugadores. (…)
Es un equipo formado por jugadores sin brillo y todavía incapaz de enseñar una idea que sea de lo que pueda ser su juego — y luego condenada a esperar que Ronaldo lo solucione a todo, como si el madrilista fuera una especie de eucalipto que no autoriza que nadie florezca alrededor. (…)
Ronaldo está ahí y a los otros les toca organizarse alrededor del niño-prodigio, verle correr como un galgo y esperar lo que les quede.»
O nosso velho sebastianismo ou, bem pelo contrário, má vontade de nuestros hermanos e vestígios da síndrome de Aljubarrota? Quem sou eu para o saber!
P.S. - A favor do sebastianismo: acabo de ouvir que a TSF fará amanhã uma emissão especial, antes do Portugal - Costa do Marfim, a partir da Madeira - «terra de Cristiano Ronaldo».
Deste homem, Bart De Wever, presidente do N-Va, o partido flamengo mais votado nas eleições de hoje na Bélgica, pode depender a sobrevivência do país.
O N-Va admite, a prazo, a dissolução da Bélgica e a independência da Flandres e De Wever disse esta tarde uma frase que já corre mundo: «Não é o fim de um país, é uma evolução, o país desdobra-se em duas fortes democracias.»
Encetou-se, muito provavelmente, o processo de um divórcio anunciado há décadas e que será inevitavelmente litigioso. Tal como nos casais, nunca se saberá se não terá perdido apenas por ser demasiado tardio.
Não seria uma maravilha termos uma campanha para as presidenciais com cinco candidatos: Cavaco e Bagão Félix ou Santana Lopes à direita, Alegre e Carvalhas (?) à esquerda e Fernando Nobre não se sabe exactamente onde?
Claro que, para a saúde mental do povo e a alegria no trabalho, uns meses com Santana na ribalta seriam bem melhores do que com Bagão, mas paciência. Logo se veria. O dr. Aníbal seria forçado a tirar os botões de punho e a arregaçar as mangas, parece que Policarpo ficaria feliz (e isso também não é de desprezar para a tal alegria de uma parte do povo), César das Neves e a drª Isilda escreveriam crónicas e lançariam lancinantes petições.
Divertimento assegurado durante uns meses, segunda volta garantida.
Falando mais a sério. Uma sondagem da Aximage, que não considera esta boa esperança de existirem dois candidatos à direita, dá vitória de Cavaco à primeira volta com 53,4%, contra 28,1% para Alegre,. E «arruma» Fernando Nobre com 8,6%.
Más notícias para Alegre? Nem pouco mais ou menos. É bom não esquecer que Cavaco está em campanha activa para 2011 mais ou menos há cinco anos e que, segundo esta sondagem, só ganhou com isso cerca de 3% relativamente ao resultado que conseguiu em 2006. É pouco, muito pouco, quando o caminho para o segundo mandato é geralmente um ameno passeio. Tudo leva a crer que não o será, desta vez, com ou sem Bagão e Santana atravessados no terreiro.