Meninas bonitas como mandatárias para a juventude, ou mesmo nas listas ou nas intrigas em torno das mesmas, talvez por aquilo a que Vasco Barreto chama
«a sublimação republicana da libido» (também podiam ser meninos que, para o caso, iria dar ao mesmo). Palcos, luzes, discursos que exaltam o
beautiful people naquilo a que dantes se chamava «a força da vida», entre os 40 e os 50 e muito poucos anos – a geração que, naturalmente e com toda a legitimidade, está no poder, domina jornais, televisões, blogues e redes sociais. Que, segura da sua experiência acumulada, olha um pouco de esguelha e já com uma certa insegurança para quem tem menos dez ou quinze anos, mas sente ainda longe o risco de engrossar o número de sexagenários atropelados na Avenida da Liberdade (é sabido que isso nunca acontece a quinquagenários…)
É certo que as campanhas eleitorais nos bombardearão de novo com as imagens do dr. Paulo Portas em visitas a asilos e com as dos velhos que jogam às cartas na Parada de Campo de Ourique a quem será prometido mais uns tantos euros nas reformas. Até já saiu
um jornal de campanha que, paternalistamente, se diz «para o avô e a criança». Além de que será impossível evitar a imagem de uma candidata de peso, que é velha e que é feia. Mas as atenções estarão viradas para as Jotas e para as Patrocínios que trarão votos juntamente com as cerejas.
Será no entanto um erro não se prestar um pouco mais de atenção aos milhares e milhares de velhos que ainda não têm Alzheimer nem precisam de mais 100 euros na reforma. Porque eles irão votar (ou não) silenciosamente, talvez muito mais «contra» uma infinidade de coisas do que a favor da gritaria que lhes entra pela casa dentro.