28.9.13

Quando os votos chegavam a cavalo



Vejo por aí que amanhã se votará pela 11ª vez em eleições autárquicas, mas confesso que recordo sobretudo as duas primeiras: 1976 pela novidade e porque foi a única em que me candidatei ao que quer que seja (pelos GDUP, à CML, com enorme probabilidade de ser eleita, como se imagina...) e a seguinte, em 1979, por uma historieta que passo a contar.

Por razões profissionais, estive durante alguns anos ligada ao processamento dos resultados eleitorais, então efectuado no Centro de Informática do Ministério da Justiça. Viviam-se semanas épicas na preparação de todos os processos, noites ainda mais épicas quando a data chegava e já disse em tempos como é quase surreal recordar hoje a dificuldade, o pioneirismo e o stress com que tudo se passava.

O apuramento era especialmente longo no caso das eleições autárquicas pelo número de candidatos e lugares envolvidos e, em 1979, estive mais de 24 horas sem abandonar o meu posto. Muitas horas depois do fecho das urnas ainda faltavam os dados de quatro freguesias e, às 16:00 do dia seguinte, nada se conseguia saber de uma delas, localizada bem a Norte do país, salvo erro em Trás-os-Montes. Primeiro faxes, depois telefonemas para o respectivo Governo Civil... tudo inútil, ninguém encontrava o rasto do presidente da única mesa onde se tinha votado. Até que, bem mais tarde, o inesperado aconteceu: o homem acabou por chegar, em pessoa, ao Ministério da Justiça em Lisboa. Tinham-lhe dito que era ali que os dados eram processados e ele pôs-se a caminho. Trazia a urna ainda fechada e tinha deixado à porta… o cavalo que o transportara desde casa!

Oiço agora um ministro a prever, para amanhã, prováveis erros e atrasos no conhecimento dos resultados por causa das alterações ao mapa eleitoral! Com os meios tecnológicos hoje existentes? Ora... Julgo que ninguém vai ter de esperar por votos transportados a cavalo. 
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Pistas para reflexão (1) – Votar é sexy



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A manifestação que não existiu



Há 39 anos, o país estava agitadíssimo. Desde as primeiras horas da manhã, dezenas de grupos de militantes paravam e revistavam carros de quem, hipoteticamente, se dirigia a Lisboa para a chamada Manifestação da Maioria Silenciosa – uma iniciativa de apoio ao apelo do general Spínola, convocada dias antes por cartazes que invadiram a cidade.



Os sinais públicos de ruptura crescente entre o presidente da República e o governo de Vasco Gonçalves e o MFA tinham sido mais do que evidentes, dois dias antes, durante uma tourada organizada pela Liga dos Combatentes no Campo Pequeno, na qual Spínola foi aplaudido e Vasco Gonçalves apupado.

A Manifestação do dia 28 não chegou a realizar-se porque o COPCON prendeu na véspera cerca de setenta pessoas suspeitas de estarem ligadas à iniciativa e pelas actividades populares acima referidas. E Spínola acabou por pedir a demissão em 30 de Setembro, tendo sido substituído na presidência da República por Costa Gomes.

Também era Sábado, não se reflectia em quem votar no dia seguinte, o céu de Lisboa estava tão cinzento como hoje e eu já conhecia António Costa que andava então de calções. 
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Nelson Arraiolos não desiste (ACTUALIZADO)



Foi ontem enviada aos órgãos de comunicação social a seguinte Nota de Imprensa, na qual se anuncia que Nelson Arraiolos dirá também à ministra das Finanças que deixou de pagar impostos e porquê (*). O tema será abordado no Porto Canal, hoje pelas 20:00 e amanhã às 13:00.

«Ao meio-dia desta quarta feira, Nelson Arraiolos irá ao Ministério das Finanças com o intuito de pedir uma audiência a Maria Luis Albuquerque para anunciar que decidiu deixar de pagar impostos. Esta acção é no seguimento de outra no mesmo sentido entregue há duas semanas atrás a Cavaco Silva que, compreensivelmente, anuiu pelo seu silêncio.
O Nelson está desempregado, carece de apoio adequado para a doença degenerativa de que padece e a sua família foi alvo de penhoras ilegais por parte das Finanças que visavam dívidas do próprio.
Agradece-se a todos as senhoras e senhores jornalistas, órgãos de comunicação e cidadãos em geral a divulgação e apoio a este acto de resistência involuntária.
Nelson Arraiolos
926880152»




(*) O texto da carta que foi entregue a Cavaco Silva pode ser lido aqui
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Pistas para reflexão (1)

27.9.13

Contas que ajudam a reflectir



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Woody Allen no Porto?

Até as bandeiras protestam!



Bandeira Nacional rasgada devido ao mau tempo.

Grandoladas da mãe natureza, em vésperas de autárquicas?
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Os políticos são todos iguais?



Este texto de Manuel Esteves, no Negócios (*), é particularmente oportuno em vésperas de eleições, quando tantos se desculpam com a má qualidade dos políticos para tudo e mais uma coisa e, de um modo especial, para se reduzirem à função de juízes de sofá em vez de irem votar no próximo Domingo. «Os políticos só serão todos iguais no dia em que os eleitores forem todos iguais.»

«Existem razões de sobra para que nos sintamos descontentes com a qualidade média dos políticos e com o seu desempenho. A forma fechada como os partidos funcionam, a vulnerabilidade das suas agendas a temas eleitoralistas, a dependência financeira dos seus protagonistas face à dita actividade política e a falta de qualificações suscitam legítimo e compreensível desagrado. Mas nada disto justifica o discurso anti-político do "são todos iguais". É errado e é perigoso.

Os políticos só serão todos iguais no dia em que os eleitores forem todos iguais. Enquanto houver eleitores que se informam, reflectem e decidem, haverá políticos sérios e capazes. Se, pelo contrário, cresce o número de eleitores mal informados, desinteressados e alienados da causa pública, maior será o número de políticos incompetentes e corruptos. (...)

Sabe-nos bem dizer mal e sabemos que isso só é possível em democracia. E não temos tempo nem jeito para intervir no bairro, na escola ou no local de trabalho. E, assim, lá vamos andando, "com a cabeça entre as orelhas", libertando, muitas vezes sem querer, o pequeno fascista que temos dentro de nós e que aos poucos e poucos vai minando os pilares da nossa democracia.»

(O link pode só funcionar mais tarde.)
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26.9.13

Do princípio da (não) identidade



Ricardo Araújo Pereira, na Visão de hoje.

«Em Portugal, uma coisa raramente é o que é. O desajustamento desajusta, o irrevogável revoga-se, a requalificação não requalifica, o resgate não resgata e no dia do regresso aos mercados não se regressa aos mercados. (...) Quando a própria realidade é troca-tintas, a vida torna-se uma questão de perspectiva.
É tempo de investirmos naquilo em que somos bons e nós somos bons a falhar metas e a pedir resgates.»

Na íntegra AQUI.
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45 é um número redondo: em 1968, chegou Marcelo Caetano



No dia 26 de Setembro de 1968, às 20:00, Américo Tomás anunciou a substituição de Salazar por Marcelo Caetano, neste sinistro discurso:



No dia seguinte tomou posse o novo governo e, do discurso de MC, ficaria a célebre frase: «Não me falta ânimo para enfrentar os ciclópicos trabalhos que antevejo.» (Texto do discurso aqui.)

Sabendo o que se seguiu entre 1968 e 1974, não é fácil compreender que muitos, mesmos entre os resistentes antifascistas, criaram grandes expectativas com a nomeação de Marcelo (ter um chefe de governo que NÃO era Salazar constituía, por si só, uma experiência única...). A «Primavera Marcelista», expressão usada para caracterizar os dois anos que se seguiram, alimentou muitas sonhos quanto ao sucesso de uma «evolução na continuidade». Mas claro que também foram muitos os que nunca alimentaram quaisquer esperanças. O desfecho é conhecido...

Começariam as «Conversas em Família»:




E continuaram as «pérolas» nos discursos de Américo Tomás:


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Virtual, para já



A Sagrada Família, de Antonio Gaudí, tal como poderá ser vista quando completada, em princípio por volta de 2026. A fachada principal parecerá uma espécie de órgão gigante e incluirá a grande entrada para a catedral.

Como ficará por dentro não é mostrado. Estive lá há pouco tempo e voltei a ficar maravilhada.



(Daqui)

Pensões: se Maomé não vai à montanha...



Se funcionários públicos, reformados, pensionistas e as organizações que os representam não desistirem de lutar, se o Tribunal Constitucional continuar, teimosamente, a cumprir o seu dever, se a rua voltar a mostrar em breve um novo cartão vermelho ao governo, então a coligação sólida que nos governa já tem na manga o legado que Vítor Gaspar lhe deixou na hora da despedida: a possibilidade de usar o fundo da reserva das pensões para investir na dívida portuguesa.


Claro que a pensões ficarão quase totalmente expostas à volatilidade das obrigações portuguesas, mas who cares? Por enquanto, ainda se ouvem os acordes de My heart will go on.
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25.9.13

A cidade e a utopia




Uma canção de José Afonso, que é também um manifesto, aqui filmada pelo Tiago Cravidão para a candidatura às autárquicas dos Cidadãos por Coimbra
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Quem se lembra dos SUV?



Há 38 anos, por esta hora, o centro de Lisboa preparava-se para uma grande manifestação dos SUV (Soldados Unidos Vencerão) – uma auto-organização política de militares, clandestina, que se definia com «frente unitária anticapitalista e anti-imperialista» e que nascera no início do mês, algures num pinhal entre Porto e Braga.

Já se tinham realizado alguns desfiles, outros viriam a ter lugar em várias cidades, mas julgo que nenhum teve a dimensão do de Lisboa, naquele 25 de Setembro, com apoio de partidos como o MES, a LCI, a UDP e o PRP. Centenas de soldados fardados, acompanhados por representantes das comissões de trabalhadores e de moradores e por uma multidão, subiram do Terreiro do Paço até ao Parque Eduardo VII, onde teve lugar um comício. No fim deste, foram desviadas dezenas de autocarros da Carris, que levaram quem quis até ao presídio da Trafaria, de onde, pelas 2:00 da manhã, foram libertados dois militares que se encontravam detidos, precisamente por terem distribuído panfletos de propaganda da manifestação.

Para se perceber um pouco mais do que estava em causa, vale a pena ler o Manifesto com que os SUV se apresentaram, «embuçados por razões de segurança», em conferência de imprensa realizada no Porto, em 7 de Setembro, e que foi transmitida pelo Rádio Clube Português.



Imagens da manifestação em Lisboa:



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Quando as universidades fecham as portas



Mais três universidades gregas cessam actividades por falta de meios, o que é uma péssima e dramática realidade.

Chegou agora a vez da Universidade de Ioannina, da Universidade Aristóteles de Tessalónica, a maior da Grécia, e da histórica Universidade Politécnica de Atenas, símbolo da resistência à ditadura militar entre 1967 e 1973. 

Imagens dessa resistência em 1973, quando vários estudantes perderam a vida:



Agora foram abatidos pela troika, comenta-se na notícia detalhada que pode ser lida aqui
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(Mais) impostos só para pagar juros



Se os números revelados neste texto do «i» são correctos, alguns deles são no mínimo chocantes para o comum dos mortais.
Concretamente: o «enorme» acréscimo de impostos amealhado nos primeiros oito meses deste ano terá sido praticamente «engolido» pelo pagamento de JUROS relativos aos empréstimos da troika (96,4%, para se ser mais preciso).

Tudo normal? Provavelmente, mas isto não pode acabar bem. 
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24.9.13

Paulo Portas como actor principal...



... e António Costa como rival, ou vice-versa?


Vão-se os dedos, que anéis já não há... Sai mais um estádio de futebol para a mesa do canto.
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Directamente da campanha de Fernando Seara a Lisboa



Melhor é impossível. A ouvir aqui
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É melhor repetirmos: Portugal nunca será a Grécia



... mesmo que a convicção seja cada vez menor.


«Esta decisión se toma después de que el Ministerio de Educación anunciara el paso a la reserva laboral de 1.655 empleados o el 25% de la plantilla de los empleados administrativos en las universidades de todo el país. La reserva laboral es la suspensión laboral cobrando durante 8 meses hasta ser presuntamente ”trasladado ” en algunos casos a otros puestos. .. Pero como ha dicho el Ministro de la Reforma Administrativa hay que despedir a 400.000 mil funcionarios en seis años , según lo pactado por la Troika ( de un total de unos 600 mil que ahora hay en Grecia).»

Por cá, somos mais subtis: chamamos-lhe «requalificação».
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Que se lixe a troika! Não há becos sem saída!



Promovida pelo movimento «Que se lixe a troika!», terá lugar em 26 de Outubro mais uma manifestação, para a qual circula já o seguinte apelo, aprovado no passado Domingo num plenário que reuniu cerca de 150 pessoas:

É tempo de agir.
Sabemos que o regime de austeridade no qual nos mergulharam não é, nem será, uma solução. Voltamos a afirmar que não aceitamos inevitabilidades. Em democracia elas não existem.

É tempo de escolhas simples. Educação para todos ou só para alguns? Saúde pública ou flagelo? Transporte público ou gueto? Constituição ou memorando da troika? Cultura ou ignorância? Pensões e salários dignos ou miséria permanente?
Nós ou a troika?

Sectores vitais para a nossa sobrevivência estão a ser entregues a banqueiros e especuladores, que os reduzirão à razão do lucro: água, energia, transportes, florestas, comunicações. Querem forçar-nos a abdicar do que construímos: na Saúde, na Educação, nos direitos mais básicos como habitação, alimentação, trabalho e descanso.
A troika e os governos que a servem pretendem deitar fora o sonho de gerações de uma sociedade mais livre e igualitária.

A quem está farto de ver vidas penhoradas e esvaziadas, fazemos o apelo a que se junte a nós na construção da manifestação de 26 de Outubro.
A manifestação será mais um passo determinante na resistência ao governo e à troika! Não há becos sem saída. 
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23.9.13

Uma dúvida que me atormenta


Se Merkel fosse um macho de 59 anos, os alemães chamavam-lhe «papá»?
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Mais uma data de Setembro



Pablo Neruda morreu há 40 anos, em 23 de setembro de 1973, apenas 12 dias após o golpe de Estado no Chile, oficialmente em consequência de um cancro na próstata.

Se houve sempre dúvidas quanto à veracidade desta causa, elas agravaram-se há dois anos quando o motorista do poeta afirmou que ele terá recebido uma injecção letal numa clínica de Santa Maria, em Santiago do Chile, para impedir que se exilasse no México como era sua intenção. Com base nestas declarações, o Partido Comunista do Chile apresentou uma denúncia formal à Justiça, foi aberto um processo e, em Abril deste ano, foi iniciada a exumação dos restos mortais do poeta (sepultado juntamente com a sua última mulher no jardim da casa em Ilha Negra), que foram enviados para análises em Espanha e nos Estados Unidos. Na clínica em questão, nunca foi possível encontrar a ficha médica de Neruda, nem a lista dos trabalhadores presentes, tendo sido entretanto dado judicialmente como provado (em 2006) que nela foi envenenado o ex-presidente chileno da Democracia Cristã Eduardo Frei, em 1982.



Mas hoje é dia de o recordar em vida, com a sua voz inconfundível:





E dia também para ver esta bela iniciativa da BBC Mundo, preparada para hoje, que apresenta uma versão do Poema 15 em 21 línguas:

Na crista da onda e pelas piores razões



No Wall Street Journal, o texto sobre Portugal, que hoje todos citam: «Portugal Could Be Cooking Up a Storm». (Aqui na íntegra.)

«Now that the German elections are over, the euro zone needs to get back to crisis fighting. And top of the list of urgent problems is what to do about Portugal.
Uniquely among crisis countries, Portugal has seen no benefit from improving sentiment toward the euro zone. (...)

The risk is that the crisis is causing Portugal's elites retreat to familiar comfort zones just when they need to be embracing radical change. Viewed this way, the multi-dimensional chess game is the least of Portugal's problems. No doubt a way will be found to finesse the immediate financing challenge, most likely involving some official-sector debt rescheduling and a precautionary credit line. But that will only buy Portugal some more time. The question is, for what?» 
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É mais ou menos isto


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Passos Coelho versão Pilatos



«Enquanto os alemães se preparavam para entronizar Angela Merkel como a grande líder (...) Pedro Passos Coelho decidiu anunciar ao país que um segundo resgate está iminente. (...)
Um primeiro-ministro que se recusa a falar da flexibilização do défice (...) e decide falar numa acção de campanha no Ribatejo de que um segundo resgate estará em cima da mesa é, para se ser simpático, incompreensível e desconcertante. (...)

Mas Pedro Passos Coelho talvez tenha decidido expressamente anunciar o segundo resgate para que ele seja assumido pelos portugueses (...) através da sua particular narrativa. A culpa dos juros ultrapassarem, neste momento, os 7 por cento é da crise política, logo, de Paulo Portas. (...) Ouvir Passos Coelho anunciar a iminência do segundo resgate e pedir-nos para não "fazer de conta" que não houve uma crise no Verão é mais ou menos equivalente a declarar uma nova crise política da qual ele se prepara para lavar as mãos.»

Ana Sá Lopes

22.9.13

Ei-lo



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Mais alguns anos



... para lhes dar uso. 
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Era p'ra amanhã



Em Março de 2012, Vítor Gaspar fixou um dia para o regresso de Portugal aos mercados financeiros: 23 de setembro de 2013, uma segunda-feira.

Lá estaremos. Bateremos à porta dos ditos mercados, amanhã, pela fresquinha.

É p'ra amanhã / Bem podias viver hoje / Porque amanhã quem sabe se vais cá estar / Ai tu bem sabes como a vida foge / Mesmo que penses que está p'ra durar. 
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«Kitsch» político



Antonio Muñoz Molina publicou ontem no Babelia, de El País, um texto a propósito do kitsch nas manifestações a favor da independência da Catalunha, que pode ser trazido, sem grande esforço, para outras realidades bem próximas de nós. Não que esteja em causa qualquer sentimento de superioridade em relação ao que se vê por aí em termos de propaganda das próximas eleições autárquicas, mas lá que não falta kitsch é uma realidade indesmentível e bem reveladora do estado das mentalidades.

«El kitsch es al arte lo que la margarina a la mantequilla, (...) lo que la novela histórica a la historia, lo que Isabel Allende al mejor García Márquez, (...) lo que los anuncios turísticos de la Junta de Andalucía a la realidad de Andalucía, (...) lo que el hotel Alhambra Palace de Granada a la Alhambra de Granada.»
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