5.2.11

Comunicado da Deolinda a propósito da nova canção "Parva Que Sou"


«No passado mês de Janeiro, durante os quatro concertos que realizámos nos Coliseus do Porto e de Lisboa, apresentámos uma canção nova intitulada “Parva que sou”.

Esta música fazia parte de um conjunto de quatro novas canções que trabalhámos e ensaiámos com o intuito de apresentar uma delas num alinhamento especialmente feito para os Coliseus. Escolhemos “Parva que sou”, porque era aquela que tinha o arranjo terminado e porque o tema que abordava nos pareceu actual.

Durante os ensaios e até em apresentações feitas a amigos nunca imaginámos a dimensão que a sua letra poderia tomar.

Foi com grande surpresa e emoção que assistimos a uma reacção tão intensa e espontânea por parte das pessoas que estavam a ouvir uma música inédita.
Verso a verso, fomos sentindo o público a apropriar-se da canção e a tomá-la como sua. Foram 4 momentos especiais e porventura únicos de comunhão entre nós e o público.

Após os concertos, ao ver que o tema “Parva que sou” continua a ganhar vida através das redes sociais e dos meios de comunicação, não podemos deixar de demonstrar o nosso agrado em perceber que uma canção está a suscitar debate e diálogo em volta de um assunto actual e que julgamos da maior pertinência. Mais felizes ainda ficamos, enquanto músicos, ao constatar que a Música continua a ter este papel na nossa Sociedade.

Iremos em breve disponibilizar uma versão da música, gravada num dos concertos nos Coliseus, para que quem a queira ouvir o possa fazer com maior qualidade sonora.
Agradecemos todo o carinho que as pessoas têm demonstrado e o genuíno interesse da imprensa relativamente ao “Parva que sou”.

Mais não precisamos de dizer. A canção fala por si.

Ana Bacalhau / Pedro da Silva Martins / Luís José Martins / Zé Pedro Leitão»

(Via Facebook, aqui)


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Católicos e Guerra Colonial


No último número da revista Ecclesia, três artigos um Dossier Guerra Colonial.

Um grito contra a guerra
Jorge Wemans, preso em Caxias na sequência do caso da Capela do Rato

Um capelão em Angola
Agostinho Brígido, missionário espiritano e capitão do Exército

Paulo VI: Rezar por todos em tempo de guerra
João Miguel Almeida, historiador
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Arder de raiva e de lucidez


Em Le Monde de ontem, um belo texto, uma espécie de «grito da alma» que vale a pena ler (pelo menos antes que a francofonia desapareça para todo o sempre…): Flamber de rage et de lucidité.

«Os nossos países não são vítimas de uma sinistra fatalidade. Não estamos condenados nem a matarmo-nos uns aos outros nem a suicidarmo-nos. Desde que os nossos dirigentes, mesmo que para tal tenham que fazer um esforço, oiçam por um instante o ruído surdo da desgraça. Apenas por um breve instante.»
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Paris 1900 (9)


Jardin des Tuileries
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4.2.11

Assim vai (mal) a Assembleia que temos


É este o texto do Voto que foi hoje recusado na Assembleia da República, com os votos a favor de BE, PCP e Verdes, contra do PS e do PSD, abstenção do CDS e de quatro deputados do PS (Defensor Moura, Jamila Madeira, Vera Jardim e Manuel Mota). É bom ler o que esteve de facto em discussão e não apenas as notícias e resumos dos jornais.

Bloco de Esquerda -Grupo Parlamentar

VOTO DE SOLIDARIEDADE
COM A LUTA PELA DEMOCRACIA NO EGIPTO

2011 começou com o vento forte da liberdade. Depois da queda da ditadura na Tunísia e de fortes mobilizações em favor da democracia em vários países árabes, é a vez da ditadura no Egipto estar mais próxima do fim. Depois de 10 dias consecutivos de gigantescas mobilizações plurais no Cairo e em várias outras cidades do país do Nilo, o povo egípcio quer o fim imediato do regime de Hosni Mubarak, há três décadas no poder.

No dia 1 de Fevereiro, depois de mais de um milhão de pessoas terem convergido na maior manifestação de sempre no Egipto, o Presidente Mubarak teimou em afirmar que se manterá no poder ate Setembro.

A perpetuação desta como de outras ditaduras só foi possível graças à cumplicidade de outros Estados que ajudaram a impedir a expressão livre do povo egípcio em nome dos seus interesses de circunstância e da sua agenda de poder. É, por isso, da maior importância que a comunidade internacional exprima agora a sua solidariedade com as exigências de liberdade e democracia dos homens e mulheres do Egipto e torne claro o seu repúdio pela actuação dos protagonistas da ditadura contra estas exigências, como de resto já fez o Parlamento Europeu.

As lutas pela liberdade comportam sempre riscos. Mas nenhum risco pode servir de álibi para deslegitimar a luta do povo egípcio pela sua liberdade e pela democracia. Um povo que, ao longo destes dias de mobilização intensa, tem demonstrado cabalmente ser digno de admiração pelo carácter pacífico das suas manifestações multitudinárias e até pela sua auto‐organização com vista à defesa do seu património histórico e cultural contra a ameaça de saques e destruição.

A Assembleia da República, reunida em plenário, solidariza-se com os protestos
pacíficos do povo egípcio e com as suas exigências de fim imediato da ditadura e de
marcação de eleições livres.

Palácio de São Bento, 03 de Fevereiro de 2011.
Os Deputados e Deputadas do Bloco de Esquerda,

Já foram divulgadas algumas das hipotéticas razões do PS para votar contra (por exemplo aqui).

Mesmo admitindo-se que o tenha feito apenas por não ter querido ir a reboque do Bloco ou, bem mais provavelmente, por não ter gostado da forma como Jorge Costa defendeu a proposta de voto e / ou por se ter sentido visado como governo de um dos «Estados que ajudaram a impedir a expressão livre do povo egípcio em nome dos seus interesses de circunstância e da sua agenda de poder», não terá passado pela cabeça do exaltado Francisco Assis & friends proporem um outro texto, mesmo antes do Bloco o ter feito ou em alternativa ao deste? Não era importante nem oportuno? Porquê exactamente? «Porque a administração norte-americana está a exercer influência para uma resolução do problema e que essa é a via», como terá defendido o líder da bancada do PS (de acordo com a notícia acima referida)? Isso é coisa que se diga como justificação para se ficar de braços cruzados?


A geração parva


A ler, ou reler, a excelente crónica de Rui Tavares no Público de há dois dias.

«Há mais ou menos dezoito anos, um editorial deste jornal teve a ideia de chamar “geração rasca” aos jovens que na altura tinham mais ou menos dezoito anos. A geração — essa geração, a minha — nunca mais conseguiu esquecer. Com toda a ambiguidade, levámos o nome a peito: ficámos ofendidos com ele, um pouco envergonhados sim, muito irritados também, mas fizémo-lo nosso sobretudo, tentando dar-lhe a volta (a “geração à rasca”) às vezes. Recusámo-nos sempre, sabe-se lá porquê — porque era injusto, digo eu —, a largá-lo.

Que o nome era injusto foi-se vendo depois. Na verdade, esta geração, que tem agora o dobro da idade, não foi absolutamente nada rasca. Pelo contrário, espanta-nos a nós — e a quem quiser observar — o quão cordatos fomos. Passámos a segunda metade das nossas vidas com esse ferrão do vexame em manifesto silêncio. Ouvimos até à náusea que éramos a “terra queimada” do sistema de ensino — chegámos a repeti-lo nós, por reflexo condicionado — até muito recentemente apenas se ter começado a reconhecer que afinal somos a “geração mais bem preparada” de sempre no país. O que pode não ser difícil, mas não deixa de ser verdade. E nestes anos todos, de forma passiva, cabisbaixa e rotineira lá fomos aceitando mais um estágio, mais um subemprego, mais uma caderneta de recibos verdes, mais um mês no call center, ou — pior ainda — um telefonema do call center a dizer que afinal não precisamos de ir neste mês nem nos seguintes.»

Na íntegra aqui.



Sou da geração sem remuneração / e não me incomoda esta condição. / Que parva que eu sou! / Porque isto está mal e vai continuar, / já é uma sorte eu poder estagiar. / Que parva que eu sou! / E fico a pensar, / que mundo tão parvo onde para ser escravo é preciso estudar. / Sou da geração ‘casinha dos pais’, / se já tenho tudo, pra quê querer mais? / Que parva que eu sou! / Filhos, maridos, estou sempre a adiar / e ainda me falta o carro pagar, / Que parva que eu sou! / E fico a pensar / que mundo tão parvo onde para ser escravo é preciso estudar. / Sou da geração ‘vou queixar-me pra quê?’ / Há alguém bem pior do que eu na TV. / Que parva que eu sou! / Sou da geração ‘eu já não posso mais!’ / que esta situação dura há tempo demais / E parva não sou! / E fico a pensar, / que mundo tão parvo onde para ser escravo é preciso estudar.
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Tahrir Square em Lisboa


Sábado, 5 de Fevereiro, 15:00
Praça do Município
Lisboa

«Prepara-se para este Sábado uma demonstração global de solidariedade para com os manifestantes pacíficos e corajosos que estão nas ruas do Egipto a tentar resgatar-se de uma ditadura de 30 anos.

Nós, em 1974, seguimos o MFA. Eles vieram para as ruas e aguardam ainda que o exército os siga. Juntamo-nos a eles na Praça do Município, morada dos representantes da nossa cidade. Como tantos outros farão noutras praças pelo mundo inteiro. Para, pacificamente como aqueles que apoiamos, dizer ao mundo e ao Egipto que a Praça Tahrir é em Lisboa.

Mas ATENÇÃO - e o que se segue é uma informação, mas é também um apelo:
Por razões de calendário - as revoluções têm destas coisas e os movimentos espontâneos de apoio também - não foi possível, como é uso, comunicar ao Governo Civil. Se o fizéssemos, esta concentração só seria possível no início da próxima semana, se calhar tarde demais, e sem dúvida desfasada do movimento internacional. Donde, é ainda mais vital que sejamos pacíficos e cívicos. À imagem do povo que queremos apoiar e celebrar, e que tem dado ao mundo uma lição de coragem, civilização e entre-ajuda.

Tahrir estará também
no Porto,
na Praça do Cubo, na Ribeira, às 15h30

e em Coimbra,
na Praça 8 de Maio às 15h

(Fonte)
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Início da Guerra Colonial – Alguns detalhes


4 de Fevereiro de 1961 é considerado o dia um da Guerra Colonial: há exactamente 50 anos foram atacados, em Luanda, a Casa de Reclusão, o quartel da PSP e a Emissora Oficial de Angola.

Pode parecer hoje estranho, mas só mais de dois meses depois, em 8 de Abril, é que Salazar se referiu em público pela primeira vez aos acontecimentos.

A partir daí, tudo se precipitou: cinco dias depois falhou um golpe de Estado dirigido por Botelho Moniz, ministro da Defesa, Salazar assumiu a respectiva pasta e entregou a do Ultramar a Adriano Moreira (a memória é uma coisa tramada…).

No dia seguinte, 14 de Abril, no acto de posse dos novos membros do governo, foi ouvida a célebre declaração de Salazar, que ficaria para a História: «A explicação é Angola, andar rapidamente e em força é o objectivo que vai por à prova a nossa capacidade de decisão»

Depois, foi o que se sabe…



Sobre a Guerra Colonial, visite-se este importante site.
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3.2.11

Dos fundamentalismos


Foi ontem decidido que, dentro de três meses, será proibido fumar em Nova Iorque, mesmo ao ar livre. Nem um cigarrinho para descansar de um jogging no Central Park, num dia de praia em Brooklyn ou nas esquinas de Times Square - local que, como é sabido, tem o ar menos poluído do universo!

É difícil vencer os americanos quando lhes dá para o fundamentalismo, mas nunca brilharam pela coerência. Que eu saiba, não passou a ser proibido vender armas com relativa ou muita facilidade, embora, até prova em contrário, me pareça que ainda matam mais do que o tabaco.

Já agora os americanos podiam copiar o governo do Butão, onde agora não é permitido vender tabaco. Pode-se fumar em privado, mas é preciso demonstrar que os cigarros foram importados ou comprados no estrangeiro e a polícia pode bater à porta para pedir que o recibo seja exibido. Lá chegarão?

Deve ser também isto a tal de globalização…
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A cooperativa PRAGMA


A dois dias de uma sessão que se realizará em Lisboa sobre «A Pragma e a Confronto nas últimas décadas da ditadura», durante a qual será homenageado Nuno Teotónio Pereira - o principal impulsionador destas duas Cooperativas -, recordo a história da primeira.

Se é totalmente incorrecto fazer coincidir o início da oposição dos católicos ao salazarismo com a década de 60, não há dúvida que foi nela que se deu a verdadeira explosão de actividades daquela oposição. Dois factores contribuíram decisivamente para que isto acontecesse: dentro da Igreja, as perspectivas de abertura criadas pelo Concílio Vaticano II e o conservantismo da Igreja portuguesa; na sociedade em geral, a ausência de liberdades elementares e a manutenção da guerra colonial, com todas as insuportáveis consequências que arrastou. Ao invocarem a sua condição de católicos em iniciativas cada vez mais radicais, aqueles que o fizeram atingiram um dos pilares ideológicos mais fortes do regime e este foi acusando o toque.

É certo que se tratou de uma oposição que manteve sempre uma certa informalidade organizativa. Concretizou-se em iniciativas e instituições, mais ou menos ligadas entre si através dos seus membros, mas, em parte propositadamente, sem uma estruturação sólida e definida. Daí derivaram fraquezas e forças e, definitivamente, características específicas.

A Pragma foi uma dessas instituições – com uma importância e projecção ainda relativamente desconhecidas. Foi fundada por um grupo de católicos, em Abril de 1964, como uma «Cooperativa de Difusão Cultural e Acção Comunitária». Porquê uma cooperativa? Porque foi a forma de tirar o partido possível de uma lacuna legislativa: as cooperativas não tinham sido abrangidas pelas limitações impostas ao direito de associação e, por essa razão, nem os seus estatutos eram sujeitos a aprovação legal, nem a eleição dos seus dirigentes a ratificação pelas entidades governamentais. Forçando uma porta entreaberta por um lapso do poder, os fundadores da Pragma puseram mais uma peça no puzzle da oposição ao regime – cuidadosa e imaginativamente.

Desde o seu núcleo inicial, a Pragma não se restringiu ao universo «intelectual» e incluiu também sócios provenientes do meio operário, nomeadamente dirigentes e militantes das organizações operárias da Acção Católica. Os horizontes abriram-se rapidamente e muitos dos seus futuros membros nem sequer seriam católicos. Aliás, a Pragma acabou por funcionar também como uma espécie de plataforma aglutinadora de elementos da esquerda não-PC que, por não estarem integrados em qualquer estrutura organizativa, nela identificaram um espaço de debate e de encontro (foi o caso, por exemplo, de muitos activistas das lutas estudantis de 1962).

Subjacente a este novo projecto estava, obviamente, um posicionamento de oposição ao regime como um todo, à falta de liberdades, à guerra de África. Pretendeu-se explorar mais uma janela legal de oportunidades, complementar outras iniciativas, criar possibilidades para acções concretas e úteis, aumentar a consciência política e social de um número cada vez maior de pessoas.


Serviço Público


Conheça o Art Project do Google e perca-se pelos corredores de muitos dos principais museus do mundo. Absolutamente notável!


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Noam Chomsky e o mundo árabe


Noam Chomsky deu ontem uma longa entrevista sobre os acontecimentos das últimas semanas. «This is the Most Remarkable Regional Uprising that I Can Remember», disse e desenvolveu ao longo de mais de uma hora.

Nos primeiros minutos, foi especialmente crítico em relação à posição dos EUA, concretizada no discurso que Obama fez na passada 3ª feira, depois da declaração de Mubarak: «Obama very carefully didn’t say anything. (...) He’s doing what U.S. leaders regularly do. As I said, there is a playbook: whenever a favored dictator is in trouble, try to sustain him, hold on; if at some point it becomes impossible, switch sides.»


O resto da entrevista pode ser vista aqui.
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2.2.11

No Sábado


HOMENAGEM A NUNO TEOTÓNIO PEREIRA

No próximo Sábado, 5 de Fevereiro, 16h

Igreja do Coração de Jesus
R. Camilo Castelo Branco, 4 - Lisboa
(entrada pela R. de Santa Marta)

«A década de 60 do século passado e os anos que se seguiram até ao 25 de Abril foram vividos com uma intensidade extrema, com grandes entusiasmos e dolorosas rupturas, corresponderam ao canto do cisne da ditadura sem que então o pudéssemos adivinhar.» (Joana Lopes no Prefácio do livro CONFRONTO – Memória de uma Cooperativa Cultural).

De entre as iniciativas estruturadas levadas a efeito por grupos de pessoas não alinhadas em torno das referências polarizadoras que então faziam resistência ao Regime (PCP, velhos republicanos e pessoas da génese do futuro PS), salienta-se a criação das cooperativas de acção e dinamização cultural PRAGMA (1964-1972), em Lisboa e CONFRONTO (1966-1972), no Porto, tendo em boa medida como referência os passos para “aggiornamento” dados então pela Igreja Católica e despoletados por João XXIII.

As intenções de actividade então publicitáveis, estão bem sintetizadas no texto de César Oliveira e José Carlos Marques «A cooperativa é um lugar geométrico de possibilidades. Pessoas há que vêem nela um centro cultural com possibilidades de se tornar criador. E muitas mais pessoas poderão criar iniciativas, se o quiserem. No nosso meio, não há muitas razões para desperdiçar as mais ténues possibilidades de renovação, invenção, trabalho sério.»

Uma pessoa, em Portugal, pela sua acção, espírito de iniciativa e de incentivação, teve enorme responsabilidade e protagonismo na criação destas cooperativas, de cuja existência é indissociável, sendo mesmo um dos primeiros dirigentes da PRAGMA: o arquitecto Nuno Teotónio Pereira!

É com este pano de fundo que iremos no próximo dia 5 de Fevereiro, pelas 16 horas, homenagear o Nuno Teotónio Pereira, evocando o papel que a PRAGMA e a CONFRONTO tiveram na resistência na fase final da ditadura de Salazar e Caetano, aproveitando ainda para lançar em Lisboa o livro de Mário Brochado Coelho CONFRONTO – Memória de uma Cooperativa Cultural.

Esse evento terá lugar na sala de conferências da Igreja do Santíssimo Coração de Jesus, na Rua Camilo Castelo Branco, em Lisboa, obra emblemática dos arquitectos Nuno Teotónio Pereira e Nuno Portas, que recebeu em 1975 o Prémio Valmor da Câmara Municipal de Lisboa e que em Novembro de 2010 passou a Monumento Nacional por Decreto governamental.

Este evento constituirá também uma boa oportunidade de reencontros e do que daí, obviamente, possa resultar.

(Sessão da Pragma em 1966)
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Bons rapazes


Muito se tem falado da Internacional Socialista nas últimas semanas e não necessariamente pelas melhores razões: primeiro a propósito da Tunísia, e depois do Egipto, quem não anda habitualmente pelos meandros deste tipo de organizações percebeu agora que, na longa lista de entidades que a integram, figuravam os partidos de de Ben Ali e de Hosni Mubarak, entretanto expulsos tarde e a más horas.

A dita Internacional Socialista define para si própria o objectivo de praticar «políticas progressistas para um mundo mais justo» (vale a pena ler a Declaração de Princípios…) e abriga os partidos social-democratas, socialistas e trabalhistas de todo o mundo ou, mais exactamente, aqueles que se definem a si próprios como tal. Ora, como sabemos bem et pour cause, socialismo e social-democracia são mais ou menos quando os que mandam quiserem e ainda por lá ficaram partidos muito pouco recomendáveis, como o nosso querido MPLA…

De expulsão em expulsão… Será uma forma sem dúvida original de chegar ao socialismo.



«La Internacional Socialista acaba de expulsar al PND, el partido de Hosni Mubarak, porque “incumple los valores de la socialdemocracia”. Se dieron cuenta justo ayer. Hace dos semanas, también descubrieron que el partido de Ben Ali en Túnez, el RCD, tampoco reflejaba “los principios que definen a esta organización”. Lo expulsaron tres días después de que Ben Ali huyese del país con su botín.

No quiero cargar todo el muerto a la socialdemocracia; sería muy injusto. El tunecino RCD, por ejemplo, también tenía un acuerdo de cooperación con el Partido Popular Europeo, y el gran aliado de estos regímenes en Europa ha sido el conservador Sarkozy. Todo Occidente –la izquierda y la derecha– parece que acaba de descubrir que en este local se juega, que las repúblicas hereditarias (ese oxímoron) que Estados Unidos y Europa amparan desde hace años en el norte de África y Oriente Medio se levantan sobre la tortura, la censura, el asesinato y la corrupción. He usado bien el verbo: “amparan”, en presente. O si no, ¿cómo explicar las declaraciones de Trinidad Jiménez elogiando la “apertura democrática” de la dictadura marroquí?

La simetría histórica con Latinoamérica, con la vieja política de la CIA en el “patio trasero” de EEUU, es casi perfecta. Las dictaduras bananeras son a las tiranías árabes como el comunismo al islamismo. El miedo al supuesto mal mayor sirve de excusa para tolerar los abusos del hijo de puta, de “nuestro hijo de puta” –como bautizó Roosevelt a Somoza–. De fondo, se asume como inevitable esa teoría tan racista: que esos países “no están preparados para la democracia”. Es una espiral sin fin: jamás estarán preparados mientras siga en el poder un dictador. Es el mismo desprecio que también nos aplicaron a los españoles con aquel hijo de puta que nos gobernó.»

(Texto de I. Escolar, via Paula Godinho no Facebook)
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Mubarak ou Hitchcock – who cares…


Alguém escreveu isto ontem:

«Já estava anunciado que Mubarak não se recandidataria. Há meses que se fez saber que seria o seu filho a apresentar - se às eleições.
Estão milhares a manifestar - se? Mas o Egipto tem 80 milhões de pessoas... De facto, esta amplificação de factos, de manifestações, de agitações pelas reportagens especiais e outras que tais... Fenómenos estranhos!
Ainda hoje passou o filme «Os Pássaros»...O Mundo está cheio deles.»

Quem? Um país que resistiu a isto é grande!

(Levado para o Facebook pela M. João Pires)

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Egipto, Obama, etc., etc.


Antes de mais que fique bem claro que estou muito longe de ser anti-americana e que fui dos que se entusiasmaram com a eleição de Obama. Mas não consegui ouvi-lo, ontem à noite, sem um enorme recuo em relação ao que estava a ser dito.

Independentemente dos acontecimentos que motivaram a sua intervenção – o Egipto -, e mesmo do conteúdo da mesma, aceita-se como normal que o presidente dos EUA apareça, se não como o dono do mundo pelo menos como o seu mentor universal, o paternalista que procura ditar o curso da História para o dia seguinte. Não sou ingénua, sei que é assim mesmo, não ignoro tudo o que está em jogo, mas não me parece normal.

Bem pode Obama dizer que serão os egípcios a decidir o seu futuro que não resiste a tomar logo de seguida as rédeas na mão, não escondendo que falou com Mubarak depois da última intervenção deste e antes de se dirigir «ao mundo», e terminando a dizer aos jovens da Praça Tahrir «We hear you»… (Vale a pena ouvir, ou voltar a ouvir a esta luz, o discurso de ontem à noite.)

O que me ocorre imediatamente é perguntar se este fenómeno perdurará ou se, daqui a uns tantos anos (poucos? muitos?), estaremos condenados à tradução simultânea de um discurso em mandarim, feito por um próximo sucessor de Hu Jintao.

Por outras palavras e era aqui que eu queria chegar: alguém ouviu falar da ONU nas últimas semanas?


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Paris 1900 (8)


Place de la Concorde
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1.2.11

Coelhos chineses


Nada trava a fúria censória das autoridades chinesas. Não só bloqueiam agora todas as referências ao Egipto nas redes sociais, como tratam sobretudo da sua grande casa: poucos dias antes da chegada do Ano do Coelho (com início depois de amanhã, 3 de Fevereiro), cortaram o acesso a um pequeno filme de animação que circulava na net («harmonizaram», dizem eles…), onde coelhos protagonizam críticas bem agressivas ao regime e denunciam alguns problemas recentes.

Os coelhos são dóceis como os chineses, cantam canções infantis conhecidas, mas vão lembrando alguns dramas, como o escândalo do leite contaminado com melanina e a expropriação violenta de casas. O povo dos coelhos é governado por tigres mas estes que se cuidem: o coelho é um animal simpático mas morde quando o enervam.

No fim do vídeo, ouve-se a voz oficial da televisão chinesa, que repete a frase ttadicional da noite de passagem do ano chinês: «Camaradas, amigos, bom ano!».

Com o Cairo e as imagens da Praça Tahrir em pano de fundo, é impossível não se esperar rever um dia Tiananmen, mas com um fim de filme totalmente diferente daquele a que assistimos em 1989.



(Fonte)
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Amanhã, na prisão de Caxias

Aurora Rodrigues, hoje magistrada do MP no DIAP de Évora, foi presa pela PIDE aos 21 anos. Foi torturada, passou por 450 horas de tortura do sono, foi selvaticamante espancada. Um ano e meio depois, foi o Copcon que a levou para Caxias. Resolveu contar, Paula Godinho e António Monteiro Cardoso ouviram-na, Ana Candeias, Hugo de Sá Ribeiro e o Pedro Mogárrio transcreveram. A obra será apresentada por Miguel Cardina e Fernando Rosas.
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Vigília de Solidariedade para com o povo Egípcio


Hoje, 1 de Fevereiro, 18:30
Largo Camões, em Lisboa


O objectivo é recolher assinaturas para posteriormente entregar na Embaixada do Egipto em Portugal, pedindo o fim da violência para com os manifestantes.
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O mundo olha para o Egipto e nós por cá…


Durante todo o dia de ontem, televisões e rádios abriram noticiários com detalhes sobre o gravíssimo drama dos portugueses que estavam à espera de sair do Cairo num avião não sei o quê, que estava de quarentena não sei onde. Repetiram à saciedade declarações de Luís Amado sobre o dito voo, que nada acrescentavam porque nada mais havia a acrescentar. Depois, também se falava da Praça Tahir…

É a saloiice em todo o seu esplendor e o populismo bacoco que explora e alimenta egoísmos de vizinhança, voyeuristas e fáceis.

Ia escrever uma nota sobre o assunto quando deparei com este texto de Ferreira Fernandes, no DN de hoje. É isso mesmo.

«Passei o dia a assistir (rádios, televisões...) à velha definição dos tolos: aponta-se a Lua e eles olham o dedo. O dia foi dedicado aos primeiros 70 portugueses que se preparavam para abandonar o Egipto. Abriram--se os noticiários com acentos épicos: que eles partiriam hoje às 10.30 locais - e estas são 08.30 de Lisboa, disse-se com exactidão, talvez para eu saber a que horas teria de começar a roer as unhas... (…)

Sabem porquê? Pelo critério da proximidade, essa lei que faz privilegiar uma notícia próxima em relação a uma longínqua. Para os ignorantes, esse critério fê-los pensar que o turista nacional é que é importante. (…)

Mas não tenho ilusões, por cá, hoje (dia da grande manifestação cairota), vou passar o dia a ver microfones estendidos ao horror da viagem num barulhento C-130 chegado à Portela.»

Ah, oiço agora mesmo que afinal são 80 - e não 70 - os portugueses que estão para chegar, que as malas já estão a caminho do aeroporto do Cairo e que há um ambiente de emoção!
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Paris 1900 (7)


Grande Roue
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31.1.11

Nada de bom para 2011


O grupo francês de prospective estratégica LEAP/E2020 acaba de divulgar um número do Global Europe Anticipation Bulletin, com o sugestivo título Systemic global crisis - 2011: The ruthless year, at the crossroads of three roads of global chaos.

Nada optimista – é o mínimo que possa ser dito –, prevê que o ano que há pouco teve início será absolutamente implacável e que marcará a entrada na fase terminal do mundo tal como o conhecemos desde 1945.

Porque, desde Setembro de 2008, os Estados Unidos e o resto do Ocidente mais não terão feito do que inventar medidas paliativas para mascarar a crise, preparemo-nos porque o efeito anestésico das mesmas acabará em breve e vêm aí fortes abalos. Escaparão os países, organizações e indivíduos que, desde há três anos, inovaram em modelos, valores e comportamentos.

«A multiplicidade dos riscos e os temas da crise transformaram a roleta de casino em roleta russa. Para LEAP/E2020, o mundo inteiro começou a jogar roleta russa ou, mais exactamente, a sua versão 2011: a roleta americana, com cinco balas no tambor.»

O resto é para ler na íntegra.

(Cheguei a este documento através de J. N. Rodrigues no Expresso.)
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Populismos para Europa ver


Totalmente de acordo com este post de Vítor Dias, a propósito da regra do Orçamento de Estado para 2011, que proíbe a acumulação de reformas com remunerações de qualquer entidade do sector público.

Tal como está a lei é descabida mas, uma vez aprovada, tinha de ser aplicada em Belém. No entanto, e como ironicamente pergunta Medeiros Ferreira, «Cavaco Silva prescindiu do vencimento atribuído ao PR e escolheu manter as reformas a que tem direito. Há algo de errado nisto. Mas o quê?»

Cavaco não viveria pobremente se tivesse prescindido das reformas e não do vencimento. E ficaria melhor na fotografia em termos políticos, já que um presidente da República a trabalhar pro bono, em regime de voluntariado, é pelo menos bizarro e não augura nada de bom. Antes tivesse ido para adjunto de Isabel Jonet.
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Comentários para quê


Cairo, ontem.
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Carta aberta a Obama



Dear President Obama:

As political scientists, historians, and researchers in related fields who have studied the Middle East and U.S. foreign policy, we the undersigned believe you have a chance to move beyond rhetoric to support the democratic movement sweeping over Egypt. As citizens, we expect our president to uphold those values.

For thirty years, our government has spent billions of dollars to help build and sustain the system the Egyptian people are now trying to dismantle. Tens if not hundreds of thousands of demonstrators in Egypt and around the world have spoken. We believe their message is bold and clear: Mubarak should resign from office and allow Egyptians to establish a new government free of his and his family’s influence. It is also clear to us that if you seek, as you said Friday “political, social, and economic reforms that meet the aspirations of the Egyptian people,” your administration should publicly acknowledge those reforms will not be advanced by Mubarak or any of his adjutants.

There is another lesson from this crisis, a lesson not for the Egyptian government but for our own. In order for the United States to stand with the Egyptian people it must approach Egypt through a framework of shared values and hopes, not the prism of geostrategy. On Friday you rightly said that “suppressing ideas never succeeds in making them go away.” For that reason we urge your administration to seize this chance, turn away from the policies that brought us here, and embark on a new course toward peace, democracy and prosperity for the people of the Middle East. And we call on you to undertake a comprehensive review of US foreign policy on the major grievances voiced by the democratic opposition in Egypt and all other societies of the region.

Sincerely,


Paris 1900 (6)


Place Vendôme
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30.1.11

Coisas que me intrigam


Mais ou menos a brincar, a minha neta de três anos não queria hoje calçar os sapatos porque me dizia que eles tinham aranhas. Respondi-lhe que já tinham ido todas para dentro da cabeça dela e que eu até estava a vê-las debaixo dos cabelos.

Pois em verdade vos digo: pouco depois, imaginei os mesmos aracnídeos na cabeça do porta-voz do PS, ao ler as afirmações que terá feito à saída da reunião da Comissão Nacional. Só isso pode explicar o que é relatado em vários jornais.

«Reunido em comissão nacional, o PS viu na vitória de Cavaco "a leitura de que há um forte sentimento de estabilidade política na sociedade portuguesa", que é também um desejo de "estabilidade política ao nível do Governo".
José Sócrates já o tinha dito na noite eleitoral, mas hoje o porta-voz Fernando Medina foi mais longe e afirmou que a vitória do actual Presidente da República em detrimento do candidato apoiado pelo PS Manuel Alegre significa que foram "frustradas as perspectivas dos que viam nestas eleições uma mudança de ciclo político na governação".» (sublinhado meu)

Aliás, Silva Pereira já fizera declarações em tudo semelhantes. Ou seja: temos primeiro Sócrates, depois o seu braço direito, e hoje Fernando Medina, a insistirem na mesma tecla.

Assim sendo, impõem-se perguntar: se tivesse sido Manuel Alegre o vencedor, e não Cavaco Silva, o PS concluiria agora

- Que «há um forte sentimento de estabilidade instabilidade política na sociedade portuguesa» e um desejo de «estabilidade instabilidade política ao nível do Governo»?

- Que saíram «frustradas fortalecidas as perspectivas dos que viam nestas eleições uma mudança de ciclo político na governação»?

Só para tentar perceber...
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El Baradei, hoje no Cairo

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(A partir do minuto 4:26, sobre Obama.)


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Um caso muito sério – os Deolinda


Tardava a (re)aparecer a música de protesto, com qualidade e cantada em português. Aí está ela, na belíssima voz de Ana Bacalhau, agora com dois grandes concertos, no Porto e em Lisboa.




Um excelente texto de Maria de Lurdes Vale no DN de hoje:

Do Coliseu ao Cairo

«Na sexta-feira à noite, os Deolinda tocaram no Coliseu de Lisboa. No final, no último encore, sentiu-se um arrepio na sala. Foi comum. Sentiu-se que foi comum. E de tal forma assim foi que todos os que ali estávamos começamos a levantar-nos aos poucos e a aplaudir, sem parar, o que nos transmitia a voz - que grande voz! - de Ana Bacalhau, vocalista deste grupo que tão bem canta a vida portuguesa. Alguns de nós sabíamos que, lá fora, neste mundo a que todos pertencemos, havia quem, da Tunísia ao Egipto, estivesse, nas ruas, a lutar pela liberdade com o fim de alcançar uma vida mais digna. Outros saberiam mais. Que esse grito de revolta, que está a fazer história em frente aos nossos olhos, foi primeiro ensaiado através das redes sociais, da Internet, e do espaço virtual que todos partilhamos. Que, no mês de Dezembro, em Sidi Bouzid, 260 quilómetros a Sul de Tunes, Mohamed Bouazizi, um jovem licenciado de 26 anos, imolou-se pelo fogo para protestar contra um velho regime de cleptocratas que não lhe deixou outra alternativa que o seu próprio sacrifício. E que esse sacrifício não foi em vão. O regime caiu.

Naquela sala do Coliseu de Lisboa, muitos mais saberiam muito mais coisas. Que o que se passa nalguns países do Magrebe está a ter um efeito-dominó e a contagiar o resto do mundo árabe. Que são os milhares de jovens universitários, a quem nada mais resta nos países onde nasceram que fugir em busca de um qualquer trabalho clandestino na Europa ou nos EUA, onde é difícil entrar, que lideram esta revolta. Que na capital do Egipto há confrontos, mortos e feridos, tanques, jactos de água, mas que nem por isso a rua deixa de ser o palco dos protestos. Que a chama foi acesa por um discurso histórico de Obama, em Junho de 2009, quando disse no Cairo que "todos nós partilhamos este mundo por apenas um breve momento no tempo" e que "a questão é saber se queremos passar esse tempo concentrando-nos naquilo que nos diferencia, ou se estamos dispostos a um esforço, contínuo, para encontrar um terreno comum e concentrar-nos no futuro que queremos para os nossos filhos, e respeitar a dignidade de todos os seres humanos".

Naquela sala do Coliseu de Lisboa, a vocalista dos Deolinda, do alto dos seus 33 anos, anunciou que a última canção era nova e que era "dura" de ouvir. Chama-se "Que parva que eu sou" e diz assim: "Sou da geração sem remuneração e não me incomoda esta condição. Que parva que eu sou! Porque isto está mal e vai continuar, já é uma sorte eu poder estagiar. Que parva que eu sou! E fico a pensar, que mundo tão parvo onde para ser escravo é preciso estudar..."

Que parvos que somos nós se não soubermos juntar-nos à revolta!»
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Paris 1900 (5)


Champs Élysées
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