4.10.08

Les temps heureux?



Importa-se de repetir?

Cavaco Silva, ontem, no Roteiro para a Juventude:

«Fiquei surpreendidíssimo por ver como as vacas avançavam uma atrás das outras, se encostavam ao robot e se sentiam deliciadas enquanto ele, durante cerca de seis, sete minutos, realizava a ordenha.»

P.S. 1- Deixado na C. de Comentários:
«Já não tínhamos um presidente assim desde Amérido Tomaz».
É isso mesmo: com jeito, vai lá.

P.S. 2 - Com imagem e som aqui.

3.10.08

E no entanto o mundo gira












Vão passando os anos, vão mudando os papas e a posição de Roma continua inabalável. Hoje como há quarenta anos, quando foi publicada a encíclica Humanae Vitae sobre a regulação da natalidade – de má memória e de vida aparentemente eterna.

A notícia vem um pouco por toda a parte mas vale a pena ir às fontes: precisamente como comemoração daquela publicação, Bento XVI reiterou hoje a condenação de todos os métodos contraceptivos. Em casos graves, abstinência no período de fertilidade. Ponto. (Tudo isto acompanhado de afirmações no mínimo excêntricas: «Uma acção destinada a impedir a procriação significa negar a verdade íntima do amor conjugal.»)

Quando, em Setembro de 1968, um grupo de católicos portugueses dirigiu ao cardeal Cerejeira uma carta como reacção àquele documento, nem nos piores pesadelos imaginaria que, quatro décadas mais tarde, nada tivesse mudado na posição da hierarquia católica. Nela declaravam que se tinha perdido «uma oportunidade magnífica da Igreja, na sua missão profética, contribuir para uma moral positiva sobre a vida sexual» e perguntavam se o Papa não teria «abusado da sua missão ao serviço do povo de Deus e, como tal, posto em causa a sua própria autoridade».

A pergunta ficou feita, a resposta não chegou. E eles também não esperaram por ela.

Shame on you (2)

É por estas, e também por outras, que eu nunca, mas nunca, poderia ser membro de um partido da democracia que temos. Nem seria um dos 50 deputados que ontem preferiram estar fora da sala para não votarem nem a favor nem contra a disciplina de voto a propósito do casamento de homossexuais, nem seria capaz de fazer isto:
«Muitos dos socialistas que votaram vencidos a liberdade de voto garantiram ontem que vão seguir a orientação da bancada.»

2.10.08

Shame on you

PS aprova disciplina de voto contra casamentos de homossexuais:

47 votos a favor, cerca de 20 contra - num total de 121 deputados (os restantes não se encontravam na sala).
Lusa

Citando Miguel Vale de Almeida no Público: Afinal quem é «maricas»?

«Não queremos olimpíadas, queremos revolução»












Esta era uma das palavras de ordem dos estudantes mexicanos que, em 1968, viveram um movimento festivo que durou 146 dias e que foi arrasado no dia 2 de Outubro de 1968, na Plaza de las Tres Culturas (Tlatelolco), ao Norte da cidade do México.

Mais uma efeméride, outro 40º aniversário – neste caso de luta contra a corrupção do poder e o autoritarismo do PRI (Partido Revolucionario Institucional), que governou o país durante mais de setenta anos, por parte do único movimento estudantil da época que terminou com uma matança brutal. Ainda hoje não se sabe exactamente o número de mortos, que varia entre os 44 «documentados» e os mais de 300 reivindicados pelas famílias, e os responsáveis continuam impunes.

Tudo isto se passou dez dias antes e na mesma cidade onde uns Jogos Olímpicos viriam a ficar na história pelo célebre Black Power Salute.

Fonte

O chá faz falta

«Percebe-se que muitos europeus se sintam possuídos pela ineficassíssima vontade de votar Obama. E, como se sabe, o dr. Soares até comparou o candidato do Partido Democrático a “uma lufada de ar fresco”. O que se compreende por várias razões, entre as quais avultará a de que na sua idade se é muito sensível às menores aragens (O realce é meu)

Falaria assim do dr.Cunhal, sr. Correia da Fonseca?

1.10.08

Mesmo com violação ou incesto



Versão na íntegra
Todos os palavrões são poucos.

Pré-história do capitalismo tardio










Fã incondicional de Haruki Murakami, julgo que terei lido tudo o que dele já foi traduzido para português. Outras prioridades e pouca apetência por livros de contos foram no entanto deixando A rapariga que inventou um sonho na mesa-de-cabeceira. Agora que lhe peguei, avanço pela noite dentro com um enorme prazer.

Parei ontem em duas páginas magníficas sobre a juventude japonesa no fim da década de 60. Um Maio de 68 revisitado do outro lado do mundo, onde sabíamos que também se viviam os tais tempos muito especiais, mas que eram então demasiado longínquos para serem verdadeiramente compreendidos. A mesma realidade, as mesmas bandas sonoras, a globalização antes de tempo. Os acontecimentos dissecados como «o turbilhão e a energia dos tempos, o tremendo clarão da esperança» e «um sentimento de inevitável frustração, como acontece quando se olha pelo lado errado de um telescópio».

Ainda sem muita publicidade enganosa, sem lojas de oportunidades nem cartões de crédito – «pré-história de um capitalismo tardio», chama-lhe Murakami.

Revolução ou revolta?














De um texto de Mª Manuela Cruzeiro:

«Se falar de crise da ideia de revolução significa falar da clamorosa falência histórica desse modelo de revolução científica, e das consequências inesperadas, indesejáveis, trágicas e perversas desses projectos humanos colectivos, estamos (quase) todos de acordo que a revolução morreu.
Entretanto, a realidade social e política, na sua dramática e plural divisão entre forças que agem no sentido da mudança e forças inibidoras, continua a ser terreno fértil de sementes de revolta.»

Absolutamente a não perder, na íntegra.

30.9.08

Do céu...

Maoísmo com deusas
















O governo maoísta do Nepal aprovou a escolha de Shreeya Bajracharya para «deusa viva» Kumari em Bhaktapur, perto de Kathmandu. As Kumari são consideradas reincarnações da deusa hindu Taleju.

Shreeya tem seis anos e sucede a uma outra menina que, aparentemente, não se terá portado como previsto, ao passear pelos Estados Unidos para promover um filme. Entre os critérios de escolha, terão contado agora «as pestanas longas como as de uma vaca» e «voz mais doce e clara que um pato».

Outra bela síntese entre marxismo-leninismo e coisas do além.

Fonte.

29.9.08

FLASH MOB - Acesso ao casamento civil

Recebido por mail, de várias fontes, com pedido de divulgação
(e como nada tenho a obstar, antes pelo contrário, aqui fica)

Como sabem no dia 10 de Outubro foi agendada a discussão parlamentar de dois projectos que contemplam o acesso ao casamento civil a pessoas do mesmo sexo. Em Espanha, Zapatero, disse, "não estamos a legislar para gentes remotas e estranhas. Estamos a ampliar as oportunidades de felicidade dos nossos vizinhos, dos nossos colegas de trabalho, dos nossos amigos e das nossas famílias e, ao mesmo tempo, estamos a construir um país mais decente. Porque uma sociedade decente é aquela que não humilha os seus membros". Mais, falamos de uma alteração mínima na lei, com custo zero.

Sócrates, contrário ao seu congénere, recusou a liberdade de voto no dia 10 de Outubro. Dizendo que "o casamento de homossexuais não está na agenda política nem do Governo nem do PS. Não está no programa do Governo do PS e o PS não anda a reboque de nenhum outro partido". Como se fosse uma questão partidária!

Dizem que tem de haver debate na sociedade, não reconhecendo que a única questão fracturante nesta matéria é a homofobia em si.

Porque não podemos ficar indiferentes, porque queremos essa ateração na lei e porque Direitos não podem nunca andar a reboque, queremos convocar-te para duas flash mob pelo Acesso ao Casamento Civil entre Pessoas do Mesmo Sexo.

1ª Flash Mob, quinta-feira , 2 de Out, às 19h30, junto à saída do Metro Baixa/Chiado em frente à pastelaria A Brasileira.
2ª Flash Mob, quarta-feira, 8 de Out, às 19h30, na Praça do Rossio, junto à estátua, onde foram muitos homossexuais castigados publicamente.
O que é uma flash mob? São multidões de pessoas, num sítio público, que realizam uma acção previamente combinada e que devem dispersar por completo após a realização do proposto.
Que devo fazer? Deves levar uma folha em branco e uma caneta. Às 19h30, deves escrever na folha em branco "Acesso ao Casamento Civil", e de seguida erguer a folha para que todas e todos a possam ler. Ao fim de um minuto, deves dispersar, como se nada tivesse acontecido.

E procura ser pontual. Está lá um pouco antes para que a flash mob tenha o impacto pretendido.
Poderás também divulgar via sms.

1ª Flash Mob pelo acesso ao casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, quinta, dia 2, em frente à Brasileira, às 19h30. Leva folha branca e caneta para escreveres "Acesso ao Casamento Civil". Deves dispersar no minuto seguinte!

e...

2ª Flash Mob pelo acesso ao casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, quarta, dia 8, na praça do Rossio, às 19h30. Leva folha branca e caneta para escreveres "Acesso ao Casamento Civil". Deves dispersar no minuto seguinte!
Divulga!

Já não há agora, José

«Nenhum escritor gosta de falar do que escreveu a não ser em ocasiões muito, mas mesmo muito, especiais. Nenhum - friso bem - faz livros para complicar a vida» - J. C. Pires

28.9.08

Pousada no Forte de Peniche?















Depois de um condomínio de luxo na sede da PIDE, prepara-se agora a instalação de uma Pousada de Portugal no Forte de Peniche.
Ler texto de Irene Pimentel e notícia aqui.

Indignação precisa-se.

P.S. - Façam o favor de ler este post da Ana Cristina.

Este blogue tem pena do Alasca (3)



Exorcismo de Sarah Palin
(Isto é verdade, não é só publicidade)