Vão passando os anos, vão mudando os papas e a posição de Roma continua inabalável. Hoje como há quarenta anos, quando foi publicada a encíclica Humanae Vitae sobre a regulação da natalidade – de má memória e de vida aparentemente eterna.
A notícia vem um pouco por toda a parte mas vale a pena ir às fontes: precisamente como comemoração daquela publicação, Bento XVI reiterou hoje a condenação de todos os métodos contraceptivos. Em casos graves, abstinência no período de fertilidade. Ponto. (Tudo isto acompanhado de afirmações no mínimo excêntricas: «Uma acção destinada a impedir a procriação significa negar a verdade íntima do amor conjugal.»)
Quando, em Setembro de 1968, um grupo de católicos portugueses dirigiu ao cardeal Cerejeira uma carta como reacção àquele documento, nem nos piores pesadelos imaginaria que, quatro décadas mais tarde, nada tivesse mudado na posição da hierarquia católica. Nela declaravam que se tinha perdido «uma oportunidade magnífica da Igreja, na sua missão profética, contribuir para uma moral positiva sobre a vida sexual» e perguntavam se o Papa não teria «abusado da sua missão ao serviço do povo de Deus e, como tal, posto em causa a sua própria autoridade».
A pergunta ficou feita, a resposta não chegou. E eles também não esperaram por ela.
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