19.1.08

From BCP, with love

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Hilary

Parece que o dia lhe correu bem.


18.1.08

Ary dos Santos

Morreu num 18 de Janeiro, em 1984.

E se fosse gás sarin?

Manuel Almeida/Lusa

Quando vi o modo como tudo se processou por se ter espalhado, em Lisboa, um forte e estranho cheiro que levou à evacuação de centenas ou milhares de pessoas, pensei imediatamente no extraordinário livro Underground, de Haruki Murakami. Estou certa de que não fui a única.

Em Underground, é descrito o ataque terrorista por meio de gás sarin, no metro de Tóquio, em 1995, através de relatos das vítimas em dezenas de entrevistas conduzidas pelo autor.

Na 4ª feira, em Lisboa, quando ainda ninguém sabia do que se tratava realmente nem dos possíveis efeitos, de onde vinha o cheiro, se tinha havido um acidente ou um acto provocado (chamaram-lhe «possível brincadeira de mau gosto»), reinava uma total irresponsabilidade, com jornalistas e muitas outras pessoas nos locais e com declarações múltiplas de autoridades sobre o carácter inofensivo de algo totalmente desconhecido.

Soube-se, muitas horas depois, que uma empregada deitara para a rua o conteúdo de um frasco partido, porque incomodava dentro da Faculdade (!...). No dia seguinte, o director da dita Faculdade parecia não atribuir grande gravidade ao acto.

Mas que terra é esta, onde não se pode fumar um cigarrito num restaurante e se é atacado desta maneira na rua? Não há nenhuma ASAE para inspeccionar os armazenamentos universitários e a idoneidade dos seus funcionários? A culpa vai, uma vez mais, morrer solteira?

Não era gás sarin, felizmente - é verdade que estas coisas só acontecem aos outros. E não há muita gente que tenha lido Underground.

17.1.08

Ainda Beauvoir



O MESMO número do Nouvel Observateur com duas capas:

A primeira, para uso interno, com Simone de Beauvoir nua - o que, aliás, provocou muitas reacções.

A segunda, aparentemente para fora, porque foi a que comprei em Lisboa.
Só fico sem saber se não quiseram exportar a senhora desnudada ou se acharam que não era suficientemente conhecida pelos não-gauleses para «vender» a revista.

16.1.08

«Laicidade positiva»

ACTUALIZADO (**)

Na sequência dos discursos proferidos por Sarkozy, no Vaticano em 20 de Dezembro e ontem na Arábia Saudita, e das reacções que os mesmos estão a provocar, o Libération publica hoje um conjunto de artigos relacionados com a questão da laicidade.

Num país como a França, onde a separação entre Igreja e Estado parecia intocável, Sarkozy está a abalá-la com os seus elogios à moral cristã e ao papel das religiões como fundamento das civilizações.

Não o faz à toa. Jean Baubérot, professor de história e sociologia da laicidade, explica, numa curta entrevista, que Sarkozy e os seus conselheiros conhecem bem as teorias pós-modernistas e tiram partido de incertezas, em tempo de declínio das ideologias e de confiança nos méritos do progresso. Fazem-no numa «tentativa neoclerical de re-ligação entre religioso e político, de instrumentalização do religioso pelo político» (*).

Alguns excertos dos discursos de Sarkozy parecem claros.
No Vaticano, a propósito da encíclica de Bento XVI sobre a esperança:
«Um homem que crê é um homem que espera. E é do interesse da República que haja muitos homens e muitas mulheres que esperem.»

E ainda:
«Se existe incontestavelmente uma moral humana independente da moral religiosa, a República tem interesse em que exista também uma reflexão moral inspirada em convicções religiosas.»

Uma outra afirmação provocou a fúria das associações de professores:
«Na transmissão dos valores e na aprendizagem da diferença entre o bem e o mal, o professor nunca poderá substituir o pároco ou o pastor, mesmo se é importante que se aproxime, porque lhe faltará sempre a radicalidade do sacrifício da sua vida e o carisma de um compromisso guiado pela esperança.»

«Laicidade positiva», chama-lhe ele. Perigosa e um retrocesso civilizacional, considero-a eu.

Estejamos atentos ao que aí vem dessa Europa onde, cada vez mais, mandarão os grandes - com este francês tão activo e tão admirado, com um papa muito inteligente em Roma, bispos aguerridos em Espanha, polacos de um catolicismo ultra-conservador e um Tony Blair, recém-convertido, à espreita da presidência do Conselho europeu.


(*) Jean Baubérot tem um blogue dedicado a esta problemática.

(**) Pode ouvir reacções aqui.

Nini

Resposta ao pedido da Shyznogud.



Se não conseguir fazer download, diga que segue o código por mail !...

15.1.08

Barbies e Hot Wheels


Diálogo com o meu neto (quase três anos), a propósito da irmã (sete meses):

Ele – Quando ela for grande, vai brincar com bonecas.

Eu – E tu brincas com ela.

Eu – Não, eu não brinco com bonecas, brinco com carrinhos.

Eu – E ela brinca sozinha?

Ele – Não. A mãe brinca com bonecas, o pai brinca com carrinhos.


Já está. Ninguém o ensinou, ainda nem há bonecas lá por casa, mas ele já se situou.

Pode ser que a irmã lhe diga um dia que não quer carrinhos porque não é maricas – isso, sim, faria toda a diferença...

14.1.08

O Francisco e o Chico (2)

Republico este simplicíssimo post, com os comentários que suscitou, as minhas respostas e um conselho de leitura.

José Medeiros Ferreira, em entrevista a Público / R. Renascença:

«A diferença entre o Tratado Constitucional e o Tratado de Lisboa é como quando se tem um filho chamado Francisco no registo civil a quem tratamos por Chico em casa.»

4 comments:
F. Penim Redondo disse...
Há um certo cinismo nestes textos em voga que se colocam no plano da democracia teórica, ideal, que os autores sabem que não é nem nunca foi praticada.

Alguém referendou a Constituição da República Portuguesa e as suas alterações? ou os aumentos dos impostos ? ou a ASAE ? ou a lei anti-tabaco ? ou as leis eleitorais que pretendem perpetuar os mesmos partidos? etc, etc, etc.

Para quem gosta, e mesmo para quem não gosta, parece que a democracia é mesmo isto. Há muitos anos.

carlos freitas disse...
Nunca pus em causa a existência do diminutivo Chico, mas aqui soa a esperteza! E isso já coloco em causa. Porque me soa a engano. Ora a democracia pelos vistos sempre foi um regime de espertos e propício a enganos reservados a alguns pelo leio no seu comentário e no comentário ao seu comentário.

Joana Lopes disse...
1- Acho que é mesmo indispensável mantermo-nos no plano da democracia IDEAL para não deixarmos acabar a do mundo real.
2- O que o texto do JMF diz é que não nos tomem por parvos chamando nomes diferentes à mesma coisa.
3- Que eu me lembre, não foram os «povos» a pedir um referendo, mas os seus chefes a dizerem que o queriam e que - imagine-se - o iam ganhar em 27 países! Certo?

Joana Lopes disse...
Carlos, escrevi a resposta ao Fernando quando o seu comentário estava a chegar e, portanto, antes de o ler. Mas, se bem o entendo, a resposta também serve. Eu não tenho grandes ilusões quanto às virtudes destes nossos sistemas democráticos, mas são os que temos e não vejo outros melhores no horizonte. Mas guardo a ideia de que a UTOPIA (e, quando é necessária, a revolta) continua a ter a sua função de motor - muito mais do que os consensos.

Mas li agora, aqui, a melhor «resposta».

Os riscos da segurança

A edição portuguesa do Monde Diplomatique deste mês traz, na p. 4, um artigo interessante num momento em que tanto se fala, também entre nós, de liberdades públicas.

Eis o resumo /clique no texto para o ler) e alguns excertos:


«O trabalho do segurança não se situa no terreno da lei, situa-se no terreno da regra», mas os seguranças «apresentam-se sempre, do ponto de vista simbólico, como representantes da lei – ou, pelo menos, como representantes dos seus representantes».

«A presença de seguranças em lugares públicos ou onde o público é atendido vai no sentido duma sobreposição de todo o campo social pela lógica do mundo prisional, que deste modo dá uma espécie de caução legal aos mecanismos disciplinares, bem como às decisões e sanções que estes põem em aplicação.»

Por essa Europa fora...


13.1.08

O Francisco e o Chico

José Medeiros Ferreira, em entrevista a Público / R. Renascença:

«A diferença entre o Tratado Constitucional e o Tratado de Lisboa é como quando se tem um filho chamado Francisco no registo civil a quem tratamos por Chico em casa.»

A mesma sala de jantar (2)

Reuters
Não é só .
Blair, ontem em França (e em francês), no Conselho Nacional da UMP, o partido de Sarkozy:

«Une chose est aussi importante que la distinction traditionnelle entre la gauche et la droite : c'est la différence entre une politique qui se tourne vers l'avenir et une autre qui s'accroche au passé.»

«Il s'agit moins d'une affaire de gauche et de droite que de tort et de raison.»

E ainda :

Conseil national de l'UMP.
Colocado por UDF