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«Curiosamente, parece esperar-se que a China seja uma das bóias de salvação para a actual crise mundial do capitalismo – se não a única, pelo menos a principal -, na exacta medida em que se transforme numa grande potência consumidora, não só do que produz mas também do que vier a importar. (…)
Não vale a pena a dizer que o erro está em tentarmos interpretar uma realidade diferente com os nossos olhos ocidentais, porque tudo hoje se tornou muito mais próximo, e consequentemente parecido. O capitalismo «budista» chinês tem certamente muito mais afinidades com Wall Street do que com o «Gross National Happiness» do vizinho Butão.
Estou enganada ou há aqui muita matéria para reflexão?»
«Mesmo para quem só leia apressadamente as notícias, a China aparece como o derradeiro recurso do capitalismo mundial, o país mais importante entre os BRICs, um colosso sem o qual nada se faz na economia. (…)
Em suma, observo na China condições favoráveis ao pleno desenvolvimento do capitalismo. A elevada taxa de crescimento económico permite aumentar os salários e o consumo privado, mas permite que aumentem mais ainda os lucros das empresas e os investimentos. E este dinamismo tem capacidade para resistir às vicissitudes exteriores, porque se deve à situação interna do país e não depende fundamentalmente do mercado constituído pelos Estados Unidos e pela União Europeia, afectados pela recessão ou pela estagnação. O aumento da produtividade é o mecanismo que dá azo à ampliação dos lucros ampliando simultaneamente os salários, num círculo desenvolvido em espiral.»