19.12.09

E já que se fala tanto de redes sociais


Antes de beijar a noiva, actualizou o Facebook e o Twitter:

«Standing at the altar with @TracyPage where just a second ago, she became my wife! Gotta go, time to kiss my bride.»

Qual é a parte da história que ainda não percebemos?














Estamos num match entre o resto do mundo e a China - que é quem mais ordena, em casa dos vizinhos (e não só... ) E temo muito pelo resultado, talvez com uma sensibilidade especial porque tenho andado pelas redondezas.

P.S. - Ainda se lembram dos uígures?

Porque no te callas?


















Lerei com atenção a entrevista que o Expresso publicará hoje, mas a amostra não augura nada de bom :

«D. Manuel Clemente faz apelo a uma grande reflexão a propósito do casamento homossexual por achar que "não nos devemos precipitar quando se toca neste plano e neste nível do institucional, do geral, da sociabilidade instituída. Uma coisa é o meu comportamento particular, outra coisa é o extravasamento dessa minha preferência particular para o campo público, e a insistência em tornar formal este campo contra cultural".

A propósito da ideia muito defendida em diversos sectores de que os direitos individuais não se referendam, o bispo do Porto pergunta "até onde é que se pode impor, até em termos de formalização social de reconhecimento público, o meu desejo, o meu afecto, ou a minha preferência ocasional?"»

(O realce é meu.)

18.12.09

País «um milhão«?










José Rodrigues dos Santos já tem um milhão de leitores, há um milhão de portugueses activos no Facebook, um milhão que joga online, também um milhão que faz férias no estrangeiro e anda por aí o milhão que votou em Manuel Alegre.

Dúvida metafísica: serão sempre os mesmos?

Lost generation?


Sobram os canivetes e os chocolates













Depois do referendo sobre os minaretes, esta notícia (entre outras no mesmo sentido).


Da primeira página de «Tintin en Suisse»:
Il était toujours gentil
Il ne buvait, ni ne fumait (ça ne se fait pas).
Il n'avait jamais oublié de se raser (mais avait-il de la barbe ?)
Il n'avait pas d'argent.
Il n'avait jamais connu de femme (Tabou).
Il n'avait pas de papa, il n'avait pas de maman (ça on sait pas pourquoi).

17.12.09

Para que não digam que sou contra as religiões























(Clique na imagem para ler)

Os portugueses são masoquistas


... ou já não teriam mesmo pachorra nem para este senhor, nem para este outro. Antes o Jingle Bells!

«Até aqui corria-se para a rua ao sentir um sismo, agora corre-se para a internet!»












Assim foi. As redes sociais, sobretudo o Twitter, só pararam duas ou três horas mais tarde. No Facebook, foi criada uma «causa» - «Eu Sobrevivi ao Sismo de 2009 !» - que pelas 10:30 am já tinha mais de dois mil fãs.

Algumas pérolas, entre muitas:

• O que dirá Medina Carreira sobre este sismo??

• Olá o meu nome é jesualdo ferreira se eu podia viver sem um abanão? podia mas nao era a mesma coisa!

• Só me lembro de estar muito bem na cama e de repente já ter passado a hora do sismo e eu ter-me esquecido de me assustar!

• A minha mulher diz para mim está tudo a tremer és tu? Eu a dormir respondo que sim sou eu, descansa!

• Passou agora o carro do lixo e com o barulho corri logo para a porta com a mochila já preparada. Alarme falso de réplica.

• É uma distracção para a crise que por sua vez é uma distracção para o governo.

• É por estar tanta gente acordada àquelas horas que esta merda deste país não anda para a frente.


E sobretudo:

Extinga-se a Protecção Civil. O Twitter dá conta do recado.

Porque, se não der, estamos bem arranjados…


P.S. - Leio no Público de hoje que há 1.000.000 de portugueses activos no Facebook, dos quais mais de metade o utiliza todos os dias. O número de «activos» duplicou nos últimos três meses e era dez vezes menor em Janeiro deste ano. Absolutamente impressionante! Os «feicebuque-excluídos» que se cuidem…

16.12.09

Não, não é uma redacção do 1º ciclo, nem um «post» de Pedro Santana Lopes


















Pingo Doce versão Cambodja?


















Num dos países mais pobres do sudoeste asiático, trabalha-se um número indeterminado de horas, 364 dias por ano (não bissexto). Todo o emprego é bem-vindo, sobretudo em fábricas deslocalizadas dos nossos países orgulhosos e anafados e, goste-se ou não, a tendência vai continuar.

Mas nem tudo pode passar para esse outro lado do mundo, porque não dá muito jeito ir fazer compras de Natal a Siem Pang, nem mesmo a Phnom Penh, e é bom ter sempre um qualquer Continente ao alcance de um automóvel. Assim sendo, importem-se os hábitos e os «valores éticos» - parece ser essa a tendência.

Não sou nada fundamentalista em termos de (não) flexibilidade de horários de trabalho, sou pela abertura de quem quiser e puder ao Domingo e por aí adiante. Mas ler e ouvir que se pretende estender o horário de quem quer que seja até 60 horas semanais, obrigatoriamente e com pré-aviso de véspera, ainda por cima com compensação apenas concretizável em tempo de descanso e não em dinheiro, ultrapassa tudo o que estava preparada para ouvir neste domínio - mesmo vindo do eng, Belmiro de Azevedo.

Não terá sido certamente para isso que nasceu a Europa e, muito menos, que foi feito o 25 de Abril.

Paredes, o pau e a bandeira

O post já teve duas actualizações e não acredito que sejam as últimas.
Repito uma vez mais: este país não existe!

15.12.09

Vade retro














Juro que não tirei o mês para embirrar com bispos e papas, mas as notícias chegam ao meu correio como cerejas, sem as procurar.

Bento 16 acaba de aprovar uma modificação ao código de direito canónico, segundo a qual passa a ser inválido o casamento entre duas pessoas quando uma é baptizada e a outra não.

Até aqui, esse tipo de casamento («com disparidade de culto») era possível desde que com autorização dada pela autoridade eclesiástica e implicava até o compromisso de educar os filhos na fé católica. E não sei como é que se passavam as coisas nas últimas décadas, mas lembro-me de assistir à cerimónia de um caso destes numa sacristia e não na igreja propriamente dita. A partir de agora, nem assim.

Isto tem uma importância mais do que relativa, já que só obriga um eventual nubente pagão a passar pela pia baptismal antes de subir ao altar. Mas faz-me imensa confusão que o Vaticano vá fechando porta atrás de porta, numa intolerância que, do exterior, parece quase patética e até um pouco suicida. Desígnios do altíssimo, certamente, mas que me escapam totalmente.

P.S. - Este post está hoje em destaque no Sapo.

P.S. 2 - Aconselho a leitura dos comentários a este post.

O pombo


Muito bom!

Até os egrégios avós ressuscitarão


Leio no DN que, para comemorar o centenário da República, a Câmara de Paredes vai construir um mastro que «terá cem metros de altura, sendo 40 metros mais pequeno que a Torre Vasco da Gama, em Lisboa, mas maior do que a Torre dos Clérigos, no Porto, e quase igual ao Cristo-Rei, em Almada. Estará equipado com um sistema mecânico que manterá "a maior bandeira do País e uma das maiores do mundo" sempre desfraldada».

Pequeno detalhe: custará 1.000.000 de euros, ou seja 10.000 euros = 2.000 contos por metro (até contei duas vezes os zeros…), incluindo o preço do vento, claro.

Aparentemente, a Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República também está metida no assunto.

Sou eu que estou doida ou isto não tem pés nem cabeça? Seja quem for a pagar, mecenato parcial ou não, não se trata de um verdadeiro escândalo nos tempos que correm? Se isto é que é uma crise...

P.S. 1 – Houve quem não acreditasse na notícia. Pois então oiçam o presidente da Comissão para o Centenário da República.

P.S. 2 - E a saga continua: primeiro falou o PS que diz que Paredes deve estar a querer competir com a Coreia do Norte, mais tarde o presidente da Câmara, através de quem fiquei agora a saber que a bandeira terá 46 por 26 metros e que será vista a 30 kms de distância. Oiçam que vale a pena.

14.12.09

Imprevidências


«Não temos carreiras a construir, eleições a ganhar, clientelas a quem agradar»




Ler mais aqui.

«Se no seu tempo houvesse aviões, Cristo também andaria com cama, salão social e capela atrás de si»



















E se Manuel António Pina tivesse escrito esta crónica há dois dias, ter-me-ia poupado o esforço.

«O padre que, na infância, nos dava a catequese pregava a pobreza no púlpito mas, fora dele, tinha vinhas e senhorios e dizia-se que pagava as jornas mais avaras da região. Um dia em que apareceu com um carro novo, um Taunus azul escuro, o Américo, filho do taberneiro, pôs-lhe uma inocente questão teológica: porque é que Cristo andava a pé ou de burro e não de automóvel? O padre António ofendeu-se; respondeu que burro era ele, Américo, porque no tempo de Cristo não havia automóveis e que, se houvesse, Cristo teria um carrão. Nesse dia, a catequese foi sobre o pecado da inveja e o Américo teve que prometer que se iria confessar. Ocorreu-me esta história ao ler no DN que o Papa virá a Portugal (três horas de viagem) num avião adaptado para lhe assegurar o máximo conforto. "O espaço ocupado pela 1.ª classe terá um quarto com cama para o Papa, outro para o seu secretário pessoal, uma casa de banho com chuveiro, um salão social e até uma pequena capela". Aprendi a lição do padre António e não duvido que, se no seu tempo houvesse aviões, Cristo também andaria com cama, salão social e capela atrás de si.»

Um Berlusconi chileno?


















A direita ganhou a primeira volta das presidenciais, o que nunca tinha acontecido desde Pinochet – péssimas notícias quando o candidato é conhecido como «el Berlusconi chileno».

13.12.09

Campeonato ou cruzada?















E Praga, afinal, aqui tão perto!

«Me da vergüenza decirlo, pero en mi país los demonios de la intolerancia estuvieron de fiesta el día de los Derechos Humanos.»














Quem o diz é Yoani Sánchez, a propósito do que se passou durante a manifestação das Damas de Blanco, que já referi.

E continua:
«Ya no tienen ni siquiera una ideología, de ahí que sólo les quede manejar los resortes del temor, apelar a los “ejemplarizantes” actos de repudio para detener la creciente inconformidad. Sin embargo, en los rostros de esos convocados al linchamiento social se podía percibir como la duda alternaba con la furia y la exaltación con los temblores de saberse observados y evaluados. Por doloroso que sea, es fácil prever que quizás un día una multitud igual de irreflexiva y ciega dirija su cólera hacia los que hoy azuzan a unos cubanos contra otros.»

Entretanto, a televisão cubana justificou assim os acontecimentos:


Roma-Lisboa: 3h55’